A guarda avançada



– A guarda avançada.

– Espero sinceramente que isso signifique que Harry vai ser resgatado… – Sirius bufou encarando o livro.

– Não imagino outro significado para o nome desse capítulo. – Remo suspirou resignado – Com Voldemort de volta, não deve ser muito seguro para Harry sair da casa sem estar bem acompanhado…
– Mas uma guarda? – Lily perguntou assustada – Harry realmente precisa de toda uma guarda para sair de casa?
– Eu diria que é o tipo de coisa que Dumbledore poderia fazer sozinho sem problemas. – Tiago deu de ombros – Mas ele é um bruxo muito ocupado, não é? – completou irônico.
– Dumbledore poderia simplesmente aparecer e levar o Harry em aparatação acompanhada, não seria problema algum… – Remo disse concordando com Tiago enfaticamente – Ainda mais depois de tudo o que aconteceu.

Acabei de ser atacado por dementadores e poderei ser expulso de Hogwarts. Quero saber o que está acontecendo e quando vou sair daqui.

– E já deveria saber há muito tempo. – Tiago bufou frustrado – Nem ao menos deveria estar sendo obrigado a passar por tudo isso sozinho… – completou trocando um olhar com Sirius – Acho que eu esperava mais de você…

– Eu já disse, – Sirius suspirou resignado – devem ter me impedido de fazer alguma coisa para ajudar… Eu devo estar sendo tratado como um adolescente, da mesma maneira que o Harry… Afinal, sou um fugitivo, não posso fazer muita coisa, não é?
– Espero que a gente descubra logo tudo o que está acontecendo… – Lily disse ansiosa.

Harry copiou essas palavras em três folhas de pergaminho separadas, no instante em que chegou à escrivaninha de seu quarto às escuras. Endereçou a primeira a Sirius, a segunda a Rony e a terceira a Hermione.

– Desconfio de que as cartas para Rony e Hermione vão parar no mesmo lugar… – Remo disse, olhando de soslaio para Hermione e Rony.

– Não acho que tenham culpa… – Sirius disse compreensivo – Ninguém deve ter autorização para falar a verdade para Harry…
– Por que Dumbledore além de tudo resolveu isolá-lo. – Tiago bufou, trocando um olhar com Harry – Isso é ridículo, você não devia ter ficado sozinho, com os trouxas, depois de tudo o que aconteceu!
– Não mesmo. – Lily concordou com um suspiro triste.

Sua coruja, Edwiges, estava fora caçando; a gaiola sobre a escrivaninha estava vazia. O garoto ficou andando para lá e para cá esperando a ave voltar, a cabeça latejando, o cérebro acelerado demais para adormecer, mesmo que seus olhos ardessem e coçassem de cansaço. Suas costas doíam do esforço de carregar Duda para casa, e os dois galos em sua cabeça, onde a janela e o primo haviam batido, estavam latejando com muita intensidade.
Ele andava para frente e para trás, roído de raiva e frustração, rilhando os dentes e fechando os punhos, lançando olhares furiosos para o céu vazio, exceto pelas estrelas, todas as vezes que passava pela janela. Os dementadores enviados para apanhá-lo, a Sra. Figg e Mundungo Fletcher seguindo-o em segredo, depois a suspensão de Hogwarts e a audiência do Ministério da Magia – e ainda assim ninguém lhe contava o que estava acontecendo.

– Você está direcionando sua raiva às pessoas erradas… – Sirius murmurou, levantando os olhos do livro – Apenas uma pessoa pode te dar todas as respostas que você espera.


E o quê, o que queria dizer aquele berrador? Que voz horrível era aquela que ecoou, de forma tão ameaçadora, pela cozinha?

– Se tiver mesmo sido Dumbledore quem enviou o berrador, deve ter usado um feitiço modificador de voz para que Harry não soubesse que era ele… – Tiago disse pensativo.

– Mesmo que não tenha sido Dumbledore. – Remo ponderou – Quem quer que seja deve ter usado esse feitiço. Isso significa que Harry conhece a pessoa que mandou o berrador, ou a pessoa não teria razão para disfarçar a voz.
– Ainda acho mais provável que tenha sido Dumbledore… – Tiago coçou a cabeça – Dentro do que sabemos apenas ele e Snape tiveram qualquer contato com Petúnia… E sabemos muito bem que Snape não está interessado em proteger o Harry…
– Não temos certeza disso. – Lily murmurou, fazendo Severo sentir que ainda tinha uma chance em manter a amizade entre eles.

Por que ele continuava preso ali sem informações? Por que todos o estavam tratando como uma criança malcomportada? Não faça mais mágicas, não saia de casa...
Deu um pontapé no malão da escola ao passar, mas, ao invés de aliviar a raiva, ele ficou pior, pois agora sentia uma dor aguda no dedão, para somar às outras no resto do corpo.

– Você precisa tentar manter a calma. – Lily suspirou encarando o livro com apreensão – Pessoas nervosas tomam atitudes impensadas…


Ao passar mancando pela janela, Edwiges entrou farfalhando suavemente as asas, como um fantasminha.
— Já não era sem tempo! — rosnou Harry, quando a ave pousou com leveza em cima da gaiola. — Pode largar isso aí, tenho trabalho para você!
Os grandes olhos redondos e âmbar da coruja o miraram, com uma expressão de censura, por cima do sapo morto que trazia ao bico.

– Você não devia descontar sua raiva na pobre coruja… – Alice disse com um meio sorriso triste – Ela não tem culpa…

– Sei que não. – Harry disse baixando os olhos arrependido.

— Vem cá — disse-lhe o dono, apanhando os três rolinhos de pergaminho e uma correia de couro para amarrá-los à perna escamosa da ave. — Leve estas mensagens diretamente a Sirius, Rony e Hermione e não volte aqui sem respostas longas e completas. Se for preciso, não pare de dar bicadas neles até escreverem respostas de tamanho decente. Entendeu?

– Ela entendeu muito bem… – Rony murmurou consigo mesmo encarando uma pálida cicatriz em seu dedo indicador direito.


Edwiges soltou um pio abafado, seu bico ainda cheio de sapo.
— Então vai andando — falou Harry.
Ela partiu imediatamente. No momento em que se foi, Harry se atirou na cama sem se despir e ficou olhando para o teto. Além de todos os outros sentimentos infelizes, ele agora sentia remorso por ter sido tão rabugento com Edwiges; era a única amiga que tinha no número quatro da Rua dos Alfeneiros. Mas ele a compensaria quando voltasse com respostas de Sirius, Rony e Hermione.
Seus amigos com certeza iriam responder depressa; não podiam ignorar um ataque de dementadores. Ele provavelmente acordaria no dia seguinte e encontraria três grossas cartas recheadas de solidariedade e planos para sua imediata remoção para A Toca. E com essa ideia reconfortante, o sono o venceu, sufocando outros pensamentos.

Rony e Hermione se entreolharam se sentindo levemente culpados por não terem respondido.

– Isso é culpa. – Remo disse indicando Rony e Hermione com a cabeça – Vocês não responderam, não é?
– Você sabe que não podemos falar. – Hermione disse, baixando os olhos constrangida.
– Não precisa responder. – Frank disse observando-a com atenção – Sua atitude já disse o bastante.
– Não podíamos responder! – Rony disse frustrado recebendo um olhar de reprovação de Hermione – Não me olhe assim, – ele completou virando-se para ela – não é realmente como se eles já não soubessem disso!
– Mas você não devia estar confirmando nada! – Hermione disse, colocando as mãos na cintura autoritária.
– Acho melhor você voltar a ler. – Gina disse, dando uma leve cotovelada em Sirius – Se deixar eles começarem a discutir não vamos sair daqui nunca.

Mas Edwiges não regressou na manhã seguinte. Harry passou o dia no quarto, saindo apenas para ir ao banheiro. Três vezes naquele dia, tia Petúnia empurrou comida para dentro do quarto pela aba que tio Válter instalara três verões passados. Todas as vezes que Harry a ouvia se aproximar, tentava interrogá-la sobre o berrador, mas teria sido melhor interrogar a maçaneta, porque não obtinha resposta alguma. Afora isso, os Dursley se mantiveram bem longe do seu quarto. Harry não via sentido em impor a eles sua companhia; mais uma briga não resolveria nada, exceto, talvez, deixá-lo tão aborrecido que acabaria apelando para a magia proibida.

– Essa é uma atitude bem mais prudente. – Alice disse, dando um meio sorriso a Harry.


As coisas continuaram nesse ritmo durante três dias inteiros. Harry sentia-se invadido por uma energia excessiva que o impedia de se concentrar em qualquer coisa, momentos em que caminhava pelo quarto furioso com todo o mundo, por deixarem-no remoendo seus problemas sozinho; essa energia se alternava com uma letargia tão absoluta que era capaz de ficar deitado na cama uma hora inteira, olhando atordoado para o teto, sofrendo só de pensar, apavorado, na audiência no Ministério.

– Sinto muito, Harry. – Hermione disse, encarando o amigo com pesar – Eu realmente queria… Não posso falar…

– Eu sei, Mione. – Harry disse sorrindo para a amiga – Não se preocupe com isso.
– Também queria ter… – Rony começou, mas Harry o interrompeu.
– Eu sei.

E se o condenassem? E se ele fosse expulso e sua varinha partida ao meio? Que iria fazer, aonde iria? Não poderia voltar a viver o tempo todo com os Dursley, não agora que conhecia o outro mundo, aquele ao qual pertencia. Será que poderia ir morar com Sirius, como o padrinho oferecera havia um ano, antes de ser forçado a fugir do Ministério? Será que dariam permissão a Harry para morar sozinho, sendo ainda menor de idade? Ou será que decidiriam por ele o local aonde ir? Será que sua infração do Estatuto Internacional de Sigilo fora suficientemente grave para mandá-lo a uma cela em Azkaban? Sempre que tal pensamento lhe ocorria, Harry invariavelmente se levantava da cama e recomeçava a caminhar.

