Capítulo Único



Hogwarts ficava assustadora à noite, quando todos se recolhiam. Os corredores longos e escuros. Os passos ecoando pelo assoalho graças ao silêncio absoluto...



Não para quem estava acostumado com isso tudo, como ele, é claro.



A parte chata de ser monitor é que se tinha que fazer rondas pelo castelo, patrulhando os corredores como se fosse um empregado. Mas, ao mesmo tempo, tinha suas vantagens. O poder e a autoridade que o cargo traziam combinavam com ele, Draco tinha que admitir.



Sorrindo, continuou a ronda torcendo para que alguém aparecesse. Algum aluno calouro e desavisado, em quem pudesse usar suas prerrogativas. As punições que Filch aplicava aos “indisciplinados” lhe traziam muito divertimento. Tudo o que precisava era que, dentro daquela meia hora que faltava para terminar seu turno, um idiotinha qualquer resolvesse que estar fóra de sua sala comunal depois da hora de se recolher fosse uma boa idéia.



“E, geralmente, são os grifinórios quem fazem isso”, pensou com satisfação. Sempre querendo fazer algo heróico e estúpido.



Ainda pensava nisso quando ouviu o som de passos no corredor à direita. Resolveu verificar, mal contendo a esperança que fosse... Droga! Era um grifinório. Mas não um em quem pudesse aplicar uma detenção.



- Granger... – rosnou com seu tom mais desgostoso e insultante.



- Malfoy. – ela devolveu, indiferente.



Isso o irritou. A sangue-ruim sempre o tratou como se não fosse diferente dos outros. É claro que ele era diferente! Era um Malfoy, as pessoas deveriam estar até agradecidas por estudarem na mesma escola que ele – especialmente gentinha como ela. Mas, por mais que a insultasse, Hermione Granger não deixava aquela indiferença polida e fria.



A não ser no terceiro ano, quando ela lhe dera um soco.



- O que está fazendo aqui, Granger? – a lembrança da humilhação do soco o fez ser ainda mais grosseiro. – Os corredores das masmorras não é território dos grifinórios.



- Se você prestasse atenção ao que os monitores-chefes dizem ao invés de ficar brincando com um pomo-de-ouro nas reuniões, Malfoy... Talvez soubesse que nós não ficamos mais restritos aos nossos corredores. Temos que ampliar as rondas e...



- E você sempre segue as regras, não é, Granger? Sempre tão serviçal... Logo se vê que não nasceu para dar ordens...



Draco a interrompeu porque aquela resposta, cheia de uma dignidade que só a sangue-ruim podia dar, tinha-o nauseado. Ela sempre tomava aquele ar de rainha imperturbável, senhora de si mesma, o que causava aquele peso no estômago do garoto e uma necessidade premente de rebaixá-la imediatamente e ver sua segurança ruir.



Ela respirou fundo, apoiou o peso do corpo na outra perna e, com um levantar de sobrancelhas retrucou:



- Eu não tenho que te dar explicações sobre minha maneira de ser, Malfoy.



- Onde está aquele pobretão que não larga você? Pensei que fosse monitor também.



Mesmo tendo acabado de dizer que não era da conta dele, Hermione simplesmente não conseguia deixar de dar a resposta de uma pergunta:



- Nós sorteamos quem viria às masmorras. Infelizmente, eu perdi. Mas posso fazer o mesmo questionamento: onde está Pansy?



- Ela resolveu não vir... – ele deu de ombros.



- “Resolveu”? – Hermione arregalou os olhos. – Mas é dever dela...



- Regras, regras e regras... Não é Granger? – Draco deixou os olhos pousarem distraidamente na boca levemente entreaberta da garota.



Parecia ser macia...



Hermione levantou o nariz, altiva. Só mesmo Malfoy para ridicularizar alguém só porque estava fazendo a coisa certa. Estava prestes a continuar sua ronda, ignorando-o totalmente, quando ouviu um barulho vindo do final do corredor.



- O que foi isso? – ela perguntou.



- Não sei... – ele franziu o cenho. – Vamos verificar.



- Sozinhos? – Hermione já estava acostumada com todos os ruídos de Hogwarts, à noite, mas aquele não era parecido com nada que já ouvira.



- Com medo, Granger? – ele provocou.



- O medroso aqui é você, Malfoy.



Hermione deu um passo à frente para averiguar o barulho. Não conseguiu passar por Draco, que agarrou seu braço, puxando-a para perto de si, e disse raivosamente:



- Não é porque nem todos se acham os salvadores do mundo, como o seu amiguinho Potter se acha, Granger, que são covardes. – o rosto do garoto estava tão próximo do dela que Hermione podia sentir-lhe a respiração. – Agora mesmo que nós vamos ver esse barulho!



Dizendo isto, puxou-a para o final do corredor. Os olhos do sonserino brilhavam de ódio. E Hermione engoliu em seco, imaginando quando Draco tinha se tornado tão forte. Ela não se lembrava de alguma vez ter notado que o garoto tinha desenvolvido os músculos que sentira momentos antes...



