Capítulo 33



33. Capítulo 33


 


 


Draco Malfoy


 


 


Esperava uma resposta de Harry Potter após ter feito sua delicada proposta sentados naquela mesa desconfortável e pequena naquele café de beira de estrada decadente e vazio. O homem, por sua vez, mantinha-se em silêncio o encarando com aquela tensão no olhar cheia de dúvidas. Potter havia desistido de dar total atenção a Hermione quando ela começara a ignorá-lo completamente.


 


-       Mais café? – perguntou o único atendente aproximando-se da mesa em que estavam carregando um recipiente com café.


 


-       Não. – Draco respondeu sem tirar os olhos de Potter a sua frente.


 


-       Não. – Potter respondeu em seguida fazendo o mesmo.


 


O silêncio.


 


-       Moça? – o homem queria uma resposta de Hermione.


 


Ela engoliu a saliva como se fosse uma navalha descendo por sua garganta. Não queria fazer sua voz soar, Draco sabia porque mesmo não a olhando e mesmo não a tocando, conseguia sentir a tensão dos músculos dela ao seu lado.


 


-       Não. – respondeu com uma voz arranhada.


 


Ela havia empurrado Potter não muito tempo depois que havia sido beijada exclamando que aquilo era errado, que não podia fazer aquilo e que sentia muito. Potter entrou rapidamente num estado de sofrimento patético exigindo por justificativas que Hermione não deu. Foi quando Draco se sentiu idiota por não estar reagindo para ter o controle daquela situação.


 


Sabia que tentar gritar por atenção seria inútil e sabia que a única pessoa capaz de colocar Potter para escutá-lo, seria Hermione. Portanto precisou pronunciar o nome dela apenas uma vez para que ela, mesmo sem trocar qualquer olhar com ele, entendesse que precisava controlar a situação para ele. Ela já parecia estar a beira de um colapso ao ser bombardeada pelas perguntas de Potter, mas mesmo assim, respirou fundo fechando os olhos e depois encarou o homem de uma maneira que o fez calar a boca logo após alguns segundos. Séria e calada.


 


Hermione apenas disse que deveriam entrar e serem rápidos. Ali Draco viu que ela ainda não entendia o propósito de ter sido arrastada até ali, mas mesmo assim escolhia atendê-lo. Ele seguiu de volta para o café não querendo encarar a troca de olhares de Potter e Hermione. Ela logo o seguiu e Potter foi obrigado a fazer o mesmo tentando novamente soltar duas dúvidas para Hermione, que se manteve calada, fazendo-o se calar muito antes de entrarem novamente no recinto.


 


Foi aí então que Potter começou a analisá-la atentamente com um olhar julgador e silencioso. O que preocupou Draco. Mas Hermione não demorou a notar que estava sendo minuciosamente observada. O que a fizera escorregar o anel de casamento para fora de seu anelar muito imperceptivelmente enquanto puxava a saia para se sentar na cadeira que Draco havia afastado para ela. Talvez Potter não tivesse notado o ato porque ficara ocupado demais julgando o fato de Draco ter afastado a cadeira para ela como se essa fosse mais uma das milhares de vezes que estivesse fazendo isso e dela ter sentado numa postura digna dos aplausos de Narcisa Malfoy.


 


Hermione escondeu o anel no bolso mais baixo de seu sobretudo antes de demonstrar estar desconfortável com o fato de estar sendo julgada pelo olhar de Harry Potter. Ela parecia não saber como era não sentar da forma como estava sentada e de alguma forma aquilo a colocou num estado de batalha interna poderia comprometer a pouca concentração que procurava manter.


 


Foi quando Draco apressou-se para chamar a atenção para si iniciando logo a exposição de sua proposta. Não demorou para ter a atenção de Potter como esperava. Agora que havia acabado tudo que precisava colocar sobre a mesa, esperava por uma reação do Homem, mas ele mantinha-se calado.


 


-       Não temos a noite toda, Potter. – insistiu.


 


Harry Potter pulou os olhos para Hermione que mantinha os seus sobre o café em sua xícara. Ele apertou os olhos para ela, como se estivesse começando a ter raiva da reação que ela estava tendo e depois voltou a fitar Draco.


 


-       Hermione vai entregar a segurança da Ordem, vocês vão atacar e quer que eu fuja? – revisou ele.


 


-       Sim. – foi tudo que Draco respondeu.


 


-       E o que aconteceria com o restante da Ordem?


 


-       Cada um por si, Potter. Eu não me importo com o restante deles. Nenhum deles pode matar Voldemort. Você é quem carrega a profecia.


 


-       Quer que eu abandone a Ordem e me salve sozinho?


 


-       Preciso apenas que se salve, pode levar quem quiser com você contanto que não deixe ninguém te capturar nem se arrisque estupidamente. A Ordem precisa cair ou ao menos aparentar cair. Só assim posso trabalhar melhor em enfraquecer o sistema de Voldemort com o fim da guerra e a queda da Ordem decretaria o fim da guerra.


 


-       Está dizendo que está do nosso lado agora? – ele franziu o cenho.


 


-       Não estou do seu lado, Potter. Estou do meu lado. Até onde eu saiba eu quem estou usando você.


 


Ele pulou os olhos novamente dele para Hermione um tanto quanto indignado com a pouca reação dela.


 


-       Em que mundo pesou que eu iria concordar com isso?


 


-       No mundo em que você entende que eu desejo derrubar Lorde Voldemort tanto quanto você.


 


-       Como eu poderia acreditar nisso? Você se uniu a Voldemort quando ele nem mesmo havia retornado! Você comanda o exército dele! Você destruiu e matou muitos daqueles que tentaram derrubá-lo!


 


-       Tenho meus próprios motivos para querer a queda de Voldemort.


 


-       É assim que espera me convencer?


 


-       Eu não espero convencer, ninguém. Você não tem muita escolha. Hermione vai entregar a segurança da Ordem e nós vamos atacar. Você irá ter duas escolhas: fugir e continuar com sua vida ou ser capturado e morto por Voldemort assim que chegar a fortaleza dele.


 


Ele engoliu a saliva como se a ideia de ser morto por Voldemort fosse um veneno amargo em sua garganta.


 


-       Hermione jamais entregaria a segurança da Ordem.


 


-       Hermione já decodificou a primeira etapa para o exército. – mentiu.


 


Potter colou seus olhos em Hermione.


 


-       Por que? Eu sei que você é forte! Por que não está lutando contra ele?


 


Hermione puxou o ar calmamente embora o modo como usava o dedo para esfregar o lugar vazio em que o anel da família Malfoy estivera antes mostrasse o quanto aquilo estava sendo difícil para ela.


 


-       Draco não é um inimigo, Harry. O modo como ele tem lutado contra Voldemort é mais eficiente do que todas as batalhas que travamos com a Ordem. – ela disse, mas não encarou Harry.


 


Potter não se mostrou convencido.


 


-       Ele a obrigou a dizer isso. – disse confiante.


 


Ela puxou o ar mais uma vez e ergueu finalmente os olhos para ele.


 


-       Não. – sua voz saiu pacífica e suave. - Ele não me obrigou a dizer nada, acredite.


 


O silêncio que se seguiu exibiu um homem extremamente confuso a sua frente.


 


-       Mas... – ele definitivamente não a entendia. – Mas e o véu? E o poder que temos agora? E todos os testes que desenvolvemos com seu sangue?


 


-       A magia do véu é incontrolável. – cortou Draco. – Toda vez que a usa coloca em risco tanto o seu pessoal quanto o...


 


-       Espere. – Hermione o interrompeu encarando Potter de um modo curioso. – Fizeram testes com meu sangue? Acaso tiveram algum resultado? – ela parecia estar se lembrando de algo importante que talvez se esquecera há um bom tempo. Potter lançou um rápido olhar a ele, como se não quisesse responder aquela pergunta com ele por perto. – Tudo bem, Harry. Draco quem me ajudou a tirar Luna de Brampton Fort.


 


Ele respirou fundo.