– Sua infração não é o bastante nem ao menos para te suspender de Hogwarts, – Tiago afirmou categórico – muito menos para te mandar para Azkaban…

– E se o ministério estiver completamente louco a ponto de realmente expulsar você, – Sirius disse descrente – você já tinha idade o bastante para escolher onde gostaria de morar… E não sei onde meu eu-futuro está morando, mas tenho certeza de que a oferta de abrigo ainda está valendo.
– Espero que você não continue vivendo escondido em cavernas por ai… – Lily disse com um suspiro – Era de se pensar que sabendo que você é inocente Dumbledore te ajudaria a arranjar um lugar seguro para viver…
– Acho melhor não voltarmos a falar de Dumbledore por enquanto. – Tiago bufou – Já estou bem decepcionado com as atitudes dele sem pensar em como Sirius estava vivendo em uma caverna e comendo ratos e ele não fez nada além de indicar a caverna para ajudar… Quero dizer… Ele poderia ao menos mandar comida, mas não…
– Acho que você tem razão. – Harry o interrompeu cuidadoso – É melhor não voltarmos a falar de Dumbledore por hora.

Na quarta noite depois da partida de Edwiges, o garoto estava deitado em uma de suas fases de apatia, mirando o teto, a mente exausta e vazia, quando seu tio entrou no quarto. Harry virou lentamente a cabeça e olhou para ele.
Válter estava usando seu melhor terno e tinha uma expressão de enorme presunção.
— Vamos sair — anunciou.
— Como disse?
— Nós, isto é, sua tia, Duda e eu, vamos sair.
— Ótimo — respondeu Harry inexpressivamente, voltando a mirar o teto.
— Você não deverá sair do seu quarto enquanto estivermos fora.
— O.K.
— Você não deverá ligar a televisão, nem o som, nem nada que nos pertence.
— Certo.
— Você não deverá roubar comida da geladeira.
— O.k.
— Vou trancar sua porta.
— Pode trancar.

– Ele é realmente burro, não é? – Frank perguntou retoricamente – Se Harry realmente quiser sair do quarto ele vai sair…


Tio Válter encarou Harry, abertamente desconfiado dessa falta de oposição, em seguida saiu pisando forte e fechou a porta ao passar. Harry ouviu a chave girar na fechadura e os passos do tio descerem pesadamente a escada. Alguns minutos depois, ouviu as portas do carro baterem, o ruído de um motor e o som inconfundível de um carro deixando rapidamente a entrada da garagem.
Harry ficou indiferente à saída dos Dursley. Tanto fazia os tios estarem ou não em casa. Não conseguia sequer dirigir suas energias para se levantar e acender a luz. O quarto ia escurecendo depressa, mas ele continuava deitado, apurando os ouvidos para escutar os ruídos da noite pela janela que mantinha o tempo todo aberta, esperando o momento abençoado em que Edwiges voltaria.

– Depois de quatro dias você ainda estava esperando que ela voltasse com respostas? – Remo perguntou descrente e como resposta, Harry apenas deu de ombros.

– Depois de quatro dias eu já não tinha mais lugares para ela bicar. – Rony murmurou para Hermione.

A casa vazia rangia por inteiro. Os canos de água gargarejavam.
Harry permaneceu nessa espécie de estupor, sem pensar em nada, imerso em infelicidade.
Então, com toda a clareza, ele ouviu um estrondo lá embaixo, na cozinha. Sentou-se imediatamente, escutando com atenção. Os Dursley não poderiam ter voltado, era cedo demais, e, de todo o jeito, ele não ouvira barulho de carro. Fez-se silêncio por alguns segundos, em seguida vozes.
Ladrões, pensou, deslizando para fora da cama e ficando em pé – mas, uma fração de segundo depois, lhe ocorreu que ladrões falariam em voz baixa, e quem estava andando pela cozinha certamente não estava preocupado com isso.

– Pelo menos não são mais dementadores. – Alice disse apreensiva – Dementadores não falam…

– Mas pode ser alguém que quer fazer mal a Harry. – Lily disse apertando o braço de Tiago, nervosa.
– Acredito que não. – Tiago respondeu tentando acalmá-la – Não acho que Voldemort e os comensais da morte saibam o endereço dos Dursley… E suponho que a proteção que Harry tem na casa deles não permitiria que Voldemort chegasse lá…
– Mas não teria como impedir os comensais da morte, teria? – Frank perguntou curioso.
– Acho que não… – Sirius disse, olhando de soslaio para Severo – Mas não sei como eles poderiam saber o endereço.
– Alguém infiltrado no ministério. – Severo murmurou chamando a atenção de todos.
– Vamos apenas esperar que não seja ninguém que queira fazer mal a Harry. – Remo disse, fazendo sinal para Sirius continuar lendo.

Ele apanhou a varinha sobre a mesa de cabeceira e ficou de frente para a porta do quarto, escutando com a máxima atenção. No momento seguinte, Harry se sobressaltou ao ouvir um forte estalo e ver sua porta se escancarar.
O garoto ficou parado, imóvel, olhando através da porta aberta para o patamar escuro, fazendo força para ouvir, mas não houve nenhum outro som.

– Quem quer que seja, abriu a porta a distancia… – Remo disse pensativo – Então a pessoa teria que saber que você estaria no quarto e que estaria trancado.

– Então devem ser as pessoas que Dumbledore mandou para te buscar. – Lily disse ligeiramente aliviada – Sabemos que eles estavam vigiando…
– Só quero saber quem faz parte dessa guarda avançada. – Sirius disse voltando a ler, curioso.

Ele hesitou um instante, depois saiu rápida e silenciosamente do quarto e foi até a escada.
Seu coração parecia ter disparado para a garganta. Havia gente parada no hall escuro embaixo, cujas silhuetas a luz da rua recortava ao entrar pelo vidro da porta; oito ou nove pessoas, todas, até onde Harry conseguia ver, olhando para cima.
— Baixe a varinha, garoto, antes que você arranque os olhos de alguém — disse uma voz baixa e rouca.
O coração de Harry bateu descontrolado. Reconhecia aquela voz, mas não baixou a varinha.
— Professor Moody? — perguntou hesitante.
— Não sei bem quanto a “Professor” — rosnou a voz — nunca cheguei a ensinar muito tempo, não é mesmo? Vem até aqui, queremos ver você direito.

– O verdadeiro Moody. – Tiago disse com um meio sorriso – Você não poderia ter alguém melhor na sua guarda…

– Mesmo assim, – Remo disse apreensivo – já fomos enganados por uma pessoa fingindo ser Moody, é mais prudente checar antes de ir com ele…
– Mas Harry não teria como checar, – Lily disse, voltando a apertar o braço de Tiago – ele nunca conheceu realmente o verdadeiro Moody… E se for alguém fingindo ser ele novamente?
Tiago, sem saber como responder, apenas acenou para Sirius continuar lendo.

Harry baixou ligeiramente a varinha, mas não afrouxou a mão, nem se mexeu.
Tinha muito boas razões para desconfiar. Recentemente passara nove meses em companhia de alguém que achava que era Olho-Tonto Moody e acabou descobrindo que não era ele, mas um impostor, que ainda por cima tentara matá-lo antes de ser desmascarado.

– Harry não é burro. – Remo disse, encarando Harry com orgulho – Ele não vai simplesmente sair pela porta com Moody sem saber se ele realmente é quem diz ser…

– Me sinto bem melhor assim. – Lily disse, afrouxando ligeiramente o aperto no braço de Tiago.

Mas, antes que pudesse decidir o que fazer, uma segunda voz, ligeiramente rouca, flutuou até o alto da escada.
— Tudo bem, Harry. Viemos buscar você.
O coração do garoto deu um salto. Reconheceu aquela voz também, embora não a ouvisse havia mais de um ano.
— Professor Lupin? — exclamou incrédulo. — É o senhor?

– Remo! – Sirius exclamou levantando os olhos do livro, satisfeito – Já estava me perguntando quando você voltaria a aparecer nesses livros.

– O triste é ver como Harry insiste em me chamar apenas de professor Lupin. – Remo suspirou resignado – Tão formal…
– Parte da culpa é sua, não é? – Tiago deu de ombros – Seu eu-futuro mantinha a distancia adequada para um professor, faz sentido que Harry tenha se acostumado a te tratar apenas como professor, mesmo depois do que ele descobriu no final do terceiro ano…
– Mas vamos mudar isso também. – Lily disse sorrindo para Remo com carinho – Você não vai se afastar de nós.
– Nunca. – Sirius afirmou categórico.

— Por que estamos todos parados no escuro? — disse uma terceira voz completamente desconhecida, de uma mulher. — Lumus.
A ponta de uma varinha acendeu, iluminando o hall com luz mágica. Harry piscou. As pessoas embaixo estavam amontoadas ao pé da escada, olhando-o com atenção, algumas até esticando o pescoço para vê-lo melhor.
Remo Lupin era quem estava mais próximo de Harry. Embora ainda jovem, Lupin parecia cansado e bem doente; tinha mais cabelos brancos do que quando o garoto se despedira dele, e suas vestes estavam mais remendadas e gastas que nunca. Ainda assim, ele olhava para Harry com um grande sorriso, que o garoto tentou retribuir apesar do seu estado de choque.

– Resta saber se você está assim por causa da proximidade da lua cheia, ou porque não está conseguindo se cuidar durante o resto do mês. – Tiago disse encarando Remo, preocupado.

– Nem ao menos sei qual das duas opções é pior. – Remo suspirou resignado.

— Ahhh, ele é igualzinho ao que eu imaginei — disse a bruxa que segurava no alto a varinha acesa. Parecia a mais jovem do grupo; tinha um rosto pálido em feitio de coração, olhos escuros e cintilantes e cabelos curtos e espetados, roxo berrante. — E aí, beleza, Harry?
— É, vejo o que quis dizer, Remo — disse um bruxo negro e careca parado no círculo mais externo do grupo; tinha uma voz grave e lenta e usava um único brinco de ouro na orelha — ele é a cara do Tiago.
— Exceto pelos olhos — disse a voz asmática de um bruxo de cabelos prateados mais ao fundo. — São os olhos de Lily.

