Incontestável Draco



Incontestável Draco

N/a: eu só queria informar que o início dessa short contém spoillers do 6º Livro, peço desculpa Por reescrever uma cena do livro, mas digo que era necessário, para o desenrolar da fic. Preciso pôr esta cena para mostrar do ponto de vista do Draco e assim vocês o entenderem melhor nessa fic. Eh isso =**

I'm not a perfect person
(Eu não sou uma pessoa perfeita)

Quando eu subia as escadas da torre sentia meus pés suarem num nervosismo do qual eu nunca sentira, era uma dor tão grande que se espalhava no meu peito que eu fazia a única coisa que me surgira em mente: agir de acordo com o plano. Não era normal, não era justo, era horrível. Mas era o que ele achava eu ser capaz. Era o único jeito de eu me tornar confiável e minha família imune a ele.
Em meio aqueles gritos eu ainda conseguia me lembrar do modo como eu me sentia orgulho em meio aos meus “colegas” e vitorioso perante todos aqueles rostos que passavam por mim e que eu sabia, podiam ser as próximas vítimas. Quantas vezes eu ri, pensando “o babaca ri agora, mas só quero ver no final do ano..” quantas vezes eu insinuei “eu aproveitaria mais dessa sua vidinha ridícula se fosse você” , mas quantas vezes eu me aprofundara numa angustia e culpa rasante quando encontrava com algum rostinho de 11 anos da Grifinória ou outra casa. Onde sua única preocupação era em completar sua coleção de figurinhas de sapos de chocolate. O que esse rostinho sentiria dali a uns meses.. onde alguém querido ou até mesmo o próprio estivesse nos seus últimos segundos de vida.
Era nojento lembrar que meu pai tinha alguma coisa haver com aquilo, era nojento lembrar que eu muitas vezes ri e me orgulhei de estar desse lado. Draco Malfoy, meu nome já dizia tudo o que eu era.. e eu não me preocupava de provar o contrário, não... eu já nascera com o respeito dos demais, fosse por admiração ou por medo. E tudo o que eu aprendera fora manter esse meu porte e lutar para que ele sempre aumentasse.
Eu nunca fora um terror com os fracos e oprimidos de Hogwarts, como muitos dizem, quando digo muitos, digo adoradores do Potter. Minha única implicância fora com o tal, pois ele fora a única pessoa que me desafiara quando isso nunca havia acontecido. E seguindo seu exemplo outros também se atreveram, como o Weasley e a Granger, essa dera inclusive com a mão na minha cara. Até mesmo a pirralha Weasley se achava no direito de levantar aquele nariz sardento pra mim.
Aquele grupinho do Potter me causava trabalho, todos esses anos eu bati de frente com eles. O pior é quando eu fui crescendo, e comecei a questionar os meus atos, comecei a pensar se eu realmente sou tão horrível como eles dizem. Como eu seria se não fosse um Malfoy? E por que diabos eu me importava tanto já que eu tivera a sorte de nascer numa família tão rica e poderosa como a minha?
E o que eu mais não conseguia entender era como um cara tão “sortudo” como eu conseguia ter horas tão sombrias. Como eu conseguia me manter sério e deprimido a maior parte do tempo com tanta sorte assim? Como aquele pobretão conseguia rir mais do que eu? Como aquela sangue ruim conseguia se divertir tanto do lado daqueles dois? Como aquele miserável órfão com uma cicatriz no meio da cara, sendo perseguido desde que nasceu, e sofrendo todos os anos nas mãos daqueles trouxas podia rir tanto, ter tanta confiança, ser tão feliz assim?
Eu não sabia que haviam feito um legado de que jovens de boa família e ricos tinham de ser sozinhos e infelizes no mundo. Minha vida se tornava tão tediosa que eu só conseguia me distrair fazendo duas coisas: pegando algumas alunas sem nada na cabeça da escola, como a Pansy. E fazendo da vida dos adoradores do Potter um inferno.
E quando “ele” veio com a missão.. eu me senti tão útil, tão vivo... eu faria algo naquela guerra toda, que até então parecia ser toda virada para o Potter. Eu participaria, e claro, contra ele. Sem me importar se era o lado certo ou não. Quem eu viria a matar ou não, eu só pensava que estaria contra o Potter. Contra aqueles imbecis que sempre faziam minha vida parecer inferior.

There're many things I wish I didn't do
(Eu não pretendia fazer aquelas coisas com você)

Agora parado de frente para a porta feita de carvalho, que dava para o lado de fora da torre eu conseguia ouvir as respirações nada baixas do Potter e do Dumbledore vindo de lá. A vaga lembrança da voz do velho me doía tanto os tímpanos como se ele estivesse aos berros. Mas não estava.. era apenas o som da minha primeira vítima. O som que eu sabia, ia me atormentar pelo resto da minha vida. Aquela voz que tantas vezes me recebera, me falara com uma certa dó como se eu fosse um adolescente incompreensivo que apenas agia do jeito que lhe fora ensinado. Bem, na verdade eu o era. E ele, por mais que não conversássemos muito era o único que via isso.
Eu sabia que eu já devia estar lá fora sorrindo pro corpo morto do velho e levando ainda de quebra o Potter como brinde, o que eu não esperava. Imaginei que o idiota ia correr logo em busca dos seus adoradores. Mas a voz do velho me causava tamanha paralisia. Por mais que eu não cultivasse tamanho afeto por ele, haviam milhões de pessoas ali que o tinham.
E Hogwarts? Como seria Hogwarts sem o velho? Fecharia... aquele que fora o lar não só de muitos, mas também o meu. Como destruir minha própria casa? Como “ele” podia querer que o único lugar que o abrigou terminasse daquele jeito?
- Que significa isso? – eu ouvira a voz do Potter do outro lado. Que idiota. “Por que não vai atrás dos seus amiguinhos Potter?” “Nem você merece ver isso.”Eu suspirara pesadamente. “Você não vai agüentar ver isso Potter”.
E era verdade, eu preferia sentir novamente o nariz do Potter se estraçalhando em baixo do meu sapato a tê-lo que fazer ver isso. Não que eu do nada criasse um tipo de consideração por aquele moleque patético, mas porque eu não era nenhum lunático sem coração. Ele já perdera e presenciara mortes demais na vida. Ele não poderia assistir àquilo de novo. Era terrível demais.
- É a Marca verdadeira? Alguém foi mesmo... professor? – o Potter dissera novamente um pouco mais desesperado. Então era assim que ele agia quando estava em uma de suas aventuras heróicas?
Imaginei no que ele podia estar pensando, no desespero dele. É claro que ele devia estar desesperado, depois de ter mandado aqueles adoradores dele ficarem de guarda na Sala Precisa. Foi realmente uma cena estranha aquela.
Eu saíra da sala pra conferir se a barra tava limpa, mas pra minha não surpresa O Weasley, a Weasley pirralha e o Longboton estavam de guarda. Foi então que eu percebi que tinha começado. Aquela merda de plano já tinha começado, mas desta vez não tinha mais como parar. Eu taquei então o Pó Escurecedor Instantâneo do Peru que eu comprei na loja daqueles gêmeos Weasley, que apesar de serem Weasleys tenho que admitir que são bem espertos. E com a Mão da Glória fui guiando os comensais enquanto aqueles adoradores idiotas tentavam uma série de feitiços inúteis para enxergarem.
Foi fácil, mas algo terrível me preocupava. Tinha algo que não estava certo, eu contava com que toda “Armada de Dumbledore” estivesse ali no meu pé. Pelo menos os principais do trio maravilha, uma vez que eles ficaram inquietos pelo o que eu estava fazendo o ano todo. Mas enquanto eu andava pelos corredores do castelo com aqueles vultos negros atrás de mim eu me atormentava com a certeza de que a sangue ruim não estava lá.
Eu revisei aquela fração de segundo da qual eu vi aqueles imbecis umas 6 vezes, e cada vez eu tinha mais certeza que a Granger não estava lá. O que não se encaixava porque eu sabia que o velho tinha saído do castelo com o Potter apenas. A Rosmerta não me disse nada da Granger estar com eles. E não tinha motivo pra ela se esconder na capa, afinal se tinha alguém que precisava tomar cuidado em aparecer era o Potter. Sem contar que eu sabia que não tinha porque o velho levar a Granger junto.
Não se encaixa, me perturbava... umas três vezes eu mandei um comensal calar a boca, pra que não atrapalhasse meu raciocino. “Aonde a Granger se meteu???” até que a terrível verdade me desceu como uma faca à garganta. Afinal, só havia um terno suspeito assim como eu para o trio maravilha. Era lógico, se a sangue ruim não estava me vigiando, ela só podia estar vigiando uma pessoa: Snape.
- Vocês façam o que vieram fazer.. encontro vocês mais tarde. – eu disse tentando conter minha ansiedade. Eu ainda ouvi algum comensal dizer “O que? Como assim?” mas eu ignorei.
Foi então que eu corri desesperado pra sala do Snape, merda eu não contava com isso. Snape não usaria um simples truque pra confundí-la, ele a mataria. E essa idéia me desesperava cada vez mais. Eu não sabia explicar, só não podia suportar a idéia de Hermione Granger morta.
Talvez porque ela fosse a única com quem, numa briga, eu percebesse o canalha que eu era. Quero dizer. O Potter se tornara meu inimigo no momento que pisara em Hogwarts e escolhesse o lado dos perdedores. Eu o odiava porque ele criava revolta nos outros contra mim, me enfrentava, e dava coragem aos outros pra o fazerem. Era como um rebelde lutando contra os importantes. Alguém que precisava ser eliminado.
O Weasley eu odiava porque mesmo com toda aquela vida miserável dele ele ainda conseguia levantar o nariz, rir o máximo que quisesse, ser feliz.., mesmo sendo e tendo muito menos do que eu. Isso me incomodava por demais. E pra completar ele ainda era o melhor amigo do Potter.
Mas a Granger, nunca ganhara em fim o meu “ódio”, era diferente, ela apenas me irritava. Com toda aquela valentia e ousadia ao me enfrentar, e não só a mim, mas aos outros que ela achasse digno de tal. Não sei explicar. Ela mais parecia uma intrusa naquela briga, e a única que eu não conseguia atingir do jeito que eu queria. É claro que no começo chamá-la de “sangue ruim” causava algum efeito. Mas com o tempo ela começou a ignorar, e até eu comecei a usar menos esse termo, tanto porque não fazia muito sentido. Afinal sendo sangue ruim ou não a Granger conseguia ser a melhor bruxa que eu já vi.
Mas ela me irritava, o que ela estava fazendo com uma dupla de idiotas como eles? E sempre que discutíamos, eu não sei como ela conseguia, mas sempre me fazia ver que o que antes eu chamava de divertido e interessante, na verdade era cruel, banal e idiota. Ela era a única que podia me chamar de horrível, e era na única que eu acreditava.
Sem perceber comecei a notá-la mais, pois ela era estranha, era a única que me causava algum efeito, alguma humanidade. É lógico que ela precisava ser estudada de perto. Ser observada, porque algo não estava certo. Isso, é claro só fez aumentar a minha raiva por aqueles dois. Pois eles compartilhavam todos os dias com ela e suas confidências. E as únicas vezes que eu conseguia ouví-la falando comigo, era pra me ofender. E mesmo assim eu gostava.
Chegando na sala do Snape o único corpo que achei foi o de Flitwinck, pelo o qual não me preocupei. Afinal já era de se esperar que alguns corpos surgissem aquela noite. E ele nem estava morto. Eu não sabia se o fato do corpo dela não estar ali devia me acalmar ou não, mas eu optei pela primeira. Porque significava que podia ter tido uma chance.
Então resolvi procurar Snape, e ver se descobria alguma coisa, manter Granger viva parecia ter se tornado a minha nova missão. Conforme eu corria pelo castelo vi muitos duelando, e poucos eu consegui identificar. Foi então que o ouvi a voz que mais precisava ouvir naquela noite. Ela soara naquele salão de modo confiante por mais que a situação fosse crítica.
- Estupefaça! – a Granger gritara, e eu nunca senti meu peito tão leve na vida. Ela estava viva! Seus cabelos castanhos estavam em movimento tamanha a força de sua magia. Vi que ela sangrava de leve na sobrancelha e no joelho. E uma vontade imensa de correr ao teu socorro me invadiu. Foi quando eu o vi: Greyback... ele não devia estar ali. Eu não o chamara para a missão.
- Sabe.. o Lord sempre falou tanto em você. – a voz faminta e canina de Greyback ia junto com o próprio em passos lentos e ameaçadores para ela. – em como era curioso o fato de uma sangue ruim ser tão poderosa... ele disse que isso só acontecera uma vez a 16 anos atrás. – eu começava a me desesperar novamente, vi a Granger segurar um lamento ao ver que Greyback se referia a mãe do Potter. Com certeza esse era um assunto que eu discutiria mais tarde, mas não ali naquela hora. – Eu não tive o prazer de saborear do sangue da Potter, mas agora posso saborear o seu. – Disse ele lambendo os lábios de forma assustadora e a Granger tentara outro feitiço, mas não o atingira o suficiente. Ele era lobisomem, e o pior deles, um simples feitiço como aquele não adiantaria. – Deve ser uma delícia.. meio trouxa, meio bruxa.. deve ser daqueles que sugamos até a última gota.
Eu nunca odiara tanto o Potter e o Weasley na minha vida. Como eles podiam tê-la deixado ali? Ela ia morrer e eles não teriam feito nada pra impedir isso, nada. E eles compartilhavam todos os dias com ela, ouvindo suas confidências...
- Greyback! – eu o chamara do outro lado do salão no meu tom autoritário. Tanto ele como a Granger me notaram. - O que está fazendo aqui? Eu não o chamei! Você nada de serve aqui. – eu disse tentando manter a minha frieza. Ele me olhara revoltado.
- Malfoy... o Lord disse que eu podia vir e ter as vítimas que quisesse.
- Você não está tentando me enfrentar estar? – eu disse ainda mais ameaçador sem conseguir conter minha revolta. – Posso falar com o Lord agora mesmo se preferir. É claro que ele não vai se incomodar por você estar desobedecendo as minhas ordens. – Ele realmente ficara transtornado.
- Mas ela.. ela.. – disse puxando-na pelo pescoço. – ela é a amiga sangue ruim do Potter!
- Eu sei muito bem quem ela é. Anda! Quero que saia do castelo! Você não faz parte desse plano! – Greyback revoltado largara do pescoço da Granger, que caíra de joelhos no chão gelado tossindo por ar, ao mesmo tempo que tentava recuperar a sua varinha, e fora correndo para fora do salão sem é claro, deixar de me enviar aquele olhar assassino.