O ruído parecia vir do armário onde Filch guardava o material de limpeza. Eles se aproximaram, Draco sempre puxando Hermione pelo braço. Ele parou e hesitou por alguns segundos. Então, engoliu em seco e abriu a porta entreaberta do armário de supetão.



Fazendo a maior festa sobre as prateleiras... Pirraça!



O poltergeist parou. Olhou seriamente para os garotos e depois abriu aquele sorriso travesso que indicava que alguma idéia perigosa passava por sua cabeça. Voou rapidamente entre eles e, com um movimento brusco fechou a porta.



Os dois tentaram alcançar o trinco antes que o pior acontecesse, mas era tarde demais:



- Namorando! Os dois estão namorando! – Pirraça gritava a plenos pulmões (bem, se ele tivesse um, seria como se estivesse).



- Pirraça, abra esta porta imediatamente! – Hermione ordenou.



- Sua maldição em forma de espírito, não ouse! – Draco ameaçou.



Eles ficaram batendo na porta e gritando por alguns minutos, mas ninguém os ouviu. As paredes eram grossas, e a porta também. Com ela fechada, não havia como algum som ser percebido, especialmente por estarem muito afastados dos dormitórios.



Finalmente, desistiram. Olharam um para o outro com uma expressão de: “Ah, não! Não com VOCÊ!!!”.



Segundos depois, viraram as costas um para o outro e buscaram cada um sua maneira de sair dali.



- O que está fazendo? – Draco perguntou quando a viu subindo nas prateleiras do armário.



- Tentando achar uma fresta por onde possamos sair. Os castelos antigos tinham muitos tubos de ventilação para compensar a espessura das paredes.



- Só mesmo você para buscar uma solução como uma trouxa. – ele disse com desprezo, na tentativa de camuflar o assombro ao constatar que a Granger estava em forma. “E que forma!”, pensou.



- Allorromorra! – ele disse, apontando a varinha para a fechadura. Nada. - Bombardia!



Draco tentou todos os feitiços de chaves que conhecia, mas nenhum funcionou. Foi a vez de Hermione desdenhar:



- Estamos em uma escola de BRUXOS, Malfoy! Esperava que as trancas fossem normais? Quem está pensando como um trouxa agora?



O sangue subiu à cabeça de Draco. Quem aquela nojenta sangue-ruim pensava que era para fazer pouco caso dele? Iria mostrar como se respeita um ser superior! Puxou um pé de Hermione, vendo com um prazer sádico que ela se desequilibrava, perdendo aquela pose de “sabe-tudo”.



Só não contava que ela caísse... Sobre ele!



Draco só teve tempo de tentar ampara-la da melhor forma possível e não bater a cabeça na parede daquele cubículo que era o armário. Mesmo assim o impacto o fez bater com as costas na parede e ambos deslizaram para o chão.



Ela cheirava bem... Foi o primeiro pensamento de Draco. E o corpo dela sobre o dele estava provocando respostas que não podia controlar.



- Saia de cima de mim, Granger! – ele a empurrou para o lado, antes que ela percebesse o que estava acontecendo com ele. – Não quero ser contaminado por você!



- Malfoy, seu cretino! Você me fez cair! – ela estava brava consigo mesma por ter prestado tanta atenção na forma como ele a segurou por alguns instantes. – Eu é que tenho que temer que essa sua estupidez passe para mim!



Estava tremendo. Nunca tinha perdido a calma deste jeito, nem mesmo com Rony!



Os dois pareceram fazer um acordo tácito de fingirem que outro não estava ali. Sentaram-se lado a lado, encostando-se na única parede que não estava ocupada com estantes cheias de produtos de limpeza, vassouras e esfregões. O lugar não era muito grande, por isso podiam sentir o calor do corpo um do outro.



- Desistiu do seu plano alpinista, Granger? – Draco quebrou o silêncio, sarcástico.



- Não há passagens. – ela respondeu indiferente ao sarcasmo dele. – De forma que eu acho melhor nos acomodarmos da melhor maneira que pudermos e esperar Filch abrir a porta pela manhã.



Ela estendeu as pernas da maneira que podia e deitou-se, apoiando a cabeça sobre os braços, como um travesseiro.



- Granger, você é irritantemente conformada! – ele resmungou, mas a imitou, também se acomodando no chão frio.



Hermione fechou os olhos pensando que, afinal, não eram tão diferentes assim. Ambos estavam apavorados, mas não admitiam. Eram orgulhosos demais para isso. Draco disfarçava com o costumeiro pedantismo; ela, racionalizando tudo.



Após algum tempo, Draco percebeu que Hermione ressonava. Mas seu sono não era tranqüilo, pois sentia que vários arrepios percorriam o corpo da grifinória: realmente, estava cada vez mais frio ali. Ele também não conseguia dormir, igualmente tendo arrepios, mas não era nada com o frio... Conseguia sentir o perfume dela e isso o estava incomodando.



“Perfume barato!”, tentou convencer sua mente.



