Amor Eterno



N/A: Peço a todos, humildemente que tenham a paciência de ler a letra da musica, que é muito linda... PRINCIPALMENTE A ULTIMA ESTROFE!!! Obrigada!!


...


Já não posso mais andar só

Os ventos do tempo são muito fortes

Ah, só me abrace agora

Abrace meu coração cheio de lágrimas nestes tempos de mudanças



Tiago desceu as escadas estreitas de seu sobrado em Godric´s Hollow vagarosamente, espreguiçando-se ao chegar à espaçosa sala de visitas. Passou pela sala e se dirigiu à porta a direita, passando os dedos pela nuca e pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais.

Soltou um longo bocejo enquanto caminhava pela copa e se dirigia à cozinha, encontrando uma ruiva esbelta, de costas para ele, absolutamente concentrada em não deixar alguma coisa no fogo queimar. Sorriu marotamente e abraçou-a por trás, envolvendo sua cintura e afastando os cabelos da ruiva para depois depositar um beijo em seu pescoço.

- Tiago! – exclamou ela, que mesmo sorrindo, não perdia seu tom de censura.

- Bom dia ruivinha. – sussurrou o maroto em seu ouvido, ainda agarrando a esposa pela cintura. Sorriu ao ver que mesmo depois de quatro anos de casado ele ainda conseguia fazer Lílian estremecer com seus afagos.

- Bom dia cervinho. – respondeu ela sorrindo, finalmente deixando de lado o caldeirão e virando-se para encarar o moreno que mesmo depois da adolescência insistia em manter os cabelos revoltados – Dormiu bem? – diz ela sorrindo com um tom de ironia, pois a aparência do maroto demonstrava que não pregara os olhos à noite: tinha grandes olheiras e a cara amassada.

- Hahaha... engraçadinha. – fez ele sarcasticamente, apoiando a própria testa na da esposa – Não se esqueça que essa noite é a SUA vez de socorrer o marotinho.

Lílian sorriu.

- Ora, Tiago, nem vem com essa história de querer transformar meu filho em um maroto-mirim! – disse ela se desvencilhando do marido e voltando-se novamente para o caldeirão no fogo – Harry vai ser monitor-chefe!

Tiago fez uma careta.

- Isso é impossível ruivinha, se esqueceu quem é o pai dele? – respondeu Tiago sorrindo, enquanto se largava em uma cadeira da copa e se levantava imediatamente com um pulo, vendo que a cadeira acabara de ser ocupada.

- Sirius Black é claro. – disse um homem bonito, de cabelos negros brilhantes e olhos cinzentos cujas pernas haviam servido de apoio para as nádegas de Tiago dois segundos atrás – É, Pontas, pelo jeito você anda querendo mostrar seu lado animago na forma humana, né viado?

- Almofadinhas, a educação mandou lembranças! – disse Tiago mau-humorado pelo comentário do amigo e pelo fato de ter sentado em seu colo – Você sai aparatando assim dentro das casas das pessoas é?

- Não. Só na de vocês, que eu sei que tenho intimidade. Ah, e desculpe pelo seu canteiro de rosas, Lilly, acho que passei acidentalmente com minha moto em cima delas. – respondeu ele tranqüilamente, enquanto se levantava da cadeira e beijava a face de Lílian – Bom dia, ruivinha, como vai NOSSO pequeno Harry? – e sorriu marotamente ao observar a expressão ciumenta que tomava conta do rosto de Tiago.

- Ora, Sirius, pare com isso! – disse Lílian revirando os olhos, impaciente. Francamente, aqueles dois nunca iam crescer.

- Bem, você está certa. – disse Sirius seriamente, encarando um Tiago vermelho – Precisamos disfarçar, senão o Pontas descobre! – Sirius gargalhou ao ver a expressão de raiva que se formara no rosto de Tiago, e enquanto Lílian soltava um muxoxo impaciente ele se sentou em uma cadeira e tratou de ficar sério devido aos acontecimentos que lhes rondavam.

- Como anda o Quartel, Almofadinhas? – perguntou Tiago com o cenho franzido.

- Uma bagunça, como você pode imaginar. – Sirius soltou um longo suspiro – Eles pegaram os Longbotton ontem à noite.

- Frank e Alice? – perguntou Lílian exasperada, aparecendo na porta da copa com uma jarra de café em uma mão.

- Eles mesmos. – respondeu Sirius pesaroso – Não chegamos a tempo. Torturados até enlouquecerem.

Lílian tinha os olhos marejados e Tiago fechou os olhos com força, enquanto juntava as mãos e as levava à nuca, em um ato desesperado.

- Eles tinham um bebê, não tinham? – perguntou Lílian com a voz rouca.

Sirius apenas assentiu com a cabeça lentamente.

- Mas não tocaram nele. – respondeu, como se isso aliviasse um pouco os fatos; o garoto ia crescer a sua vida inteira, visitando os pais que nunca o reconheceria, no St Mungus.

Lílian deixou escapar um soluço; sabia que era comum, nesses tempos de guerra, coisas como essa acontecerem, mas toda vez que alguma tragédia envolvia um bebê ela sentia seu coração sendo esmagado por toneladas, como se um elefante o tivesse pisoteando – só de pensar,que poderia ser Harry, seu monitor-chefe-maroto-mirim, ah, não, não conseguiria viver sua vida sem aquela criaturinha que ela amava tanto...