– Obviamente essas pessoas nos conhecem. – Tiago disse, encarando o livro com a testa franzida – Mas não consigo me lembrar de ninguém que se encaixe nessas características no momento…

– Talvez sejam pessoas que conhecemos depois da escola. – Lily deu de ombros – Não sabemos o que aconteceu entre o fim do nosso sétimo ano e o nascimento do Harry…
– Pode ser. – Remo disse pensativo – Devem ser pessoas que vocês conheceram no trabalho…
– Se eu realmente fiz o que queria fazer, eu me tornei auror… – Tiago disse encarando Frank cuidadoso – Sabemos que você conseguiu… Essas pessoas devem ser aurores que trabalharam conosco…
– É provável. – Frank concordou lentamente – Mas o ministério não está contra o Harry? Por que aurores ajudariam a tirar ele da casa dos trouxas?
– Talvez sejam aurores que são fiéis a Dumbledore. – Sirius deu de ombros – Ele tem o talento de convencer as pessoas a fazerem o que ele acha melhor.

Olho-Tonto Moody, que possuía longos cabelos grisalhos e um nariz a que faltava um pedaço, observava Harry, desconfiado, apertando os olhos díspares. Um era muito pequeno, escuro e arisco, o outro, grande, redondo, azul elétrico – o olho mágico que podia ver através de paredes, portas e da nuca do próprio Moody.
— Você tem certeza que é ele, Lupin? Seria uma grossa mancada se levássemos um Comensal da Morte fazendo-se passar por Harry. Devíamos perguntar a ele alguma coisa que só o verdadeiro Potter saiba. A não ser que alguém tenha trazido um pouco de soro da verdade.

– Esse sim é o Moody que eu conheço. – Tiago disse com um sorriso satisfeito – Nunca se pode ser precavido demais.


— Harry, que forma assume o seu Patrono? — perguntou Lupin.
— De veado — respondeu Harry, nervoso.

– Acho que pouquíssimas pessoas conheciam essa informação... – Lily disse abrindo um sorriso para Tiago.


— É ele mesmo, Olho-Tonto — confirmou Lupin.
Muito consciente de que todos continuavam de olhos fixos nele, Harry desceu as escadas, guardando a varinha no bolso traseiro das jeans enquanto descia.
— Não guarde a varinha aí, garoto! — berrou Moody. — E se pegar fogo? Bruxos mais sabidos que você já perderam as nádegas, sabe!

– É sério isso? – Alice questionou risonha – Alguém realmente perdeu as nádegas por colocar a varinha no bolso de trás?

– Moody não é conhecido por brincar… – Tiago disse às gargalhadas – Mas vai saber, né?

— Quem é que você ouviu dizer que perdeu a nádega? — perguntou interessada a bruxa de cabelos roxos.
— Não se preocupe com isso, e você guarde a varinha longe do bolso traseiro! — vociferou Olho-Tonto. — Medidas de segurança elementares para o uso da varinha, ninguém se preocupa mais com elas. — E saiu mancando para a cozinha. — E estou vendo você — disse, irritado, quando a mulher girou os olhos para o teto.
Lupin estendeu a mão e apertou a de Harry.
— Como é que você tem andado? — perguntou, examinando Harry atentamente.
— Ó-ótimo...
Harry mal podia acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo. Quatro semanas sem nada, nem o menor indício de um plano para removê-lo da Rua dos Alfeneiros e, de repente, um bando de bruxos inesperados em sua casa como se isso já estivesse combinado há séculos. O garoto correu os olhos pelas pessoas que rodeavam Lupin; todos continuavam a observá-lo com avidez.

– Acho que a pessoa que criou o plano não achou relevante te informar. – Tiago bufou – Está virando um assunto recorrente…


Sentia-se muito consciente de que não penteava os cabelos havia quatro dias.

– Não que isso realmente faça diferença… – Gina disse com uma risadinha, encarando os cabelos de Harry e Tiago – Você penteou os cabelos hoje de manhã e ainda assim parece que não penteia há quatro dias…

– Faz parte do nosso charme natural. – Tiago disse, passando os dedos pelos cabelos para bagunçá-los ainda mais – Mas é um tanto irônico sabe…
– O que é irônico? – Lily perguntou curiosa.
– Meu pai na verdade criou a poção de cabelo Sleekeazy… – Tiago disse rindo – É claro que isso foi antes dele entrar para o ministério…
– Essa é a poção que eu usei no baile de inverno! – Hermione disse abismada.
– Imaginei que fosse. – Tiago disse às gargalhadas – Essa poção foi a responsável por quadruplicar o ouro da família.
– Você é filho do criador da poção de domar cabelos mais famosa do mundo bruxo… – Lily disse com uma risadinha – E seus cabelos são indomáveis!
– Minha mão sempre se diverte muito com isso. – Tiago disse com uma piscadela – Acho que meu pai já usou litros da poção em mim… Por algum motivo nunca funcionou… Duvido que funcione em você. – Acrescentou virando-se para Harry.

— Eu... vocês estão realmente com sorte que os Dursley tenham saído... — murmurou.
— Sorte nada! — disse a mulher de cabelos roxos. — Fui eu que os tirei do caminho. Mandei uma carta pelo correio dos trouxas dizendo que estavam entre os finalistas do Concurso do Gramado Mais Bem Cuidado da Grã-Bretanha. Eles estão a caminho da festa de entrega do prêmio neste momento... ou pensam que estão.

– Não é possível que eles tenham acreditado nisso! – Alice disse com uma risada – Eles estão no meio de uma seca!

– Eles são esnobes o bastante para acreditar nisso. – Lily disse revirando os olhos – É o tipo de coisa perfeitamente normal de que Petúnia gosta tanto…

Harry teve uma visão passageira da cara do tio Válter quando descobrisse que não havia concurso algum.
— Vamos embora, não vamos? — perguntou ele. — Logo?
— Quase imediatamente — disse Lupin — vamos só aguardar o sinal verde.
— Aonde vamos? Para A Toca? — perguntou Harry, esperançoso.
— Não, não para A Toca — respondeu Lupin, conduzindo Harry para a cozinha; o grupinho de bruxos os acompanhou, ainda examinando o garoto, cheios de curiosidade. — Arriscado demais. Montamos o quartel-general em um lugar difícil de encontrar. Levou algum tempo...

– Um lugar difícil de encontrar? – Sirius levantou os olhos do livro pensativo – Faz sentido A Toca ser um lugar arriscado demais… Todo mundo sabe da associação de Harry com os Weasley…

– Mas não consigo imaginar um lugar difícil de encontrar. – Tiago disse completando o pensamento de Sirius – Acho que a única coisa que podemos fazer é esperar para ver…

Olho-Tonto Moody agora estava sentado à mesa da cozinha, tomando goles de um frasco de bolso, seu olho mágico girava em todas as direções, apreciando os muitos aparelhos que os Dursley usavam para poupar trabalho.
— Este é o Alastor Moody, Harry — continuou Lupin, apontando para o bruxo.
— É, eu sei — respondeu Harry pouco à vontade. Dava uma sensação esquisita ser apresentado a alguém que ele achava que conhecia havia um ano.
— E essa é Ninfadora...
— Não me chame de Ninfadora — pediu a jovem bruxa com um arrepio — sou Tonks.
— Ninfadora Tonks, que prefere ser conhecida apenas pelo sobrenome — concluiu Lupin.

– Ninfadora Tonks? – Sirius repetiu descrente – Ela é minha prima! É filha da minha prima Andrômeda com Ted Tonks! Deve ter uns 3 anos agora…

– Então ela não pode ser uma das pessoas que nos reconhece… – Tiago disse pensativo – Se ela tem 3 anos, tinha no máximo 7 quando Harry nasceu e nós…
– Achei que as pessoas da sua família tinham nomes de estrelas ou constelações… – Alice perguntou curiosa.
– Nem todos. – Sirius deu de ombros – É mais uma tradição de nomear o filho mais velho… Narcisa por exemplo tem nome de flor… E não acho que Andrômeda ia querer seguir todas as tradições depois de ser deserdada…

— Você também iria preferir se a tonta da sua mãe tivesse lhe dado o nome de Ninfadora — murmurou Tonks.

– Andrômeda não gostaria nada de saber disso. – Sirius disse com um meio sorriso carinhoso – Ela ficou tão feliz quando a Ninfadora nasceu… É claro que mal a conheci. Enquanto morava com meus pais não podia falar com Andrômeda, e no resto do tempo estava aqui em Hogwarts…


— E esse é Kingsley Shacklebolt — disse ele indicando o bruxo negro e alto, que fez uma reverência. — Elifas Doge. — O bruxo de voz asmática fez um aceno com a cabeça. — Dédalo Diggle...
— Já nos encontramos antes — esganiçou-se o excitável Diggle, deixando cair a cartola roxa.
— Emmeline Vance. — Uma bruxa de ar imponente acenou a cabeça coberta por um xale verde-água.

– Emmeline. – Lily disse com um sorriso – Ela está no nosso ano. – completou virando-se para Harry – É da Corvinal… Sempre foi muito gentil comigo. Mas nunca fomos muito próximas…

– Talvez tenhamos nos aproximado mais depois da escola. – Tiago disse trocando um olhar com Lily.

— Estúrgio Podmore. — Um bruxo de queixo quadrado e chapéu cor de palha deu uma piscadela. — E Héstia Jones. — Perto da torradeira, uma bruxa, de faces coradas e cabelos negros, deu um adeusinho.
Harry cumprimentou com um aceno de cabeça cada bruxo, à medida que foram apresentados. Desejou que olhassem para outra coisa ou pessoa que não fosse ele; era como se repentinamente o tivessem feito subir a um palco.