 


-       Neville trabalhou com Gina em cima das amostras que mandou o máximo que pode. Eles conseguiram entender como funciona a ligação da marca negra no sangue com Voldemort. Conseguiram enfraquecer um pouco dessa ponte. Alguns dos Comensais que capturamos conseguiram aguentar um bom tempo vivos por causa da poção que Neville desenvolveu para enfraquecer a ponte da ligação, mas nenhum deles estava disposto a lutar contra a morte. De qualquer forma, Neville e Gina ainda estão trabalhando nisso com os sangues dos Comensais que capturamos porque aparentemente seu sangue é diferente, segundo Neville.


 


-       Meu sangue é diferente? – Hermione não entendeu.


 


-       Espere. Conseguiram desfazer a ligação da Marca Negra? – Draco sempre tivera interesse em trabalhar em cima daquilo, mas precisaria da Comissão e era arriscado demais para fazer dentro da Catedral. Levantaria questionamentos demais e ele não poderia colocar a confiança de Voldemort em risco daquela forma.


 


-       Aparentemente seu sangue absorve o veneno da Marca Negra após algumas semanas e não deixa nenhum traço para poder ser estudado. – Potter o ignorou.


 


O que ele estava perdendo ali entre Potter e Hermione?


 


-       Sim. Isso é normal. Quando eu estava estudando isso tinha que tirar meu próprio sangue vezes seguidas para repor o estoque.


 


-       Não. Neville disse que isso não é normal. Isso só acontece com o seu sangue. O sangue de qualquer outro comensal que capturamos não absorve o veneno da Marca Negra como o seu. Enquanto formos capaz de conservá-lo o veneno estará lá. Diferente do seu. – explicou ele. - Gina sugeriu que talvez você seja capaz de desfazer a ponte de ligação sozinha, por si mesma, diferente dos outros comensais.


 


Hermione franziu o cenho.


 


-       Isso não é possível. – declarou ela. – Por que o meu sangue seria diferente?


 


-       Foi só uma sugestão de Gina...


 


-       Hermione. – Draco precisou retomar a atenção exclusiva que Potter havia criado entre eles. – Espere. – precisava acompanhar aquilo. – encarou o homem a sua frente e tornou a encarar Hermione novamente. Aquilo poderia mudar muita coisa. Colocou seus olhos sobre Potter mais uma vez. – Quão bem essa poção funciona?


 


O homem não demonstrou nenhum interesse em responder aquela pergunta.


 


-       Ainda estamos trabalhando com isso, não é perfeita mas consegue definitivamente enfraquecer a ligação com Voldemort. – respondeu com uma cara nada contente. – Se invadirem a Ordem todo nosso trabalho será perdido.


 


Draco lançou um rápido olhar a Hermione, como se quisesse que ela captasse rapidamente o que aquilo significava.


 


-       Precisa sumir com todos esses estudos. Qualquer resquício deixado irá me obrigar a reportar a Voldemort quando minha esquipe fizer o limpa na sede da Ordem e se ele souber que vocês sequer pensaram na ideia de trabalhar em cima da Marca Negra, ele se certificará de mudar a magia. Isso sim faria o trabalho de vocês ser perdido. – Draco disse.


 


Potter ficou num silencio incerto pulando seus olhos dele para Hermione enquanto pensava. Draco conseguia enxergar o esforço que Hermione fazia para não se mexer desconfortavelmente em sua cadeira.


 


-       Eu confio minha vida a você, Hermione. – Potter quebrou o silencio encarando Hermione. – Mas eu preciso saber qual é o plano de vocês antes de me submeter a essa loucura e reduzir a Ordem ao que éramos quando começamos.


 


-       Reduzir a Ordem ao que eram quando começaram? – Draco não entendeu. – Acredito ter feito entender que preciso apenas de você, Potter. Até onde sei a Ordem tinha o triplo de gente a mais que o círculo de Comensais no inicio da guerra. Não está pretendendo salvar toda essa gente quando atacarmos a Ordem, está? Não vai poder sair contando para todos os membros do seu grupinho de rebeldes a conversa que tivemos aqui nem que pretendo invadir a caverna de vocês dentro de duas semanas para estarem preparados. A Ordem precisa cair ou como Hermione disse, ao menos precisa parecer cair. Eu realmente não me importo quantas pessoas vai levar com você quando fugir, a única coisa que preciso é que suma! Fique em um lugar intocável pelo tempo que for até que eu precise de você. O trabalho que estou fazendo dentro do sistema de Voldemort é um sigiloso e quanto menos souber melhor.


 


-       Não é assim que as coisas funcionam, Malfoy! Está me usando!


 


-       Draco tem razão, Harry. – Hermione se pronunciou. – Quanto menos souber, melhor. Apenas entenda que precisamos dar um fim a guerra, precisamos deixar as coisas estáveis dentro do círculo de Voldemort. Quanto mais calmo tudo ficar, mais ele irá suavizar seu controle e mais espaço teremos para trabalhar sem que ninguém desconfie. – ela queria acabar logo com aquilo, Draco conseguia entender, mas acabara de entregar informação demais e ele não se sentia no direito de se sentir irritado com aquilo. – Precisa confiar em mim, Harry. A Ordem não tem capacidade de superar as forças de Voldemort. Sabe disso. Discutíamos isso antes mesmo de eu ser capturada.


 


Potter se mostrava claramente confuso, mas ainda parecia pronto para resistir ao beco ao qual estava sendo encurralado.


 


-       Quero confiar em você, Hermione, mas... – ele não parecia certo se deveria ou não terminar aquela sentença. - ...você parece tão diferente que eu não sei se deveria. – aquelas palavras fizeram Hermione puxar o ar assim que foram jogadas contra ela. Seus olhos brilharam e se encheram d’água rapidamente.


 


-       Tenho sido obrigada a viver uma vida muito diferente, Harry. – ela fez sua voz soar calma e longe da dor que seus olhos mostravam. – Você não entenderia.


 


-       Me faça entender!


 


-       Não temos tempo para isso e existem coisas que você não gostaria de saber, acredite. – estava acostumado a ver Hermione exibir toda a sua vulnerabilidade e mesmo que estivesse aprendendo a controlar aquele seu lado, ainda era bastante frequente para Draco, mas vê-la daquela forma ali o incomodava porque esperava uma reação muito diferente.


 


O homem a sua frente pareceu hesitante, mas ele parecia ceder ao confronto que havia se visto imergir. Aquilo era mais do que o suficiente para Draco.


 


-       E o véu? – perguntou ele e Draco soube que naquele momento que Potter já comprara a ideia.


 


-       Deixe o véu. – respondeu e Potter mostrou sua aversão contra aquilo imediatamente. – Se os estudos que Hermione tem feito em cima das magias que tem usado estiverem certo, Voldemort será incapaz de tirar vantagem do poder do véu ou seja lá o for. Ela tem conduzido o grupo de pessoas que trabalhariam em cima dele e ela precisa se reportar a mim. Posso distorcer as informações para Voldemort.


 


O silencio se instalou mais uma vez enquanto Potter ficava em seu mundo de incertezas.


 


-       Eu confio em você e não nele. – decidiu dizer a Hermione. – Sempre concordamos em fazer loucuras com a Ordem somente quando eu e você discutíamos e rediscutíamos sozinhos a questão. Lembro-me que você era quem sempre me segurava antes de tomar qualquer decisão que fosse nos colocar em risco. – ele a encarava e Hermione lutava para não desviar o olhar dele. – Confio em você e no seu julgamento. Eu te amo, sabe disso. Apenas me diga se ele fez o mesmo com você. – recebeu um rápido olhar de desprezo. – Acaso ele a encurralou dessa forma? Acaso ele fez com que não tivesse escolhas a não ser concordar com essa insanidade?


 


Ela suspirou e negou com a cabeça.


 


-       Não. – usou sua voz baixa para responder. – Eu sei o que ele está fazendo.


 


O homem o encarou ainda com aquela raiva contida.


 


-       Pode parecer que estou te usando, Potter, mas na verdade isso é uma troca mutua de interesses. – Draco sabia usar seu profissionalismo cruamente. – Eu uso você e você me usa. Confio em você para fazer o que estou pedindo que faça e você confia em mim para fazer o que disse que pretendo fazer. Básico.