Sentiu dois braços fortes a evolverem em um abraço solidário, um abraço reconfortante, como se dissesse “está tudo bem, estou aqui, não precisa se preocupar”, e soluçou ainda mais alto; o que faria sem aquele moreno de cabelos revoltados que ela desprezara por tanto tempo? Como viveria sem Tiago, sem seu amor, seu carinho, seus afagos, suas burradas, suas criancices... simplesmente sua vida estava com o maroto e o maroto-mirim; sem eles ela perderia a razão de viver.

- Calma, querida. – dizia Tiago com a voz firme, acariciando o topo da cabeça da ruiva delicadamente – Não deixarei que nada aconteça a você e ao Harry.

Lílian soluçou ainda mais alto, agora engasgada por lágrimas que insistiam em rolar por seu rosto.

- E eu não deixarei que nada aconteça ao meu afilhado, ao meu irmão e melhor amigo e à minha cunhadinha! – exclamou Sirius estufando o peito, enquanto Lílian esboçava um sorriso e Tiago lançava ao amigo um olhar de profunda gratidão.

- Obrigado, Almofadinhas. – Tiago sussurrou com uma voz rouca, acariciando os cabelos da ruiva, que ainda soluçava fortemente com a cabeça apoiada em seu ombro.

- Que é isso, Pontas, guarde esse sentimento de gratidão pra quando o Harry crescer e ficar bonitão igual à mim! – ele respondeu sorrindo, enquanto Tiago revirava os olhos e Lílian conseguia abrir um fraco sorriso – Bem, vou deixar os pombinhos a sós! Ainda tenho muito o que fazer com o julgamento dos porcos dos Lestranges! Eu volto para a janta! – e assim dizendo ele aparatou com um CRAQUE para fora da casa. Lílian e Tiago ouviram um ronco surdo vindo da moto voadora de Sirius, que silenciou no instante seguinte.



Ah! Segure-me do modo que sou.

Meu coração úmido

Está sendo transformado neste momento

Pois não sei onde está o amor



Lílian abraçou Tiago ainda mais forte, o maroto enxugou o rosto da esposa delicadamente com as costas das mãos enquanto ela esboçava um sorriso sincero.

- Eu te amo Lilly, te amo pra toda a eternidade...

- Eu também te amo, Tiago, pra sempre.

E assim eles se abraçaram novamente. Tiago tocou de leve o rosto de Lílian e a sentiu estremecer. Segurando de uma forma mais firme para perto de si, para mantê-la segura, ele passou os dedos pelos lábios da esposa, que fechara os olhos e agora sorria. E como se fosse o primeiro beijo, Tiago tremeu de leve, e encostou seus lábios nos de Lílian, que correspondia ao beijo do moreno com ternura, com muito amor.

Sentindo talvez que estivesse sendo excluído do quadro de família, Harry imediatamente começara a chorar, fazendo os pais se entreolharem e sorrirem. Lílian entrelaçou sua mão com a de Tiago, e puxou-o escada acima, caminhando lentamente em direção ao quarto do filho, que berrava a plenos pulmões.

- Já estamos indo, já estamos indo... – murmurava Lílian enquanto abria a porta do quarto verde claro de Harry, e caminhava com a mão entrelaçada a do marido em direção ao berço branco do filho – Ah, meu anjinho... – sussurrou ela fazendo beicinho enquanto pegava um Harry choroso do berço e aninhava-o em seus braços.

- Meus dois anjos de olhos verdes! – exclamou Tiago sorrindo, enquanto abraçava a ruiva por trás e acariciava o topo da cabeça do filho, despenteando propositadamente os poucos fios de cabelos do bebê, que desde cedo já se manifestavam revoltados.

Harry soltou um bocejo e olhou com olhos marejados e sonolentos para o pai. Soltou uma risada gostosa, que fez com que Lílian se virasse automaticamente para ver o que o maroto fazia para Harry rir assim, tão rápido. Sorriu, ainda mantendo seu ar severo, ao ver um Tiago vesgo e com os óculos tortos, mostrando a língua para o filho.

- Acho que vocês têm a mesma idade mental, francamente... – murmurou ela meneando a cabeça, enquanto Tiago ria e beijada um lado de sua face, consertando os óculos.

- Ah, Lilly... você reclama, mas bem que gosta desse meu lado maroto... – retorquiu ele abrindo um largo sorriso, enquanto assanhava os cabelos.

- “Desse seu lado”? – repetiu ela falsamente indignada – Você praticamente não tem outro lado, senão o maroto!

Tiago gargalhou enquanto tirava a bolsa térmica de cima da confortável poltrona no canto do dormitório, e fazia sinal para Lílian se sentar com Harry.

- Obrigada, Ti. – agradeceu ela enquanto se sentava com cautela – O Harry está cada dia mais pesado... Ele tá virando um chumbinho!

- Um chumbinho lindo de cabelos arrepiados e olhos verdes, que fará todas as garotas de Hogwarts caírem aos seus pés! – completou Tiago sorrindo distraído, enquanto observava atentamente uma prateleira com alguns álbuns grossos de fotografia. Retirou um de capa dura, vermelho-sangue com algumas letras douradas escritas “Tiago & Lílian” e começou a folheá-lo de um modo aluado.

- Tiago você está me ouvindo? – chamou Lilly pela terceira vez, um certo tom de irritação saiu incontrolado em sua voz.

- Hâ? O que foi ruivinha? – perguntou Tiago, enquanto virava-se para encarar o rosto contrariado da esposa.

- Eu perguntei o que você está vendo aí. – respondeu ela impaciente.