– Se eles estão ai é porque acreditam em você, e sabem que Voldemort realmente voltou. – Remo disse com um meio sorriso triste – Então eles sabem que você sobreviveu a ele pelo menos duas vezes…

– O que é muito para alguém que acabou de fazer 15 anos. – Sirius disse concordando enfaticamente.

Ficou imaginando também por que havia tantos bruxos presentes.
— Um número surpreendente de pessoas se apresentaram como voluntárias para vir buscá-lo — disse Lupin, como se tivesse lido os pensamentos de Harry; os cantos de sua boca mexeram ligeiramente.

– Pelo menos sabemos que um bom número de pessoas sabe a verdade. – Alice disse desconfortável – No mínimo aquelas que sabem que o Ministério nem sempre é sincero...

– Que bom que você agora é uma dessas pessoas. – Neville disse trocando um sorriso com Frank e Alice.
– E assim que eu puder vou tentar convencer meus pais de que não devemos confiar completamente no Profeta e no Ministério… – Alice disse categórica.

— Ah, foi, quanto mais melhor — disse Moody sombriamente. — Somos a sua guarda, Potter.
— Estamos só esperando o sinal de que podemos partir sem perigo — disse Lupin, espiando pela janela da cozinha. — Temos uns quinze minutos.
— Muito limpos, não são, esses trouxas? — comentou a bruxa chamada Tonks, que corria os olhos pela cozinha com grande interesse.
— Meu pai é nascido-trouxa e é um velho porcalhão. Suponho que isto varie como acontece entre os bruxos?

– Para quem tem um pai nascido-trouxa ela não parece saber muito sobre os trouxas… – Lily disse franzindo a testa.

– Ela foi criada no nosso mundo. – Sirius deu de ombros – E eu poderia apostar que apesar de tudo, Andrômeda criou ela mais ou menos do modo em que fomos criados… Provavelmente sem a parte em que os trouxas são todos impuros e que devemos nos proteger ao máximo deles.
– Ou seja, mesmo tendo um pai nascido-trouxa, ela continua sem saber muito sobre eles? – Lily questionou com desagrado.
– É complicado… – Hermione disse trocando um olhar cúmplice com Lily – Mas depois que eu descobri que era bruxa passei muito mais tempo entre outros bruxos do que entre trouxas. Acho que foi no quinto ano mesmo que percebi que não via minha avó há mais de quatro anos…
– Acho que depois que vocês descobrem que são bruxos fica difícil voltar à vida de trouxa. – Remo disse observando Lily e Hermione compreensivo.
– É. – Lily suspirou – Acho que sim… Depois que entrei para a escola tive muita dificuldade de me comunicar com os trouxas que não conheciam o nosso mundo…
– Então, depois que nos formamos, você também deve ter se afastado muito do mundo dos trouxas. – Tiago disse com um meio sorriso condescendente – Acontece com a maioria dos nascidos-trouxas, assim como a maioria dos abortos…
– Pensando assim, faz todo o sentido a Tonks não saber muito sobre trouxas. – Lily disse resignada.

— Hum... é — respondeu Harry. — Escute... — começou virando-se para Lupin — que é que está acontecendo, não recebi uma palavra de ninguém, o que o Vol...?
Vários bruxos soltaram estranhos assobios; Dédalo Diggle deixou cair a cartola outra vez e Moody vociferou:
— Cale-se.
— Quê! — exclamou Harry.
— Não vamos falar nada aqui, é arriscado demais — disse Moody virando o olho normal para o garoto. Seu olho mágico continuava focalizando o teto.

– Agora que sabem que ele voltou, o nome dele deve dar ainda mais medo nas pessoas. – Remo disse pensativo.

– Moody não tem medo. – Tiago disse com um sorriso de canto de boca – Apenas acha arriscado demais falar qualquer coisa relevante em um lugar que ele não verificou pessoalmente do teto ao chão.
– Ou seja, Moody é apenas paranóico. – Sirius disse dando uma risada.
– Precavido. – Tiago corrigiu categórico.

— Pombas — acrescentou zangado, levando uma das mãos ao olho mágico. — Não para de prender desde que aquele desgraçado o usou.
E com um ruído grosseiro de arroto, bem parecido com o que se ouve quando se puxa um desentupidor de pia, ele tirou o olho.
— Olho-Tonto, você sabe que isso é nojento, não sabe? — falou Tonks em tom de conversa.
— Me arranje um copo d‘água, por favor, Harry — pediu Moody.
O garoto foi até a lavadora de louça, apanhou um copo limpo e encheu-o de água da torneira, ainda seguido pelos olhares dos bruxos. Essa incansável observação estava começando a irritá-lo.

– Deve ser realmente irritante. – Lily disse dando a Harry um sorriso empático – Mas você não pode realmente culpá-los… Eles veem em você muito mais do que você mesmo… Eles veem a esperança de um mundo melhor.

– Lily tem razão. – Sirius disse com um suspiro profundo – As pessoas enxergam você como quem propiciou a elas 14 anos de paz… E eles acreditam que você provavelmente pode fazer isso de novo… E nós apenas gostaríamos que nada disso acontecesse e você pudesse ser um garoto normal e feliz…
Lily acenou enfaticamente em concordância trocando um sorriso triste com Harry.
– Vamos descobrir como fazer isso acontecer. – Tiago afirmou apertando a mão de Lily com carinho.

— Saúde — saudou Moody, quando Harry lhe entregou o copo. O bruxo pôs dentro o olho mágico e empurrou-o com o dedo para cima e para baixo; o olho girou em volta do copo, encarando os bruxos, um a um. — Quero ter uma visibilidade de trezentos e sessenta graus na viagem de volta.
— Como vamos chegar... a esse lugar a que a gente está indo? — perguntou Harry.
— Vassouras — disse Lupin. — É o único jeito. Você é jovem demais para aparatar, eles devem estar vigiando a rede de Flu e vai nos custar mais do que a nossa vida montar uma chave de portal sem autorização.

– Seria bem mais simples se alguém levasse Harry por aparatação acompanhada. – Frank disse pensativo.

– Com certeza. – Tiago concordou franzindo a testa. – Mesmo que estejam indo para algum lugar onde não dê para aparatar, pelo menos poderiam aparatar até um lugar mais próximo…
– Talvez não queiram levar Harry por aparatação acompanhada por algum motivo. – Remo deu de ombros – Mesmo assim, se a distancia for grande demais vai ser bem desconfortável ir de vassoura.
– Pelo menos estão no verão. – Frank disse pensativo – Seria impossível fazer uma viagem longa de vassoura no inverno.

— Remo contou que você é um bom piloto — disse Kingsley Shacklebolt com sua voz ressonante.
— É excelente — confirmou Lupin, consultando o relógio. — Em todo o caso, é melhor você ir fazer a mala, Harry, queremos estar prontos para partir quando recebermos o sinal.
— Vou ajudá-lo — ofereceu-se Tonks, animada.
Ela acompanhou Harry de volta ao hall e subiu a escada, olhando para tudo com muita curiosidade e interesse.
— Que lugar engraçado — comentou. — É um pouco limpo demais, entende o que quero dizer? Um pouco estranho. Ah, agora está melhor — acrescentou quando entraram no quarto de Harry e acenderam a luz.
O quarto do garoto era certamente muito mais desarrumado que o resto da casa. Confinado nele havia quatro dias, de muito mau humor, Harry não se dera o trabalho de arrumá-lo. A maioria dos livros que possuía estava espalhada pelo chão, onde ele tentara se distrair com cada um deles e os jogara para o lado; a gaiola de Edwiges precisava ser limpa, e estava começando a feder; e seu malão estava aberto, deixando à mostra uma mistura confusa de roupas de trouxa e vestes de bruxo que haviam transbordado por todo o chão à volta.

– Você não tem culpa de não estar preparado para partir. – Lily afirmou compreensiva – Ninguém te avisou que estavam indo te buscar…

– Se os dementadores não tivessem aparecido, talvez ninguém aparecesse para buscá-lo tão cedo. – Tiago bufou irritado – Devem ter passado os quatro dias desde o ataque armando o plano.
– E talvez nem fossem buscá-lo se Harry não tivesse que comparecer ao Ministério. – Sirius afirmou frustrado – Apareceriam apenas na véspera da volta a Hogwarts…
– E nem ao menos podemos culpar os Weasley e Sirius. – Tiago disse – Sabemos muito bem que eles provavelmente teriam tirado Harry de lá o mais rápido possível…
– Molly queria levar ele direto para a casa dela depois do que aconteceu… – Lily relembrou – É claro que ela iria querer buscar Harry logo que pudesse.
– Só podemos concluir que ela não recebeu autorização, não é? – Tiago disse entredentes e recebeu acenos de concordância da maioria dos presentes.

Harry começou a recolher os livros e a atirá-los apressadamente no malão.
Tonks parou diante do armário para olhar criticamente a própria imagem no espelho do lado interno da porta.
— Sabe, acho que roxo não é bem a minha cor — comentou, pensativa, puxando uma mecha dos cabelos espetados. — Você não acha que me dá um ar meio doentio?
— Hum — começou Harry, espiando a bruxa por cima do seu livro Os times de Quadribol da Grã-Bretanha e da Irlanda.
— É, dá — concluiu definitivamente Tonks.
Ela apertou os olhos em uma expressão preocupada, como se estivesse tentando se lembrar de alguma coisa. Um segundo depois, seus cabelos tinham mudado para rosa-chiclete.

– Ela é metamorfomaga? – Remo perguntou curioso.