 


-       Na sua teoria. – quase rosnou Potter e se levantou. – Eu tenho um lugar seguro para ficar. Podem atacar a sede da Ordem, podem fazer parecer que caímos e que a guerra chegou ao fim, mas nós ainda vamos estar trabalhando seja de onde for. – ele encheu o peito como se aquilo lhe doesse para ser dito. – Não vou contar nada a ninguém, mas prepararei a Ordem discretamente para o ataque de vocês. Espero que não seja tão cruel como normalmente costuma ser. – seus olhos foram para Hermione. – E saiba que estou fazendo isso porque confio em você.


 


Ele continuou a encará-la como se esperasse que ela dissesse algo, mas ela permaneceu estática lutando contra o nó na garganta que ele percebia que sua mulher tentava engolir. O homem pareceu frustrado por não ter recebido nenhuma resposta. Soltou o ar, balançou a cabeça, colocou a moeda em seu bolso sobre a mesa e Draco fez a troca pegando a dele e colocando a sua no lugar. Potter recolheu a moeda e deu as costas.


 


-       Harry. – ela soltou antes que ele fosse embora. Ele tornou a encará-la. – Sinto sua falta. Realmente sinto.


 


Ele lançou um olhar tão triste e frustrado a ela que Draco teve certeza que devastaria Hermione ainda mais.


 


-       Não parece. – e como se não bastasse, devolveu aquela, e foi embora.


 


O silêncio caiu sobre eles e Draco se viu imediatamente sem saber como reagir agora que estava sozinho com Hermione novamente. Havia sido um erro leva-la até ali, mesmo que ela tivesse feito um importante papel na decisão de Potter em colaborar.


 


-       Nós terminamos por aqui. – foi tudo o que disse e se levantou.


 


Ela o seguiu quase que no automático. Draco apagou a memória do homem que os serviu e quando deixaram o recinto já era noite do lado de fora. Puxou a moeda que trocara com Potter, parou no ultimo degrau para o estacionamento vazio e contou os segundos que tinha. Procurou por Hermione e recuou rapidamente para poder segurá-la antes que fosse embora sem ela. Seus olhos dourados estavam perdidos, mas se encontraram com o dele e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa ou ter qualquer reação, foram tragados pelo portal aberto pela moeda que segurava.


 


Foi apenas um segundo para estarem de volta ao quarto de onde haviam saído na sede do acampamento de York. Hermione mostrou sua reação logo quando se ambientou, puxando de volta o braço que Draco ainda segurava. Desprezo. Foi tudo que ele sentiu da parte dela.


 


Observou-a quando ela deu as costas e quase vagou perdida até o pedestal ao lado da porta, onde tirou o casaco e pendurou. Ela respirava fundo e ele conseguia ver claramente os dedos trêmulos em sua mão. Draco esperava pelo momento que ela fosse se virar e externar toda sua raiva nele, mas não conseguia prever absolutamente nada, porque se colocasse em jogo a forma como ela vinha e comportando nos últimos dias, teria que aguentar o silencio dela e o silencio dela era pior do que mil gritos enfurecidos. Ao menos era o que ele pensava, até vê-la apoiar uma mão na parede e cobrir o rosto com a outra para desmoronar lentamente em um poço de soluços.


 


Draco havia a visto realmente chorar uma vez. Fora uma das cenas mais dolorosas que ele presenciara, não só por causa da dor dela, mas porque perdera uma filha. Ver Hermione naquele estado e naquele momento, expondo aquela fraqueza e aquela derrota, mostrava que ele definitivamente cometera um dos piores erros em sua relação com Hermione ao levá-la até Potter.


 


-       Eu te odeio. – a voz dela saiu rouca e cheia de rancor por entre os soluços de seu corpo trêmulo. – Eu te odeio. – ela repetiu assim que conseguiu ar novamente. – Eu te odeio. – cada vez que ela repetia parecia ser mais rancor e mais ódio escorrendo em seu tom. – Eu te odeio. Eu te odeio. Eu te odeio. – e ela soluçou mais e chorou mais. – Por que? Por que me levou? Eu sei que poderia convencer Harry sem mim! Por que infernos me levou? – Draco não tinha a menor ideia de como lidar com aquilo. – POR QUE? – ela finalmente externou a raiva quando ele não respondeu.


 


-       Eu não tinha ideia de que essa seria sua reação. – sentia-se completamente desarmado ao vê-la naquele estado.


 


-       Que outra maldita reação acha que eu teria? – ela vociferou apertando o punho e quando ergueu os olhos para ele, Draco pode visualizar por completo todo o ódio que ela guardava por ele. – Eu juro que não estou fazendo nada para te prejudicar. Juro que estou tentando ser a menor das pedras no seu caminho. Por que, ainda assim, você sente a necessidade de me fazer tão mal? Por que infernos você gosta de ser tão cruel?


 


-       Minha intenção não era ser cruel, Hermione. Eu apenas...


 


-       Apenas? – ela não deu espaço para que ele terminasse. Ela estava furiosa e ao mesmo tempo imensamente infeliz. – Me fez encarar o homem que eu cresci amando sabendo que não hesitaria em colocá-lo nas mãos de Voldemort se a vida dos meus filhos ficassem em jogo! Eu pensei... – ela soluçou entre suas lágrimas - ...que fosse capaz de entender o que isso significava para mim! – ele nunca havia visto ninguém chorar daquela forma. - Pensei que depois de todo esse tempo que fomos obrigados a ser a companhia um do outro, tivesse aprendido algo sobre mim! – ela tentou estabilizar-se ainda se apoiando na parede. Tudo no rosto dela estava vermelho. Seus olhos, seu nariz, as maças de seu rosto, os lábios molhados. – As pessoas que vão atacar e capturar são minha família, Draco! Eu vou ser a responsável por tudo de ruim que acontecer a eles quando revelar ao seu maldito exército como passar a segurança da Ordem! Acaso não sabe o que culpa significa? Ao menos foi divertido o suficiente para você me ver esconder toda a vergonha e a culpa que senti enquanto encarava Harry bem a minha frente? – ela cobriu o rosto e desabou em mais dos seus soluços.


 


-       Não era minha intenção, Hermione. – era tudo que ele conseguia dizer.


 


-       ENTÃO QUAL ERA A MALDITA INTENÇÃO?! EU NÃO CONSIGO VER NENHUMA OUTRA!


 


-       EU PENSEI QUE VÊ-LO FOSSE TE FAZER BEM! – se ela queria levar a discussão até aquele nível, ele não recuaria. – TEM SE COMPORTADO COMO SE NADA IMPORTASSE NOS ÚLTIMOS DIAS, O QUE ME FEZ PENSAR NO QUE INFERNOS PODERIA TE FAZER BEM O SUFICIENTE PARA QUE VOLTASSE A SER COMO SEMPRE FOI! PENSEI QUE VER POTTER FOSSE TE FAZER BEM PORQUE OBVIAMENTE GOSTA DELE E TAMBÉM SERIA FUNDAMENTAL PARA CONVENCÊ-LO A COLABORAR COM UM PLANO QUE EU E VOCÊ HAVÍAMOS PENSADO DESDE O INÍCIO PARA SALVAR NOSSA FAMÍLIA!


 


-       QUERIA ME CONCERTAR? PORQUE APENAS NÃO PERGUNTOU? ESPERA MESMO QUE EU ACREDITE NISSO? – passou por ele decidida - VOCÊ NÃO SE IMPORTA COMIGO! JAMAIS PERDERIA SEU PRECIOSO TEMPO PENSANDO NO QUE PODERIA ME FAZER BEM OU NÃO! – bateu a porta do banheiro recolhendo-se ali como se ficar na presença dele, o encarando, fosse insuportável demais para sua sanidade.


 


Draco ficou estático onde estava escutando o som abafado da ainda intensa vulnerabilidade que Hermione estava expondo. Sua mente foi a loucura numa velocidade assustadora e o sangue em suas veias gelou quanto começou a ser bombardeado pela realização de que sua relação com Hermione estava definitivamente fora de alcance e muito distante da reparação. E o que mais o confrontava naquele momento era o seu desejo de que nada daquilo nunca tivesse acontecido.