- Ah – fez ele sorrindo, enquanto caminhava com o grosso álbum de fotografias e sentava-se no braço da poltrona, abrindo o álbum de uma forma que Lílian também pudesse vê-lo.

- Ah, nosso álbum! – disse ela sorrindo de um modo carinhoso à menção do passado.

- Pois é. – disse ele sorrindo, enquanto folheava-o vagarosamente – Quem diria que a monitora-chefe “Lílian Evans: a certinha”, fosse se casar com o maroto que ela tanto desprezava, que vivia pegando detenção, Tiago Potter.

- É, ninguém imaginaria não é mesmo? – disse ela sorrindo amavelmente – Eu te odiava tanto... você era tão arrogante... prepotente...

- Obrigada pela parte que me toca, Lilly. – disse Tiago fingindo descaradamente estar ofendido.

- Ah, mas o amor acabou falando mais alto, não acabou? – argumentou ela – Estamos aqui, hoje, casados há quatro anos, com essa preciosidade nos braços. – ela olhou com carinho para o filho que cochilava novamente, fazendo um baixo barulho nasal enquanto respirava – idêntico ao que Tiago fazia enquanto dormia.

Tiago olhou para o filho, sorrindo abobado.

- Como podemos criar uma criatura tão perfeita?

- Olha, Ti. Lembra dessa foto? – disse Lílian de repente, despertando Tiago de seu estado de admiração ao filhote, e fazendo-o se curvar para olhar a foto antiga que Lílian apontava (ela pegara o álbum das mãos de Tiago sorrateiramente sem que ele percebesse).

- Nossa formatura. – disse ele sorrindo, como se anunciasse um grande prêmio.

A foto era um tanto, digamos, esquisita. Tiago dançava com Lílian no salão lotado, ambos estavam de vestes a rigor. Lílian parecia um tanto intrigada, enquanto o maroto mantinha uma feição constrangida no rosto, aparentemente sem explicação, mas se você olhasse atentamente, veria, que no meio do salão lotado de casais dançando e se exaltando, uma garota assanhada passava as mãos nas nádegas de Tiago.

Lílian e Tiago gargalhavam gostosamente da situação passada.

- Eu achava que você não queria mais dançar comigo! – exclamou ela ofegante, enquanto Tiago ria ainda mais – Quando eu vi que você tava fazendo aquela careta esquisita porque a Heloísa Peruzzi estava apertando sua bunda, me descontrolei, lembra?

- Ô, se lembro! – respondeu Tiago entre risos – Fiquei tão feliz! Foi a primeira vez que você demonstrou que tinha ciúmes de mim! E, cá entre nós, o que você fez pra dizer pra ela, sem palavras, que eu era “seu” foi a realização do meu sonho de três nos!

Lílian riu, agora levemente corada, enquanto acariciava a testa do filho.

- Ai, Tiago, nem me lembre disso! – disse ela levemente envergonhada – Só de pensar que... nossa, agarrei você lá no meio do salão, com todo mundo olhando... que vergonha...

- Ah, não fica assim, ruivinha. – disse ele enquanto afastava uma mecha de cabelo da testa de Lilly – Eu amei o que você fez! Aquele beijo me deixou sem fôlego!

Lílian corou ainda mais e sorriu de um modo insinuante para o marido.

- Depois daquele vieram muitos outros não?

- Para a minha felicidade... – respondeu ele sorrindo, enquanto selava seus lábios com os da ruiva.

- Ó, Ti. O natal no apartamento do Sirius, logo depois que a gente saiu de Hogwarts. – e apontou uma foto onde havia uma lareira, uma grande árvore natal cheia de enfeites brilhantes, e muitos presentes. Sirius estava largado em um largo e confortável sofá, com a aparência de uma pessoa que havia exagerado na ceia; Tiago abraçava Lílian pelos ombros, enquanto conversava com um rapaz alto e de cabelos castanhos, com uma fisionomia cansada, mas ainda assim, parecendo satisfeito; enquanto uma garota baixa de cabelos negros brilhantes cochilava em uma poltrona próxima a Sirius, e um rapaz franzino de cabelos louros escuros lançava olhares cobiçosos aos presentes que se encontrava ao pé da árvore.

- Saudades desse tempo. – murmurou Tiago seriamente – Nada de Voldemort, nada de guerra, só curtição.

- É, mas tudo na vida tem seu tempo. – disse Lílian sabiamente – O importante é que você aproveitou bem cada momento que passou.

- Falando em “cada momento”... – disse Tiago enquanto apontava para uma foto, que era, inconfundivelmente, a foto do casamento dos dois.

Lá estavam, Lílian, Tiago e Sirius, nessa ordem, todos sorrindo alegremente e acenando para a foto. Lílian estava deslumbrante em um vestido que era extremamente decotado atrás, deixando suas costas praticamente nuas, e com uma tiara de fio de ouro branco com uma grinalda discreta de rendas bordadas em prata. Tiago parecia abobado e custava a acreditar que o seu casamento com sua ruivinha estava mesmo acontecendo... e Sirius... bem, o Sirius devia estar feliz pelo seu “caro amigo Pontas” finalmente ter conquistado de vez a “ruivinha Evans”, e por ele ter tido a honra de ter sido escolhido padrinho.

- O Sirius estava quase tão nervoso quanto eu, nesse dia. – disse Tiago sorrindo, enquanto encarava as orbes verde-esmeralda que mantinham um brilho intenso de Lílian – Ficava andando de um lado para o outro, se certificando que nada saísse errado.