But I continue learning
(Mas eu continuo aprendendo)

Eu queria ajudá-la e abraçá-la, mas não esperei ela se recuperar e me encarar, eu não saberia responder ao porquê de eu fazer aquilo. Não tinha como mudar de lado aquela hora. Tinha de pensar na minha mãe. Na minha família. Tudo já começara, não tinha mais volta.
- Não tem mais volta. – foi o que eu dissera pra mim mesmo agora com a testa encostada na porta de carvalho, contando os segundo pra tirar a vida do velho. Tentando não lembrar da Granger... e se ela estivesse precisando de mim agora?
- Vá acordar Snape – a voz do velho me despertara. Acordar Snape. Ver que ele ainda confiava nele me estraçalhava mais do que nunca o peito. Como ele era idiota! O que ele podia achar? Que eu estava fazendo tudo aquilo sozinho? Eu não conseguia entender em como ele pudera cofiar nele esse tempo todo. Como ele podia confiar nele agora? Como ele podia ser tão burro? – Conte-lhe o que aconteceu e traga-o aqui. Não faça mais nada, não fale com mais ninguém e não tire a sua capa. Esperarei aqui.
Como ele era ingênuo ao pensar que todo aquele ataque era por causa do Potter, não.. ele não conseguia sequer imaginar que aquilo tudo era por causa dele. E como sua ignorância era insuportável.
- Mas...
- Você jurou me obedecer Harry, vá! – Era a hora. Eu não podia deixar o Potter descer, não agora. Duelando com o Potter talvez ele me detivesse. Ou me desse mais coragem. “Passuo” eu murmurara pra minha varinha causando assim o barulho de passos na escada. Senti que tanto o Potter quanto o velho ficaram alarmados em um silêncio. E pensar duas vezes, tentando recuperar o Malfoy que estava tentando escapar de mim gritei “Expelliarmus!”
Dumbledore se encontrava encostado nas ameias tão branco que por um segundo achei que já o havia matado. Ele estava fraco, como nunca o vira antes. Como que uma peça do destino dizendo-me que seria fácil. Mas fazê-lo agora com ele agora tão indefeso era ainda mais difícil. Tinha de causar-me ódio e não pena.
- Boa-noite, Draco. – ele disse-me com a voz de sempre e com o mesmo rosto calma sem nem um pingo de nervosismo ou preocupação.
Olhei em volta então a procura do Potter, que não vi, só podia estar em baixo da capa, mas eu já estava a um bom tempo ali apontando a minha varinha pro velho. Como é que ele não fazia nada? Vi a segunda vassoura o que me era uma desculpa pra alguma conversa.
- Quem mais está aqui?
- Uma pergunta que eu poderia fazer a você. Ou está agindo sozinho? – percebi que o velho tava me enrolando, me desafiando. Coisa para que a Bellatrix sempre me preparara. Ela me dera aulas de Oclumência. E eu sabia que Dumbledore estava tentando invadir a minha mente. Mas ele percebera que além dele estar fraco, minha mente era forte e preparada. O único meio era me interrogando. Eu não tinha porquê dificultar as coisas. Só tinha de tomar coragem.. talvez se lhe desse espaço pra me deixar com raiva.
- Não. – eu respondi. – Tenho apoio. Há Comensais da Morte em sua escola essa noite.
- Bom, bom – Dumbledore brincava com a minha paciência como fazia com os demais. E eu me perguntava por que diabos o Potter não havia ainda me estuporado. – De fato muito bom. Você encontrou um meio de trazê-los para dentro, foi? – A calma dele me irritava, ele tinha de levantar usar uma magia incrível para sua varinha ir até ele e me atacar.
- Foi – eu disse ofegante. – bem debaixo do seu nariz, e o senhor nem percebeu! – eu disse em revolta mais pra mim do que pra ele. Como se eu acusasse o Potter de tê-lo enganado pelas costas. Era mais fácil aceitar quando dito em voz alta. E o velho tinha o direito de conhecer o traidor antes de morrer. Tinha de ver o quão baixo eu era. Se convencer de que não eu era o grande culpado. Ele tinha o direito. E eu fazia isso como que pra me convencer de que eu apenas o estava preparando pra morte.
- Engenhoso. Contudo...me perdoe... onde eles estão? Você parece indefeso. – E eu estava indefeso, não com medo do velho ou do Potter paralisando em alguma merda de canto. Mas indefeso com minha mente. Por que fora baixar o heroísmo em mim logo hoje? Eu pensava. Agora que o trabalho de um ano todo estava pronto eu dava pra trás? Por que agora eu fora temer pela Granger? Pelo velho e por todos aqueles indefesos lá em baixo? Por que minha mãe dependia disso? Por que minha vida dependia disso? Por que eu tinha de nascer já desse lado, sem direito a escolha nenhuma nessa guerra? Por que eu nascera um Malfoy?
- Eles encontraram uma parte de sua guarda. – eu disse, queria que o velho visse que muitos lutavam por ele ainda. Pelo o que ele amava. Que nem todos eram traidores e covardes como eu. – Estão lutando lá em baixo. Não vão demorar... eu vim na frente. Tenho... Tenho uma tarefa a fazer.
- Bem, então, não deve se deter, faça-a, meu caro rapaz.

I never meant to do those things to you
(Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você)