 


Passara boa parte de sua adolescência irritando-a sempre que via a oportunidade e assim que a guerra se iniciou, a figura implicante de Hermione se transformara numa inimiga. Ele sabia que passara boa parte de sua vida sendo algo ruim para ela e isso nunca havia o incomodado antes, até agora. E justificar que isso fazia sentido porque ela era parte de sua família e a futura mãe de seus filhos já não cumpria mais o dever de encobrir o real valor que ele havia encontrado no ser humano que ela era. E por mais que ele reconhecesse esse valor, não queria dar crédito a ele. Na verdade, queria, mas sabia que se desse crédito a ele, colocaria seu coração ali e ele nunca, em sua vida inteira, havia tido a sensação de que estava com o coração nas mãos e tinha o poder de colocá-lo no lugar que quisesse.


 


Por que estava sendo tão egoísta com seu próprio coração? Odiava Hermione tanto assim? Passou os dedos pelo cabelo enquanto soltava o ar frustrado por não ter sido capaz de prever a forma como ela se sentiria ao ver Harry Potter e como isso afetaria o relacionamento deles.


 


Encarou o quarto ao seu redor um tanto perdido. A mesa do jantar ainda estava posta próximo a lareira e precisava chamar alguém para retirá-la, a cama estava perfeitamente arrumada, os lustres e as velas iluminavam bem todo o quarto e ele tentava pensar no que deveria fazer. O que tinha que fazer, afinal? Seguir como se nada tivesse acontecido? Não podia fazer isso enquanto ainda era capaz de escutar o choro compulsivo de Hermione trancada no banheiro.


 


O que diabos ele deveria fazer? Não podia ficar confinado ao espaço daquele quarto com ela. Se pelo menos estivessem em casa ele poderia seguir para outro lugar totalmente oposto. Sentou-se na cama completamente derrotado e soltou o ar cobrindo o rosto. Deveria esperar? Será que esperar seria uma boa opção? Então esperou. Esperou até que não conseguiu mais escutar a respiração penosa de Hermione do outro lado da porta que os separava. Vez ou outra ainda podia escurar uma arfada ou um suspiro, mas não a condenava nem a julgava  por ter desabado. Sabia que ela chorava não apenas pelo que havia passado hoje. Deveria estar segurando todas aquelas lágrimas já fazia um bom tempo.


 


Pareciam ter passado horas quando ele escutou o som da água começar a encher a banheira. Não sabia o que estava se passando com Hermione, mas escutar algo novamente vindo do banheiro o fazia se sentir um tanto aliviado. Continuou a esperar e isso lhe deu tempo o suficiente para chegar a conclusão de que Hermione não sairia dali tão cedo. Aquele era o único espaço onde ela poderia se manter separada dele e isso o fez perceber que a última coisa que ela gostaria de ver, era ele. Errara o suficiente com ela para se sentir na necessidade de pelo menos fazer algo certo dessa vez. Mesmo que ainda estivesse em dúvida do que realmente seria certo a fazer.


 


Levantou-se e parou de frente a porta do banheiro. Apoiou-se no vão e com receio, puxou a respiração e a chamou:


 


-       Hermione? – ela não respondeu, mas ele foi capaz de escutar o som da água quieta se mover na banheira. – Sei que precisa do seu espaço agora. Preciso do meu também. Apenas esteja pronta pela manhã. Pode fazer isso? – esperou pela resposta. Ela não veio.


 


Suspirou, afastou-se e deixou o quarto. Ainda não sabia se aquilo era ou não o certo a fazer. Talvez ele devesse tentar encontrar uma forma de concertar a situação em que havia enfiado o relacionamento deles agora ali mesmo, mas sabia que poderia colocar tudo ainda mais em risco no estado emocional que Hermione se encontrava. Se estava fazendo o certo ou não, não importava. Hermione queria e precisava ficar longe dele. Ele ao menos devia isso a ela.


 


 


**


 


Passara a noite trabalhando. Tentando, pelo menos. Sua cabeça o levava de volta ao quarto onde deixara Hermione a cada segundo que o relógio marcava, mas ele não parou. Passou a noite acordado e não deixou que nenhum de seus líderes tivesse tempo para descansar também. E por mais distraído que ficasse as vezes, quando sua mente travava ao imaginar como estaria Hermione, continuou a mover cada vez mais as pessoas ao redor, assim se manteria cada vez mais ocupado e longe da distração. Não foi tão efetivo como planejara, mas também não foi uma completa decepção.


 


Mal percebeu quando o sol apareceu. Estava ocupado revendo o plano de segurança em York para os próximos meses quando foi informado por um dos seus homens da zona sete de que tinha uma chave de portal de volta para Brampton Fort marcada para menos de duas horas. Foi quando percebeu que o sol brilhava no céu do lado de fora.


 


Apressou-se da melhor forma possível deixando serviço o suficiente para o acampamento durante o tempo que não conseguisse outro passe livre para fora do forte de Voldemort.


 


Hermione estava pronta e sentada a mesa do café da manhã posta quando ele chegou no quarto. O sol da manhã que vinha das cortinas abertas da varanda e caia sobre a mesa colorida e bem arrumada e sobre ela. Ficou imediatamente grato por vê-la sob a luz novamente e não se escondendo dela. Talvez libertar as lágrimas que ela havia prendido por tanto tempo tivesse feito algum bem. Mas assim que recebeu o olhar rancoroso dela em resposta a sua chegada, como se toda a pouca beleza da pacífica refeição que estava tendo tivesse sido jogada no lixo, lembrou-se de que não havia absolutamente nada pelo que ele pudesse ficar grato ali.


 


Por alguns segundos em que trocaram olhares ele não soube o que fazer. Não soube se deveria dizer algo, se deveria perguntar algo, se deveria reagir de alguma forma. Claramente ele via que ela não estava nem um pouco disposta a ter que aturar qualquer tipo de interação, então ele apenas decidiu-se em fazer o que precisava fazer.


 


Tomou seu banho o mais rápido que pode e assim que voltou para o quarto, ela ainda estava na mesa entretida com o Profeta Diário numa mão e a xícara de chá na outra. Quando ele tomou seu lugar a mesa notou que o anelar de sua mão ainda estava vazio onde deveria estar o anel de sua família. Pensou em perguntar se ela havia perdido o anel, ela diria que não já que ele sabia que ela não o perdera. Mandaria que ela o colocasse de volta e talvez aquela atitude piorasse ainda mais o estado em que estavam.


 


Ficou em silêncio.


 


Tentou se concentrar no que deveria fazer até o fim do dia em Brampton Fort e logo se viu na necessidade de perguntar quais eram os planos de Hermione para o dia, assim poderiam combinar suas agendas, mas o receio de abrir a boca o manteve calado durante seu desjejum.


 


Foi atormentado por milhões de perguntas que gostaria de fazer a ela. Conseguiu evoluir milhões de diálogos que poderiam ter em sua cabeça, mas ainda assim não tomou nenhuma iniciativa de começar nenhum deles porque em todos, acabavam discutindo seriamente. Hermione seria fria e ele não saberia responder de nenhuma outra maneira que não fosse a mesma.


 


Antes que ele pudesse ter a chance de pensar em uma saída para o estranho e incomodo silêncio que se estendia entre eles, ela fechou o jornal, devolveu-o a mesa, levantou-se e saiu do quarto sem dizer uma palavra sequer. Soltou o ar sentindo-se um fracasso com ela mais uma vez. Puxou o jornal. Sentia falta do Profeta Diário com frequência em Brampton Fort por mais que as notícias importantes sempre fossem colocadas no Diário do Imperador, por mais local que o jornal fosse.


 


“Ministro da Magia pública novas normas de segurança aprovadas pelo Lorde das Trevas.” Era a notícia da primeira Página. Draco sabia que no Diário do Imperador, aquela notícia estaria na terceira ou na quarta página, enquanto qualquer coisa sobre algum evento local ocuparia a primeira. Tratou de pular logo para grande citação de seu pai marcada logo ao meio.