– É sim, – Sirius disse com um meio sorriso – Andrômeda me mandou uma carta quando ela nasceu, disse que Ninfadora começou a mudar a cor do cabelo poucas horas depois de nascer.
– Tão cedo assim? – Alice perguntou espantada.
– Segundo minha mãe, – Sirius disse e deu uma risadinha irônica – muitas gerações atrás uma bruxa da nossa família fugiu para se casar com um trouxa. A mãe dela não gostou nada e amaldiçoou toda a nossa linhagem… Minha mãe disse que desde então, sempre que nosso sangue puro e superior, se mistura com sangue impuro isso acontece. É como se os frutos da traição do sangue mostrassem a todos que são impuros…
– Isso é ridículo! – Lily disse enojada – Isso deve ser uma característica genética!
– Não sei. – Tiago deu de ombros duvidoso – Pelo que sei não existem metamorfomagos de sangue puro… E a maioria das famílias de sangue puro da Grã-Bretanha tem ligações com os Black…
– Mas se fosse assim, Harry seria metamorfomago também. – Lily afirmou categórica.
– Eu não sou um Black. – Tiago disse com simplicidade – E minha mãe, que era uma Black, se casou com um homem de sangue-puro… Mesmo assim, nem todos os meio-sangue descendentes dos Black nascem com essa característica…
– Me parece uma mutação mágica… – Remo disse pensativo – É provável que surja da mistura da magia antiga dos sangue puro com a magia mais recente dos nascidos-trouxa, mas não afeta todos os meio-sangue…
– Mas seria ótimo ser metamorfomago. – Harry murmurou consigo mesmo.

— Como é que você faz isso? — perguntou Harry, boquiaberto, quando ela reabriu os olhos.
— Sou metamorfomaga — respondeu ela, voltando a olhar para o espelho e virando a cabeça para poder ver o cabelo de todos os lados. — O que significa que posso mudar minha aparência à vontade — acrescentou ao ver a expressão intrigada de Harry no espelho às suas costas. — Nasci assim. Recebia as melhores notas em Esconderijos e Disfarces durante o treinamento para auror, sem nem precisar estudar, foi muito legal.
— Você é auror? — perguntou Harry, impressionado.
Ser caçador de bruxos das trevas era a única carreira em que ele pensara seguir quando terminasse Hogwarts.
— Sou — confirmou Tonks, com orgulho. — Kingsley também é, mas é mais graduado que eu. Eu só me formei há um ano. Quase levei bomba em Vigilância e Rastreamento. Sou muito trapalhona, você me ouviu quebrar aquele prato quando chegamos lá embaixo?

– Minha priminha é auror. – Sirius levantou os olhos do livro, impressionado – Imagine que divertido se ela é uma das pessoas responsáveis por me capturar!

– Imagino que as pessoas que acreditam em Harry e sabem que Voldemort realmente voltou saibam que você é inocente. – Tiago disse pensativo – Ou então você continua escondido de todo mundo…
– Espero que as pessoas saibam que sou inocente. – Sirius suspirou – A vida de foragido deve ser bem solitária…

— Pode-se aprender a ser metamorfomago? — perguntou Harry, se erguendo e esquecendo completamente que estava fazendo a mala.
Tonks deu uma risadinha abafada.
— Aposto que você até gostaria de esconder essa cicatriz, às vezes, hein? — Seus olhos focalizaram a cicatriz em forma de raio na testa do garoto.
— Gostaria — murmurou Harry virando as costas. Não gostava de gente olhando para a cicatriz.
— Bom, acho que você vai ter de aprender pelo método difícil. Os metamorfomagos são realmente raros, a gente nasce com o dom, não o adquire. A maioria dos bruxos precisa de uma varinha ou de poções para mudar a aparência. Mas temos de ir andando, Harry, devíamos estar fazendo as malas — acrescentou ela, se sentindo culpada ao verificar a bagunça que havia no chão.
— Ah... é — concordou o garoto, catando mais alguns livros.
— Não seja burro, vai ser muito mais rápido se eu... Fazer malas! — exclamou a bruxa, agitando a varinha com um movimento longo e amplo que abarcou o chão.
Livros, roupas, telescópio e balança, tudo levantou voo e se precipitou rápida e desordenadamente para dentro do malão.
— Não ficou muito arrumado — disse Tonks, se aproximando do malão e espiando a confusão ali dentro. — Minha mãe tem um jeito para fazer as coisas entrarem arrumadinhas – e até consegue que as meias se enrolem sozinhas... mas nunca aprendi como é que ela faz... é uma espécie de sacudida rápida com a varinha. — Ela experimentou esperançosa.

– Andrômeda e Narcisa são ótimas em feitiços domésticos. – Sirius disse com uma risadinha irônica – Supostamente elas nunca precisariam usá-los…

– Você tinha contado que elas aprenderam essas coisas com uma ama. – Lily disse relembrando – E que elas aprenderam apenas para saber mandar…
– Andrômeda resolveu seguir a própria cabeça. – Sirius deu de ombros – Foi ela quem me deu a certeza de que meu nome não me prendia eternamente às ideias dos meus antepassados… Espero que mais algum dos meus parentes mais próximos tenha reconhecido isso. – completou com um suspiro.
– Espero que Harry descubra o que aconteceu com Régulo. – Tiago murmurou para Lily observando Sirius com atenção quando ele voltou a ler.

Uma das meias de Harry começou a se ondular lentamente, mas tornou a se achatar em cima da montoeira existente.
— Ah, deixa pra lá — disse Tonks, fechando a tampa do malão — pelo menos está tudo dentro. Isso aí está pedindo uma limpezinha, também. — Ela apontou para a gaiola de Edwiges. — Limpar. — Penas e titicas desapareceram. — Bom, agora está um pouquinho melhor – nunca peguei o jeito desses feitiços domésticos. Certo... está tudo aí? Caldeirão? Vassoura? Uau! Uma Firebolt?
Os olhos da bruxa se arregalaram ao pousar sobre a vassoura na mão direita de Harry. Era o orgulho e a alegria do garoto, um presente de Sirius, uma vassoura de categoria internacional.
— E eu ainda voo numa Comet 260 — comentou Tonks, com inveja. — Ah, deixa pra lá... a varinha continua no bolso da jeans? As duas nádegas continuam inteiras? O.k., vamos. Locomotor malão.

– Gosto dela. – Tiago disse com uma gargalhada, e ao receber um olhar de reprovação de Lily, completou – Ela parece ser uma pessoa divertida de ter por perto. É engraçada, descontraída…

– O tipo de pessoa que é bom ter por perto em tempos de crise. – Remo concordou enfático.

O malão de Harry ergueu-se alguns centímetros do chão. Segurando a varinha como se fosse a batuta de um maestro, Tonks fez o objeto atravessar o quarto e sair pela porta à frente deles, a gaiola de Edwiges na mão esquerda. Harry desceu a escada atrás da bruxa levando sua vassoura.
De volta à cozinha, Moody recolocara o olho, que girava tão rápido depois de limpo que Harry se sentiu enjoado só de olhar. Kingsley Shacklebolt e Estúrgio Podmore examinavam o microondas e Héstia Jones dava risadas com um descascador de batatas que encontrara ao examinar as gavetas. Lupin estava endereçando uma carta aos Dursley.
— Excelente — exclamou ao ver Tonks e Harry entrarem. — Temos mais ou menos um minuto, acho. Talvez fosse bom irmos para o jardim e aguardarmos prontos. Harry, deixei uma carta avisando aos seus tios para não se preocuparem...
— Eles não vão se preocupar — respondeu Harry.
—... que você não corre perigo...
— Assim eles vão ficar deprimidos.
—... e que você os verá no próximo verão.
— Preciso?
Lupin sorriu, mas não respondeu.

A maioria dos presentes não resistiu às risadas.

– Acho que Petúnia se preocuparia. – Lily disse esperançosa – Sei que ela não demonstra, mas acho que ela se importa… Pelo menos o bastante para te manter em segurança por todos esses anos.

— Venha aqui, garoto — disse Moody com rispidez, acenando com a varinha para Harry se aproximar. — Preciso desiludir você.
— O senhor precisa o quê? — perguntou o garoto, nervoso.
— Feitiço da Desilusão — explicou Moody erguendo a varinha. — Lupin disse que você tem uma Capa da Invisibilidade, mas ela não vai cobri-lo o tempo todo que estiver voando; o feitiço vai disfarçar você melhor. Agora...

– Muito perigoso voar com a capa. – Tiago afirmou enfático – Ela poderia se soltar e sair voando… E se perder…

– Ela é realmente importante para você, não é? – Lily perguntou séria.
– É uma herança de família. – Tiago deu de ombros – Está na minha família há séculos… Segundo meu pai, é a nossa maior riqueza.
Severo revirou os olhos, a capa não poderia estar na família Potter há tanto tempo, capas de invisibilidade não duram tanto assim.

O bruxo deu uma pancada forte no cocuruto de Harry e ele teve a curiosa sensação de que Moody acabara de quebrar um ovo ali; um filete gelado pareceu escorrer pelo seu corpo a partir do ponto em que a varinha batera.
— Bem bom, Olho-Tonto — disse Tonks em tom de admiração, olhando para a cintura de Harry.
O garoto baixou os olhos para seu corpo, ou melhor, para o que fora seu corpo, porque não parecia mais o dele. Não estava invisível; mas simplesmente assumira a cor e a textura exatas do eletrodoméstico às suas costas. Ele parecia ter se transformado em um camaleão humano.
— Vamos — disse Moody, destrancando a porta dos fundos com a varinha.
Todos saíram para o belo gramado do jardim de tio Válter.
— Noite clara — resmungou Moody, seu olho mágico esquadrinhando o céu. — Teria sido melhor se houvesse umas nuvens. Certo, você... — falou o bruxo para Harry com rispidez — vamos voar em formação cerrada. Tonks irá à sua frente, mantenha-se colado à cauda dela. Lupin vai cobrir você por baixo. Eu vou atrás. O resto ficará circulando em volta. Não saiam da formação para nada, entenderam? Se um de nós for morto...

– Morto? – Lily perguntou apertando o braço de Tiago, apavorada.

– Tenho certeza de que ele está apenas sendo excessivamente precavido. – Tiago disse em tom tranquilizador.
– Paranóico. – Sirius murmurou antes de continuar lendo.