Era horrível! Será que todos estavam contra mim? Será que ninguém ia gritar? Me pedir que não o fizesse? Ninguém confiava no meu caráter? Será que ninguém duvidava se eu realmente era tão horroroso assim? Céus, eu achei que pelo menos Dumbledore todo bom e “tenho fé nas pessoas” como ele me convenceria que isso é errado. Por que até ele me desafiara? Eu tava ouvindo bem? Faça-a? Era da vida dele que eu tava falando!
Pra minha surpresa então, o velho sorrira.
- Draco, Draco, você não é assassino. – eu senti meu coração se acalmar e sorrir, ele choraria se pudesse. Enfim alguém que não tem uma visão horrível de mim. Mas era difícil. Uma coisa é gostar dessa teoria sobre mim, outra é acreditar nela.
- Como é que o senhor sabe? – eu perguntei tão pronto como se fosse numa aula de História da Magia. Mas eu saíra tão infantil e indefeso que ao perceber isso sentir meu rosto queimar, e ele percebera é claro. – O senhor não sabe do que sou capaz – eu disse tentando me corrigir, tentando provar-lhe de que eu realmente não prestava. Sabia que matar alguém que te odiasse seria uma coisa, mas matar alguém que tem algum tipo de fé em você seria insuportável. – O senhor não sabe o que eu fiz!
- Ah, sei, sim. – ele disse. – Você quase matou Cátia Bell e Rony Weasley. Você tem tentado, com crescente desespero, me matar o ano todo. Perdoe-me, Draco, mas suas tentativas têm sido ineficazes... tão ineficazes, para ser sincero, que me pergunto se, no fundo, você realmente queria...
De fato foram tentativas ridículas, tentativas covardes, dignas de mim. O que quase terminaram em tragédia de outras pessoas, que por mais toscas que fossem eu não desejava-lhes isso. Mas isso não diminuía a minha culpa, eu era horrível. Eu realmente sabia que Dumbledore tinha de morrer. E adiar isso era perigoso. Tinha de faze-lo agora.
- Queria sim! – eu disse recuperando o Malfoy que existe em mim. – Trabalhei isso o ano todo, e hoje à noite... – mas então algo terrível aconteceu o que me causou um choque horrível. Um grito abafado viera lá de baixo. Eu olhei por cima do ombro aflito. Granger! Merda, ela me viera a cabeça de novo. E agora era ainda mais terrível ter de completar aquela missão quando ela podia estar precisando de mim. E o maldito Potter! Eu sabia que ele estava ali, eu conseguia sentir a presença dele, sempre aquele olhar de ódio me queimando a nuca. Já havia acostumado com ele. Mas por que o miserável não fazia nada? Ou não descia pra ver a Granger?
- Alguém está resistindo com valentia – o velho dissera. Valentia, tudo me fazia crer cada vez mais de que era Hermione. Meu coração não sabia se ficava ou saía pela boca e ia saltitando até ela. – mas você ia dizendo... sim, que conseguiu introduzir Comensais da Morte em minha escola, o que, admito, pensei que fosse impossível... como fez isso? – eu ouvia ao longe a voz do velho com aquela ladainha insignificante, enquanto eu ainda tentava ouvir algum sinal de vida de Hermione. Nada ali parecia-me mais importante do que aquilo. O silêncio dela me atormentava, tinha certeza de que se ouvisse outro grito eu correria até ela deixando o velho ali. – Talvez você devesse continuar a tarefa sozinho.- ele sugerira. – E se seu apoio tiver sido rechaçado pela minha guarda? Como você talvez tenha percebido, há membros da Ordem da Fênix aqui hoje à noite, também. E, afinal, você não precisa realmente de ajuda... não tenho varinha no momento... não posso me defender.
Eu o olhei então, ele de fato estava pensando que eu temia por minha segurança... ele não percebia que eu temia pela segurança de Hermione Granger, ela morrer significava nunca saber que eu não sou tão horrível assim. Significava eu não ter uma chance. Significava eu desistir de ser alguém melhor.
- Entendo – ele disse com a voz bondosa. Não, ele não entendia. – Você tem medo de agir até que eles cheguem.
- Não tenho medo! – eu disse com raiva. É irritante quando a pessoa fica falando do que você sente quando não faz a mínima idéia do que é. E ainda me chamara de medroso. – O senhor é quem deveria estar com medo!
- Mas por que? Acho que você não vai me matar, Draco. Matar não é tão fácil quanto crêem os inocentes... portanto, enquanto esperamos por seus amigos, me conte... como foi que você os trouxe clandestinamente para dentro? Parece que levou muito tempo para descobrir um meio de fazer isso.
Amigos, que audácia a dele achar que eu tinha amigos. E como ele conseguia pensar em algo tão banal como aquilo numa hora daquelas? E parecia ser de propósito. Me fazer lembrar dos meus podres aquela hora era me torturar profundamente ao ver o monstro que eu era. Sem contar que isso estaria prolongando aquela conversa por toda a minha vida, nos meus pesadelos. Mas eu, logo agora que criara um pingo de dignidade em mim não ia fugir dessa tortura. Eu merecia. E era pouco. É claro que eu não consegui disfarçar toda essa minha angústia e dor. Respirei fundo antes de responder.
- Tive de concertar aquele Armário Sumidouro que ninguém usa há anos. Aquele em que Montague sumiu no ano passado.
- Aaaah. – ele suspirara e eu fizera o mesmo disfarçadamente. – Foi uma idéia inteligente... há um par, não é?
- O outro está no Borgin & Burkes – eu respondi. – e os dois formam uma passagem. Montangue me contou que ficou preso no armário de Hogwarts, suspenso no limbo, mas às vezes ele ouvia o que estava acontecendo na escola e, outras, o que estava acontecendo na loja, como se o Armário se deslocasse entre os dois pontos. Mas não conseguia que ninguém o ouvisse... no fim, ele saiu aparatanto, a pesar de nunca ter passado no teste. Quase morreu na tentativa. Todo mundo achou que era uma história realmente empolgante, mas eu fui o único que percebi o que realmente significava, nem o Borgin sabia, fui o único que percebi que talvez houvesse um jeito de entrar em Hogwarts através dos Armários, se eu consertasse o que estava quebrado.
- Muito bom – o velho murmurara. – Então os Comensais da Morte puderam passar da Borgin & Burkes para a escola e ajudá-lo... um plano inteligente, um plano muito inteligente... e, como você diz...bem de baixo do meu nariz...
- É – eu disse. Por mais que eu quisesse me ajoelhar e pedir perdão ao velho, era tarde demais, eu não podia estragar tudo e condenar minha mãe por um capricho, uma queda de heroísmo. – É, foi!
- Houve vezes, no entanto – continuou ele. – em que você perdeu a certeza se conseguiria consertar o Armário, não é? E então lançou mão de recursos óbvios e mal avaliados como me mandar um colar maldito, que estava fadado a ir parar em mãos erradas... envenenar um hidromel que era pouquíssimo provável eu beber...
- É, mas nem assim o senhor descobriu quem estava por trás disso, não é? – eu disse debochado, recuperando toda a minha arrogância. Fingindo não ligar pro velho que acabava por escorregar mais um pouco nas ameias. Eu não tinha mais conserto mesmo.
- Na verdade, descobri. Eu tinha certeza de que era você. – isso me surpreendeu, era horrível.. sabia e não fizera nada? Que idiota! Que burro! O que ele esperava? Que eu mudasse de opinião na última hora?
- Por que não me deteve, então?
- Tentei, Draco. O professor Snape tem vigiado você por ordens minhas... – aquilo me revoltara mais do que tudo, não, eu não agüentava ele apelando pelo caráter do Snape, assim como não agüentaria ele apelando pelo meu. Será que ele não enxergava? Ele não ia morrer sem saber a verdade!
- Ele não estava obedecendo “as suas” ordens, ele prometeu a minha mãe... – ao dizer a palavra “mãe” meu peito doera novamente, a realidade surgira novamente. Eu teria de matá-lo.
- Naturalmente isto é o que ele lhe diria, Draco, mas...
- Ele é um agente duplo, seu velho idiota, ele não está trabalhando para o senhor, o senhor que pensa que está!
- Devemos concordar em discordar nesse ponto, Draco. Acontece que eu confio no professor Snape...
- Bem, então o senhor não está mais entendendo nem controlando nada! – eu disse não me contendo, não segurando meu deboche, minha raiva. – Ele tem me oferecido muita ajuda... querendo toda a glória para ele...querendo um pouco de ação... “Que é que você anda fazendo? Mandou aquele colar, que idiotice, poderia ter estragado tudo...” Mas não contei a ele o que estive fazendo na Sala Precisa. Ele vai acordar amanhã e tudo estará acabado, ele não será mais o favorito do Lord das Trevas, ele não será nada comparado a mim, nada! – Eu menti sobre o fato do Snape ainda não ter se tocado de tudo aquilo. Ele devia é estar me procurando pelos corredores, como tem feito o ano todo. Mas queria que o velho visse que eu podia agir sozinho. Que eu não estava contando com a ajuda do Snape. Não queria que por um segundo sequer ele desconfiasse da minha escrotisse. As coisas seriam muito mais fáceis assim.
- Muito gratificante – ele disse brandamente. – todos gostamos de receber aplausos por nossos esforços, é mais do que natural... mas você deve ter tido um cúmplice... alguém em Hogsmead que pôde passar para Cátia o ... o ... aaaah... – o velho fechou os olhos parecendo entender. - ...naturalmente...Rosmerta. A quanto tempo ela está dominada pela Maldição Imperius?
- Enfim percebeu, não é? – eu caçoei. Mas a verdade é que o nome “Maldição Imperius” só me fizera entender outra realidade. “Se eu me virasse pro outro lado agora, me entregasse, ficaria em Azkaban para o resto da vida.”
Mas então algo terrível acontecera, outro grito vindo do andar de baixo. Agora mais alto. Era a Hermione, meu peito queimava com aquela idéia. Novamente eu ficara dividido. Valia a pena ir pra Azkaban por causa dela? Eu olhei por cima do ombro de novo desesperado. Era terrível. Era o sinal que aquela era a hora. Eu olhei para Dumbledore de volta, precisava me concentrar. Era a única saída pra mim e pra minha família. Tinha de contar com que o Weasley cuidasse da Granger. Eu não podia ir. Seria fatal.
- Então a pobre Rosmerta foi forçada a se esconder no próprio banheiro e passar o colar para a primeira estudante de Hogwarts que entrou lá desacompanhada? E o hidromel envenenado...bem, naturalmente Rosmerta pôde envenená-lo para você antes de mandar a garrafa para Slughorn, acreditando que seria o meu presente de Natal...sim, muito esperto... muito esperto...o coitado do sr. Filch, não pensaria, é claro, em verificar uma garrafa de hidromel de Rosmerta... mas diga-me, como esteve se comunicando com Rosmerta? Pensei que tínhamos todos os meios de comunicação de saída e entrada da escola monitorados.
- Moedas encantadas – disse vitorioso, e me lembrando da Granger, não consegui disfarçar muito o meu nervosismo pois minha varinha começara a tremer muito. – Fiquei com uma e ela com a outra e, assim, pude lhe mandar mensagens... – O que pensaria a Granger se soubesse que eu aproveitei de uma de suas idéias para meu plano de matar Dumbledore? Como eu ainda podia pensar nela com esperanças?
- Não foi esse o método secreto de comunicação que o grupo que se intitulava Armada de Dumbledore usou no ano passado? – ele disse descontraído e novamente eu fingi não ver que ele escorregara mais um pouco.
- É, copiei a idéia deles – disse bem claramente com um meio sorriso na cara. Eu queria que o Potter, frouxo que ainda continuava escondido ouvisse aquilo. Era bom imaginar sua tamanha raiva ao ver que de fato o grupinho dele servira de alguma coisa naquilo tudo. – Tirei também a idéia de envenenar o hidromel da Sangue Ruim da Granger– eu dissera aquele nome com tanta vontade, pois eu o estava reprimindo por longos minutos de preocupação, e era ótimo dizê-lo ali em voz alta. – ouvi quando ela disse na biblioteca que o Filch não era capaz de reconhecer poções... – e como eu tentei, eu me lembro, me convencer de que eu só estava ali por causa da missão e não para olhá-la, vigiá-la, vê-la numa conversa agradável com os amiguinhos. Fingir que a conversa era comigo. Eu amaria estar no lugar deles.
- Por favor, não use essa palavra ofensiva na minha presença – pedira o velho e eu não me contive e dei a minha famosa gargalhada seca. Do modo mais cruel que consegui.
- O senhor ainda se incomoda que eu esteja dizendo “Sangue-Ruim” quando eu estou preste a matá-lo?
- Incomodo-me – disse o velho tentando se manter em pé. Eu fazia questão de lembrá-lo que eu ia matá-lo pois ele parecia conversar sobre uma matéria escolar. – Quanto a estar prestes a me matar, Draco, você já teve longos minutos. Estamos sozinhos. Estou mais indefeso do que você poderia ter sonhado em me encontrar, e ainda assim, você ainda não me matou...
Eu não conseguia esconder minha angústia, mordi o canto da boca tentando me controlar. Ele enfim tivera notado que dentro de mim, em toda aquela conversa eu lutava comigo mesmo, procurava um motivo bastante convincente pra matá-lo. Mas era por demais difícil, quando aqueles olhos azuis tão claros e tão paternos me olhavam com o conforto e carinho do qual eu nunca tivera. E estaria privando outros de tê-lo. Eu odiava o Potter, mas o Dumbledore não tinha nada haver com aquilo. Por que afinal eu não fora mandado matar o Potter ao invés do velho?
- Agora quanto a esta noite – continuou o velho. – estou um pouco intrigado como tudo aconteceu...Você sabia que eu tinha saído da escola? Mas, é claro – ele respondera a própria pergunta. – Rosmerta me viu saindo, avisou-o usando suas engenhosas moedas, com certeza...
- Isto mesmo Ela me disse que o senhor ia beber alguma coisa, que voltaria...
- Bem, sem dúvida eu bebi alguma coisa... e de certa maneira... voltei... – ele murmurara. – Então você decidiu, montar uma armadilha pra mim?
- Decidimos botar a Marca Negra sobre a Torre e fazer o senhor voltar correndo para cá, para ver quem tinha sido morto. E deu certo!
- Bem... sim e não...mas eu devo entender, então, que ninguém foi morto?
- Alguém morreu – eu dissera prontamente, pra ver se o Potter se tocava e fazia alguma coisa, porque era óbvio que ele ainda estava ali. Mas não, o Potter não se mexia. – Um dos seus... não sei quem, estava escuro... passei por cima do corpo... eu devia estar esperando aqui em cima quando o senhor voltasse, só que aquela sua Fênix se meteu no caminho... – isso não aconteceu, a Fênix se meteu no caminho de Greyback quando vi que ele ia pra cima de alguns alunos. O que me atrasou mesmo foi minha meditação de frente pra porta de carvalho e é claro meu ato heróico pra cima da Sangue Ruim.
- Elas fazem isso. – ele disse. Mas eu não ligara pois agora outros gritos vinham da escada de acesso da Torre. Seria Hermione? Eu me perguntava, ela estava vindo? Me viria matar seu tão amado professor? – De qualquer maneira, temos pouco tempo. Então vamos discutir as suas opções, Draco.
- “Minhas” opções! – ele era louco. – estou aqui com uma varinha... prestes a matar o senhor...
- Meu caro rapaz, vamos parar de fingir. – isso me atingira. – Se você fosse me matar, teria feito isso quando me desarmou, não teria parado para conversarmos amenamente sobre meios e modos.
- Não tenho opções! – eu não consegui me segurar. Comecei a desabafar com a minha vítima, prendendo o meu desespero que travava uma batalha séria com o meu controle. – Tenho de fazer isso. – eu disse quase me justificando. – Ele me matará! Ele matará a minha família toda!
- Eu avalio a dificuldade de sua posição. Por que pensa que não o confrontei antes? Porque eu sabia que você seria morto se Lord Voldemort percebesse que eu suspeitava de você. – eu me estremeci ao ouvir o nome “dele” do meu controlador. E uma tristeza me invadia cada vez enquanto o velho dizia me proteger. Do que adiantava aquilo? Eu teria de matá-lo de qualquer jeito! – Não me atrevi a falar antes sobre a missão que lhe fora confiada, prevendo que ele talvez usasse Legilimência em você – continuou o velho. – Agora, finalmente, podemos falar às claras... não houve mal algum, você não feriu ninguém, embora tenha tido muita sorte que suas vítimas impremeditadas sobrevivessem... posso ajudá-lo Draco.
- Não, não pode. – eu disse perdendo cada vez mais o controle, quase chorando de agonia. Minha mão tremia violentamente com a minha varinha. – Ninguém pode. Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha.
- Venha para o lado certo, Draco, e podemos escondê-lo mais completamente do que pode imaginar. E, mais, posso mandar membros da Ordem à sua mãe hoje à noite, e escondê-la também. Seu pai no momento está seguro em Azkaban... quando chegar a hora posso protegê-lo também... venha para o lado certo, Draco... você não é assassino.
- Mas cheguei até aqui, não? – Eu disse calmo o olhando arregaladamente. – Acharam que eu morreria na tentativa, mas estou aqui... e o senhor está em meu poder... sou eu que empulho a varinha... sua vida depende da minha piedade....
- Não, Draco – o velho respondera baixinho, como que num último suspiro de vida. E meu nome dessa vez me doera por demais o peito. – é a minha piedade, e não a sua, que depende agora...

And so I have to say before I go
(E então eu tenho que dizer antes de ir)