- Você não poderia ter escolhido padrinho melhor para nós, e para o Harry. – disse Lílian sorrindo, enquanto se levantava e colocava o filho adormecido novamente no berço – Sei que nesses tempos difíceis se acontecesse algo com a gente – Lílian engoliu seco – O Sirius seria a pessoa mais indicada pra tomar conta do Harry.

Tiago sorriu, com um misto de satisfação e confirmação.

- É, ele seria sim.



Irá você segurar meu coração?

Pegue minhas lágrimas
.
Todo meu coração está prestes a quebrar.



Lílian se espreguiçou, e sentiu suas costas estralarem. Soltou um leve bocejo.

- Eu vou descer pra fazer o almoço. – disse ela sorrindo – Você fica de olho no marotinho?

- Fico sim. – respondeu Tiago sorrindo fracamente, enquanto voltava a olhar o grosso álbum de fotografias e a ruiva desaparecia no vão da porta.

Tiago voltava suas atenções de vez em quando para observar o filho adormecido. Olhando as fotos de seu tempo de Hogwarts, seu tempo de marotagens, sua época de azarar Snape, chamar a Lílian pra sair – e levar muitos foras em resposta –, andar por Hogsmead na forma animaga na companhia de um lobisomen... tudo parecia tão fácil... Agora Tiago era um pai de família, não que isso fosse uma coisa ruim ao seu ver, pelo contrário, curtia demais sua vida de casado ao lado de Lilly e de Harry... descobrira sua razão de viver nesses “dois seres de olhos verdes” (como ele sempre dizia) que ele tanto amava. Não conseguiria mais viver sem as broncas de Lilly, sem o amor de Lilly, sem chamá-la de ruivinha...ao mesmo tempo em que não suportaria se a vida lhe tirasse seu primogênito... Sua “miniatura de olhos verdes”, e como Lílian não se cansava de repetir, o marotinho... Aquela criaturinha linda de um ano que levava seu nome... Harry Tiago Potter.

Tiago não sabia quanto tempo ficou ali, sentado naquela poltrona, observando o filho e pensando em sua vida... refletindo sobre tudo que já havia feito em tão pouco tempo de vida... feitos que poucos bruxos de muito mais idade que ele poderiam dizer já ter realizado. Ele levantou-se da poltrona, e se debruçou sobre o berço de Harry, observando o filho fazer aquele barulho baixinho enquanto dormia. Sorriu ao se lembrar de Lílian reclamando que ele próprio fazia o mesmo barulho.

- Querido? – chamou uma voz doce na porta – Vamos almoçar?

Tiago confirmou com a cabeça, e lançando um último olhar de proteção e carinho ao filho adormecido, saiu do quarto abraçado à esposa.



Amor eterno, sonho eterno.

Apenas transbordando pensamentos

Terrivelmente, tristemente, sepulte o tempo.



- Lilly? – chamou Tiago repentinamente depois do almoço, enquanto os dois lavavam a louça em um silêncio incomum.

- Sim?

- Você.. hm... – ele pareceu extremamente constrangido, e corou levemente quando percebeu os olhos cintilantes da esposa o encararem – Por acaso você...

- Por acaso eu? – insistiu ela, arqueando uma sobrancelha.

- Bom, por acaso você já pensou, ou se arrependeu de ter ficado comigo? – ele perguntou finalmente, parecendo ao mesmo tempo aliviado e temeroso; achava que a ruiva fosse explodir, mas ele precisava perguntar aquilo; aquela pergunta estava povoando sua mente na hora do almoço, desde que se lembrara dos tempos de Hogwarts quando a ruiva insistia em dizer o quanto ela o odiava.

Lílian fitou-o corada, com o cenho franzido.

- É lógico que nunca me arrependi, Tiago, que pergunta! – respondeu ela irritada – Você sabe que não sou uma pessoa de agir sem pensar, e se hoje estou aqui com você, é porque você é a pessoa mais perfeita que existe, perfeito pra mim, a pessoa mais importante da minha vida – seus olhos se encheram de lágrimas – Eu não suportaria perder você e o Harry, Tiago. Não suportaria. Por isso, se você está me perguntando isso como um jeito de me abandonar com nosso filho e ir voltar pra o Quartel de Aurores, pode ficar sabendo que eu não vou deixar!! – lágrimas quentes rolavam pelo rosto delicado de Lílian, fazendo Tiago sentir um aperto enorme no coração – Eu não vou deixar você me abandonar!! Não vou deixar você ir, está me entendendo?! EU NÃO DEIXO VOCÊ MORRER, TIAGO, NÃO DEIXO!! – ela berrou as últimas palavras entre fortes soluços; já estava cansada daquelas discussões intermináveis sobre Tiago se sentir inútil, não podendo mais ajudar no quartel e ter que ficar se escondendo de Voldemort. Será que, para ele, se sentir útil era mais importante que ela e o filho?

- Lílian... – chamou Tiago num sussurro rouco, enquanto abraçava a esposa, que ainda soluçava descontroladamente – Como você pode dizer uma coisa dessas...? Eu NUNCA, NUNCA ouviu? Abandonaria você e o Harry... Vocês são minha razão de viver... Eu nunca me perdoaria se deixasse algo acontecer a vocês...

Lílian tentou abafar um soluço, e soltou um grunhido agudo em resposta.