Mas não era verdade. Era um perfume suave, delicado. Lembrava-lhe um abraço, um carinho, e o aroma convidava a uma aproximação...



Virou-se para a grifinória na escuridão. Ora, se ele não conseguia dormir, ela também não iria! Pegou a varinha e acendeu sua ponta. Estava pensando em acordá-la e atormenta-la, só para passar o tempo. Mas tão logo a luz iluminou o rosto de Hermione, Draco prendeu a respiração: a face adormecida da garota era a coisa mais linda que ele já vira na vida.



A luz finalmente acordou Hermione, que abriu os olhos sonolentamente, pegando o sonserino a lhe observar.



- Malfoy, o que... – ela murmurrou, confusa.



- Não consigo dormir com você tremendo feito vara verde do meu lado! – ele disse asperamente, tentando controlar a respiração.



Hermione ia responder que gostaria muito de fazer uma fogueira usando ele como lenha, mas que infelizmente Dumbledore não aprovaria, quando foi surpreendida com os braços do garoto ao redor de sua cintura:



- Draco! – ela gritou, totalmente desperta desta vez. – O que...?



- Aquecendo-a. – disse secamente. - Não agüento mais escutar seus dentes tremerem como se fossem castanholas! Preciso dormir, Granger, e se esse for o único jeito de conseguir...



Hermione estava respirando com dificuldade. E Draco gostaria que ela não fizesse isso porque o movimento de seu peito subindo e descendo o estava enlouquecendo, especialmente depois de ela tê-lo chamado pelo primeiro nome.



Após muito tempo de um silêncio tenso, em que nenhum dos dois conseguiu dormir, embora mantivessem os olhos seguramente fechados, Hermione adormeceu. Draco percebeu como era fácil sentir o sono chegar, agora que sentia o calor da garota junto a si, a respiração tranqüila dela a acariciá-lo.



***

Quando ele acordou, podia-se ver a fraca luz dos primeiros raios da manhã passarem por baixo da fresta da porta. Hermione ainda estava dormindo. Ele pensou como a garota tinha se tornado bonita nos últimos anos. O búlgaro Vitor Krum tinha notado primeiro, para a grande vergonha dos garotos de Hogwarts, que ficaram com cara de paspalhos quando a grifinória apareceu, linda, no baile de inverno do ano anterior.



Não ele, evidentemente. Nada o faria se aproximar de uma sangue-ruim. Nem mesmo...



Draco voltou a observá-la enquanto dormia. Ainda tinha um braço em torno da cintura da garota, e nenhuma vontade de tirá-lo de lá. Sentiu uma necessidade urgente de tocar-lhe os cabelos. Tão sedosos...



Ele sorriu. Mais uma coisa que mudara nela. Antes cheios e eriçados, agora caiam em uma cascata brilhante e sedosa sobre os ombros da garota. Continuavam com aquela aparência revolta, como que refletindo o caráter altivo da dona, mas agora lembravam mais as ondas do mar, como as sereias dos contos de fadas.



Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. Não, ele não...



Por que não? Isso não significaria nada. Seria apenas deleitar-se com um corpo bonito... Não era isso que seu pai lhe ensinava? Que elas – as sangues-ruins - serviam somente para isso?



No mesmo momento sentiu repulsa pelo pensamento. Não conseguia pensar nela como uma coisa a ser usada. A imagem da garota com os pais – que tantas vezes vira no Beco Diagonal, comprando os livros com a filha – o fez ter vergonha de si mesmo. Podia desprezá-los, mas não conseguia deixar de respeitar aquele carinho entre eles. Hermione era muito amada pelos pais, e eles tinham orgulho dela, conseguia-se perceber isso de longe.



Ficara um pouco invejoso com aquele amor incondicional. E encantado com o sorriso franco e despreocupado que ela dava aos pais. Um sorriso fácil que ela só expressava quando estava com os amigos inseparáveis, o Potter e o Weasley.



“Ronald Weasley”, pensou com desprezo. Todos em Hogwarts comentavam que ele e Hermione gostavam um do outro e a coisa só não tinha andado por causa do pateta do Weasley que não tomava a iniciativa. Mas Draco achava que ela era bonita demais para o pobretão. Inteligente demais. Enfim, boa demais para ele.



“Ainda mais se o que eu desconfio estiver correto... A Granger passa mais tempo com os livros do que suspirando por rapazes. Ela deve ser inexperiente. Vou deixar o Weasley colher este fruto? Não mesmo!”.



Totalmente esquecido das razões porque deveria se manter afastado, ele acariciou o rosto da grifinória:



- Hei, Granger! – chamou baixinho.



- Hum? – ela abriu os olhos lentamente e os piscou várias vezes, tentando afastar o sono. – Draco? Já é de manhã?



- Já. – ele respondeu, sorrindo com mais aquele detalhe que descobria sobre Hermione. – Mas não foi por isso que te acordei.



- Não? – ela levantou uma sobrancelha, voltando a ser a Hermione que ele conhecia.