Eu estava boquiaberto, minhas defesas haviam sido quebradas. Meu coração explodira. Tive dó do velho, do Potter agachado, dos rostinhos indefesos que eu vira aquela manhã que podiam estar sendo atacados aquela hora. Tive uma vontade avassaladora de correr ao encontro da Granger e implorar por seu perdão. Me sentia humano. Eu engolira seco, sentia que abaixara a varinha um milímetro quando passos surgiram na escada e no segundo seguinte eu fora empurrado para longe do velho.
A chegada dos quatro Comensais me paralisara, deixara claro que eles haviam vencido a batalha na escada, e se Hermione estivesse entre eles, ela não estaria bem.
- Dombledore encurralado! – ouvi a voz de Amico dizer logo algumas risadinhas. Meu olhar ainda pousava na entrada. – Dumbledore sem varinha, Dumbledore sozinho! Parabéns Draco, parabéns! – aquilo fora terrível, tudo o que eu menos precisava ouvir era “Parabéns”. Olhei para Dumbledore com olhar mais arrependido que eu já dera na vida, mas ele estava por demais entretido com o Comensais.
- Boa-noite Amico. – disse o velho alegremente. – E trouxe Aleto também... que gentileza... – Aleto dera sua risadinha zangada.
- Então acha que suas gracinhas vão ajudá-lo no seu leito de morte? – zombou ela.
- Gracinha? Não, não, são boas maneiras. – respondera o velho.
- Liquide logo – disse Greyback.
- É você Lobo? – perguntara Dumbledore.
- Acertou – respondera o outro rouco. – Feliz em me ver, Dumbledore?
- Não, não posso dizer que esteja feliz... – o outro rira.
- Você sabe que eu gosto de criancinhas, Dumbledore – ele dissera, e eu temia que aquele sangue que ele lambia fosse o de Granger... ele estaria morto se o fosse, ah estaria.
- Devo entender que agora você anda atacando, mesmo fora da lua cheia? Que insólito... você criou um gosto por carne humana que não pode ser satisfeito uma vez ao mês?
- Acertou – disse Greyback, eu me contorcia em fúria. – Choca você isso, não, Dumbledore? Assusta você?
- Bem não posso fingir que não me desgoste um pouco. E, sim, estou um pouco chocado que o Draco, aqui, convidasse logo você a vir a uma escola onde seus amigos vivem...
- Não convidei – eu sussurrara para o velho, implorando silenciosamente para que ele acreditasse em mim. Eu não era tão horrível. Eu não conseguia nem olhar para Greyback, se eu visse aquele sangue a Granger me subiria a cabeça e o mataria ali na frente de todos, arriscando a mim e Dumbledore ao mesmo tempo– Eu não sabia que ele vinha...
- Eu não iria querer perder uma viagem a Hogwarts, Dumbledore – fdp – Não quando há gargantas a estraçalhar... uma delícia, uma delícia... – Ele provocava Dumbledore, mas eu sabia que algumas daquelas fisgadas eram pra mim, Granger me viera a mente novamente. - Eu poderia estraçalhar você de sobremesa... – ele dissera ameaçadoramente para o velho.
- Não – eu ouvi um Comensal dizer. – Temos as nossas ordens. Draco é quem tem que fazer isso. Agora, Draco, e rápido.
Aquilo me desesperara, toda minha determinação escapara de mim. Eu encarara Dumbledore, tão mais fraco, pálido... já havia escorregado mais pela ameia.
- Ele não vai se demorar muito neste mundo, se quer saber! – Comentou Amico às risadinhas de Aleto. – Olhe só pra ele. O que aconteceu com você, Dumby?
- Ah, menor resistência, reflexos mais lentos, Amico – respondeu o velho – Em suma, velhice... um dia, talvez, lhe aconteça o mesmo... se você tiver sorte...
- Que está querendo dizer, que está querendo dizer? – berrou Aleto – Sempre o mesmo, não é, Dumby, fala, fala e não faz nada. Nem sei por que o Lord das Trevas está se preocupando em matar você! Vamos, Draco, mate de uma vez! – novamente me instigavam àquilo. Uma coisa era certa, eu não conseguiria fazê-lo. O problema era como dizer isso.
“Eles bloquearam a escada... Reducto! REDUCTO!”
Os Comensais não haviam eliminado todos, ainda havia gente tentando passar pela passagem... A Granger podia estar viva.
- Agora, Draco, rápido! – mas não dava, minha mão tremia tanto que eu não conseguia fazer mira, sem contar que estava atento à escada.
- Eu farei isso – disse Greyback indo em direção ao velho.
- Eu disse não! – logo Greyback fora empurrado com brutalidade para as ameias enfurecido.
- Draco, mate-o ou se afaste, para um de nós. – disse Aleto. Mas eu não me afastaria. Tanto porque eu odiava receber ordens, muito mais daquela inútil. Mas eu não teria coragem de oferecer mais ainda Dumbledore. Até que a porta para as ameias se escancara novamente, e para meu terror dessa vez surgira Snape. Com a varinha estendida, analisando a cena.
- Temos um problema, Snape – disse o fofoqueiro do Amico. – o menino não parece ser capaz... – mas outra voz chamara Snape pelo nome, baixinho. E isso me doera tanto que meus olhos começavam a arder.
- Severo... – suplicara o velho pela primeira vez naquela noite. Snape o ignorara me tirando do caminho com um empurrão. Todos ali recuaram calados, menos eu que fazia questão de ver o olhar perverso de Snape para o velho. – Severo... por favor... – Eu estava paralisado, meus olhos ardiam, eu queria morrer naquele exato momento.
- Avada Kedavra! – Dombledore fora atingido no meio do peito pela maldição, o que iluminou tudo ali com o jorro de luz verde. Eu logo vira o Potter se contorcer em baixo da capa uma vez que agora parecera capaz de se mover. O que eu compreendi ter sido feito de Dumbledore sua paralisia. Mas ele ainda não percebera que podia se mover. Meu grito foi silenciado como se o paralisado fosse seu. Eu senti uma lágrima salgada me descer até aos lábios da qual eu logo enxugara, quando o corpo do velho foi ao encontro da Marca Negra e logo caindo indefeso, morto. – Fora daqui, rápido. – Disse a voz de Snape distante. Senti então ele me pegar pelo cangote, me levando a força pra longe de tudo aquilo.

That I just want you to know
(Que eu apenas quero que você saiba)

Snape me levava com força para cada vez mais adentro daquele túnel, eu nunca estivera ali, mas sabia que se tratava do local onde Snape chamava de casa, ou pelo menos era lá que ia dar. Por enquanto parecia apenas uma fábrica abandonada.
Era óbvio que se Snape tinha feito questão de me levar pra lá ao invés de até “ele” como os outros, era porque a situação estava nada boa pra mim. Ele me empurrara com brutalidade pra dentro da sua casa mofada enquanto com um feitiço simples ativava as trancas da porta.
- O que foi que deu em você? – ele perguntou asperamente. Como ele se atrevia? Eu, graças a Deus não era filho dele..
- Do que é que está falando “Snape”? – disso o nome dele com nojo. Seu rosto ficara ainda mais frio.
- Você tinha ordens a cumprir Draco.
- Você também.. Não era pra você ter aparecido na torre Snape! Estava tudo sobre o controle!
- Tudo sobre o controle? – ele disse feroz vindo em minha direção. – Não tinha nada sob o controle lá Draco.. nada! – ele completou com ódio. Ele se afastara andando de um lado para o outro, o que já estava me irritando. – Você terá de sumir por uns tempos Draco.
- O que?
- O Lord te quer morto uma hora dessas! Narcisa deve estar sob a vigia dele já.. você falhou Draco. Falhou...
- Eu não vou me esconder! – eu disse revoltado, contendo minha vergonha.
- Não seja idiota! Quer ser morto? E no mínimo ele já sabe que está aqui... Eis o plano Draco. Vou te tirar daqui, e você aparata para o mais longe que puder. Vai se esconder no lugar menos previsto que cnseguir... entrarei em contato quando for seguro. Mas terei de dizer que você fugiu no caminho até aqui.
- Muito gratificante pra você não é Snape? – eu debochei. – eu como fugitivo, e você como o favorito do Lord... era o que você queria desde o começo!
- Não me venha com isso agora Draco, eu prometi a sua mãe e...
- Dane-se a sua promessa! Eu vou mesmo... mas não quero contato com você! Quer fazer algo de útil? Cuide de minha mãe até que eu possa vir buscá-la. E até lá, aproveite bem seu cargo tão favorável... – eu disse destrancando a porta com o mesmo feitiço e aparatando assim que colocara meus pés fora daqueles corredores.
-
I've found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)

Pronto, lá estava eu, sozinho no mundo, fugindo dos bons, fugindo dos maus, fugindo de mim mesmo. Estava encostado no muro da ponte de Dayllous vendo o incrível som das gotas de chuva batendo na água, junto com o sol que morria no horizonte. Eu estava encharcado e com frio, mas tinha prometido pra mim mesmo que não voltaria para o hotel antes de decidir o que ia fazer. Queria ter um momento agradável com a Granger para lembrar com saudades naquele momento, queria poder correr pra ela, seguro por saber que ela me acolheria. Era estranho, pois eu tinha saudade do que não tinha acontecido, eu não tinha lembranças agradáveis com ninguém.. joguei uma pedra qualquer no lago como se ele me tivesse feito essa revelação.

To change who I used to be
(Para mudar quem eu costumava ser)

Eu não havia vivido, não tinha lembranças, não tinha saudades... e logo iria ser morto, seco, sem temer por ninguém, sem me despedir de ninguém... eu não havia realizado nada. Então aqueles eram meus últimos dias? Eu ia apreciar um pouco da vista de Londres até que alguns Comensais, ou Aurores me encontrassem? Eram alguns dias, me dados de consolo, pra fazer o que bem entendesse antes de morrer.. e idiotamente aquilo me viera a cabeça.. era doido, absurdo, mas era o que eu sabia que tinha de fazer.. era o que eu ia fazer.. Procurar a Granger... dizer-lhe que a amo... e se ela não me recebesse, colocaria a porta a baixo, mas lhe diria.. só pra ter cinco segundos que fossem de seu olhar, um olhar que não fosse de raiva, ódio e desprezo, apenas um olhar... um olhar para eu lembrar quando fosse morto. Um olhar do qual eu sentiria saudades...
A reason to start over new
(Uma razão para começar de novo)

Ao chegar no hotel eu vi o quanto seria difícil achar a Granger, não era simplesmente descobrir seu endereço e sim descobrir seu refúgio. Pois eu sabia que a essa hora ela já devia estar escondida em algum lugar junto de seus amiguinhos.
Me joguei na poltrona de couro do meu quarto, que por sinal era a melhor suíte do hotel.. estava exausto. Faziam 3 dias desde que saí da casa de Snape e parecia que eu não havia dormido desde então. É lógico, é meio difícil dormir quando você sabe que 4000 cabeças do mundo mágico que estão se unindo pra achar a sua.
Peguei meu profeta jogado ao chão onde vi notícias e mais notícias do ataque em Hogwarts, realmente aquilo era difícil de se esquecer. Vi que o meu retrato estava entre os muitos comensais ali intitulados “Procurado”. E nessa hora eu agradecia a Merlin pelos trouxas não lerem o Profeta. Senão eu já teria sido capturado na porta do hotel.
Logo vi a matéria de um casamento. “Casamento... Uma festa nessa guerra..” aquilo me dera um pouco de esperanças. Enfim ainda estavam acontecendo coisas normais e boas como o casamento. Logo tive mais uma surpresa, o casamento era do Carlinhos Weasley com aquela campeã de Beauxbatons a Fleur Delacur... era isso! Com certeza a Granger iria, e era a minha única chance de achá-la naquela guerra toda. Foi quando eu fui ver os detalhes do casamento que eu tive outra surpresa, a festa já havia começado! Então eu novamente agradeci a Merlin por ser bruxo.

And the reason is you
(E a razão é você...)

Eu estava encolhido em meios as árvores do bosque atrás daquele chiqueiro que os Weasley chamam de casa. Eu sabia que a Granger estava lá dentro, mas Draco “terrível Comensal” Malfoy não podia simplesmente entrar num “ninho” de bruxos da Ordem da Fênix e perguntar por ela podia? E uma poção polissuco demoraria um mês pra ser pronta, sem contar que eu nunca conseguira faze-la perfeitamente. E eu não podia dar as caras em nenhuma loja bruxa no mundo e pedir por tal poção. É, naquele momento enquanto me vi sendo atacado por algumas formigas eu me vi ferrado.
- ahh, ótimo lugar pra ser um casamento! – eu disse andando pra trás no meio daquele matagal logo tropeçando em uma pedra atrás de mim e caindo de costas. – ai, que ótimo! – Mas fora ainda mais terrível, eu logo senti meus pés e braços sendo de algum jeito amarrados ao chão, pelas próprias raízes. – Mas.. o que? – Logo um par de pernas bem desenhadas surgira na minha frente, ao subir o olhar logo reparei no leve vestido que o indivíduo usava, azul bebê, de alça, lindo no seu modo simples, que torneava bem as curvas do corpo. Logo reparei no seu colo, que subia e descia numa respiração difícil, e de um lado do fino pescoço uma onda de cachos castanhos, quando finalmente vi o rosto de Hermione Granger, tão lindo e perfeito como todo o resto, completando aquela pintura, senti meu peito explodir. “Bendita sorte! Entre todos da Ordem, fui capturado logo por ela”. Ela me olhava com curiosidade e raiva. Mas nada fazia minha felicidade diminuir.
- Eu sabia que havia visto alguma movimentação por aqui. – ela dissera com um meio sorriso surgindo no canto da boca. – Só não achei que vocês teriam a audácia de atacarem de novo, tão cedo, sabendo que todo o mundo mágico está atento agora. Harry tinha razão: Eu subestimei vocês.
- Não vim atacar, se não reparou estou sozinho Granger. – eu disse tentando me justificar. Ela me olhara interrogativa, acho que foi a primeira vez que não me dirigir a ela sem xingá-la.
- Então pra que veio? Espionar? Tem algum plano? Ou Voldemort não ficou nada feliz por você não ter cumprido sua missão direito e está atrás de você? – ela disse rindo.
- Tecnicamente a última opção não deixa de ser verdade. Ele realmente não quer me ver, não saudável. – eu não entendo o porquê de eu tentar ser engraçado perto da Granger, como se isso fosse mudar um pouco o ódio dela por mim. Eu por acaso esperava que ela risse? Eu não sabia mesmo muito bem o que fazer.
- O que você quer aqui Malfoy? Se está procurando refúgio, acho que veio ao lugar errado. E você não é idiota, então não veio aqui pra isso. – pelo menos ela não me achava idiota .
- Vim porque preciso falar com você. – eu disse prontamente. Ela se surpreendera. – pode me soltar?
- E o que você veio me falar Malfoy? – Ela perguntou ainda contendo o tom irônico.
- Não pode ser assim, preciso conversar com você direito, não sob ameaça. Não é uma coisa muito fácil, sabe? Será que pode ir a algum lugar comigo por um momento? Para conversarmos. – ela rira. Eu também riria se a proposta não tivesse sido feita por mim.
- Você só pode ter perdido o juízo. Ron! – ela chamara. Nessa hora eu ficara desesperado, consegui livrar um dos meus pulsos das raízes e pegara minha varinha.
- Accio varinha de Hermione. – eu dissera. Ela assustada desatou a correr, me livrei logo das outras raízes por um feitiço e apontei minha varinha pra ela, que continuava a correr pelo matagal. Mas eu não conseguia lembrar de nenhum feitiço que não a machucasse então derrotado enfiei as duas varinhas dentro do bolso da calça e fui atrás dela.
Apesar de eu correr mais, era difícil desviar dos galhos das árvores. E logo ela conseguiria sair de todo aquele matagal aí seria tarde demais. Ela continuava a correr com seu vestido azul, seus cabelos fugiam do penteado formal. Comecei a correr mais rápido e logo a peguei pela cintura encurralando-a contra uma árvore.
- ME SOLTA! – ela gritara tentando me bater, eu prendera os braços dela atrás do próprio corpo.
- Cala a boca! – eu pedi tapando-lhe a boca. – Escuta, eu sei que no momento estou sendo pintado como um dos piores comensais que existe, e não vou dizer que talvez não o seja. Eu só quero que você me dê uma chance pra dizer o que eu preciso. Eu não vou te matar ta legal. Aiii – ela mordera minha mão.
- Você acha que eu sou idiota Malfoy? HAR.. – Eu tapara a boca dela novamente. Graças a Merlin a música na festa estava bastante alta e nos encontrávamos bem distante da parte em que se encontrava a festa.
- Confia em mim! – ela disse que não com a cabeça. Vi seus olhos começarem a se embaçar por causa da força que eu fazia então deixei que ela respirasse pela boca. – Se gritar uso o “Silêncio” em você. – eu ameacei.
- Confiar em você? Você é um comensal! – ela disse com ódio.
- Você me deve isso Granger, eu salvei a sua vida!
- Mas entregou a de Dumbledore à Snape. – ela disse quase gritando e dessa vez ela chorara. E era horrível vê-la chorar, ainda mais por minha causa. Nas lágrimas dela eu vi quantas pessoas ainda choravam pelo o que eu fiz.