- Então pára com isso. – soluçou ela nervosa – Pára com essas perguntas idiotas! Por Merlin, Tiago! Se eu não quisesse mesmo ficar com você, se eu não te amasse como eu amo, o que diabos estaria fazendo aqui agora?

- Desculpe. – murmurou ele – É que eu precisava saber. Precisava ter certeza.

- O Harry não te dá a certeza suficiente? – retorquiu ela com uma certa frieza na voz.

- É que eu fiquei meio inseguro, sabe? – continuou ele, ignorando a interrupção da ruiva – Depois de tantos “não” que você me deu, depois de ser desprezado por tanto tempo, eu me pergunto como fui conseguir fazer com a que a garota que mais me odiava, se tornar minha esposa.

- E você resolve se perguntar isso agora? – insistiu ela irritada – Quatro anos de casados e um filho depois?

- Desculpa. – desculpou-se novamente – Acho que foi a “sessão nostalgia” olhando os álbuns, recordando dos tempos de Hogwarts, me lembrei dessas coisas e falei besteira... Eu sei que você me ama e que iria até o fim de tudo comigo. Afinal, o que seria de você sem mim? Eu sou maravilhoso, insubstituível. – completou ele sorrindo marotamente, e esperando ouvir um “Menos, Tiago” irritado, da parte da ruiva.

Tal qual foi sua surpresa quando Lílian não ralhou com ele, mas ao contrário; Sorriu, enxugando as lágrimas nas costas das mãos, e lhe disse com toda a sinceridade do mundo:

- Você tem toda a razão. Eu vou com você pra qualquer lugar que você for. Não existo sem você. – e abriu um sorriso doce, que ela pouco usava (principalmente com ele), aproximando seus lábios vagarosamente dos lábios de Tiago, que ainda fitava a ruiva com total incredulidade. Tiago sentiu o beijo terno da esposa, o cheiro doce que emanava da ruiva entorpecia-o inteiramente, fazendo arrepios percorrerem sua espinha. O maroto sentiu a esposa enlaçá-lo pelo pescoço, e ele abraçou a cintura da ruiva com força, como se algo fosse levá-la dali, levá-la para longe dele...



Irá você ficar comigo

Até o vento passar?

Todas minhas lágrimas começam a transbordar novamente.



- Ele deve estar com fome. – disse Lílian sorrindo sem jeito enquanto se separava de Tiago, que estava visivelmente contrariado. Seria um milagre se todo o bairro não escutasse os choros e berros vindo de Harry, que parecia usar de toda a sua capacidade pulmonar para chamar pelos pais, e atrapalhá-los nos momentos mais inoportunos. Lílian fez menção de subir as escadas, mas Tiago a impediu, e começou a subir as escadas pesarosamente, enquanto a ruiva sorria e se acomodava no sofá da sala.

Como tivera sorte de encontrar alguém como Tiago. Ele, sempre tão compreensivo, sempre tão paciente, agüentava as crises de humor dela sem pestanejar, a ajudava em casa e a cuidar de Harry, e principalmente, a amava ninguém mais poderia amá-la. Ela sentia em cada gesto, em cada toque, em cada palavra de Tiago, que ele a amava, que nunca a abandonaria, que nunca a faria sofrer. Com ele a ruiva se sentia segura, se sentia amada; Sentia-se feliz.



Amor eterno, sonho eterno.

Esteja comigo desse modo,

Segure meu coração trêmulo no amanhecer



Foi com esses pensamentos povoando sua cabeça, que ela percebeu a presença dos dois homens de sua vida no recinto. Tiago segurava um Harry completamente desperto nos braços, e o filho abriu um largo sorriso ao encontrar as orbes verdes da mãe.

- Mã-mã. – chamou Harry desesperado, enquanto praticamente se jogava dos braços de Tiago em direção ao colo da ruiva.

- Ah, meu marotinho. – disse Lílian abraçando o filho e sorrindo ao vê-lo gargalhar – Como eu amo esse pitoco de bruxo!! – exclamou sorridente, enquanto enchia as bochechas de Harry de beijos, e ele gargalhava ainda mais.

- Mã-mã! – Harry chamou, sorridente, enquanto tentava se desvencilhar do colo de Lílian para ela deixá-lo no chão para engatinhar. Um pouco contrariada, mas incentivada por Tiago, a ruiva deixou Harry no tapete da sala, murmurou um feitiço e conjurou almofadas para proteger todos os cantos em que ele poderia se machucar.

- Harry, olha o que papai achou! – disse Tiago animado, enquanto se sentava no chão e mostrava um pomo de ouro de brinquedo para o filho. Harry encarou o objeto com os olhos cintilando. Mal deixou Tiago lhe entregar o pomo, e o tomou das mãos do pai com uma agilidade incomum para um bebê de um ano de idade.

- Esse vai ser apanhador! – disse Tiago com orgulho, estufando o peito e abrindo um largo sorriso, enquanto Harry batia o pomo dourado com força no chão – Não, Harry – interrompeu Tiago pacientemente, tomando o pomo das mãos do filho, que fez uma careta de choro logo em seguida – É assim. – e deu um toque com a varinha no pomo de brinquedo, que começou a bater as asas lentamente, bem diferente de um pomo real.

Harry admirava o objeto voar para cima e para baixo, numa lentidão entediante, enquanto batia palmas e tentava alcançá-lo inutilmente. Toda vez que suas mãozinhas chegavam perto do pomo, ele voava para um ponto mais alto, impossibilitando-o de capturá-lo.

- Vamos, Harry. – incentivava Tiago com os olhos brilhando – Só mais um pouco, filho.