Draco perdeu as palavras por alguns instantes, mas, recuperando a coragem e a determinação, continuou:



- Não. Te acordei para perguntar se eu conseguiria te deixar muito brava se te beijasse. – sorriu maldosamente.



- O q...?!? – ela não conseguiu terminar a pergunta porque a boca de Draco já estava sobre a dela, forçando um beijo.



O grito surpreso de Hermione ficou abafado pela invasão dos lábios do sonserino sobre os dela. Pôs as mãos no peito dele na tentativa de afastá-lo, mas Draco prendeu-as com uma mão, enquanto a outra puxava a cabeça da garota, de forma que suas bocas não descolassem.



Draco pensava que tinha acertado: os lábios de Hermione eram macios. Deliciosos.



Sentiu que a resistência dela ia sendo vencida e suavizou o beijo. A mudança provocou uma resposta inconsciente em Hermione, que entreabriu os lábios. Draco não perdeu tempo e aprofundou a carícia.



Os dois perderam a noção do tempo. Quando finalmente afastaram os lábios, mantiveram os olhares fixos um no outro, voltando lentamente à realidade.



- Por quê? – Hermione perguntou baixinho, confusa.



- Porque eu posso. – Draco respondeu, a voz saindo um pouco mais rouca do que pretendia.



Um barulho na fechadura fez com que se afastassem o máximo que podiam um do outro. Filch abriu a porta, o olhar interrogador para os garotos, mas não parecia surpreso por vê-los ali. E entenderam por que:



- Eu disse! Pirraça falou! – começou com a cantilena: - Namorando! Estão namorando! Namorando! Malfoy e Granger namorando no armário!



A meia hora seguinte foi gasta com explicações com Filch, com os diretores das respectivas Casas (Hermione quase morreu de vergonha com o olhar surpreso de McGonnagal, mas jurava que iria quebrar o pescoço de Snape com aquele característico ar sarcástico), e com Dumbledore, que se limitou a erguer uma sobrancelha divertido, enquanto dizia que Pirraça não tinha mesmo jeito. O olhar do velho diretor passava de um para o outro, como se estivesse perdido em seus próprios pensamentos. Então, disse que eles estavam liberados, que não precisavam se preocupar.



Foram escoltados por Filch para fóra da sala do diretor. Aproveitando uma distração do zelador, que se afastou deles por um minuto para ralhar com um novato da Corvinal que descia as escadas correndo, Draco sussurrou:



- Estava certo, não estava? Aquele beijo te deixou com mais raiva do que qualquer insulto meu.



- Foi o pior dos insultos, Malfoy! – ela também sussurrou, indignada.



- Não foi a impressão que tive...



Filch voltou, e Hermione deu graças a Deus por não poder dar nenhuma resposta. Até mesmo porque não tinha nenhuma. Pela primeira vez na vida, ficara sem palavras.



***

Draco estava sentado no meio de Crabbe e Goyle. E isso era providencial porque, além de algumas perguntas iniciais, os dois não lhe fizeram mais nenhuma. Ele desconfiava que a capacidade mental deles não suportasse o esforço de ter que pensar e formular mais questionamentos. Então, os cérebros deles se deram por satisfeitos em parar por ali.



O restante da mesa da Sonserina o tinha bombardeado assim que apareceu no Salão Principal. Mas um olhar mortal dele havia calado os curiosos, pelo menos por enquanto. No entanto, não sabia quanto tempo iria demorar para as perguntas curiosas recomeçarem.



Olhou para Hermione, já sentada na mesa da Grifinória. Ela estava de frente para os amigos, do lado oposto ao da mesa, franzindo o cenho. Certamente estava dando explicações também. Draco não podia ver as expressões do Potter e do Weasley, mas ficou fascinado com as expressões de Hermione. Ela parecia poder congelar o inferno com um único olhar de censura. “Uma rainha”, pensou.



- Sabe... – começou Goyle, com a boca cheia de biscoitos. – Não deve ser nada mal ficar preso com Hermione Granger.



- O quê? – Draco piscou várias vezes, voltando de seus pensamentos.



- Sim. – concordou Crabbe pegando mais suco de abóbora. – A Granger até que ficou bem bonitinha nos últimos anos...



- Calem-se! – ele sibiliou perigosamente. Dando-se conta que tinha sido mais veemente do que devia, completou: - Ela é uma sangue-ruim, e não vejo graça nenhuma nela. Não me rebaixo. Nenhuma sangue-ruim vale a pena.



- Que bom que pensa isso, Draquinho. – Pansy surgira do nada, a expressão de quem estava prestes a matar alguém. – Assim não se preocupará com os boatos...



- Que boatos? – Draco estreitou os olhos.



- Sobre você e a Granger... Naquele armário...



Naquele mesmo instante, na mesa da Grifinória, Hermione se indignava:



- Isso é um ABSURDO! – Hermione praticamente gritou, nervosa. – Esta foi a pior noite da minha vida! Vocês não tem idéia o que é ficar presa com o Malfoy. Ele é um cretino, almofadinhas, prepotente... NÃO ACONTECEU NADA! Eu juro!