 


“As novas normas entrarão em vigor lentamente e somente quando Draco Malfoy, o general do exército de Comensais, decretar publicamente o fim da guerra e estiver com todos os grupos rebeldes sob controle. Essas normas foram discutidas por meses com o mestre e todas elas visam melhorar a qualidade de vida e liberdade daqueles que prontamente estão e estiverem dispostos a reconhecer Lorde Voldemort como mestre e imperador da nova era do mundo bruxo. Como mediador, me sinto no dever de lutar pelo direito do povo bruxo e estou fazendo o meu melhor, mas algumas normas ainda estão em processo de aprovação por serem ousadas demais. Por isso preciso que todos sejam pacientes e entendam que não estamos mais em uma democracia.”


 


Draco sequer precisou continuar sua leitura. Seu pai conseguia ser sutil quando precisava ser, por mais arriscado que aquela simples fala pudesse ser contra o sistema de Voldemort. Passou os olhos rapidamente pela lista das novas normas. Já as conhecia. Havia discutido a maioria delas com seu pai antes que ele as levasse a Voldemort, mas parabenizou seu pai pela ordem em que ele as publicou. As melhores encobriam as não tão animadoras e o fim era bastante motivador cobrindo boa parte das novas leis de locomoção entre territórios bruxos, o que obviamente muitos criticavam com a guerra, principalmente os comerciantes.


 


Passou as páginas seguintes enquanto desfrutava de seu café da manhã. As notícias não passavam de grandes baboseiras sobre recomendações do Ministério de onde passar as férias de verão, onde fazer compras, quais medidas tomar quando se sentir persuadido por um suposto rebelde, benefícios para quem tiver interesse em se inscrever no programa de seleção da nova leva de Comensais para treinamento, listas de magias banidas e permitidas. Notícias que normalmente não sairiam para os protegidos de Voldemort no Diário do Imperador, nos fortes a vida era mais livre, contanto que se estivesse dentro dos limites da muralha.


 


Deixou o jornal quando chegou na parte fútil e se concentrou em terminar sua refeição. Nos últimos dias se sentia exausto por ter que se concentrar para se concentrar por causa de Hermione e constantemente se via preso a obrigação de ter que se concentrar em atividades bobas e pequenas para que sua mente não o mergulhasse nos problemas que tinha com Hermione agora. Não ter nada para distraí-lo além da comida tornava tudo mais difícil, portanto ficou satisfeito quando seu relógio lhe informou que deveria seguir para a fiscalização antes de pegar sua chave de portal.


 


Hermione já estava lá passando pela fiscalização quando ele chegou. Nem palavras nem olhares foram trocados entre eles enquanto passavam pelo irritante processo de serem reconhecidos e fiscalizados. Esperaram também em silêncio, ignorando a presença um do outro quando foram confinados no espaço onde a chave de portal os esperava.


 


Tocaram nela juntos quando receberam autorização e num segundo deixaram de existir em um lugar e passaram a existir em outro. A sensação do dia cinza e abafado o dominou mesmo quando se localizou no confinado espaço de chaves de portal da entrada norte de Brampton Fort. Hermione continuou a ignorá-lo seguindo seu caminho o mais rápido possível para tomar a saída.


 


Estava preocupado com a imprensa que provavelmente deveria estar esperando pela oportunidade de uma foto ou outra. Hermione não estava usando seu anel de compromisso e certamente comentariam sobre isso se conseguissem uma boa foto para o jornal. Apertou o passo para aproximar-se dela quando visualizou a porta de saída, precisava estar ao lado dela quando saíssem. Sentia a necessidade, agora mais do que nunca, de mostrar ao mundo que tudo estava bem com eles, que nada da noite passada havia sequer acontecido. Mas assim que sua mão alcançou as costas dela como sempre fazia quando estavam prestes a se mostrar para o público, ela desviou afastando o braço dele quase que com repulsa. Não demorou a receber um olhar severo e cruel.


 


-       Não me toque. – seu tom foi ríspido. – Não me toque. Nem quando ninguém estiver olhando nem quando estivermos em público. Não me importo mais com essa farsa. Todos já entenderam a ideia. Somos uma família perfeita. Agora mantenha distância. – e aquelas foram as primeiras palavras que ele escutou de Hermione depois da noite que tiveram.


 


Ela sumiu seguindo para o lado de fora e ele precisou de dois segundos para recuperar o grande empurrão que acabara de receber. Respirou fundo e passou os olhos rapidamente por onde estava para checar quem pudesse ter tido a chance de presenciar aquilo. Felizmente as poucas pessoas que ocupavam o pequeno átrio de entrada estavam longe e entretidas com seus afazeres. Conseguiu apenas ver um ou dois desviarem rapidamente o olhar assim que ele os alcançou.


 


Seguiu o mesmo caminho que ela e ficou grato pelo pouco movimento da mídia do lado de fora mesmo que soubesse que precisava de apenas uma foto no jornal. Alcançou Hermione com facilidade e entrou na carruagem que esperavam por eles. Ela não parecia feliz e ele sabia que também não havia se esforçado para parecer no caminho até a carruagem, mesmo que claramente a mídia estivesse ali disposta a captar qualquer justificativa para iniciar um rumor que pudesse prejudica-los.


 


-       Quer ir para casa? – perguntou antes de fechar a porta da cabine.


 


-       Preciso ir a Catedral. – ela respondeu.


 


-       Tenho que ir a Gringotes primeiro. – informou e ela deu de ombros em resposta como se não se importasse, contanto que ele fosse para a Catedral em algum momento.


 


Anunciou sua saída para Gringotes ao condutor e fechou a porta, confinando-se mais uma vez a um espaço pequeno e vazio com Hermione. O silêncio incomodo entre eles começou a crescer. Era tão intenso que as vezes se via tão concentrado no fato de que a situação deles era perturbadora que chegava a querer suar. Sentia a necessidade de concertar aquilo. Sabia que havia uma culpa grande que carregava em tudo aquilo e por isso sentia que a iniciativa de concertar precisava partir dele, mas agora, mesmo que tentasse, não teria nenhum resultado. Não com Hermione emanando aquela energia de que até mesmo o som de sua respiração era demais para que suportasse.


 


Assim que chegaram a Gringotes perguntou se Hermione pretendia esperá-lo ou acompanhá-lo e ela respondeu saltando da carruagem junto com ele. Passaram por todo o processo burocrático antes de terem acesso a chave do cofre e assim que a conseguiram foram guiados por um dos duendes até ele.


 


O cofre de sua casa estava entre os maiores de Gringotes. Ficava numa seção privilegiada e era de alta segurança. Sempre que visitava o banco, por mais que tivesse que passar pelo mesmo processo que todo mundo para conseguir sua chave, sentia que faltava apenas que estendessem o tapete vermelho para que pudesse passar quando a conseguia.


 


A nave principal do cofre dos Malfoy era gigantesca e se estendia até onde as luzes não precisavam ser acessar. Era um museu que acumulava preciosidades carregadas por séculos e séculos. Havia tanto tesouro apenas naquela única parte que mesmo que Draco quisesse gastar tudo durante o período de sua vida, não conseguiria. Mas ele não seria louco de tentar. Aquele parte em específico era o que fazia dos Malfoy uma família intocável. Podia viver muito bem com o anexo que havia em seu nome, e além do mais, ainda herdaria tudo aquilo. Tinha o direito de trabalhar apenas com seu anexo que já comportava o suficiente para no mínimo três gerações de sua família.


 


Discutia com o duende a possibilidade de abrir um anexo dentro do seu, onde poderia guardar uma parte de seu dinheiro ali, sem que isso fosse para o recorde geral do cofre da família enquanto passeava por entre suas pilhas de ouro, moedas e objetos valiosos. O sol dos saltos de Hermione contra o mármore as suas costas o lembrava constantemente da presença dela.


 


Assim que conseguiu sutilmente convencer o duende a não colocar seu novo anexo no registro geral, começou a informar quais valores gostariam que fossem movidos para ele.


 


-       Por que está fazendo isso? – Hermione o interrompeu.


 


Draco parou juntamente com o duende que o seguida. Fechou a pasta com a planilha de valores que tinha nas mãos e a encarou. Interessava a ela? Era uma longa justificativa para que ele quisesse dar a ela, mas sabia que alguns dos números que carregava em sua pasta eram dela e isso talvez lhe desse o direito de saber o que fazia no cofre que dividiam.