Harry apoiou-se sobre os pés sozinho, fato que ele tentava realizar, sem sucesso, havia uma semana.

- Olhe, Tiag... – dizia Lílian animada, apontando para o filho que se desequilibrava, mas ainda assim se mantinha de pé, os olhos incrivelmente verdes brilhando ao fitar o ponto dourado um pouco acima da cabeça dele.

Tiago levantou a mão, fazendo sinal para Lílian se calar, enquanto via Harry levantar o bracinho... estava quase lá...

Com um murmúrio discreto e um aceno de varinha, Tiago fez com que o pomo se deslocasse mais um pouco para trás, de um modo que Harry teria que dar um passo para capturar o objeto desejado.

- Vamos, filho. – sussurrou ele baixinho, enquanto Harry balançava os braços para se manter equilibrado – Vamos, você consegue, só um passo...

Lílian prendeu a respiração.

Harry mantinha os olhos fixos no objeto dourado, as orbes verdes brilhavam intensamente. Ele balançou os braços levemente e deu dois passos apressados, se desequilibrando logo depois e caindo no colo do pai. Não, sem antes, pegar o objeto dourado que batia as asas fracamente, segura entre os dedos minúsculos.

- Esse é o meu garoto! – berrou Tiago gargalhando, enquanto arrepiava ainda mais os cabelos de Harry, que agora que detinha o objeto que tanto queria, enfiava-o na boca.

- Meu bebê!! Meu Harry!! Querido, você andou!! Você andou!! – exclamava Lílian sentando-se no chão ao lado de Tiago e enchendo as bochechas do filho de beijos – NÃO! – acrescentou, severa – Na boca não! – e tirou o pomo da boca e das mãos de um Harry choroso, que tentava a qualquer custo tomar o pomo das mãos da mãe.

- Ah, Harry, não chora. – pediu Tiago enquanto erguia o filho de pé e dava um beijo estalado em sua bochecha – Ah, Lilly, devolve o pomo pra ele!

- Tiago, ele vai por na boca!! – ralhou Lílian enquanto acenava com a varinha e mandava o pomo de volta a um baú de brinquedos – Harry, não pegue os óculos de seu pai!

Mas era tarde demais. Na ausência do pomo, Harry achou nos óculos de Tiago uma diversão extremamente interessante. Puxou-os com força do rosto do pai e começou a sacudi-los no ar.

- Calma, Lilly. – disse Tiago pacientemente, impedindo a ruiva de tomar os óculos da mão do pequeno, que agora abria as hastes e entortava-as – A gente tem que conversar com ele.

Lílian encarou-o com uma feição irritada.

- Harry, querido, devolva os óculos do papai. – pediu Tiago, estendendo sua mão para Harry depositar seus óculos (que agora se encontravam dentro da boca do filho).

Harry encarou os olhos extremamente diferentes de Tiago com a ausência daquela armação prata e as lentes redondas, e fez menção de entregar os óculos ao pai.

- Viu? – fez Tiago para Lílian, erguendo as sobrancelhas de um modo arrogante – É só conver... – mas era cedo demais pra falar alguma coisa; Harry, ao invés de depositar os óculos na mão do maroto, atirou-o para longe, fazendo a lente se estilhaçar no chão. O maroto-mirim riu gostosamente junto com a ruiva, ao observar a careta que o pai exibia.

- Conversar, não é? – disse Lílian ofegante, em meio aos risos – Claro, Tiago, convença seu filho de um ano de idade a te entregar os óculos com palavras. Realmente, por que nunca tinha pensado nisso? – disse ela sarcástica, enquanto ainda ria e observava o marido consertar os óculos rapidamente, uma feição emburrada no rosto.

- Seu pestinha traidor! – disse Tiago para um Harry sorridente.

- Ah, Tiago, não fale assim com o meu bebê! – disse Lílian risonha, enquanto erguia o filho no ar e roçava a ponta de seu nariz com a dele, que gargalhava gostosamente – Não é Harry? Você não é um maroto igual o papai? – ela dizia em tom infantil, enquanto Harry ainda ria, sendo erguido no ar.

- Realmente, ele puxou ao Pontas. – disse uma voz masculina vinda da porta.

- Sirius, que susto! Quer me matar do coração? – disse Lílian ofegante, enquanto depositava Harry no tapete novamente.

- Desculpa, Lilly. Achei que você já tivesse se acostumado. – respondeu ele sem o menor sinal de constrangimento, e largou-se em uma poltrona, sem cerimônias.

- Como foi o julgamento, Almofadinhas? – perguntou Tiago seriamente, enquanto sentia Harry sentar em suas pernas.

- Longo. – respondeu o moreno afundando o rosto em uma das mãos – E doloroso. Crouch mandou o filho para Azkaban junto com minha priminha. – e fez uma careta amargurado – Não pensei que ele seria capaz, mas senti um pouco de pena dele. O único filho do infeliz tinha se juntado a Voldemort.

Lílian e Tiago trocaram olhares intrigados.

- O filho de Bartolomeu Crouch ligado às Artes das Trevas? – foi Tiago quem perguntou exatamente o que Lílian estava pensando, e ergueu levemente as sobrancelhas.

- Exatamente. – respondeu Sirius com uma voz extremamente cansada. E soltou um longo bocejo logo em seguida.

- Sirius, acho melhor você descansar. – disse Lílian preocupada – Você não está com uma aparência muito boa.

