Primeiro Capítulo



Demélza é uma cidade muito pequena do interior de algum lugar no Brasil, a cidade possuí apenas 3.000 habitantes ou quase isso.Situada em uma região de matas e lagos, Demélza sempre atraiu turistas a procura de paz e descanço, pessoas que vinham das capitais, cansadas com a confusão e a rotina barulhenta da cidade grande.Fora da estação de férias, Demélza é praticamente uma cidade fantasma, não há muitos jovens ou crianças na pequena cidade e os poucos que há, são em sua natureza quietas, ou seja, jovens nativos de Demélza.
A rua principal de Demélza é o lugar mais movimentado da cidade e qualquer coisa que você queira comprar, lá é o lugar certo, isso durante a tarde, porque durante a noite toda cidade é deserta, a não ser pelos turistas nas estalagens.Mas a pequena cidade já teve seu momento de agitação.A exatos quatro anos atrás em uma cachoeira dentro da mata, um casal de turistas tomava banho a noite.Os moradores locais mais antigos tem certeza de que o casal foi atacado pela ''Coisa'', a Coisa era uma lenda local passada de geração em geração na cidade, segundo os mais antigos se tratava de um guardião da Mata, uma criatura que perambulava a floresta que chamavm de Mata , o motivo pelo qual a Mata que rodeava a cidade nunca perdera a beleza e era rica ervas medicinais entre outras coisas marivilhosas que se encontrava lá, há muitas versões sobre a origem da Coisa, as mais conhecidas são as de que a Coisa, na verdade, seja o espírito da Mata, outra diz que a Coisa é o anjo protetor da região, e a terceira versão é de que a Coisa simplesmente é uma criatura desconhecida e única no mundo, que existira ali desde de sempre, muito antes de fundarem Demélza.A Coisa sempre foi uma lenda e nada mais que isso, mas naquela noite quente de verão na cachoeira, a quatro anos atrás, a morte misteriosa do casal trouxe de volta a lenda da Coisa que a muito não passava de lenda.

Marcos e Débora estavam entrando na Mata a noite, se embrenhavam por entre as árvores com uma lanterna, a cachoeira Marta é muito bonita com águas cristalinas, durante o dia era muito movimentada e disputada pelos turistas, Marcos e Débora teriam a cachoeira Marta só pra eles esta noite....será?
Débora segurava a lanterna iluminando o caminho, caminhava muito rápido, muito ansiosa para chegar na chachoeira que estaria vazia, puxava Marcos pela mão:

- Marcos! Eu quero chegar lá antes do amanhacer. - Disse Débora entre risos enquanto iluminava o caminho com a lanterna.
- Calma amor, Marta não vai fujir só por nossa causa e é apenas onze horas.- Argumentou Marcos.Débora soltou um grande suspiro.Alguns minutos depois já era possível escutar o barulho das águas da cachoeira e logo os dois chegaram na clareira onde havia um lago de aguas puras e cristalinas, estava iluminado pela Lua cheia que refletia na água como se fosse um espelho, mais a frente estava Marta, uma cachoeira de 10 metros que lançava suas águas no lago que na outra ponta seguia Mata a dentro levando suas águas por vários quilômetros.Débora tirou suas roupas e largou sobre uma rocha na margem do lago junto com a lanterna, os longos cabelos ruivos se destacando na noite, Marcos sorriu e seguiu o exemplo da namorada que já estava nadando em direção a cachoeira, falando pra sí mesmo: ''Até que não foi uma má idéia.''.Entrou no lago e foi ao encontro de Débora, a água estava excelente, nadar naquelas águas maravilhosas era uma sensação de liberdade, como se estivesse voando, os pequenos cardumes eram visiveis na superfície.Débora aproximou-se de Marcos e passou os braços envolta do seu pescoço:

- Então, o que você ta afim de fazer ? - Perguntou ela sorrindo maliciosamente.
- Hum....sei lá, eu tava pensando em uma coisa bem divertida, o que você acha ? - Respondeu ele.
- Ah é ? Hum....sei. - Passou suas mãos pelo torax de Marcos olhando-o. - Então vamos fazer o seguinte:Me pegue primeiro. - Jogou água no rosto do namorado e mergulhou.Marcos que estava bastante exitado sorriu desconsolado: - Sua trapaceira ! . - Mergulhou no lago atrás dela e foi seguindo-a, ele estava vendo-a logo a sua frente, Débora estava uns dois metros na frente, era uma ótima nadadora e Marcos apenas improvisava, um cardume passou na frente dele impedindo que ele continuasse a enxerga-la, a passagem do cardume durou 5 segundos e quando havia passado não era mais possível ve-la, Marcos foi até a superfície respirar, muito ofegante, ele procurava localizar Débora, mas não havia sinal dela na superfície, talvez ela tenha apanhado oxigênio enquanto ele havia parado por causa do cardume, então ele mergulhou novamnete a procura da namorada, lá embaixo também não havia sinal dela, ele foi até a margem do lago na rocha onde haviam deixado as roupas e a lanterna, os pertences ainda estavam lá, do mesmo jeito que tinham deixado, era evidente que ela não tinha ido embora, estava ali por perto brincando de esconde-esconde:

- Aff, eu odeio esse tipo de brincadeira.- Sentou-se na rocha esparando Débora aparecer, uma hora ela iria se cansar da brincadeira, ou quem sabe, pensou ele, ela teria ido fazer alguma necessidade no meio das árvores, esse pensamento fez Marcos rir sozinho, então pensou em pregar uma peça na namorada, ia pega-la de supresa, foi caminhando pela margem do lago até o outro lado, onde provavelmente ela teria ido, já que estavam mergulhando próximos dali, o único som que vinha do meio das árvores era o som da Mata, o farfalhar das árvores e o barulho de corujas, Marcos entrou de fininho no meio das árvores, a luz da Lua entrava por algumas falhas entre as folhas , não havia sinal de Débora, após algum tempo começou a ficar preocupado e suas pernas estavam tremendo, Débora não teria ido tão longe só para fazer alguma necessidade, estaria ela pregando uma peça de mal gosto ? Talvez ela estivesse seguindo-o de perto e se divertindo a beça, Marcos ficou muito irritado só de pensar nisso, olhou pra trás, mas não havia ninguém.
- Não tem mais graça ! - Gritou com a voz trêmula.Um barulho de folhas secas se partindo chão logo adiante, alguém estava por perto logo a frente, o coração de Marcos disparou, a sensação de medo invadindo-o por dentro, lá em cima a Lua continuava a brilhar vacilante por entre as folhas das árvores e de repente toda aquela idéia de se enfiar na Mata de noite parecia uma grande burrice, há e como ele estava arrependido de ceder ao desejo imbecil de ter a cachoeira só pra eles, desejo de Débora, ela simplesmente havia sumido e alguma coisa se movia logo a fente, a tremdeira tomou conta de Marcos, seu coração batendo loucamente, seja o que estivesse a frete, parecia que estava vindo na direção dele, Marcos recobrou os sentidos e começou a correr desesperadamente, o que estava se movendo começou a correr também, a mente de Marcos só estava concentrada em suas pernas, ele corria fazendo as folhas secas no chão se partirem e fazer muito barulho, e logo atrás alguém estava fazendo o mesmo, quando seus
pulmões não aguentavam mais e uma dor aguda de cansaço parecia partir sua costela, ele tropeçou em alguma coisa e caiu com tudo no chão, extremamente ofegante, ele sugava o ar como se nunca o tivesse respirado antes, após alguns momentos ele já estava recuperando o folego, a Mata estava silenciosa, ele olhava por todos os lados, na queda tinha abrido um corte no rosto e estava sangrando, ele sentiu algo estranho nas pernas, estavam cheias de sangue, seu coração mais um vez se sobressaltou violentamente e ele estava passando as mãos a procura de um corte muito profundo na perna, mas não encontrou, foi quando notou, que na verdade, estava sobre uma poça de sangue, a sensação de medo o dominava, ele correu os olhos pelo chão da Mata, e sobre um feixe de luar que penetrava sobre as árvores estava Débora, seus braços e pernas contorcidos em um ângulo esquisito, havia cortes por todo o corpo da mulher, o grito de horror jamais saiu da boca de Marcos, o grito perdeu-se na garganta antes de sair, pois alguém havia puxado ele pelo pescoço e a última coisa que ele viu, foi a Lua brilhando lá no alto.

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