- Calma, Mione. – Harry tentou tranqüilizar a amiga. – Nós sabemos disso. Os boatos vão sumir por si mesmos, ok? Não se preocupe. Não é mesmo Rony?



- Claro... – o ruivo concordou sem muita vontade, olhando pensativo para Hermione. Mas esforçou-se mesmo assim: - Ficar trancado com o Malfoy deve ser pior que receber uma Maldição Cruciatus!



- Pois é mesmo! – Hermione concordou, exasperada. – Que ódio! Tudo por causa do Pirraça!



- Desculpe por não termos ido atrás de você, Hermione. – Rony realmente parecia sentir-se culpado. – Mas, eu imaginei que você já tinha voltado para o dormitório feminino... Deixe as masmorras comigo de agora em diante, está bem?



- Tudo bem, Rony. – ela sorriu. – Obrigada.



Ouviram tilintar de metal contra metal. Dumbledore tinha se erguido e batia a colher contra sua taça, pedindo atenção. O Salão ficou em silêncio para ouvi-lo.



- Bem, como todos devem saber, o Baile do Dia das Bruxas está se aproximando... – ele fez uma pausa e sorriu quando todos soltaram assobios entusiasmados e bateram palmas. – Então, meus caros, eu quero anunciar uma inovação este ano. Objetivando incentivar os alunos mais prestativos, vamos adotar uma tradição americana que vi quando eu estive lá, participando de congressos com nossos colegas de outras escolas bruxas, em Salém. – fez uma pausa de suspense. Então, falou: - Vamos eleger, durante o baile, o Rei e a Rainha do evento!



Os alunos trocaram olhares surpresos e após se acostumarem com a idéia, alguns até sorriram. As garotas, em especial, ficaram entusiasmadas.



- Por isso, eu sugiro que convidem aquele alguém tão especial para vocês para ser seu par no baile deste ano. Aquele alguém que faz sua respiração ser suspensa e...



Os olhares de Draco e Hermione se buscaram, como ímãs. Entenderam imediatamente o que Dumbledore queria dizer, porque, de repente, um frio na barriga os impedia de respirar e se esforçar para desviar o olhar um do outro e prestar atenção nas palavras do Diretor:



- Merlim! O que eu estou dizendo? – Dumbledore disse com o costumeiro bom-humor. – Como se eu ainda me lembrasse dessas coisas! – ele zombou de si mesmo, arrancando risadas de alguns alunos e sorrisos simpáticos de outros. – Bem, apensar de o Rei e a Rainha não serem, necessariamente, escolhidos por casais, ambos devem fazer um belo casal juntos, por isso se circularem juntos vão facilitar a escolha... – deu uma nova risadinha compassiva e concluiu: – Mas é claro que não será só esse o critério de escolha. Por enquanto era só. Não vou mais detê-los. Vão, meus caros! Têm muito em que pensar nas aulas antes do baile!



Daí por diante tudo o que se escutava era sobre o baile. As garotas estavam polvorosas, querendo saber com quem as outras iriam. Tratavam o assunto como se, se fossem eleitas a Rainha, o rapaz que seria o Rei tivesse mais chances de se tornar seu futuro marido. Como se a eleição fosse uma prova de compatibilidade.



- Ridículo! – exclamou baixinho Hermione, após passar por um grupo de garotas da Corvinal especialmente empolgadas com o evento.



- Deve mesmo achar ridículo, Granger. – Malfoy, que estava escondido atrás de uma pilastra zombou. – Até agora só o Krum, de gosto duvidoso, te convidou para um baile, não é mesmo?



Hermione nunca sentiu tantas sensações contraditórias na sua vida. Primeiro, gelou ao ouvir a voz do sonserino. Em seguida, seu sangue ferveu de raiva daquele cretino pomposo!



- Como se você tivesse milhares de garotas que se dispusessem a ir com você, Malfoy! – ela devolveu, com o máximo de indiferença que conseguiu. – Deixe-me ver... Vai com Pansy, não é?



Por alguns segundos ela viu com satisfação o sorriso de Draco se desfazer. Mas em seguida um brilho perigoso passou pelos olhos cinzentos:



- Pelo menos eu tenho alguém, Granger...



Atingida pelas palavras dele, ela lhe deu as costas e continuou a andar. Mas Draco ainda não estava satisfeito. A seguiu e voltou a questioná-la.



- Você não tem ninguém, não é mesmo? – ele fez a pergunta em tom jocoso, disfarçando a necessidade de saber se havia mais alguém no caminho. Além do bobão inerte do Ronald Weasley.



- Não é da sua conta. – ela respondeu, áspera, sem sequer encara-lo. – Desde quando se interessa por minha vida sentimental, Malfoy?



- Isso quer dizer que não tem... – um brilho divertido tomou conta dos olhos de Draco.



- Tenho sim. – Hermione respondera sem pensar, instintivamente. Tinha que se defender de Draco de alguma maneira e esta foi a primeira que lhe veio à cabeça. No instante seguinte se arrependeu amargamente: a mentira seria logo descoberta.