I'm sorry that I hurt you
(Eu sinto muito ter te magoado)

- Granger... eu não tive como impedir. Eu não queria que aquilo acontecesse.
- Do que está falando? Você armou isso o ano inteiro.
- Mas eu não queria, a vida da minha família estava ameaçada... eu nem sei se minha mãe está viva agora!
- Eu não acredito em você.
- Eu não o matei, não tive coragem. Eu mudei Granger, não quero mais fazer parte dos planos de Voldemort.
- Você diz isso porque ele te quer morto. Você acha mesmo que alguém aqui vai ter pena de você? Ninguém vai acreditar em você!

It's something I must live with everyday
(É algo com que eu devo conviver todos os dias)

- Dumbledore acreditava.. e o Potter sabe disso, ele tava lá. – Ela se surpreendera.
- Como sabe que Harry estava lá?
- Ele estava por debaixo da capa de invisibilidade, ouviu toda a nossa conversa, estava lá o tempo todo. Eu o ouvi chegando com Dumbledore.
- E por que não o matou também?
- Granger eu não sou assassino!!! – eu disse quase não me contendo também. – eu não vim aqui pra pedir clemência a ninguém. Eu vim, porque preciso que alguém acredite em mim antes de ser capturado por um dos lados. – eu disse abaixando a cabeça. Vi que ela ainda chorava, pois não tinha como enxugar as lágrimas. – preciso que você acredite em mim.

And all the pain I put you through
(E toda a dor que eu te fiz passar)

- Eu? Por que eu? – ela disse tentando rir sarcástica.
- Porque eu amo você. – eu disse a olhando nos olhos. E veio aquele olhar, não era de ódio. Tudo bem que não era um olhar apaixonado, era sim de incredulidade, mas ainda sim era melhor do que o de ódio. Ficamos muito tempo em silêncio, ela ainda sustentando aquele olhar incrédulo.

I wish that I could take it all away
(Eu gostaria de poder retirá-la completamente)

- Você.. você o que?
- Eu amo você, Granger... não posso morrer antes de você acreditar em mim.
- Você REALMENTE ficou maluco! Você me odeia Malfoy! Lembra? Sangue Ruim? Esse plano funcionaria com qualquer outra garota, mas até o Ministro da Magia sabe que você me quer morta!
- Não! Te quero Viva! – eu disse a sacudindo, ela corara de leve. – Odiava tudo que rodasse em volta do Potter, e você é a melhor amiga dele.
- E não odeia mais?
- Não... virou amor Granger! Eu tinha de crescer, tinha de ver que estava errado. E você é a única que conseguia fazer eu ver isso. – eu disse começando a me estressar. – Olha estar apaixonado é uma coisa, mas não me pesa para entender como o amor funciona está bem? – ela ficara sem falas por um tempo. – Olha posso ser um cara escroto, mas nem por causa disso sou um Assassino, qual é eu só tenho 17 anos.

And be the one who catches all your tears
(E ser aquele que apanha todas as suas lágrimas)

- Voldemort já era assassino na sua idade.
- Eu sou muito diferente dele! – ela novamente ficara sem falas. Eu suspirara derrotado – Escuta, é claro que você não é obrigada a acreditar. Eu gostaria, mas não é. Eu não vim te seqüestrar nem nada disso. Na hora parecia fácil vir aqui e dize-lhe tudo isso. Mas agora eu vejo... como nossa relação realmente se tornou... Granger, eu não quero ser seu inimigo, não sou o que eles dizem que sou, não mais. Quero ficar do seu lado, mas talvez seja tarde demais pra isso. Não consigo pensar num meio de provar isso. – eu suspirara novamente. – Eu só tinha de lhe dizer... só isso. Se você acreditar em mim Granger.. – eu entreguei-lhe um cartãozinho. – aí é onde estou escondido. Não pretendo sair de lá. Veja bem, se quiser bater lá com toda a tropa da Fênix, eu não fugirei. Não tenho mais razões pra isso. – E olhei uma última vez, tentando não chorar, ela me olhava ainda segurando o cartão, eu não prendia mais os seus braços. E assim eu aparatei largando aos seus pés apenas sua varinha.

That's why I need you to hear
(É por isso que eu preciso que você escute)

Foi uma semana terrível, ansiedade que me tomava por inteiro. A única coisa boa era que eu me livrara daquele segredo. Mas se ela acreditara ou não, era outra coisa. Quantas vezes eu perdi a esperança, quantas vezes me embebedei no bar do hotel... quantas vezes eu achei que no mínimo ela me achava um louco e rira disso tudo depois. Mas o que me intrigara era que já passara uma semana e ninguém fora me prender... ninguém da Ordem, nenhum Auror. E isso, não ajudava, pois só aumentava um pouco a minha esperança. Afinal ou ela perdera o cartão ou estava seriamente considerando que eu tivesse dito a verdade.

I've found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)

Foi quando a campainha do quarto tocou, como um alarme de incêndio dentro de mim. Fui até a porta em passos lentos e tensos. Resolvi abrir a porta de uma vez. Mas meu susto não poderia ter sido maior. Não era a minha amada, e sim aquele idiota do Weasley e não sei até agora o porquê, a Lovegood.
Ela havia me entregado, mas eu achei que mesmo pra me prender viria uma guarda “maior”.
- Podemos falar? – disse o ruivo, que estava encostado no rodapé da porta sem jeito, quebrando o silêncio e meu olhar surpreso pra eles.
- Tem muitos Aurores me esperando fora do hotel? – disse irônico. Ele suspirara entediado.
- Vamos, Malfoy. Não temos tempo pra isso. Se tudo que Granger disse for verdade, acho melhor vir conosco. – Granger? Desde quando Hermione era Granger para o Weasley? Até Lovegood parecera atônita.
- É mesmo? E o que foi que a Granger disse? – Eu perguntei cruzando os braços, já preparado com minha varinha no bolso de trás da calça.
- Que você se arrependeu. Que quer ficar do nosso lado. E fez tudo por ameaça. – Disse a Lovegood, que pela primeira vez na vida saíra do seu olhar sonhador.
- É verdade? – pressionou o “Weasley”. Eu não sabia mais o que fazer, mas fiz a primeira coisa que me pareceu sã.
- É. – Disse seco. Foi imediato. Weasley adentrara meu quarto, unindo todas as minhas coisas num feitiço que no final se transformara numa mochila velha. A Di-Lua conjugava uma dúzia de feitiços que mal murmurava dos quais eu pensei já ter ouvido antes.
- Você vai com Lovegood para Cintra.
- Cintra?
- É, fica em Portugal. Lá tem um apartamento pronto pra vocês. Ficarão lá até que toda Ordem resolva confiar em você. Daí você vai pra sede. – eu apenas ouvia com muita atenção. As coisas estavam simplesmente acontecendo na minha vida, e essa não era a pior delas. – Enquanto estiverem lá, é necessário que não se exiba muito Malfoy. Nada de magia na frente de trouxas. E toma: suas novas identidades. – Ele me entregara duas.
- John O´Conner e Melinda O´Conner.. – eu li. – foi você que escolheu esses nomes fantásticos? – eu debochara, o Weasley apenas me olhara feio, o que era estranho uma vez que ele já teria partido pra cima de mim faz tempo.
- Venha Malfoy, vamos aparatar. – Disse e LunaLovegood, e aquilo estava me assustando. Aparatar com a Di Lua? – E pode me chamar de Mel.

Quando finalmente senti terra firme, ignorando todo aquele mal estar que era ao se aparatar, percebi que ventava muito e mal dava para reparar o lugar a volta.
- É sempre assim por aqui? – eu dizia aos berros, porque o barulho do vento era insuportável.
- Vamos para aquela casa! – Ela me respondera no mesmo tom, e tinha algo na determinação dela que me era familiar. Desde quando Lovegood ficara tão mandona? Eu não ia questionar naquele momento.
Dentro da casa jogamos nossas coisas no chão mesmo, e me permiti olhar mais o ambiente. Uma casa trouxa, sem um sequer utensílio bruxo. Percebi que a “Di Luna” parecia querer manter alguma distancia de mim, estava de costas perto da cozinha e tirara distraidamente o pó de uma estante com apenas uma passada de mão.
- Não seria bom usarmos magia aqui. – ela dissera jogando os cabelos loiros pra trás da orelha, eu já vira aquilo antes. Não resisti e dei um sorriso de lado.
- Para dentistas até que seus pais ganham bem, pra terem uma casa como essa.
- Era do meu avô... – mas não terminara a frase, quando virara pra mim completamente derrotada eu já continha um sorriso de orelha a orelha. Como minha amada era Bobinha.
- Tudo bem Malfoy, você ganhou. – ela murmurou algumas palavras que agora eu conhecia perfeitamente, rúnicas, e voltara a ser a minha Hermione.
- Bem melhor. – eu disse simplesmente. – Quem fingia ser o Weasley?
- Scott Low, ele não vai mesmo muito com a minha cara. Mas eu não podia contar com Ron e Harry. Eles nunca me permitiriam te ajudar.
- Então vai me ajudar?
- Scott e Luna “a verdadeira” estão trabalhando na sua defesa, logo convenceremos os outros. Enquanto isso eles acham que eu estou em Paris, numa missão.
- Missão. – eu repeti andando pela casa. – quem diria?
- Cala a boca.

To change who I used to be
(Para mudar quem eu costumava ser)

Ta não vou dizer que foi o mês mais tranqüilo que eu tive, porque todos os dias via meu rosto estampado no Profeta Diário. Não me dava ao trabalho de ver do que eles me acusavam exatamente porque eu já me considerava suficientemente culpado. Mas mais transtornada do que eu ao ver aquelas fotos era Hermione, e algo no rosto dela me dizia que ela não tava conseguindo sucesso em me defender. Eu não ligava, estava com ela. E ficaria eternamente ali com ela se ela me pedisse.

A reason to start over new
(Uma razão para começar de novo)

Sim, com o tempo ela não conseguiu mais manter a distância entre nós. Era como se me conhecer de novo, eu era engraçado, divertido. E enquanto ela estava com a cabeça cheia de problemas ou recebia péssimas notícias eu a animava, livrando-a deles. Éramos amigos, e sim fora o mês mais feliz da minha vida.
Mas algo ainda me incomodava, podíamos rir, e como era perfeito vê-la rir. Mas ela nunca tocara no assunto do que eu sentia por ela. Eu não sabia se ela acreditava, se eu estava tendo alguma chance, não sabia o que ela achava.
Eu concordei comigo mesmo de deixa-la livre desse assunto por enquanto, não apressar as coisas. Mas eu nunca me segurara tanto na vida, tê-la embaixo do mesmo teto que eu por um mês, e não poder chegar perto dela do jeito que eu queria era torturante. Por mais perfeito que fosse ficar do lado dela, eu não ia agüentar mais essa tortura. Tinha que acabar.
- Você não me respondeu – eu disse, enquanto me servia de vinho. Ela se servia de macarronada faminta. Chegara de um dia estressante e ainda pegara uma chuva terrível.
- Já te disse. Scott já falou com todos, no começo Harry concordou que você podia ter realmente mudado. Sabe, ele estava lá. E ao ouvirem isso dele, realmente era surpreendente, preferiram não questionar. Só Ron que brigou um pouco. Mas o problema foi quando Luna disse que eu não estava em Paris e sim com você. – ela se servira de mais uma garfada antes de continuar. – aí foi terrível, Harry ficou furioso, disse que ainda era cedo demais pra confiar totalmente em você. Ainda mais pôr minha vida em risco. Exigiu que o dissessem onde estávamos. Mas vendo o estado dele acharam melhor ocultar. Harry realmente... está muito, muito puto.
- Não isso. Você ainda não me respondeu nada quanto ao que eu te disse na casa dos Weasley. – ela parara de comer no mesmo momento, mantinha a cabeça abaixada enquanto eu ainda a encarava ansioso.
- Eu acredito em você... é por isso que estou aqui. – ela disse com a voz fraca. Eu respirei fundo sentindo meu coração se encher de derrota.