 


-       Quero que minha mãe tenha algo caso algo aconteça. – não entrou em detalhes visto que estavam com companhia, mesmo sabendo que duendes eram extremamente reservados.


 


Viu o olhar dela suavizar pela primeira vez desde que voltaram para o quarto na noite anterior, mas ainda sim, a resistência que havia nela era muito mais clara.


 


-       Quando estava pretendendo me dizer isso?


 


Ele não entendeu.


 


-       É nosso cofre, Hermione. Você tem acesso a ele, aos números, as planilhas, ao movimento. Eventualmente saberia.


 


-       Não estou me referindo a saber ou não sobre isso, estou me referindo a sua tomada de decisão. Se é o nosso cofre e o nosso dinheiro, não acha que deveríamos consentir sobre uma decisão juntos?


 


Ergueu as sobrancelhas surpreso.


 


-       Não pensei que iria contrariar algo para o bem da minha mãe.


 


Ela soltou o ar frustrada não deixando que aquela eterna raiva em seu olhar a deixasse.


 


-       Eu não estou contrariando o fato de estar fazendo algo por sua mãe, Draco. Na verdade acredito que esteja fazendo algo correto e nobre, o que, para mim, é uma surpresa. Estou apenas pontuando que tomou uma decisão sem sequer mencionar nada comigo usando algo que supostamente é nosso. Eu tinha o direito de fazer parte dessa decisão.


 


Draco admirou que mesmo com a raiva que ela mostrava nos olhos, havia sido sincera, sensata e equilibrada. Poderia ver que ela lutava para não reagir de nenhuma forma agressiva demais, pois poderia matá-lo se caso se permitisse. Não tinha nenhuma pretensão de piorar a situação entre eles portanto apenas respirou fundo e disse:


 


-       Você está certa e não tiro sua razão.


 


Deu as costas para continuar sua discussão com o duende, mas ela tornou a se pronunciar antes que ele conseguisse dizer qualquer coisa:


 


-       Isso quer dizer que não irá me deixar de fora da próxima vez que quiser tomar uma atitude com relação a algo que é nosso? Porque se aprendi algo sobre você é que não sabe dividir posses.


 


Precisou respirar fundo quando recebeu aquilo como um grande dedo na ferida aberta entre eles. Tornou a encará-la. Ainda não pretendia pior a situação.


 


-       Tenha certeza de que não irei te deixar de fora da próxima vez, Hermione. – foi o que se limitou a dizer. Ao menos ela deveria ser compreensiva e entender que ele não sabia dividir porque nunca precisara dividir nada.


 


Voltou a se concentrar em sua discussão com o duende. Os valores que ele queria eram altos e como pretendia fazer algo fora do registro geral acabou tendo que se esforçar para pensar em formas sutis ganhar o cético duende. Detestava que seu cofre fosse um anexo no de sua família. Todos aqueles limites as fazes o fazia sentir que seu dinheiro não era realmente seu dinheiro.


 


O cansaço lhe bateu logo que começou a ter que encontrar saídas demais em sua discussão. Por cinco ou seis minutos seu cérebro se envolveu tanto com a frustração de estar tendo que ser esperto para conseguir algo simples, que fez com que se descuidasse de Hermione. Quando finalmente conseguiu o que queria e pôs um fim a irritante companhia do duende notou que ela não estava mais por perto.


 


Refez o caminho saindo de seu cofre de volta para a nave principal praguejando consigo mesmo que aquele era um péssimo lugar para que ela decidisse explorar naquele momento, mas não teve tanto tempo de se preocupar em como a encontraria porque ela estava muito próximo as portas de entrada analisando cuidadosamente a pedra escarlate de sua família de uma certa distância.


 


A pedra de rubi dada por Merlin ao primeiro herdeiro Malfoy era a primeira bela visão de qualquer um que entrasse no cofre da família. Ficava em um canto importante logo próximo a entrada sob display num pedestal de prata que saia do chão de mármore e torcia seu caminho até a altura dos olhos de um adulto. Na ponta a pedra ficava perfeitamente assentada num encaixe cuidadosamente trabalhado e uma jaula de vidro cercava a pequena área que ocupava. Apenas quem tivesse o sobrenome Malfoy tinha o poder de tirá-lo do pedestal.


 


Draco se aproximou tomando tempo para apreciar o desenho do perfil dela com o volume visível de sua barriga pelo vestido claro e fino que usava. Ela parecia entretida o suficiente com o singelo monumento que não notou a aproximação dele até que estivesse perto o suficiente para que seu reflexo aparecesse no vidro. Ele manteve distância quando parou logo atrás dela devido ao visível incomodo que a linguagem de seu corpo expressou assim que o notou. Enfiou as mãos no bolso e apreciou a pedra tanto quando ela.


 


-       Já a segurou alguma vez? – perguntou quando a viu querer fazer menção de se afastar apenas porque ele havia chegado.


 


-       Não. – ela foi curta em sua resposta.


 


-       Por que?


 


Ela deu de ombros.


 


-       A vi somente uma vez e não tive o interesse. – respondeu.


 


Ela deveria. Draco se lembrava bem da primeira vez que havia a segurado. Lembrava-se do quanto havia se sentido importante. Sua mãe costumava lhe contar a famosa história de como Merlin havia entregue a pedra a ninfa que gerara o primeiro Malfoy da história como se fosse o maior conto de fadas de todos os tempos toda noite antes de dormir quando era criança.


 


Draco sabia que somente Malfoys eram capazes de abrir a proteção de vidro e tirar o rubi de seu pedestal. No dia que se vira ter o poder de segurar a pedra de sua família, que se vira ter o poder de abrir a proteção, de mover o rubi, segurá-lo sem que nada de ruim acontecesse a ele, a realização de fazer parte de algo grande, de algo importante, de algo que atravessara os séculos serviu como um marco em sua vida. Naquele dia ele finalmente entendera que Malfoy não era apenas um sobrenome. Malfoy era um legado e ele tinha responsabilidades por fazer parte dele.


 


-       Eu não acredito que não tenha tido o interesse. Sei que sabe que somente quatro pessoas no mundo podem tocar nela. – disse. – Costumavam ser três, até o dia em que nos casamos.


 


-       Sei disso. – foi tudo que ela respondeu. A voz suave e concentrada. – Apenas não acredito que ter a certeza de que pertenço a algo que ainda não consigo me ver encaixar vá me fazer bem. Seria contraditório demais para que meu cérebro processasse.


 


Ele não sabia que ela pensava daquela forma. Na verdade, ela era tão única que poucas as vezes a vira tentar se encaixar entre eles. Não gostaria que ela tentasse. Ainda detestava se lembrar de que ela estava agindo como sua mãe, submissa e calada. Não era ela.


 


-       Gosto que seja única como é. Gosto quando não tenta se encaixar. – duvidava que mesmo usando aquelas palavras, pudesse concertar a situação entre eles.


 


-       Por que não mereço ser como vocês?


 


-       Não. Porque simplesmente gosto.


 


Ela soltou o ar cansada.