- Quem? – o sorriso sumiu imediatamente do rosto de Draco, e ele exigiu a resposta: - Vai com quem?



Harry e Rony chegaram naquele momento, salvando Hermione de uma resposta.



- Essa doninha albina está te incomodando, Mione? – Rony falou lançando um olhar mortal para Draco, a varinha já preparada para atacar.



- Fique longe da Hermione, Malfoy. – Harry fez coro às palavras do amigo.



- Que eu saiba, Potter, temos aula de Trato Com As Criaturas Mágicas agora. Não tenho culpa se esse é único caminho para lá e tenha que encontrar pessoas... – olhou para Hermione com desprezo: - “Não tão aceitáveis” nele.



Hermione impediu os amigos de avançarem contra Draco, enquanto o sonserino se afastava calmamente, exibindo o costumeiro sorriso pedante.



O tempo passou rápido depois disso. Antes, Hermione tinha a intenção de ficar no dormitório feminino, lendo, no dia do baile. Mas agora não sabia o que iria fazer para que Draco não descobrisse a sua mentira. Tinha esperanças que, desta vez, Rony tomasse a iniciativa, mas o tempo estava passando e ele não fazia o convite. Ela que não iria convidá-lo. Mas não sabia o que era pior: ser ela a convidar Rony ou Draco descobrir que não tinha companhia para o baile.



O sonserino devia ter razão. Ninguém iria querer convidá-la. Devia ser muito feia mesmo... Como ele mesmo afirmou, devia ter sido beijada por ele só para deixá-la irritada.



Mal sabia a grifinória que, se não tinha recebido nenhum convite ainda, era porque todos tinham medo de uma rejeição da garota. O ar sério, a fama de inteligente e o cargo de monitora não ajudavam em uma aproximação.



Estava perdendo as esperanças quando McLaggen a convidou. Faltava um dia para o baile, e, apesar de achar o rapaz totalmente convencido e com uma mania insuportável de falar dele mesmo, não tinha como perder a oportunidade. Aceitou. Rony não iria convidá-la mesmo.



- Você vai com quem? – o ruivo quase gritara, quando soube.



Ela repetiu.



- Mas ele é o cara mais mala de toda Hogwarts! – Rony protestara.



Hermione deu de ombros:



- Ele me convidou e eu aceitei.



Rony se calou. Ela dissera tudo. McLaggen a convidara e ele, Rony, não o fizera. Pouco depois descobrira que Rony tinha convidado uma garota do quarto ano da Lufa-Lufa, e não conseguiu deixar de ficar um pouco magoada com a facilidade com que ele fizera isso.



O dia do baile chegara. Hermione pegou um vestido que ela tinha comprado, em um impulso pouco comum nela, quando fora até o Beco Diagonal. Geralmente aquele tipo de impulso só acontecia com livros, mas naquele dia sentira uma intuição que talvez fosse útil comprar um vestido de baile novo. O tecido leve, de seda, ajustava-se a seu corpo com perfeição. A cor vermelha contrastava com a brancura da pele da garota, ao mesmo tempo em que lhe dava um ar de confiança que estava longe de sentir.



Hermione sentiu que atraía olhares enquanto entrava no Salão Principal, agora todo decorado para o baile. Imaginou que os olhares surpresos se deviam ao fato de estar acompanhada com McLaggen quando todos esperavam que viesse com Rony. Ou até mesmo – já que os comentários não tinham morrido totalmente – com... Malfoy.



Mal pensou no sonserino, visualizou aqueles olhos cinzentos que jamais esqueceria. E o que eles lhe transmitiam deixou-a de pernas bambas. Draco a olhava de cima a baixo, com evidente apreciação masculina. A expressão dele se transformou em gelo tão logo se deu conta do par de Hermione também.



McLaggen a convidou para dançar. Draco também tirou Pansy para dançar. A garota sonserina parecia radiante com a sugestão: devia estar esperando há muito tempo por isso. Ele ficou o mais próximo que podia de Hermione e de McLaggen no meio do salão. A grifinória não sabia mais quanto tempo iria agüentar a conversa enfadonha de seu par. Foi quando, não resistindo ao impulso, cometeu o erro de olhar para Draco e Pansy. Certamente o sonserino estava aguardando que ela fizesse isso porque, sem desviar o olhar de Hermione, abaixou a cabeça e beijou Pansy apaixonadamente.



Hermione sentiu como se uma mandrágora estivesse presa em sua garganta, gritando e se debatendo. Engoliu em seco, jurando para si mesma que aquelas lágrimas que estavam querendo cair jamais - jamais! - iriam sair de seus olhos. Assim, aproveitando o ritmo lento da música, aproximou-se mais de McLaggen. Escondeu o rosto no peito do rapaz, não se dando conta que o movimento poderia ser mal interpretado por ele. Tudo o que queria era uma barreira para que Draco não visse o transtorno em seus olhos.