And the reason is you
(E a razão é você...)

A verdade é que eu queria gritar com ela dizer que eu queria saber se ela me amava. Mas eu não conseguia fazer isso. Se ela não queria tocar no assunto era porque a resposta era óbvia. Naquele momento não havia mais motivo pra eu continuar me escondendo, pra tudo aquilo. Eu só queria ela. Me esconder eu conseguia fazer sozinho. Mas estava ali por ela. Agora não tinha mais motivo pra nada disso.
- Com licença. – eu disse secamente levando meu prato intocável até a pia e saindo da cozinha sem sequer olhar pra trás.
Na sala fechei os olhos com agonia e respirei fundo pra conter todo meu sofrimento, eu não choraria na frente dela, já era pedir demais. Eu subia a escadas e estava de frente pro meu quarto olhando apenas pra porta, como se abri-la fosse dizer adeus a tudo o que eu sentia quando ouvi os passos corridos dela na escada e logo atrás de mim.
Ela respirava ofegante atrás de mim, era tudo o que se podia ouvir por um bom tempo. Meu coração batia tão rápido como se fosse explodir, mas não tive coragem de me virar, de olha-la. Eu não me conteria.
- Não é fácil. Será que não entende? Não é nem um pouco fácil. – ela dizia nervosa, como se aquilo fizesse algum sentido pra mim. Mas de alguma forma seu tom já era bastante esclarecedor. – um belo dia seu inimigo chega e diz que te ama. Eu nunca ouvi isso de ninguém. Não sei lidar com isso, muito menos quando esse alguém te odiou a vida toda.
Meu coração batia tão violentamente que eu achei que ia ter um infarto, nunca a ouvira tão verdadeiramente. Mas eu não conseguia olha-la.
- Eu pensei nisso por uma semana inteira, todos as idéias possíveis me passaram pela cabeça, contando as mais terríveis. Mas mesmo assim eu fui até você. To tentando te ajudar, to tentando conseguir sua liberdade.
- Não me importo com liberdade Hermione. Já aceitei meu destino.
- MAS EU NÃO. – ela gritara e eu sabia que agora ela chorava. Não consegui me conter mais, me virei e a abracei. Ela chorava de novo, e por minha causa, era ruim demais.
- Me desculpa, não chore por favor. É só que eu... eu te amo demais pra não pensar em nós dois a cada minuto. – eu dizia. – Eu só temo... o dia em que eu serei inocentado, e o Potter virá apertar minha mão e te levar com ele, pra longe de mim. Então minha liberdade não terá representado nada.
Então ela se afastara de mim, me olhando de um jeito que eu nunca vira antes. Uma incredulidade eu acho. Achei por um momento que eu fosse levar um tapa. Mas ao invés disso ela me beijara.
Seus lábios encostaram nos meus de um modo desesperado como se ela temesse que eu fosse desaparecer, mas o beijo nem se aprofundara e ela rapidamente já se afastara de mim. Eu a olhara transtornado sem entender como fora que começara e sem entender ainda mais como fora que acabara. Ela continha o olhar culpado e estava corada de vergonha.
- Me... me... desculpa, eu não sei o que me deu. Eu não pensei... eu não.... eu vou pro meu quarto. – ela dissera aquilo tudo tão rápido que mal me dera tempo de dizer alguma coisa, mas quando ela tomou impulso pra ir na direção contraria eu simplesmente entrei em pânico a puxei-a de volta, e dessa vez eu não a deixaria fugir nem que o mundo dependesse disso.

And the reason is you
(E a razão é você...)

Eu a beijava com tanta vontade e possessão que eu não saberia dizer quem éramos e onde estávamos, mas eu a beijava contra a parede do corredor. Era tanto desejo por tanto tempo guardado que era incontrolável. Sua boca tinha a espessura de um pêssego e eu tomava pra mim com uma fome incontrolável.
Nossos corpos presos um no outro com tanto ardor e eu sentia raiva daquelas malditas roupas que nos separavam. Eu mordi de forma tensa a alva de seu pescoço enquanto ainda a pressionava pela cintura contra mim e foi o bastante para que ela exclamasse e seus joelhos ficassem fracos. O que pra mim foi o bastante para pegá-la no colo. Ela se assustara de leve, mas não pareceu muito disposta a questionar.
Coloquei-a na cama do meu quarto com tanto receio de machucá-la de alguma maneira e vontade de toma-la pra mim ao mesmo tempo. Ela parecia uma boneca de porcelana, mas ser cuidadoso parecia impossível, nossos corpos já estavam colados e eu não conseguia me prender, sugava-lhe o pescoço e abria-lhe a blusa com tanta vontade sem me dar conta exatamente no que podia estar acontecendo.
Cada canto da sua pele era um santuário pra mim, e eu não conseguia desgrudar dele. Eu me forcei a parar de beija-la por um momento para observa-la daquele modo tão indefeso e ansioso, já quase com nenhuma roupa, que deixava a mostra tudo que eu sempre desejei.
Eu suspirei finalmente percebendo que eu não estava sonhando, meu estado também não era muito diferente do dela e eu me abaixara novamente contra seu corpo a olhando intensamente como se tentasse ler os seus pensamentos. Porque palavras eram inúteis. Qualquer uma parecia tola e idiota aquele momento. E se eu fosse me deixar levar pelo o que nossos corpos queriam dizer eu poderia parecer um completo insensível, o que eu nunca me preocupei, mas com ela era diferente.
Quanto mais eu me aproximava dela, meus braços a cobrindo por inteira, mas ainda apenas a olhando ela parecia corar. Talvez só naquela hora ela desse conta de minha “nudez” ou até mesmo da dela. Eu não queria intimida-la, mas era necessário, pra saber se ela realmente queria aquilo. Eu não podia fazer nada de errado. E como eu temi pela resposta dela.
Entendendo o que eu queria dizer, ela pareceu realmente considerar isso e pensar por um tempo apreensiva. Era óbvio que ela tava com medo. E eu comecei a ficar ainda mais nervoso, minhas mãos soavam enquanto brincavam com seus cachos. Eu acho que era mais uma distração para que eu me controlasse e não prestasse atenção nos seus seios rígidos que subiam e desciam numa respiração difícil contra o meu peito. Ou pra suas coxas tensas entre as minhas.
Eu já estava em desespero, mas ainda fingia calma pra lhe dar coragem, e pareceu que ao me encarar ela realmente a teve e assim, aceitando instantaneamente o convite eu a beijei ainda mais arduamente segurando-a firmemente e descobrindo-a por inteiro. Fora mágico, e perfeito.
Ao final de tudo isso eu estava cansado, mas ainda assim não conseguia larga-la, ainda sim a queria. E foi assim que adormeci, com minha respiração em seu pescoço em meio aos seus cachos, grudado ao seu corpo, agarrado a sua cintura para que não fugiste.

And the reason is you
(E a razão é você...)

Quando acordei, o quarto estava semi iluminado pela manhã, e as cortinas tornavam a iluminação mais alaranjada e escura. Apenas um lençol sobre nós dois e o rosto dela tão castanho e sereno sobre o travesseiro, e eu senti ciúmes do sonho que ela poderia ter, pois ela parecia se confortar demais nele.
Me permiti sorrir gostosamente ao vê-la ali tão linda e seus cabelos pareciam ter tomado um tom mais castanho e com alguns fios dourados por causa daquela iluminação do quarto. Nunca a vira tão linda, e eu nunca me sentira tão feliz em toda a minha vida.
Mas igualmente feliz, eu me senti triste, pois sabia que os seguidores de Voldemort estavam se aproximando da gente, eu podia sentir o poder dele ainda mais forte. A marca negra em meu braço gritava em aviso, dizia que em breve eu teria de encara-los. Que fugir era tolice, pois o reencontro era inevitável.
Quase instantaneamente aos meus pensamentos, Hermione acordara. Me olhara ainda de modo tímido, mas mesmo assim apaixonado. Eu a recebera do mesmo modo, tentando me livrar de qualquer pressentimento.
- Bom dia. – eu dissera a ela num modo quase travesso.
- Bom dia. – ela respondera no mesmo tom, mas corada. Eu me permiti rir. Ainda ficamos calados por um bom tempo, eu não tinha muita idéia do que dizer. Sabia que as mulheres se magoavam com algo mal dito nessas horas, mas nunca me preocupara em dizer coisas bonitas pra Pansy.
- Você ainda me ama? – ela disse do nada ainda mais corada. Eu me surpreendera com tal pergunta. Como assim se eu ainda a amava? Que tipo de dúvida absurda era essa? Ela era a coisa mais importante da minha vida e me dera o momento mais incrível da minha vida e ainda tinha dúvidas?
Eu a agarrei ainda mais segurando seu rosto com firmeza a olhando com tanta profundidade que era possível ela se perder.
- Nunca mais tenha essa dúvida. Ouviu? – eu disse com a maior seriedade da minha vida. – Eu amo você. Amo mais a cada segundo. Eu me seguro pra não toma-la em meus braços a cada momento que te vejo. – Eu ri nervoso. – Não é nada justo ter essa dúvida.
Ela ainda me encarou por um momento e respirou fundo antes de responder.
- Eu te amo Draco Malfoy. E eu já devia a anos ter aceitado isso. – Tudo bem, agora eu me surpreendera. Tudo bem que depois de uma noite dessas eu já entendera que ela me amava, e já me sentira mais Feliz que qualquer outro homem no mundo. Mas ouvir aquilo tivera conseqüências ainda mais surpreendentes em mim. Ouvir aquilo era algo que a meses eu já havia perdido as esperanças de ouvir. E ela me amava a anos? Todos esses anos eu sofria de amores por ela, e ela me amava também? Céus, anos jogados fora! Ela parecera ler todos os meus pensamentos porque achara algo engraçado em mim.
- Como nunca me dissera isso?
- Não era preciso... quanto mais ocultamos uma coisa, mais alto ela se revela. Só era necessário que você conseguisse ver isso. E de alguma forma você viu, porque você veio até mim. – Eu escutava boquiaberto, a amando cada vez mais a cada palavra. – Você enfim ouvira o som mais alto de todos: o amor não dito.

And the reason is you
(E a razão é você...)

E sem dizer mais nada eu a beijara e tomava-lhe nos braços novamente. Com ainda mais vontade, com ainda mais desejo, eu a possuía de modo ainda mais tenso. Colocava toda minha felicidade naquilo, eu não queria parar nunca e era perfeito o modo como ela se sentia, o modo como me aceitava, o modo que me queria. Tomava-a pra mim como se fosse a primeira vez.
Mas na verdade, fora a última.

Eu entrava no quarto com uma bandeja que continha um gostoso café da manhã. Parei na porta do quarto e vi que ela me olhava de modo travesso, sentada na cama contra os travesseiros ainda enrolada no lençol branco.
- O que foi? – eu perguntei sem entender.
- Nunca achei que você fosse do tipo que usasse samba-canção. – eu ri ao seu comentário e fui até a cama deixando a bandeja entre nós. Ela rira. – As panquecas estão queimadas.
- Que nada estão no ponto. Não é nada fácil cozinhar no modo trouxa ok? – Ela rira novamente e comera com vontade as panquecas, mas eu sabia que estavam ruins demais. Eu mesmo não conseguia comer a minha. Foi então que eu senti uma dor horrível no meu braço direito, como se estivesse sendo queimado vivo. Eu conseguia apenas ouvir ao longe a voz dela me chamando de modo desesperado, e quando dei por mim já estava rolando ao chão e soando frio. Foi quando a vi chorando na minha frente desesperada.
- Draco. Draco o que foi? Fala comigo por favor, o que foi? – Eu tentei acalma-la, tentando cegamente acaricia-la, mas ela não parava de chorar um minuto sequer e meu braço ainda latejava.
- Não foi nada amor, calma, foi só uma... nada. Não precisa ficar assim, já estou melhor.
- Nada o cacete! Você tava gritando, me deixa ver isso. – eu tentei impedir, mas ela puxara o meu braço e mirara a Marca Negra tão vermelha como Sangue, brilhando e se mexendo com se fosse pular do meu braço a qualquer momento. – Eu pude ver a tristeza e o medo nos olhos dela dos quais ela tentava inutilmente esconder. Eu segurava-a pelo rosto.
- Não precisa ter medo meu amor, isso acontece sempre. É apenas um fardo que carrego pra me lembrar as coisas terríveis que fiz. É passado agora.
- É ele não é? O que ele está dizendo Draco? O que ele quer? Me diz. – eu respirei fundo, não podia nega-lhe nada, muito menos a verdade e sua determinação me doía.