- Depois, Lílian, depois. – disse Sirius impaciente – Queria dar uma olhada no meu afilhado. Depois eu vou verificar o esconderijo do Rabicho e volto para a janta.

Como se entendesse perfeitamente as palavras do padrinho, Harry virou-se para encarar os olhos cinzentos de Sirius, sorrindo logo em seguida.

- Tio Ius! – deu um gritinho estridente – Au au!! Qué au au!! – e bateu as mãozinhas, obviamente pedindo para que Sirius se transformasse em cachorro, como sempre fazia quando Lílian não estava por perto.

- Au au? – disse Lílian erguendo uma sobrancelha, e encarando de Tiago para Sirius – Que história é essa de au au?

- Er... shhh Harry, assim você ferra o Tio Ius!! – disse Sirius constrangido para um Harry que acabara de pegar no colo.

- Tio ius, qué au au!! – protestou o marotinho fazendo careta de choro.

- Ah, Lilly, deixa o Harry brincar com o cachorro de estimação dele! – disse Tiago, rindo da careta que o amigo exibia.

- Ah, ok Sirius, mas vê se não baba no tapete! – resmungou ela enquanto se dirigia para a cozinha.

No instante seguinte um enorme cão negro se encontrava ali, ao lado de Harry, que ao invés de demonstrar medo, parecia extremamente satisfeito com a presença do animal.

- Tio Ius!! – gargalhou ele, enquanto Sirius deitava no chão para Tiago pôr o filho em suas costas.

- Cuidado, hein Almofadinhas! – advertiu Tiago, recendo um olhar irritado do cão.

Sirius continuou brincando com Harry em sua forma humana, enquanto Tiago subia para tomar um banho. Vinte minutos depois, o maroto desceu com os cabelos molhados, mas ainda assim extremamente despenteados.

- Bom, Pontas, daqui a pouco eu volto! – disse Sirius se levantando do chão com Harry em seus braços, e entregou o afilhado nos braços do pai – Você sabe como o Rabicho é, está se borrando todo de medo, só faltou pedir pra eu montar guarda lá no esconderijo!

Tiago permaneceu fitando Sirius.

- O que foi? – perguntou o amigo desconfiado – Eu hein, Pontas, como se já não bastasse sua forma animaga...

Tiago sorriu fracamente, enquanto tentava se desvencilhar das mãozinhas de Harry que tentava a todo custo recapturar seus óculos.

- Obrigado. – disse ele encarando Sirius com os olhos brilhantes, denotando toda a sua gratidão – Obrigado por tudo o que tem feito pela minha família, Almofadinhas. Você sabe que sempre te considerei mais que um simples amigo, mas sim um verdadeiro irmão.

Sirius continuava a encarar Tiago, e provavelmente achando que o momento estava sentimental demais para os marotos que eram, soltou um “Credo, Pontas, até parece que você vai morrer, eu hein!”, e se despedindo de Lilly, que reclamara que ele andava muito abatido, ele deu um beijo na bochecha rosada de Harry, abraçou Tiago como se abraça um irmão, e saiu voando com sua moto pela noite fresca de outono.



Oh! Fique comigo...

Ah! Desejo que tudo estivesse acabado.

Nesta noite nada está acabado.

Ah! Que perda é...

Não há nada mais além você.



- Boa noite, filho. – disse Tiago dando um beijo na bochecha rosada do filho, depois que depositara Harry profundamente adormecido no berço. Fechou a porta com cuidado, e deparou-se com a ruiva que tanto amava, observando-o da porta do quarto de casal.

Ele sorriu, caminhando lentamente na direção da esposa, que o enlaçou pelo pescoço, depositando um beijo em sua face.

- Podíamos aproveitar um pouquinho, enquanto Sirius não vem... – disse Lílian corando levemente. Tiago sorriu marotamente, e depositou um beijo suave nos lábios da ruiva, que sentiu um arrepio percorrer sua nuca enquanto Tiago acariciava suas costas, e subia com as mãos ágeis até seus cabelos, acariciando-os carinhosamente.

- Te amo tanto, ruivinha. – disse ele selando os lábios com os de Lílian.

- Não tanto quanto eu amo você, meu maroto. – disse ela retribuindo o sorriso de Tiago, e depositando um longo e suave beijo em seus lábios.

Tiago interrompeu o beijo repentinamente, parecendo assustado com alguma coisa.

- O que foi? – perguntou a ruiva intrigada. Tiago levou o indicador à boca, fazendo sinal para que ela se calasse.

- Tem alguém lá embaixo. – sussurrou ele atentamente.

- Ah, provavelmente é o Sirius. – respondeu Lílian despreocupada, mas Tiago a encarou com severidade.

- Não. – disse ele firmemente, enquanto seu rosto se enrijecia e ele empalidecia – Não é o Sirius.

- Muito bem, Tiago. – disse uma voz fria vinda do andar de baixo. Uma voz carregada de maldade, uma voz grave, que fez Lílian sentir um calafrio por todo seu corpo, suas pernas tremeram levemente – Agora, entregue-me seu primogênito e quem sabe eu poupo a vida da sua mulher?

Lílian estava branca como a parede em que se encostara. Não era possível. Não podia ser. Rabicho.. eles tinham feito um feitiço... ele era o fiel... onde estava Rabicho? Será que estava morto..? Por que? – seus pensamentos estavam desordenados, sua respiração descompassada. Ela sentia suas pernas tremerem violentamente enquanto ela pronunciava um nome, com um fio de voz: “Tiago...”