 


-       Você é o ser humano mais contraditório que já conheci. – disse. – As vezes não consigo entender como fui capaz de ficar feliz por saber que estava carregando seus filhos. De alguma forma, me senti especial por estar carregando seu primogênito. – ela suspirou como se aquilo pudesse ajudar a estabilizar seu tom e sua vontade de colocar aquilo para fora. – Eu estava me apaixonando por você, Draco. – soltou o ar como se fosse doloroso dizer aquilo e Draco sentiu como se alguém estivesse revirando seu estomago ao processar aquelas palavras. – Não sei como ou em que universo eu, Hermione, me deixei cair no seu terrível encanto. Você me pegou exatamente como queria. Sou mais um dos nomes na sua infinita lista de mulheres. Confesso que admiro que tenha tomado tanto tempo para brincar comigo da formo como brincou. Aprendeu o que me chamava atenção para me ganhar sutilmente e uma vez que percebeu que eu não tinha a menor intenção de te parar, você me parou. Me parou porque sabia que eu estava envolvida o suficiente para sofrer a dor que queria que eu sofresse. – soltou uma risada forçada e fraca. – Você sempre me fez mal, porque seria diferente agora? Sempre teve prazer em me fazer mal. Por que seria diferente? Eu mal acredito que me deixei cair nessa. – soltou o ar. – Eu fui tão honesta com você, Draco. Dediquei tanto de mim a você. Eu queria te conhecer porque, de alguma forma, pensava que você precisava apenas de alguém que verdadeiramente o conhecesse, alguém que pudesse compartilhar das suas vergonhas sem julgá-lo, alguém que entender os fardos que carrega, alguém que pudesse ver através de todas as milhões de máscaras que criou para se esconder. Assim talvez não se sentiria sozinho. Pensei que gostar da solidão fosse somente mais uma das suas máscaras. Mas eu estava errada. Você se fez de um grande quebra-cabeça para mim. Um mistério, uma charada, um desafio. Deus sabe como amo isso. E eu me abri, me expus, me envolvi, me tornei vulnerável e você me feriu exatamente como queria, exatamente como sempre fez. – suspirou. – Você venceu. Eu sou a estúpida de ser boba o suficiente para acreditar que talvez estivesse errada sobre você toda a minha vida. Mas, quer saber? – virou-se para ele. Havia desprezo e ódio em seu olhar. - Foi uma boa lição porque agora tenho mais certeza do que nunca, de que estive certa sobre você a minha vida inteira. – e passou por ele em direção a saída.


 


Aquelas palavras caíram contra ele tão pesadamente que quase se viu sem ar, como se tivesse sido apunhalado no estômago.


 


-       Quando tempo levou para fantasiar tudo isso, Hermione? – virou-se a tempo de vê-la parar.


 


-       Fantasiar? – ela indagou incrédula enquanto voltava-se para ele outra vez. – Está me desqualificando por não ser capaz de compreender seus atos com inteligência o suficiente? Eu posso ter sido descuidada com você por acreditar que poderíamos ter uma história diferente quando mostrou-me que podíamos, mas agora que consigo ler tudo que passamos desde quando nos conhecemos até hoje, agora que consigo ver a figura por inteiro, não acuse de estar fantasiando sobre sua constante necessidade de me ferir sempre que tem a oportunidade!


 


Ele quem havia a mostrado de que poderiam ter uma história diferente? Quando?


 


-       Está com raiva, Hermione...


 


-       Sim! Eu estou! – o tom dela subiu, mas logo respirou fundo para manter sua conduta a mais natural possível. – Mas não estou com raiva de você, estou com raiva de mim mesma por ser tão estúpida, tão manipulável, tão fácil. – soltou um riso fraco de desgosto, balançou a cabeça e puxou o ar. – Sabe que perdi quase dois anos da minha vida chorando por sua causa? Por causa do seu orgulho, do seu preconceito, por causa do péssimo ser humano que é. Me lembro que Harry... – a menção do nome dele por ela mesma fez com que seus olhos brilhassem e ela desviasse o olhar dele. Engoliu a saliva como dificuldade. – Me lembro que Harry costumava ficar ao meu lado, mesmo depois que Rony me deixasse porque não sabia mais encontrar piadas para fazer com seu nome. Harry me dizia que enquanto eu permitisse que você me atingisse daquela forma, que enquanto eu me deixasse ser vulnerável, você sempre teria vantagem. – ela suspirou. – Ele me ajudou a ser forte, me ajudou a te ver com indiferença, me ajudou a simplesmente não me importar. Sinto que falhei com ele severamente no momento que permiti que me deixasse ser atingida novamente por você. Mas isso acabou, já me sinto mal o suficiente por ter cometido o mesmo erro duas vezes. Não haverá um terceiro. – ela deu as costas para continuar seu caminho.


 


-       Hermione! – ele precisou ser rápido para chamar a atenção novamente dele, impedindo que ela deixasse o cofre. – Pare! – Foi até ela. - Temos que resolver isso! Você só está confusa...


 


-       Eu estava confusa, Draco! – ela virou-se mais uma vez. – Não tente continuar me prendendo no seu jogo! Estou cansada de fazer papel de...


 


-       Me deixe falar, Hermione! – sua voz extrapolou o tom normal para cobrir a dela e ele a segurou pelo braço quando ela fez menção de dar as costas a ele mais uma vez.


 


-       NÃO ME TOQUE! – ela puxou o braço como se ele fosse a criatura mais asquerosa na terra. – Quantas vezes vou ter que dizer para não me tocar?


 


-       Quero apenas que me escute! Por Deus, Hermione! Só queria que pudesse me dizer como conseguiu conectar todos esses pensamos! Como conseguiu chegar a essa conclusão? Porque nada do que disse faz sentido para mim!


 


-       Pare de tentar me aprisionar nesse seu limbo, Draco! Estou tentando sair dele!


 


-       Do que diabos está falando? Não estou tentando te aprisionar em nada! Quero apenas que me justifique seus pensamentos porque está me acusando de algo, que nem mesmo eu, tenho consciência de ter feito alguma vez na vida!


 


-       E por que você se importa? O que você quer discutir? O que quer resolver?


 


-       Quero nos resolver! Quero concertar isso que está acontecendo! Estamos discutindo agora, mas sabe que quando isso aqui acabar teremos que dividir um carruagem até a Catedral, depois teremos que dividir uma refeição, depois uma cama, uma casa, vida, filhos, futuro! Não podemos dar as costas um para o outro só porque carregamos raiva e ódio. Confesso que pensei coisas sobre você que agora acredito estarem erradas e você tem pensado coisas sobre mim que estão completamente erradas! Eu nunca tive a intenção de ter fazer vulnerável para poder me dar o prazer de te ver sofrer, Hermione. Está me confundindo com o Draco que conheceu em Hogwarts. Pode não acreditar porque está cega de raiva agora e por saber que eu posso realmente não ser um homem honesto. Sim, eu jogo jogos, eu engano pessoas, eu as manipulo, as uso, isso é parte de quem eu sou, mas acredite, você nunca foi um alvo. Eu não sou cruel. – disse, mas o olhar dela continuava inalterado e aquilo o frustrava imensamente. – Deus, Hermione! Diga o que eu tenho que fazer? – precisava ser racional e sincero. - O jogo entre nós dois virou e não estamos sabendo jogar. Eu estou cometendo erros, você está cometendo erros e nós dois estamos nos afundando.


 


O olhar dela continuou duro até que ela soltou o ar ainda com raiva e desviou o olhar dele. Draco nunca se vira ser tão expressivo quanto agora, sentiu-se fora dos próprios sapatos. O silêncio não durou muito tempo.


 


-       Queria que suas palavras tivessem algum efeito. – ela foi cética. – Não consigo digerir nenhuma delas porque você soa como o homem que eu acreditei que pudesse ser. – por um segundo ele viu um brilho de frustração e tristeza passar pelos olhos dela. – Esse homem não é real. – passou por ele mais uma vez e vagou perdida como se pensamentos demais estivessem a atormentando naquele momento.


 


Ele virou-se apenas para poder observá-la. Não havia mais nada o que pudesse dizer. Mesmo que continuasse tentando justificar ou expor o que fosse, ela definitivamente descartaria. Lamentava que ela não tivesse considerado as palavras que ele dissera. Sentira-se tão fora de sua zona de conforto ao deixar de lado seu orgulho para ser verdadeiro que não esperava que ela fosse rejeitá-lo.


 


Hermione parou, suspirou, cobriu o rosto com as mãos tomando um tempo para si. Talvez para acalmar o próprio cérebro. Logo depois abaixou os olhos e observou suas mãos tocarem o volume de sua barriga. Respirou novamente. Draco queria que toda a fortuna que os cercavam naquele momento pudesse comprar os pensamentos dela.


 


“Eu estava me apaixonando por você, Draco.” Ela havia sido e ele sabia que aquelas palavras os atormentariam para o resto de sua vida. Já conseguia prever a noite que teria quando deitasse na cama e tentasse esvaziar a mente para pegar no sono. Não seria capaz de se livrar daquilo. Não conseguia ver Hermione apaixonada por ele em sua mente. De todas as mulheres no mundo, ela era a única que já lhe dera olhares de desprezo suficientes para que ele tivesse certeza que ela era inalcançável. Como conseguia fazer seu caminho até o coração dela? Não planejara nada daquilo.