I'm not a perfect person
(Eu não sou uma pessoa perfeita)

- Ele quer a mim. Está querendo me machucar pra ver se vou até ele. Está dizendo que se eu não for, ele virá... a nós dois. – eu disse a segunda parte não conseguindo olha-la, dizer tornava ainda mais reais as palavras dele. O silêncio novamente se tomava entre nós.
- Não! Não! Você não vai! Não Draco! Não! – ela dizia desesperada e eu tentava segura-la e conte-la. Mas ela levantara furiosa. – Não! Draco! Não adianta! Você não vai! Nem que eu tenha de prende-lo em Azkaban! Você não vai!
- Ninguém tem mais acesso em Azkaban do que Voldemort meu amor, você sabe disso. Azkaban é só uma propaganda enganosa. Nenhum comensal que vá pra lá, permanece lá.
- Do que é que você está falando? Azkaban é...
- Falso, uma mentira do Ministério pra dizer que estão fazendo alguma coisa. – eu mantinha a minha calma, mas tudo era novo demais pra ela. Novo demais para alguém que sempre acreditou na justiça do mundo mágico.
- Há muitos comensais da morte lá!
- Não, Hermione... há muitos loucos do St. Mungos lá. Estão apenas transformados. Por que acha que estou tão preocupado com meu pai? Dumbledore achava que ele estava seguro lá. Mas não está, Ele só está lá ainda porque Voldemort anda ocupado demais, mais logo o corpo dele vai ser encontrado num rio qualquer com a aparência de um trouxa qualquer. – eu não conseguia mais me conter nessa hora, chorava de raiva. Raiva do mundo mágico, raiva de Voldemor, raiva daquele idiota do Fudge que permitia isso...
- Mas como... como ele consegue entrar num lugar repleto de guardas...
- Os guardas são Dementadores Hermione...
- Mas... Mas... Fudge... ele sabe disso?
- Lógico que sabe...
- Então como ele permite isso? – ela gritara. Eu respirei fundo.
- Fudge trabalha por poder, Voldemort oferece muito mais poder a ele do que todo o povo bruxo. – ela estava boquiaberta.
- E Sirius, como Sirius ficara tanto tempo em Azkaban?
- Fudge só mantém em Azkaban quem lhe convém.
- MAS POR QUE? POR QUE SIRIUS TEVE DE FICAR LÁ?
- Porque ele era inocente.
- O que? Como assim? Não faz sentido!
- O verdadeiro culpado trabalhava pra Voldemort, e o único que sabia disso era Sirius. Não tinha porque ele permanecer livre.
- E por que eles não tentaram matar ele então? – Ela perguntara sarcasticamente ainda chorando.
- Voldemort estava fraco Hermione, ele tinha outras preocupações em mente não acha? Ele não achou que Black ainda seria problema. E além do mais... o que pode ser ainda mais terrível do que conviver com Dementadores?
O assunto chegara ao seu fim, e agora eu observava alguém encolhida ao chão da porta, chorando contra os próprios joelhos. Eu observava alguém que acabara de saber toda a verdade sobre o domínio do mal, alguém perder as esperanças. E eu chorei também, silenciosamente. Mas chorei.

I never meant to do those things to you
(Eu nunca quis fazer aquelas coisas com você)

Fui até ela e me ajoelhei em sua frente, acariciando-lhe os cabelos. Ela não levantaria o rosto tão indefeso.
- Me escuta. Não sei se podemos vencer todos eles, o mal é grande demais. E já influenciou as mais altas autoridades. – eu respirara fundo. – Mas eu acredito que possamos vencer Voldemort. É terrível admitir isso, mas... eu tenho fé no Potter. – foi então que ela levantou seu rosto molhado pra me encarar. Estava surpresa. – Eu convivi entre Comensais Hermione, vi o próprio Voldemort inúmeras vezes. E eu, como os outros Comensais, sei o quanto ele teme o Potter. Ele mesmo tem noção do perigo que ele proporciona a ele. Sabe, toda essa história da Profecia. E o Potter foi o único que sobreviveu a ele, e tantas vezes. Então eu sei, que se alguém pode derrotar Voldemort, esse alguém é o Potter.
- Draco...
- E é por isso... – eu a cortei, antes que perdesse a coragem para faze-lo. – que eu quero que volte para a Ordem, e fique onde o Potter e o Weasley possam cuidar de você.
- Não, não! Não pode fazer isso Draco, não pode dizer que me ama e me mandar embora. Não pode! – eu a agarrei chorando muito, eu não conseguia me conter, ouvi-la dizer tudo aquilo. Doía demais.
- É preciso Hermione, eu preciso ir até Voldemort, e não posso deixa-la aqui desprotegida.
- Você não pode ir até ele, não pode! Se você for... não haverá esperança pra nós dois Draco.
- Se eu ficar ele acha você... – eu disse quase não tendo mais voz. Ela me apertara com ainda mais força.
- Eu não tenho medo, vem comigo pra Ordem então. Eles vão ver que...
- Se eu for pra Ordem ele irá até lá e matará a todos.
- Não, ele não pode, somos muitos, e é um lugar muito bem protegido...
- Não Hermione... você sabe que ele pode. – eu disse a encarando.
- Então eu fico com você, fico aqui e o encaramos juntos! – eu a acariciei o rosto com muita tristeza.
- Você é amiga do Potter e é Nascida Trouxa. Ele lhe faria muito mal meu amor.
- Eu não tenho medo, não tenho medo. – ela chorava quase que me suplicando pra que eu a deixasse ficar no meu lugar. Eu abaixei a cabeça chorando, e como se tivesse lido meus pensamentos ela desatou a falar levantando meu rosto. – Não tenha medo meu amor, eu vou ficar aqui com você. Vamos lutar juntos, vamos vencer.
- Não posso te entregar pra Voldemort desse jeito. – eu disse derrotado desviando o olhar.
- Por favor, Draco... por favor, não pode me abandonar... – ela chorava. Eu não agüentei ouvir aquilo, a olhei revoltado segurando-lhe o rosto entre as duas mãos.
- Eu nunca abandonaria você! Mas que droga Hermione, eu te amo! To fazendo isso porque te quero viva!
- Eu também te quero vivo, se você for sozinho não tem nenhuma chance. Pra que foi atrás de mim então? – ela levantara revoltada quebrando algo. Eu levantei e tentei dizer algo, mas ela não deixava. E minhas glândulas não ajudavam muito. Puta que pariu! – Pra que disse que me amava? Pra que ficou um mês comigo? PRA ME COMER E DEPOIS ME ABANDONAR? – eu não agüentei, fechei os olhos e senti as lágrimas arranharem todo meu rosto. – Se nunca tivera esperança nenhuma, por que foi atrás de mim? – E ela chorara ainda mais se virando pra janela e fora então que percebemos, não estava mais um sol brilhoso, estava nublado e chovia muito. Como um dia qualquer de Hogwarts. E eu sabia que ao contrário de mim isso a fez ter saudades de lá. Ela estava sofrendo, nervosa, indefesa, derrotada... e estava certa. Eu fora egoísta, dei todo meu amor a ela, e agora me despedia. Eu fizera a pessoa que eu mais amava no mundo a mais infeliz. Eu era um idiota.
- Porque eu nunca realmente acreditei que você me amasse também, eu fui até você porque não podia morrer sem te contar o que eu sentia. Mas ver você vir até mim foi uma surpresa, me fez ter esperanças demais, eu abusei dessa esperança e esqueci o que estava acontecendo lá fora. Eu fiquei cego pela felicidade que você estava me proporcionando Hermione. Eu errei, não sabia o quanto isso se estenderia. Não imaginei que tudo o que eu sempre sonhei realmente fosse acontecer um dia. Me desculpe, não devia ter perdido o juízo assim. Te por em risco. – ela me virara com uma cara estranha, não chorava mais. Estava com o cenho franzido e respirou fundo.
- Então, quer dizer... que se você pudesse voltar atrás, você faria tudo diferente? Não teria vivido esse mês comigo. Não teria me amado como ontem e hoje. Faria tudo diferente?

And so I have to say before I go
(E então eu tenho que dizer antes de ir)

Ficamos em silêncio, me doeu aquilo. Mas era uma realidade que eu não conseguia suportar. Eu a amaria daquele jeito se soubesse que assim estaria fazendo-a sofrer e entrega-la a morte? Eu abriria mão de toda a felicidade que eu senti, de tudo que me fez vivo? De tê-la nos meus braços para que ela não sofresse tanto assim? Será que eu não abriria mão disso tudo? Será que eu era tão egoísta assim?
- Eu não sei.
E foi assim que eu a perdi. Por causa da minha indecisão, da minha incapacidade de saber o que eu quero, dessa minha covardia que tantas outras vezes estragou a minha vida. Eu não sabia se a veria de novo, eu não sabia se nos falaríamos de novo, eu não sabia se ela me perdoaria algum dia, eu não sabia se ela havia enfim deixado de me amar. Mas eu faria de tudo para que o último olhar que ela me desse não fosse aquele tão magoado e decepcionante.
Eu andei até o armário, peguei algumas roupas e fui em passos lentos até ela. Um ritual tão doloroso que me tirava o ar. Eu a olhei, ela não me olhava mais.
- Vista-se – eu pedi com a voz sofrida. – Por favor. Não quero que o Potter te veja assim. – Vi uma lágrima fugir de seus olhos, agora toda palavra dita entre a gente era demasiada dolorosa para se manter instável. Eu me vesti e fui pra fora do quarto, fechando a porta atrás de mim. Tomei coragem e mandei uma coruja para o Potter.
Não demorou muito para que a campainha tocasse. Potter estava soando frio e desesperado, não me olhou com o ódio de sempre, nem com piedade. Só me olhava com ansiedade.
- Me diga que ela está bem. – ele disse nervoso. – Malfoy!
- Ela está lá em cima. – eu disse simplesmente com o olhar ainda derrotado. Leve-a e mantenha-a a salvo. Não deixe nada de ruim acontecer a ela Potter.
Ele me olhou por um instante e subiu as escadas desesperado. Não me dei ao trabalho de imaginar o que se passara pela cabeça do Potter naquele momento, o que ela achava que havia acontecido entre a gente. Mas quando eu os vi descendo as escadas, juntos, foi como se um filme se passasse pela minha cabeça. Registrando tudo o que acontecera até aquela manhã e me segurei para não chorar de novo, agora na frente do Potter.
- Eu sairei da casa em uma hora. – eu disse, mas ela não me olhava. Fora o Potter quem respondeu.
- E para aonde você vai?
- Primeiro, vou ver minha mãe. Tentar coloca-la em um lugar seguro, eu já devia ter feito isso. Depois, vou até Voldemort... ter um acerto de contas.
- Vai se matar você quer dizer? – o Potter respondera. – Seria muito mais inteligente espera e lutar conosco. Não há nada o que você possa fazer agora Malfoy. Sozinho você morre.
- Há uma coisa sim.

That I just want you to know
(Que eu apenas quero que você saiba)

O cheiro de enxofre me entrava asperamente pelas narinas, os corredores estreitos e sujos já estavam pra trás. Eu bati com força naquela porta larga e negra e demorou até que eu ouvisse as trincas se desfazem atrás dela. Foi então que eu vi o rosto frio e pálido por trás da cortina negra e oleosa. Seus olhos escuros estavam surpresos e desconfiados.
- Draco? – ele me analisara ainda desconfiado. – Entre. – ele disse depois de um bom tempo. Eu entrei e a casa se iluminara de leve, e eu me lembrei de que meses antes eu havia estado ali, e nem imaginava o que poderia me acontecer. Ou a Hermione. Logo ouvi a voz arrastada dele atrás de mim me livrando dos meus pensamentos. – Achei que você fosse mais inteligente Draco. Vir aqui assim? O Mestre não desconfia de mim, mas mesmo assim esse é um lugar muito habitado por Comensais.
- Onde está minha mãe? – eu disse simplesmente. Ele me olhara interrogatório.
- Não acho que esteja em condições de cuidar dela ainda Draco.
- Não foi isso que eu te perguntei.
- Sua mãe está bem Draco, segura. – eu ri ainda debochado.
- Você tem algum problema de compreensão Snape? Eu perguntei “aonde” ela está. Não “como”.
- Eu entendi perfeitamente sua pergunta Draco, eu só não entendo o que te vem a perguntar isso.
- Você não tem que entender. Você só tem que responder. – eu disse asperamente. – Quero vê-la. – mas ele não fora preciso responder. Logo eu ouvira alguém me chamar, e ao meu virar vi minha mãe correndo ao meu encontro. Eu a abraçava com força e ela chorava e me beijava.
- Meu filho. Eu não sabia se estava vivo. Que bom... por Merlin!
- Tudo bem mãe, vamos ficar juntos agora.
- E pra onde vocês vão? – Snape perguntara indiferente.
- Isso não é da sua conta.
- Não fale assim Draco, ele nos ajudou muito, a mim... a você... a seu pai...
- É mesmo? Então porque ele ainda continua em Azkaban? Por que você não o tirou de lá Snape? Heim?
- Não recebi ordens pra isso Draco.
- Ahh mas para me mandar fugir você recebeu não é? Para manter minha mãe viva. Para aparecer na Torre. Para matar Dumbledore! – eu jogara na cara dele, ele mantivera a cara fria e minha mãe começava a ficar nervosa.