Tiago virou-se para encará-la. Não estava com medo e tampouco desesperado: seus olhos faiscavam de raiva. De um ódio tão intenso, que pela primeira vez em sua vida Lílian sentia medo de Tiago.

- Lilly, me escuta. – disse ele com a voz firme, mas apressada, enquanto se podia escutar um movimento lá embaixo: Voldemort subia as escadas lentamente – Lilly, você precisa me escutar! – exclamou ele, agora parecendo com medo e desesperado; não pela sua vida, mas pela vida de sua ruiva e de seu filho – Pegue o Harry. Pegue o Harry e fuja! FUJA! – ele berrou, segurando Lílian pelos ombros – Eu irei atrasá-lo!

- Tiago... – chamou ela, as lágrimas escorrendo pelo rosto – Não quero... não vou deixar vo...

- LILLY, VÁ! – berrou Tiago, enquanto os passos se aproximavam. Lílian, ainda chorando muito, selou seus lábios nos de Tiago, e ambos tremeram levemente.

- Te amo pra sempre, Tiago. – e logo que a ruiva bateu a porta do quarto de Harry, a figura encapuzada do Lorde das Trevas apareceu na frente de Tiago.



Amor eterno, sonho eterno.

Esteja comigo desse modo,

Segure meu coração trêmulo no amanhecer.

Ah! Ficará você comigo até o vento passar?

Agora, mais do que ninguém, comigo?



Lílian pegou Harry apressada do berço, e apertou-o contra seu peito. Tinha que aparatar. Mas com o filho seria infinitamente mais difícil, sem contar perigoso. Mas ela não conseguia. Não queria fugir. Não poderia deixar Tiago pra trás. Ela escutava-o lançar feitiços do outro lado da porta e desejava, com todas as suas forças, estar ao seu lado para ajudá-lo. Tiago berrava, parecia estar dando trabalho para Voldemort. Ela confiava no maroto. Ele sempre fora tão brilhante, tão perfeito em tudo que fizera...

Seu olhar recaiu sobre a figura adormecida em seus braços. Harry era praticamente todo Tiago, exceto pelos olhos verdes – seus olhos verdes. Lílian escutou Tiago berrar mais um feitiço, uma voz fria ecoou, uma risada aguda, e um baque no chão foi ouvido. Seu coração parou. Sentia-o doer em seu peito como se quisesse ser extraído de dentro de seu corpo. Sua alma fugira – Lílian a sentiu se esvaindo de dentro de si, indo ao encontro da outra metade que agora ia embora desse mundo. Tiago Potter estava morto.

Ela ouviu a porta do quarto se abrir com um baque surdo, e virou-se de costas para a luz que iluminava a parte do quarto vindo do corredor; protegeu Harry com seu corpo, e estava disposta a implorar pela vida do filho; àquela hora ela não era “Lílian Evans Potter: a monitora-certinha-orgulhosa”, mas simplesmente uma mãe desesperada, tentando salvar a vida do filho, com o coração despedaçado e sem parte de sua alma.

- Por favor, o Harry não. – implorou, entre soluços urgentes – Mate a mim, mas poupe meu filho! Meu filhinho...

Ela sentiu um tremor invadir seu corpo, e sentiu um calafrio ao escutar aquela risada aguda e maléfica.

- Não seja tola. – disse a figura à suas costas, a voz gélida e cortante fez com que Lílian sentisse como se mil facas a rasgassem por dentro – Me entregue a criança e talvez eu poupe a sua vida.

- NÃO! – ela berrou desesperada – O Harry não, por favor...

- Entregue...

- Por favor, não, o Harry não...

- Você não me deixa outra escolha – disse Voldemort friamente – Avada Kedavra.

A ruiva tombou para o lado, imóvel, os olhos vidrados. Os rubros cabelos espalharam-se pelo chão de madeira como uma poça de sangue envolta da pequena criança que agora chorava estridente. Lílian Potter estava morta.



Amor eterno, sonho eterno.

Não posso caminhar além disso...

Oh! Diga-me o porquê. Oh! Diga-me a verdade.

Diga-me o que significa viver.



- Lilly? – uma voz soou como um eco, em um local com um tapete interminável de gramas verdes recém cortadas. Lílian sentiu o cheiro de rosas se espalhar pelas suas narinas.

- Tiago? – ela chamou, a voz esperançosa.

Tiago Potter apareceu na sua frente, um sorriso satisfeito e um olhar sereno.

- Queria que você viesse. – disse ele depositando um beijo nos lábios da ruiva, e entrelaçando suas mãos.

- Onde estamos? – perguntou ela confusa, piscando várias vezes para se acostumar à claridade excessiva do lugar;

- Acho que no céu. – respondeu ele tranqüilamente.

- E o Harry? – perguntou ela preocupada, enquanto abraçava Tiago e sentia o maroto novamente perto de si.

- Ficou. – respondeu Tiago abrindo um sorriso orgulhoso – A missão dele acaba de começar.





Amor eterno, sonho eterno.


Transbordarão lágrimas


Até a estação reluzente mudar para a ETERNIDADE.


Amor eterno...




FIM!








N/A: bem, estava em um surto de falata de criatividade pra escrever o cap nv de “Oliver wood...” qdo me deu uma luz, ms pra escrever essa song... a música é do X-Japan, chama-se Forever Love... espero que tenham, gostado! Ficou meio triste, mas meio esperançoso também.... bjos a todos q leram!! E PLZZZZZZZZZZZZZZZZZZZZ


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