— E isso pode acontecer? — perguntou Harry apreensivo, mas Moody não lhe deu atenção.
—... os outros continuarão voando, não parem, não dispersem. Se nos eliminarem e você sobreviver, Harry, há uma guarda recuada de prontidão para assumir, continue a voar para oeste e ela irá se reunir a você.

– Eles tem outra guarda a postos! – Lily disse ansiosa – Deve haver algum perigo no caminho que eles não estão contando…

– Não se preocupe. – Tiago disse apertando a mão de Lily com carinho – Moody é assim mesmo, ele sempre tem um plano reserva. Ele está sempre preparado.
– Paranóico. – Sirius murmurou novamente fazendo Gina e Remo rirem.

— Pare de ser tão animador, Olho-Tonto, ele vai pensar que não estamos levando isto a sério — disse Tonks, enquanto prendia o malão de Harry e a gaiola de Edwiges aos arreios que trazia pendurados à vassoura.

Remo deu uma meia risada.


— Estou só contando ao garoto qual é o plano — rosnou Moody. — Nossa missão é entregá-lo ileso na sede, e se morrermos na tentativa...
— Ninguém vai morrer — disse Kingsley Shacklebolt com sua voz grave e calmante.
— Montem as vassouras, esse é o primeiro sinal! — comandou Lupin, apontando para o céu.
No alto, a uma grande distância, uma chuva de faíscas vermelhas brilhara entre as estrelas. Harry identificou-as imediatamente como faíscas produzidas por uma varinha. Passou a perna direita por cima da Firebolt, segurou com firmeza a empunhadura e sentiu-a vibrar muito de leve, como se estivesse tão ansiosa quanto ele para ganhar novamente os ares.
— Segundo sinal, vamos! — disse Lupin em voz alta ao ver mais faíscas, desta vez verdes, explodirem lá no alto.

– Vai dar tudo certo, não é? – Lily murmurou segurando a mão de Tiago ansiosa.

– Moody é o melhor. – Tiago respondeu categórico – E tenho certeza de que Remo não permitiria que nada de ruim acontecesse com Harry…

Harry deu um forte impulso. O ar fresco da noite passava veloz por seus cabelos enquanto os jardins cuidados da Rua dos Alfeneiros iam ficando para trás, reduzidos a uma colcha de retalhos verde-escuros e pretos, e todos os pensamentos sobre a audiência no Ministério desapareceram de sua mente como se uma lufada de vento os tivesse varrido dali. Ele teve a sensação de que seu coração ia explodir de prazer; estava voando outra vez, voando para longe da Rua dos Alfeneiros, como passara imaginando o verão inteiro, estava voltando para casa... por uns poucos e gloriosos minutos, todos os seus problemas pareceram ir recuando até desaparecer, insignificantes no vasto céu estrelado.

Tiago sorriu para Harry com carinho. Ele se sentia exatamente da mesma forma quando voava, livre de preocupações.


— Tudo à esquerda, tudo à esquerda, tem um trouxa olhando para o céu! — gritou Moody às costas de Harry. Tonks deu uma guinada e o garoto a acompanhou, observando o malão balançar violentamente sob a vassoura da bruxa. — Precisamos ganhar mais altura... subam mais quatrocentos metros!
Com o frio e a velocidade da subida, os olhos de Harry se encheram de água; ele não conseguia ver nada no solo, exceto os minúsculos pontinhos de luz que eram os faróis dos carros e os lampiões. Duas luzinhas talvez pertencessem ao carro do tio Válter... neste momento, os Dursley estariam voltando para a casa vazia, enfurecidos por causa do concurso inexistente... e Harry soltou uma gargalhada só de pensar na cena, embora sua voz fosse abafada pela agitação das vestes dos bruxos, o rangido das correias que prendiam o malão e a gaiola, e o ruído do vento ao passar em grande velocidade por seus ouvidos. Ele não se sentia vivo assim fazia um mês, nem tão feliz.
— Rumar para o sul! — gritou Olho-Tonto. — Cidade à frente!
Eles viraram para a direita a fim de evitar sobrevoar a cintilante teia de luzes lá embaixo.
— Rumar para sudeste e continuar subindo, há umas nuvens baixas à frente que podem nos esconder! — gritou Moody.

– Mas vão ficar encharcados se entrarem no meio das nuvens! – Alice exclamou espantada.

– Moody é paranóico! – Remo afirmou categórico – Ele exagera!
– Eu já disse. – Tiago bufou – Ele é apenas precavido… Talvez um pouco excessivamente precavido…

— Não vamos entrar em nuvens! — gritou Tonks zangada. — Vamos nos encharcar, Olho-Tonto!
Harry ficou aliviado de ouvi-la reclamar; suas mãos estavam ficando dormentes na empunhadura da vassoura. Desejou ter se lembrado de vestir um casaco; estava começando a tremer de frio.
Eles alteravam o curso a intervalos, segundo as instruções de Olho-Tonto. Harry conservava os olhos semicerrados para se proteger do vento gelado que começava a fazer suas orelhas arderem; só se lembrava de sentir tanto frio assim montando uma vassoura uma vez, na vida, durante uma partida de Quadribol contra Lufa-Lufa, no terceiro ano de escola, que se realizara debaixo de um temporal. A guarda voava ao redor dele, continuamente, como gigantescas aves de rapina. Harry perdeu a noção de tempo. Ficou imaginando quantos minutos fazia que estavam voando, parecia no mínimo uma hora.
— Dobrar para sudeste! — berrou Moody. — Queremos evitar a estrada!
Harry agora estava tão congelado que pensou, saudoso, no aconchego seco do interior dos carros que passavam lá embaixo, depois, ainda mais saudoso, numa viagem de Flu; talvez fosse desconfortável ficar rodopiando por lareiras, mas pelo menos nas chamas era quentinho... Kingsley rodeou-o em um mergulho, a careca e o brinco reluzindo ao luar... agora Emmeline Vance apareceu à sua direita, a varinha na mão, a cabeça virando para a esquerda e a direita... depois ela também mergulhou por cima dele e foi substituída por Estúrgio Podmore...

– Eles estão realmente se esforçando, não é? – Lily murmurou com um meio sorriso – São pessoas boas se estão enfrentando tudo isso para cuidar de Harry.

– Espero poder conhecê-los. – Tiago suspirou – Não para agradecer… Pois não faria sentido, mas pelo menos eu saberia que eles são pessoas boas e confiáveis.

— Devíamos retroceder um pouco, para nos certificar de que não estamos sendo seguidos! — gritou Moody.
— VOCÊ FICOU DOIDO, OLHO-TONTO? — berrou Tonks à frente. — Estamos congelados nas vassouras! Se continuarmos a nos desviar da rota, só vamos chegar na semana que vem! Além do mais, já estamos quase chegando!

– Você tem razão, Tiago. – Sirius disse, levantando os olhos do livro com um sorriso – Gosto dela! Ela tem atitude!


— Hora de iniciar a descida! — ouviu-se a voz de Lupin. — Siga Tonks, Harry!
O garoto seguiu a bruxa em um mergulho. Estavam rumando para a maior coleção de luzes que ele já vira, uma vasta massa irregular que se entrecruzava, onde brilhavam linhas e redes entremeadas por espaços muito negros.

– Londres? – Frank perguntou duvidoso – A maior coleção de luzes, tem que ser Londres…

– Talvez. – Remo disse pensativo – Mas não sabemos nem ao menos para que direção eles foram… Tudo o que sabemos é que passamos mais ou menos uma hora voando, e que pelo visto poderiam ter chegado mais cedo se Moody não tivesse feito desvios…

Continuaram voando cada vez mais baixo, até Harry poder distinguir os faróis de cada carro, os lampiões, as chaminés e as antenas de televisão. Ele queria muito chegar ao chão, embora tivesse certeza de que alguém precisaria descongelá-lo da vassoura.
— Aqui vamos nós! — avisou Tonks, e alguns segundos depois ela pousou.
Harry tocou o solo logo em seguida e desmontou em um trecho de grama alta, no centro de uma pequena praça. Tonks já estava desafivelando o malão.
Tiritando de frio, o garoto olhou para os lados. Ao seu redor, as fachadas das casas cobertas de fuligem não pareciam convidativas; algumas tinham janelas quebradas que refletiam opacamente a luz dos lampiões, a pintura estava descascando em muitas das portas e havia montes de lixo na entrada das casas.

– Que lugar desagradável. – Alice disse franzindo o nariz.

– Deve ser um bom lugar para um esconderijo. – Sirius deu de ombros – Ninguém gosta de procurar pessoas em lugares desagradáveis…

— Onde estamos? — perguntou Harry, mas Lupin disse baixinho:
— Em um instante.
Moody vasculhava sua capa, as mãos recurvadas insensíveis de frio.
— Achei — murmurou, erguendo bem no alto um objeto que parecia um isqueiro de prata e acionando-o.
A luz do lampião mais próximo apagou; ele não parou de acionar o isqueiro até todas as lâmpadas da praça estarem apagadas, restando apenas a luz de uma janela, protegida por cortinas, e a lua crescente no céu.
— Pedi-o emprestado a Dumbledore — grunhiu Moody, embolsando o desiluminador. — Isto cuidará de qualquer trouxa que esteja espiando pela janela, entende? Agora vamos logo.
Ele tomou Harry pelo braço e o conduziu para longe do gramado, atravessou a rua e subiu a calçada; Lupin e Tonks o seguiram, carregando o malão do garoto, o restante da guarda, empunhava suas varinhas, flanqueando os quatro.
De uma janela do primeiro andar próxima, vinha um som abafado de música.
Um cheiro acre de lixo podre desprendia-se de uma pilha de sacas estufadas de lixo logo à entrada do portão quebrado.

– Realmente desagradável. – Lily murmurou enojada.


