capitulo único
EM PRETO E BRANCO
"Na transparência do branco
Ou na obscuriedade do preto
Sei que esquecerei sutilmente
A fúnebre dor de cada momento." Cecília Loureiro
Atirei um pedaço de lanche para Uísque e bufei. A luz de fora atravessava a janela e a cortina numa tentativa completamente inútil de me fazer dormir. Frustrado e inquieto comecei a andar de um lado para o outro, levantando as mãos á cabeça diante do olhar penetrante de Uísque. Estava louco, completamente louco.
Ás vezes sentia que o cachorro me compreendia que podia me enxergar. Mas na verdade nessa hora eu não queria que ele lesse meus pensamentos, não gostava do que se passava na minha cabeça naquele momento e ele também não gostaria.
Imagino que ninguém goste de saber que seu companheiro de quarto é um depravado sexual.
Eu, Antonio Carlos acabara de confirmar isso essa tarde.
Tudo começou tolamente no feriado de natal que resolvi passar em Cambará, São Paulo. A cidadezinha do interior onde eu nasci ainda tinha sua população de assustadores trezentos habitantes, mas a capital parecia, em uma proporção sufocante, grande demais.
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