Inconscientemente, Draco apertara o braço em torno da cintura de Pansy, mal contendo a ira quando percebeu a forma íntima com que Hermione dançava com o bufão do McLaggen. Tinha que admitir que fora ele quem começara com o jogo – que ela aceitara, pelo visto. Mas não pôde controlar o ciúme quando a viu com o outro. Preferia que tivesse sido com o pobretão, pelo menos sabia o que havia entre eles, era terreno conhecido. No entanto, com McLaggen era diferente...



- Ai, Draco! Está me machucando! – Pansy reclamou.



- Desculpe. – ele afrouxou a pressão de seu braço, desconcertado por ter perdido o controle e esquecido de onde estava.



Hermione sentiu a mão de McLaggen deslizar sobre suas costas de maneira um pouco mais íntima e se retesou, compreendendo que tinha dado a impressão errada ao rapaz. Estava pensando em como afasta-lo delicadamente, quando a Professora McGonnagal parou a música e anunciou:



- Meus queridos, é hora de revelar o Rei e a Rainha do baile!



Todos bateram palmas em expectativa. Algumas garotas deram alguns pulinhos, excitadas com o anúncio.



- E, o Rei do Baile do Dia das Bruxas é... – ela abriu o envelope roxo: - Draco Malfoy!



Os sonserinos bateram palmas freneticamente. Apesar de Draco realmente estar... Maravilhoso com a roupa de gala negra, contrastando com a pele alva e os cabelos loiros, Hermione não pode deixar de pensar que talvez... (um sorriso debochado passou pelo rosto dela) Bem, que talvez Pansy tivesse arranjado um meio de trapacear para Draco e ela serem eleitos. Seria típico dela isso.



Assim que Draco foi “coroado”, Minerva continuou:



- E a nossa rainha é... Hermione Granger!



Hermione ficou apática, no meio do salão, enquanto as garotas da Grifinória quase tinham um treco, batendo palmas e pulando de alegria. Se Parvati não a tivesse empurrado para o palco com um “Vai lá, tolinha!” ela não teria conseguido sair do lugar. Desconfiada, olhou para cima, esperando ver um balde de conteúdo duvidoso suspenso acima dela, como tinha visto em um filme trouxa. Nada.



Subiu no palco, ciente do ódio de Pansy, e deixou-se ser coroada, enquanto sentia os olhos cinzentos sobre si. McGonnagal disse que eles deveriam dançar pelo menos uma música juntos. Draco ofereceu o braço, que ela automaticamente aceitou.



Já no meio do salão, sentiu os braços do sonserino em sua volta, tomando posição para iniciar a dança. Imediatamente se lembrou dos braços dele em volta dela naquela noite, aquecendo-a.



Knew the signs


Vi que os sinais


Wasn´t right


Não estavam certos


I was stupid for a while


Eu fui idiota por um tempo


Swept away by you


Varrida por você


And now I feel like a fool


E agora me sinto como uma idiota


So confused,


Tão confusa


My heart´s bruised


Meu coração está machucado


Was I ever loved by you?


Será que já fui amada por você?



- Parece que é a segunda vez que somos obrigados a agüentar a companhia um do outro, não é Granger? – Draco pareceu ler os pensamentos dela.


 



Out of reach, so far


Fora de alcance, tão distante


I never had your heart


Eu nunca tive o seu coração


Out of reach,


Fora de alcance


Couldn´t see


não conseguia ver


We were never ment to be


Não era mesmo pra sermos


 


- Mas deve ser divertido para você poder me atormentar, não é?



- Pensei que você já soubesse que sim. Ou achou que eu te beijei aquele dia porque estou apaixonado por você? – falou sarcasticamente.



Draco sentiu Hermione retesar-se e se arrependeu na mesma hora do que falou. Mas ao pensar que, quando aquela dança acabasse, ela voltaria para os braços de McLaggen... Teve uma necessidade urgente de feri-la como aquilo o feria.



Catch myself


Tiro eu mesma


From despair


Do desespero


I could drown


Eu podia sufocar


If I stay here


se eu ficasse aqui


Keeping busy everyday


Me mantendo ocupada todo dia


I know I will be OK


Eu sei que eu ficarei okay



- Jamais pensaria isso, Malfoy. Você não tem um coração para se apaixonar. – ela devolveu, após alguns segundos lutando para que as lágrimas não chegassem aos seus olhos.



But I was


Mas eu estava


So confused,


Tão confusa,


My heart´s bruised


Meu coração machucado


Was I ever loved by you?


Será que eu já fui amada por você?



- Que bom que sabe. E se tivesse um, você jamais seria a escolhida.



- Se tivesse um, eu não esperaria ter a má sorte de ser a escolhida, Malfoy.



- Claro... Esqueci de seus péssimos gostos. Quem seria? O indigente do Weasley ou o bufão do McLaggen?



Out of reach, so far


Fora de alcance, tão distante


I never had your heart


Eu nunca tive o seu coração


Out of reach,


Fora de alcance


Couldn´t see


não conseguia ver


We were never ment to be


Não era mesmo pra sermos



- Qualquer um é melhor que você, Draco Malfoy.