— Tome — murmurou Moody, empurrando um pedaço de pergaminho em direção à mão desiludida de Harry, e aproximou sua varinha acesa para iluminar o que estava escrito. — Leia depressa e decore.
Harry olhou para o pedaço de pergaminho. A caligrafia fina lhe era vagamente familiar. Ele leu:
A sede da Ordem da Fênix encontra-se no largo Grimmauld, número doze, Londres.

– Não! – Sirius disse jogando o livro nos braços de Gina – Não! – Repetiu socando a mesinha de centro com raiva – Não é possível!

– O que foi? – Lily perguntou assustada com a mudança repentina de humor de Sirius.
– O endereço… – Tiago murmurou preocupado – É o endereço da casa dos pais dele… A mui antiga e nobre casa dos Black… Provavelmente o lugar que Sirius mais odeia no mundo.
– Se a sede dessa Ordem da Fênix é na casa dos meus pais… – Sirius disse entredentes – Meus pais não estão mais por perto… Nem Régulo… É a única maneira de eu ser o dono da casa dos Black… E é a única maneira dessa Ordem ser sediada na casa…
– Isso é horrível! – Remo disse nervoso – Você odeia esse lugar! Se essa casa é a sede da Ordem… Então você tem que estar lá…
– Eu jurei que nunca mais voltaria para aquele lugar! – Sirius rosnou e depois de alguns segundos seu rosto se contorceu com tristeza – Meus pais estão mortos. E Régulo deve estar morto ou preso…
– Não sabemos disso com certeza. – Tiago mordeu os lábios nervoso – Seus pais podem nunca ter te deserdado de verdade…
– Tenho certeza de que eles me deserdaram. – Sirius respondeu soturno – A única forma de eu ser o dono da casa dos Black, é se eu for o último herdeiro homem da família Black… A magia da casa garante que ela sempre tenha um dono, de preferência um dono que tenha o nome Black…
– Mas a casa é nesse lugar? – Alice perguntou com o nariz franzido.
– Costumava ser um bom bairro. – Sirius deu de ombros – Ao longo dos anos desde que os Black se estabeleceram lá as pessoas da região foram ficando cada vez mais pobres… Deve ter piorado ainda mais depois de tantos anos…
– É melhor deixar a Gina ler para sabermos como exatamente a sede dessa Ordem da Fênix foi parar na casa dos Black. – Tiago disse observando Sirius com preocupação.
Gina levantou o livro que ainda estava em seu colo, abriu no capítulo seguinte e leu:
– Capítulo IV – Largo Grimmauld, número doze.


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Hey leitores mais queridos do FeB! Eu não tenho tido tempo para escrever, mas como sempre deixo vários capítulos a frente prontos, isso não será um problema para vocês e não prevejo atrasos nos capítulos. Minha avó está doente e eu estou acompanhando ela em consultas, exames e fisioterapia, mas ainda tenho alguns dias só para mim e vou tentar escrever mais nesses dias. Logo devo conseguir voltar ao ritmo normal. Sei que vocês vão ser compreensivos e pacientes comigo, por isso, desde já, obrigada!