I've found a reason for me
(Eu encontrei uma razão para mim)

- O que está dizendo Draco? Porque está falando essas coisas?
- PORQUE É A VERDADE! – Eu gritara, e minha mãe soltara um gritinho. – Voldemort sempre soube que eu falharia. Todos sempre souberam, mas me mandaram mesmo assim.
- Foi uma segunda chance.
- FOI UMA ARMADILHA! Vocês sabiam que eu não teria para onde ir, e que eu ia acabar correndo para a Ordem da Fênix, eu seria o bode expiatório.
- Draco... não é nada disso, Snape tem me escondido... – tentou minha mãe, mas eu apenas a ignorei.
- Você estava comigo quando recebi a última mensagem de Rosmeta. – eu disse ainda para Snape, tudo fazia mais do que sentido. – Dizendo que Dumbledore estava indo para Hogwarts em vassouras, junto do Potter. Você sabia que ele também estava lá na torre. E não fez nada.
- Eu não recebi or...
- Do mesmo jeito quando estávamos fugindo, e o Potter veio atrás da gente, vocês duelaram, mas você também não fez nada. Podia tê-lo levado ao Voldemort, mas não o fez. – Via que Snape saía aos poucos de seu estado instável.
- As minhas ordens eram para ficar...
- Não! As suas ordens eram para deixa-lo escapar! E sabe por que? Porque Voldemort queria que o Potter presenciasse a minha fraqueza e fosse contar ao Pessoal da Ordem. Voldemort precisava de uma defesa boa o bastante para o plano “deles me aceitarem” dar certo. E quem melhor do que Harry Potter para me defender? Ninguém ousaria questionar. Não sabendo que ele vira Dumbledore ser morto. – eu dei uma pausa para segurar o meu ódio. – Aí dali alguns meses vocês me avisariam que eu fiz um ótimo trabalho e que era só eu levar o Potter até Voldemort, enquanto vocês faziam uma “limpeza” na Ordem da Fênix. E que caso eu me negasse, minha mãe estaria “muito bem protegida” com você que estaria pacientemente esperando ordens para mata-la. – Eu ri debochado. – Ah lógico, enquanto meu pai enlouquece em Azkaban. Lindo plano. Pena que não deu certo. Porque vocês não previam isso, mas minha “Covardia” falhou, e eu não fui correndo pedir socorro para a Ordem. E foi por isso que ele começou a ficar nervoso, não foi? Afinal, se eu não estava com vocês, nem com a Ordem... onde diabos eu estava?

To change who I used to be
(Para mudar quem eu costumava ser)

- Isso tudo é mentira não é Severo? – disse minha mãe. Eu apenas o encarava.
- Eu admito que você tem uma imaginação muito fértil Draco, mas por que o Mestre faria com você? Porque usaríamos o filho de um Comensal tão leal a ele...
- Meu pai não foi leal. Não do ponto de vista de Voldemort. Se não ele não estaria em Azkaban ainda.
- Se Voldemot estivesse chateado com seu pai, ele não estaria vivo Draco.
- Estaria se vocês ainda me quisessem para algo, como o plano que acabei de falar. – Snape mostrara uma pequena linha que podia ser chamada de riso irônico numa situação daquelas.
- Voldemort sempre teve um bom espião na Ordem Draco, eu. Não precisaria usar você. Encare a realidade.
- Realmente, para se livrar de Dumbledore ele precisaria perder um bom espião na Ordem. Todos finalmente viriam quem você é, não é mesmo? Mas ele é inteligente, é lógico que ele arrumaria um jeito de se livrar de Dumbledore e não perder ninguém da Ordem. Ainda mais agora que com certeza eles arrumariam outra Sede. E esse alguém era eu. Eu nunca teria coragem para matar Dumbledore, e mesmo que tivesse. Nunca teria poder suficiente para isso. Até mesmo para você mata-lo fora necessário envenena-lo. – Eu suspirei pesadamente. – É... um ótimo plano.
- Você é mesmo um garoto tolo e ingênuo Draco, acha mesmo que o Mestre arriscaria te “entregar” assim para a Ordem da Fênix, com tudo o que você sabe?
- Sim, ele sabia que eu pensaria na minha mãe.

A reason to start over new
(Uma razão para começar de novo)

- Mesmo assim, haveria a possibilidade...
- Voldemort gosta de riscos, você não acha? – Snape novamente rira nervoso.
- Você mesmo sempre disse, que era o favorito dele Draco.
- Pois é, eu me enganei. Devia já ter percebido que a favorita de Voldemort é...
- Bella? – Snape rira com ainda mais sarcasmo. – Você só pode ter perdido o juízo.
- Eu ia dizer Nagine Snape. Nagine é a única de quem ele gosta. – Ficamos todos em silêncio por um momento, eu já estava me divertindo com tudo aquilo quando ele finalmente falou.
- Então foi pra isso que você veio aqui? Pra me contar sua incrível teoria sobre os planos de Voldemort?
- Não, vim pra buscar minha mãe, não quero que ela presencie uma morte tão terrível.
- Do que é que você está falando? Veio me matar é? – debochou ele, eu apenas ri de lado.
- Não Snape. – eu disse me lembrando com dor de um rosto acolhedor, o único rosto que não me via de modo horrível quando todos os outros viam, e que graças a mim estava morto – Eu não sou um Assassino. – eu repetira as palavras do maior professor que eu tivera. Snape se incomodara com essa “informação”. - Mas eu, como um garoto tolo e ingênuo, posso ser seguido. Não posso?

And the reason is you
(E a razão é você...)

Então eu olhara para um ponto as costas dele, ele se virara e se surpreendera ao ver o Potter rindo marotamente para ele com a varinha apontada para o seu peito. Ele apenas o olhou com nojo, mas era evidente seu receio e surpresa.
- Potter, você?
- Não Ranhoso, sou apenas um holograma. – o Potter disse rindo. Eu apenas acenei para ele, coisa que eu nunca me imaginei fazendo e me virei pra minha mãe que estava por demais transtornada.
- Vamos embora mãe.
- Fique Narcisa. Fique ao meu lado.- disse o Ranhoso, eu apenas ri.
- Desculpe Severo, mas eu não recebi ordens pra isso. – então rindo alto nós deixamos um Snape humilhado para trás.
Eu não estava lá com Snape e Potter depois disso, mas sei o que aconteceu. É claro, que com sorte os dois se matavam. Mas o que aconteceu a seguir ainda assim foi bom. Potter matou Snape, não existia prisão para ele. Não naquela guerra, não onde Azkaban, assim como o ministério estava dominado pelo mal. Esse, na minha opinião, fora o grande erro dos bons no mundo mágico. Ter piedade com aqueles que não tiveram piedade com os inocentes. Mas é claro que essa nobreza toda, ainda era seguida por alguns, alguns como Dumbledore, que usam a esperança como ar pros pulmões.

I've found a reason to show
(Eu encontrei uma razão para mostrar)

Talvez por isso eu nunca venha realmente deixar de ser o que eu sempre fui, um Malfoy. Talvez por isso eu nunca venha ser um grande bruxo como Dumbledore. E naquela guerra, os bruxos cada vez mais precisam largar a nobreza e esperança para vingar seus entes queridos. Não era o certo, mas era algo que ninguém mais conseguia largar. Por isso tem sido uma guerra tão sangrenta, e eu só espero que ao final disso tudo estejamos livres desse mal.
Eu não tenho visto Hermione, ela, como ironia do destino, nunca tem sido mandada para os mesmos campos de batalha do que eu. Eu, mais do que qualquer um, tenho sido caçado as cegas. Talvez tão caçado quando Potter, e isso me deu uma certa simpatia por ele.

Naquela tarde, poucas horas antes de eu lutar nos campos de Drewlinton, minha mãe me entretivera numa conversa estranha. Veio falando de Hermione, e tudo o que eu passara com ela, me lembrando de coisas que eu dizia quando era pequeno. E eu não queria ouvir. Tudo aquilo ainda era recente demais pra mim.
- Mãe, eu a perdi. – eu a cortara, não sei ainda se a estava tentando convencer disso ou a mim mesmo.
- Por que Draco?
- Porque eu não tenho coragem. E ela viu isso. Eu sempre escolho o caminho mais fácil. E ela é tão corajosa que me intimida. Eu não a mereço.
- O Caminho mais fácil?
- Eu preferi me separar dela do que ter de lutar por nós dois, tive muito medo de perde-la. Eu sempre faço as coisas e na hora que as coisas mais exigem de mim eu falho. Foi assim com Hermione, foi assim com o plano de Voldemort... eu sempre fujo. Eu não deixei de mata-lo porque do nada virara uma pessoa melhor, e sim porque tive medo.
- Você acha que o caminho mais fácil foi não tendo-o matado? Ter se separado dela? Não Draco, seria muito mais fácil matar Dumbledore, finalizar os planos de Voldemort, ter entregue Potter na torre. – ela me olhara profundamente. – foi por não tê-lo feito que Voldemort está atrás de você. Foi muito mais difícil se separar da Granger do que ficar ao lado dela por mais tempo. Está sendo muito mais difícil participar dessa guerra do que apenas assisti-la. Foi muito mais difícil ir para o lado deles do que continuar do lado errado de Voldemort Draco, quando quase todos às escondidas já estão. Você não sabe o quão corajoso você é.

a side of me you didn't know
(Um lado meu que você não conhecia)

- Mas eu não tive tempo suficiente para mostrar a ela isso. Eu a magoei, quando não era necessário. Eu só precisava faze-la entender, mas eu a magoei.
- Você terá tempo pra concertar isso, a guerra não vai durar pra sempre Draco.
- E os sentimentos dela? Vão?
- Ela não te amou por tantos anos? Sem nem ter vivido nada disso com você?

E as palavras de minha mãe me acompanham a cada passo no campo de batalha, não sei se tenho esperanças quanto a essa guerra. Mas tenho esperanças quanto ao amor de Hermione, então batalharei para que essa guerra acabe logo para que enfim eu possa amá-la mais uma vez.
Mas uma realidade sempre vai andar comigo, eu posso não ter matado Dumbledore, mas eu o entregara a Snape, como quase entregara Hermione a Voldemort. E eu nunca suportaria isso. Como quase não suportei o que eu sempre mais temi e aconteceu.
Em Cintra, realmente Harry apertara minha mão, por ter tomado a decisão certa e levara o meu amor pela mão para longe de mim. Eu só nunca achei que isso aconteceria por opção minha.

a reason for all that I do
(Uma razão para tudo que eu faço)

Mas algo realmente me deixara feliz e vivo, como eu nunca me sentira. Meses atrás eu temia a morte, por não sentir saudades de ninguém, por não ter vivido nada com ninguém. Por nunca ter tido um momento agradável do qual eu pudesse sentir saudades. Não tinha lembranças, nem um olhar apaixonado virado pra mim, do qual eu pudesse lembrar no final.
Agora eu tinha, e estava vivo...
Eu estava feliz...
Não sei se vale a pena ter tudo, pra depois perder... magoar tanto uma pessoa como eu fiz para protege-la. Não sei se aconselharia alguém a fazer isso.
Mas eu, com toda minha “coragem recém descoberta”, faria tudo de novo.
Eu devia ter dito isso a Hermione...
Devia ter provado pra ela algo que eu sempre dissera ser incontestável.
O meu amor...


Quando ela foi embora com o Potter eu me esqueci de gritar o quanto eu a amava, e que iria voltar pra ela.
Eu só espero, que enfim... ela tenha escutado o som mais alto de todos.

and the reason is you
(E a razão é você)

Fim

Por: Draco Malfoy

N/a: ahhhhhhhh olááá, haoIHAOIh se você agüentou ler essa “pequena” song até aqui, meus parabéns, isso significa que você realmente tem muita paciência... agora sério. O que acharam? Essa foi apenas minha teoria sobre o lindo do Draco. Sabe, se a J.K do nada entrasse em crise e me entregasse os seis livros e se mudasse pra muito longe sem me dizer como em fim deve ser o final, acho que isso seria algo que eu incluiria. Lógico que tenho outros finais em mente, cada um virado para cada personagem, e é por isso que Incontestável será uma série. E esse foi o primeiro volume. Em breve colocarei no Runas uma enquête pra vocês votarem em quem deve ser o próximo protagonista de Incontestável... ok? E isso aí gente... adorei a experiência... e por favor.. comentem. A música é The Reason do Hoobastank, foi indicada por uma amiga que fiz na net, by Aps2 hOIHiUAI. Se vocês gostaram por favor me ajudem a coloca-la no Ranking, ok?
;*
Angy

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Comentários (2)

  • Flor do Inferno

    AAh mais uma fic linda angy, realmente sou sua fan, a primeira fic que li da FEB foi a sua, não está é claro, li a saga apaixonada pela serpente, ameiiiiiiiiiiiiiiiii já li duas vezes, essa fic aqui é MARAVILHOSA, suas fics são maravilhosas, AMO AMO AMO SUAS FICS!!!!!!!!!!!

    2014-01-17
  • Leticia F Malfoy

    Aaaa cara! Ja reli todas as suas fics. EU PRECISO DE ATUALIZACOES SUA. preciso do seu dom para escrita aqui comigo! Sabe como e escrever uma fanfic Dramione e sempre lembrar de APS? entao te da aquela saudade e voce comeca a ler e lembrar de como era bom ler o diario de Hermione : COOOOBRA ESSSSSSSSSTRUMOSA. Ou o sedutor Dan pelo qual me apaixonei de cara, ou talvez o herdeiro de sonserina que nao pode amar. E EM COMO PELO AMOR DE MERLIN VOCE TERMINOU A ULTIMA TEMPORADA. chorei horrores com Draco, CEUS! eu quero ele pra mim!  Vai la Angy posta maaaais

    2011-11-14
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