A música acabou sob os aplausos dos alunos que assistiam a tudo sem sequer imaginar a guerra que havia acontecido bem diante de seus olhos, nem que aqueles dois combatentes tinham se ferido de tal forma que carregariam as cicatrizes com eles para sempre. Hermione ainda conseguiu dar um sorriso polido, mas desprovido de emoção, e saiu do salão. Disse a seu par que iria ao banheiro e voltaria.



So much hurt,


Tanto sofrimento


So much pain


Tanta dor


Takes a while


Leva um tempo


To regain


pra repor


What is lost inside


O que está perdido por dentro


And I hope that in time,


E eu espero que em tempo


You´ll be out of my mind


Você esteja fora da minha mente


And I´ll be over you


E eu tenha te superado



Quando alcançou o corredor vazio finalmente parou, deixando um soluço escapar. Mas não as lágrimas. Ainda não, não estava segura ainda.



- Se está tão certa que qualquer um é melhor do que eu, então leve isso de lembrança para poder comparar!



Draco aparecera do nada. A puxou para si e beijou-a violentamente. Os braços do sonserino a prendiam fortemente e não deixavam que nem um centímetro do corpo de Hermione ficasse longe do seu.



But now I´m


Mas agora eu estou


So confused,


Tão confusa


My heart´s bruised


Meu coração machucado


Was I ever loved by you?


Será que eu já fui amada por você?



Draco a soltou tão bruscamente quanto a tinha agarrado. Por um minuto, ela imaginou ver o reflexo dos próprios sentimentos no olhar dele, mas os olhos cinzentos voltaram à antiga frieza. O desdém que estavam neles agora a fez sentir-se usada.



- Nunca mais toque em mim, Malfoy! – ela exclamara enquanto limpava a boca com as mãos, a voz embargada.



- Não se preocupe, já matei minha curiosidade. Vi que não é muita coisa para valer que eu me suje com uma sangue-ruim como você.



Antes que ela pudesse pensar no que estava fazendo, viu sua mão chocando-se contra a face de Draco, o som do tapa reverberando no corredor vazio. Ele pôs a mão na face atingida, massageando-a, mas com o olhar ainda de zombeteiro desdém.



Out of reach,


Fora de alcance


So far


tão distante


I never had your heart


Eu nunca tive o seu coração


Out of reach,


Fora de alcance


Couldn´t see


não conseguia ver


We were never ment to be


Não era mesmo pra sermos



Ele viu Hermione subir as escadas correndo, sem poder dizer ou fazer qualquer coisa. Havia algo o impedindo de respirar, tamanha era a dor. Por que a magoara? E porque aquilo estava doendo tanto nele?



Passou as mãos pelos cabelos, o olhar atordoado de quem tinha acabado de descobrir algo tarde demais. Não podia se aproximar mais de Hermione! Aquilo estava ficando perigoso demais, não poderia arcar com as conseqüências que aquilo traria.



Olhou para as escadas, por onde ela tinha desaparecido, desejando vê-la mais uma vez, só mais um pouco... Então o som de uma música mais alta e agitada chegou a seus ouvidos, lembrando-o que deixara Pansy com a desculpa de trazer refrescos. Logo ela estaria atrás dele, e tudo o que ele não queria era uma estúpida cena de ciúmes da morena.



“Hermione...”, sussurrou o nome da grifinória pela primeira vez em todos aqueles anos. Engoliu em seco. Com a expressão dura, voltou para o Salão Principal.



Out of reach,


Fora de alcance


So far


tão distante


You never gave your heart


Você nunca deu seu coração


In my reach, I can see


Ao meu alcance, posso ver


There´s a life out there


Há uma vida lá fora


For me


Para mim



Hermione estava trancada no banheiro. Tão logo se certificou que ele estava vazio, deu vazão às lágrimas. “Idiota, idiota!”, pensava. “Como você permitiu que isso acontecesse?”. Em uma única noite... Em uma única noite deixou-se apaixonar-se pelo ser mais desprezível daquele castelo! Tantas vezes ele a tinha humilhado, tantas vezes ele se mostrara indigno de ser considerado um ser humano... E em apenas uma noite, ela apagara tudo de sua mente quando ele a tomara em seus braços e a beijara.



Olhou a própria imagem no espelho. Suspirou profundamente, recobrando a coragem. Tinha que se recompor. Tinha que continuar a sua vida... O mais longe possível dele.



Pensou em Rony. Ele era um legume insensível, como ela mesma o chamava quando estava brava com ele. Mas o ruivo tinha um coração bom. Jamais magoaria uma pessoa intencionalmente, pelo prazer de vê-la sofrer.



E Harry... O amigo estava passando por momentos difíceis com aquela história de ninguém acreditar que Voldemort voltara.



Eles precisavam dela. E continuaria inteira para poder ajudá-los, decidiu. Enxugando as lágrimas, saiu do banheiro decidida a continuar sua vida.



***

N/A: A música usada foi “Out of Reach”, cantada por Gabrielle. Música-Tema de “O Diário de Bridget Jones”.


 

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