- Luane Sa Barreto Silva: Compreendo bem a sensação de amar e odiar OdF ao mesmo tempo, eu sinto o mesmo, amo o desenvolvimento dos personagens, mas tenho raiva de várias partes, como a audiência no ministério e a morte do Sirius... Eu não acho que os sentimentos da Petúnia em relação ao Harry sejam falsos quando ela é um pouco mais legal com ele. Acho que ela sempre amou muito a irmã, pelo que vemos nas memórias do Snape, mas ficou muito ressentida quando Lily foi para Hogwarts e deixou ela sozinha... Acho que ela gosta do Harry em partes, mas não consegue lidar com o fato dele ser um bruxo... Além disso, acho que ela trata Harry mal várias vezes apenas para Válter não se meter, porque acho que ele seria muito pior do que ela, e sinto que se ela não tratasse Harry mal, Válter mandaria Harry embora de casa, onde ela sabe que Harry está protegido de acordo com a carta que Dumbledore deixou para eles no dia em que Harry chegou à casa deles. É muito complicado para ela lidar com tudo isso, mas ela deve ter cuidado bem o bastante de Harry quando ele era um bebê, ou Harry não teria sobrevivido, bebês da idade que Harry tinha quando chegou na casa dos Dursley não tem capacidade de se cuidar, ela precisa ter feito uma série de coisas por ele para garantir que ele fosse saudável o bastante para chegar aos onze anos...
- MatheusMD: Espero que goste!
- Cah Silva: Se você comenta antes de eu postar o próximo, não considero que tenha demorado... Eu sempre fico feliz em saber que algo que eu faço por prazer faz outras pessoas verem coisas que nunca haviam reparado, ou aprenderem coisas novas. É realmente difícil conciliar minha vida com a escrita as vezes, mas é uma coisa que gosto tanto de fazer, que sei que não poderia viver sem! Dumbledore é um assunto muito complicado para mim, eu entendo várias das coisas que ele fez, apesar de não concordar, para mim ele devia ter contato para Harry sobre a profecia logo depois do retorno de Voldemort, e ele devia ter avisado a Harry que Voldemort poderia usar a ligação entre eles para mostrar coisas ao Harry, já que sabemos que ele temia que Voldemort usasse a ligação de qualquer maneira. Por outro lado, eu acho que ele falou das horcruxes no momento certo, ele estava tentando lidar com as horcruxes sozinho, já que é uma magia negra demais para ser divulgada... Apesar dos marotos gostarem de fazer suas brincadeiras, eles sempre souberam levar a sério as coisas certas, como a licantropia do Remo, por exemplo, e acho que isso mostra que eles são muito mais maduros do que as pessoas pensam. E eu sempre fico feliz que vocês estejam começando a gostar mais da Alice, afinal, ela é apenas uma pessoa normal, que só está descobrindo agora as partes podres do mundo, ela apenas acreditava em tudo o que ouvia do governo e da emprensa, como várias pessoas no mundo deles, e no nosso. Segundo uma entrevista da JK, Duda viu a ele mesmo, como ele realmente era, quando encontrou os dementadores, com isso, eu acredito que ele se viu de fora, viu como o modo como ele tratava as pessoas era cruel e desnecessário e como as atitudes dele machucavam as pessoas ao redor dele... Ás vezes, as pessoas tem uma imagem de si mesmas completamente diferente da realidade, Duda era uma dessas pessoas, até esse encontro com os dementadores. Os livros não expõe muito a política e legislação bruxa, mas eu estou me baseando no parlamento inglês e algumas leis que são iguais em boa parte do mundo ocidental. Também usei muito o pouco que a JK divulgou sobre o ministério e a Suprema Corte dos Bruxos. Como eu fiz direito, tenho mais facilidade com essas coisas, então não sei exatamente o que você gostaria de saber nesse sentido, mas se quiser pode me procurar no facebook e perguntar o que quiser (e isso vale para qualquer coisa, é claro). Eu tenho muitos sentimentos em relação ao relacionamento da Petúnia com Harry, acho que ela sempre amou muito a irmã, pelo que vemos nas memórias do Snape, mas ficou muito ressentida quando Lily foi para Hogwarts e deixou ela sozinha... Acho que ela gosta do Harry em partes, mas não consegue lidar com o fato dele ser um bruxo... Além disso, acho que ela trata Harry mal várias vezes apenas para Válter não se meter, porque acho que ele seria muito pior do que ela, e sinto que se ela não tratasse Harry mal, Válter mandaria Harry embora de casa, onde ela sabe que Harry está protegido de acordo com a carta que Dumbledore deixou para eles no dia em que Harry chegou à casa deles. É muito complicado para ela lidar com tudo isso, mas ela deve ter cuidado bem o bastante de Harry quando ele era um bebê, ou Harry não teria sobrevivido, bebês da idade que Harry tinha quando chegou na casa dos Dursley não tem capacidade de se cuidar, ela precisa ter feito uma série de coisas por ele para garantir que ele fosse saudável o bastante para chegar aos onze anos... Eu não tenho tido tempo para fazer jogos por causa da minha avó e tudo mais, mas eu gosto muito de fazer os jogos, e fico triste porque as pessoas tem problemas com meu jogo favorito... E vendo o tamanho da minha resposta para você, tenho que te avisar que seu comentário não era sem conteúdo de maneira alguma!
- MionGinnyLuna: Não se preocupe, sei muito bem que as vezes o FeB da problema! E também sei que você está comigo desde o inicio, e fico muito feliz por isso! Na verdade eu gosto muito do capítulo anterior, eu acho interessante ver o muro que existia entre a vida trouxa e a vida bruxa do Harry caindo, os Dursley querendo saber coisas sobre o mundo magico e tudo mais, e também acho interessante o fato do muro nunca ter sido propriamente reerguido, nos anos seguintes Harry recebeu Dumbledore em casa e mandou os Dursley se esconderem com bruxos para a proteção deles, foi um passo que eles precisavam dar e gostei da maneira como esse passo foi dado. Eu sei bem como você se sente em relação a como o Harry é tratado, eu sempre fico triste quando percebo que o Harry se recusa a pedir ajuda justamente porque ele nunca podia pedir ajuda durante a infância. Ele tem várias dificuldades no modo como ele se relaciona com as pessoas por causa da forma como os Dursley o tratavam em seus anos de formação. Quanto ao modo como parece que a culpa é sempre do Harry, eu concordo absolutamente com você, inclusive uso muito o privilégio do Tiago e do Sirius para ilustrar a diferença entre eles. As pessoas estão sempre falando que o Tiago e o Sirius adivinham demais e etc, mas não parecem entender que isso é justamente porque os dois sabem coisas que o Harry não sabia, e coisas que o Harry nunca soube! Eles foram criados no mundo bruxo, mas ao contrário de Rony, foram criados com privilégios financeiros e etc, é claro que eles saberiam muito mais sobre o mundo bruxo do que o trio poderia saber! E eu entendo completamente você ser protetora, eu também sou. E sim, acho que esse foi seu maior comentário! E eu tenho que dizer que adorei e dei uma resposta proporcional!
- Juhh Potter Malfoy: Nem gosto de pensar nos spoilers da peça que li, só de pensar neles já fico desanimada e chateada, não sei como a JK pode fazer isso! Eu sinceramente queria saber um pouco sobre o futuro do Harry, como o que ele fez depois da guerra e com o que ele trabalhou e etc, mas definitivamente não queria esse tipo de história, que parece mais uma fanfic mal escrita pelo que eu li dos spoilers, é claro que algumas pessoas estão falando que a sensação de assistir a peça ao vivo é diferente de ler e tudo mais, mas tem coisas que eu não consigo engolir de jeito nenhum (mas mesmo assim vou ler quando sair o livro, porque sou masoquista, e porque eu não poderia deixar de ler)... Mas eu concordo com você, sempre quis saber muito mais sobre os marotos, a relação de Dumbledore com Grindelwald, os fundadores e a primeira guerra bruxa, se fosse para escolher um tema para a JK escrever definitivamente escolheria os marotos, apesar de várias coisas do fandom já estarem completamente registradas como verdadeiras na minha cabeça. Eu tenho muito medo de qualquer coisa que ela escreve para ser sincera, porque ela demorou tanto para divulgar mais informações e passou tanto tempo afirmando que não sairiam novos livros, que o fandom acabou preenchendo todas as lacunas que ela deixou. A minha história realmente começa em MLHP PF, durante os livros eles revelam aos poucos coisas sobre como decidiram voltar no tempo, como decidiram quem deveria ler os livros, e como os livros surgiram na vida deles, acho mais interessante colocar essas informações no meio da história do que começar em outro ponto.
- Izabella Bella Black: Eu acho que Petúnia enfrentando Válter para proteger o Harry mostra muito sobre ela. Acho de verdade que ela se importa com Harry de uma certa maneira, se não, Harry não teria durado o tempo que durou na casa dos Dursley, cuidar de uma criança pequena da trabalho, muito mais do que as pessoas pensam, e Harry não teria sobrevivido se ela não se importasse. Além disso, acho que ela amava muito Lily, e apesar de tudo um pouco desse amor ficou, mesmo escondido por toda a magoa e ressentimento. Sirius realmente é impulsivo, e o fato dele ter ido para Azkaban quando era muito novo, não permitiu que ele amadurecesse muito, de todos os personagens, acho que o Sirius é um dos que teve a vida mais difícil, ele teve pouquíssimos momentos de felicidade verdadeira na vida, acho que só os anos que passou em Hogwarts com os marotos... A questão do que Duda viu quando encontrou os dementadores é um pouco mais complexa. Eu entendo exatamente o que JK quis dizer quando disse que ele se viu como era. Ele pode ter aprendido a ser daquele jeito, mas quando encontrou os dementadores ele se viu de fora, ele viu como ele era aos olhos de outras pessoas e como ele causava a outros dor e sofrimento. É uma imagem muito forte para a maioria das pessoas se ver como realmente é, especialmente quando a pessoa age de maneira errada. Para mim Dumbledore devia ter contado a verdade para Harry assim que Voldemort voltou. Mas eu concordo com ele ter deixado algumas informações de lado, as Horcruxes eram um assunto sombrio demais para o Harry aprender naquele momento, e além disso eu tenho a impressão de que Dumbledore pretendia acabar com o máximo de horcruxes possível sem ter que envolver Harry naquilo, horcruxes são objetos malignos demais, como pudemos ver quando o trio estava com o medalhão, e não acho que Harry precisasse daquela pressão na vida dele naquele momento de luto. Na verdade não encontrei muito sobre o sistema político bruxo, só as coisa que a JK postou sobre os ministros da magia no Pottermore, mas eu usei aquilo junto com as bases do parlamento inglês e algumas leis que são iguais em vários países ocidentais para criar uma base política e legal para a fic, já que era um aspecto que eu queria explorar um pouco mais do que os livros exploram. E já que eu fiz direito, tenho alguma facilidade com isso. Muita coisa mudaria se Petúnia fosse uma bruxa! Pense bem, ela só ficou com ressentida da irmã porque a irmã era bruxa e ela não, ela queria ir a Hogwarts com Lily e elas se distanciaram por isso! Se ela fosse bruxa, ela teria amado e valorizado Harry, pois Petúnia nunca teria odiado Lily para começo de conversa. Acho que apesar de toda a desconfiança de Tiago em relação ao ministério, ele não chegaria a pensar que alguém do ministério realmente mandaria dementadores atrás de Harry. O "lembre-se da última" é em relação à última carta que Petúnia recebeu de Dumbledore que dizia a ela que Harry só estava protegido enquanto vivesse sob o teto dela.
- Dâmaris Granger: OdF também é meu favorito empatado com PdA. Eu gosto muito de como os personagens se desenvolvem nesse livro, especialmente o relacionamento do trio que parece ficar ainda mais forte. Um dos momentos que eu mais tenho raiva do Snape ao longo dos livros é quando ele provoca Sirius em OdF! E por motivos semelhantes, eu acabo ficando com raiva de Molly nesse livro também, eu adoro ela, acho ela uma mãe incrível, mas o modo como ela trata Sirius em alguns momentos me da muita raiva! Eu estou muito ansiosa para escrever sobre a AD também, acho que os marotos vão ficar muito orgulhosos por Harry estar enfrentando o sistema para se proteger e ajudar a proteger os outros. E acho que os marotos vão adorar a Minerva na orientação vocacional. Eu já escrevi a morte do Sirius, e sempre que penso nisso me da um pouco de dor no coração, espero conseguir transmitir para vocês tudo o que eu senti escrevendo.
- Stehcec: Oh Stezinha, você me conhece tão bem! Até adivinhou que eu não postaria ontem! Nunca entendi porque Dumbledore pensou que Mundungo seria confiável o bastante para essa tarefa, e tenho certeza de que eles tinham uma porção de voluntários melhores! Eu tenho quase certeza de que alguns dos gatos da Figg são como o bichento, é o que faz mais sentido se for considerar que ela nasceu no mundo bruxo e tudo mais. Eu entendo que você queira que Harry defenda o Dumbledore um pouco mais, mas é uma situação complicada, ele não pode revelar nada, e por isso a defesa dele não faria muito sentido, e além disso sinto que apesar de ter perdoado Dumbledore a ponto de colocar o nome dele no filho, Harry ainda ressente Dumbledore por várias coisas do passado dele, ainda mais nesse ponto da história. O Harry da sala acabou de sair da guerra, e ainda não compreendeu tudo o que aconteceu, não teve tempo de pensar em tudo e perdoar Dumbledore. Como o traço apenas registra magia feita ao redor do bruxo menor de idade, ter o Mundungo por perto inocentaria completamente o Harry, mesmo que ele tivesse realmente feito magia fora da escola, então talvez essa fosse a ideia geral de Dumbledore, manter um bruxo adulto sempre por perto para poder levar a culpa por qualquer magia de Harry. E esse plano realmente faz bastante sentido, já que Voldemort em si não pode alcançar Harry na casa dos Dursley. Para mim Dumbledore tinha que ter contado a Harry sobre a profecia assim que Voldemort voltou, e devia ter prevenido Harry sobre a possibilidade de Voldemort querer usar a mente de Harry também. Até entendo porque ele não queria contar a Harry sobre essa possibilidade, mas mesmo assim Harry tinha o direito de saber que Voldemort podia invadir a cabeça dele. Eu entendo que existissem razões para Dumbledore deixar Harry com os Dursley, especialmente a proteção do sangue, mas ainda acho que ele poderia ter arranjado um outro jeito de protegê-lo sem deixar o Harry em um ambiente tão prejudicial ao desenvolvimento dele. Pelo que lemos nos livros Harry devia estar subnutrido quando chegou a Hogwarts pela primeira vez, isso sem falar em todos os malefícios psicológicos de viver sendo ameaçado e escurraçado pelos Dursley o tempo todo. Dumbledore poderia ter colocado Harry em uma casa sob o fidelius com pessoas da Ordem que estariam sob instrução de não falar para Harry tudo sobre o passado de seus pais. Ou ele poderia ter feito uma dezena de outras coisas, como por exemplo cuidar para que Harry fosse melhor tratado pelos Dursley! Ele poderia até adulterar a memória deles para eles esquecerem que odeiam bruxos! Ele poderia ter feito qualquer coisa, menos deixar Harry em um ambiente em que ele foi tão maltratado que ele tinha certeza de que ninguém se importaria se ele morresse. Você não tem ideia de como Harry poderia ter acabado depressivo e até mesmo suicída por causa da maneira como foi criado.


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Comentários (11)

  • V.Mars

    Oii, é meu primeiro comentário nas suas fics, bem, eu ja acompanho a quase 1 ano, mas nunca comentei, sou mais do tipo leitora msm... Bom, eu não podia deixar de comentar esse capitulo, pois eu estava muito ansiosa por ele, e existem vários motivos. *A Ordem da fênix é meu livro favorito da saga, eu ja estava querendo ler desde que eu descobri sua fic e comecei a ler a MLHP PF. * A minha personagem favorita tem a primeira aparição dela nesse capitulo, Tonks, meu vc não tem noção da vontade de me deu de chorar qnd eu li isso -> "– O tipo de pessoa que é bom ter por perto em tempos de crise. – Remo concordou enfático." *Esse livro é o momento em que o Harry e outra personagem (Ginny) que eu amo demais mostram sua verdadeira personalidade. Eu simplesmente adorei, agr eu não vejo a hora de ver qual vai ser a reação deles ao conhecerem a Luna e qual vai ser a reação deles de lerem sobre a reação do Harry a morte do Sirius. Meu deus que rolo, mas acho que deu pra entender haha.. PS: adorei o capitulo, vou fazer uma forcinha pra comentar mais e espero que sua Avó melhore o mais rápido possível. ;*

    2016-06-27
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