 


-       Não posso desfazer a realidade. – a voz dela saiu baixa dessa vez. – Não posso magicamente fazer meus filhos serem frutos do amor e não posso deixar de ser uma Malfoy. – quando ela ergueu os olhos, eles caíram diretamente sobre a rubi em seu pedestal. – Sou parte de algo que não deveria ser. Ocupo um lugar que não é meu. Preciso aprender que passarei o resto da vida pagando por isso. Não sei o porque as vezes me esqueço que Voldemort me aprisionou a essa vida para que eu sofresse. Ele sabia exatamente o que fazia quando me casou com você. Ele queria ter certeza de que mesmo que fosse varrido da terra, eu ainda estaria presa a uma vida horrível.


 


Draco poderia dizer que ela não era uma Malfoy tão ruim, que na verdade ele não conseguia pensar em ninguém melhor do que ela para ocupar um cargo de Sra. Malfoy agora já tivera uma boa amostra de todo seu potencial naquela posição, mas não ousou soltar qualquer som. Ele mesmo sabia o quanto ser um Malfoy era desafiador, difícil, exaustivo e desgastante. Era um fardo a se carregar, um que não se podia mostrar. Eram obrigados a esconder aquilo atrás do orgulho.


 


Hermione caminhou até pedestal, ergueu o domo de vidro, tocou a rubi, e como se estivesse na expectativa e esperança de não conseguir movê-la do lugar, demorou-se ali até finalmente expirar frustração quando seus dedos tiraram a pedra do pedestal. Ela o levou para perto dos olhos e observou cada detalhe. Draco queria saber se ela estava tendo a mesma experiência que ele teve quando segurou a pedra de sua família pela primeira vez nas mãos.


 


-       Não gosto dessa sensação. – ela comentou, mas foi mais para ela mesma do que para ele. Girou a pedra entre os dedos para poder analisa-la de todos os ângulos. – No futuro talvez eu seja tão pior quanto qualquer outro Malfoy. Tenho certeza de que as coisas serão mais fáceis se eu simplesmente me tornar desprezível. – ela soltou o ar, dessa vez cansada e visivelmente triste. Talvez estivesse pensando em Potter e imaginar que sua cabeça pudesse estar girando em torno dele fazia com que seu sangue gelasse de alguma forma muito estranha.


 


Foi até ela.


 


-       Você não precisa ser. – ela não precisava esconder quem realmente era atrás de máscaras como vinha fazendo, como ele vinha fazendo, como seu pai e sua mão vinham fazendo. Sabia que era a melhor escolha, mas ela não precisava. Não precisava porque agora sabia o quanto isso causava todos aqueles efeitos colaterais nela.


 


-       Não seja ridículo, Draco. Sabe que é o caminho mais fácil. Tanto é que você mesmo é desprezível. – aquele desgosto presente em seu tom de voz apareceu novamente quando ela tornou a se dirigir a ele.


 


Draco não ousou se manifestar novamente. Sentia-se ridículo toda vez que se dava a chance, portanto apenas a observou por um segundo a mais até decidir que era melhor que simplesmente desse as costas e voltasse para a carruagem, mas no momento em que começou a se dirigir para a saída, foi obrigado a parar subitamente ao escutar uma exclamação aguda e assustada da parte dela. Virou-se imediatamente a tempo de ver a pedra de sua família ir em queda livre de encontro ao mármore do chão. Mal teve tempo de ter qualquer reação quando a pedra simplesmente parou a centímetros de se chocar, irradiou por um segundo um tipo estranho de luz e como se fosse sugada num piscar de olhos, estava de volta no pedestal de onde Hermione havia a tirado. O domo de vidro selou o perímetro logo em seguida.


 


-       O que aconteceu? – tratou de perguntar quando sua visão captou Hermione encarando a mão vazia um tanto chocada.


 


-       Me queimou! – ela exclamou. Em sua expressão ainda havia o sinal da dor que sentira anteriormente.


 


Ele apressou-se até ela, fez menção de esticar a mão para puxar a dela, mas quando se tocou de que a tocaria, travou, desistiu da ideia e apenas esticou o pescoço para analisar a mão que a mulher ainda deixava estendida.


 


-       Não parece está queimada. – disse.


 


Ela ergueu os olhos apertados para ele recebendo aquilo como uma afirmação de total incredulidade.


 


-       Eu sei o que senti! Foi como se estivesse esquentando em minha mão, logo depois veio a dor e então minhas veias pareciam que estavam carregando fogo pelo meu braço!


 


Draco tentou sair do seu estado de confusão ao se permitir analisar a mão da mulher e a pedra de rubi em seu pedestal por um minutos. Tentou organizar seus pensamentos, mas não conseguiu. Ela era uma Malfoy. Havia assinado os papeis de casamento. Aquilo automaticamente a tornava proprietária da joia.


 


Voltou sua atenção para a pedra, moveu a proteção de vidro com uma mão e com a outra tirou o rubi do pedestal de prata. Nada aconteceu. Girou a pedra entre os dedos exatamente como ela havia feito e a encarou. Ela pulou seus olhos da pedra para ele uma dúzia de vezes e então estendeu a mão para toca-la novamente. No mesmo segundo que seus dedos encontraram o rubi ela recuou instantaneamente soltando outra exclamação de dor expressiva e alta.


 


-       Não posso tocar. Por que não posso tocar? – ela soltou confusa e aflita enquanto esfregava os dedos que estavam perfeitamente bem.


 


Ele não sabia explicar. Devolveu a rubi ao pedestal e a enclausurou com a jaula de vidro. Pediu que Hermione tentasse pegá-la como havia feito antes. Ela tentou. Tentou remover a vidro, mas foi incapaz, como se tudo estivesse selado contra ela porque ele tentou logo em seguida e tudo se moveu como ele queria.


 


Não entendeu. Ela havia assinado os papeis do casamento, ele estava lá, havia visto. Ela era uma Malfoy. Aquilo só deveria acontecer se ela não fosse uma e se ela estivesse tentando pegar a pedra de sua família e não estivesse conseguindo, então...


 


-       Há algo errado com nosso casamento. – pensou em voz alta.


 


-       Eu assinei os papeis, Draco. Você viu.


 


-       A caneta. Talvez não fosse a caneta da minha família. Talvez o papel... Algo tem que estar errado. Você não é uma Malfoy. Se fosse uma não teria problemas com a pedra da família. – eles se encararam como se o mundo estivesse se dividindo entre eles e não houvesse nada que pudessem fazer. – Não acho que somos realmente casados, Hermione. – quando disse aquilo sentiu como se o único fio que ainda o mantinha unido a ela tivesse sido rompido. A ideia de que ela não pertencia a ele o atingiu como um soco no estomago. Se aquilo fosse realmente verdade então...


 


-       Sr. e Sra. Malfoy. – o duende reapareceu. Ele não deveria. – Dois homens da guarda pessoal do Lorde das Trevas estão exigindo que a Sra. Malfoy seja levada a Catedral. Estão do lado de fora a esperando em uma carruagem exclusiva.


 


-       O que? – ela indagou confusa.


 


-       Hermione está indo comigo a Catedral em alguns minutos. – Draco adiantou-se. – Avise-os.


 


-       Senhor, com todo o respeito, eles exigem no nome do Lorde que ela seja levada na carruagem exclusiva. Gostaríamos qualquer escândalo fosse evitado pelo bem do respeito que todos tem ao banco de Gringotes.


 


-       Avise-os que ela estará em Gringotes...


 


-       Já estou indo, não é necessário que se preocupe com qualquer escândalo. – Hermione o cortou. Draco lançou a ela um olhar severo que ela recebeu com muita calma e ceticismo. – Não é meu marido, não pode tomar decisões por mim. Aliás, deveria saber que mesmo se fosse, não teria esse crédito.


 


E ela se foi acompanhando o duende com calma, ou tentando parecer calma. Draco se viu sozinho em seu cofre. Passou os dedos pelo cabelo soltando o ar. Sentia que estava sendo esmagado por tudo que havia acontecido nos poucos minutos em que eles ficaram ali. Aquela intensa discussão e então... Hermione era sim sua esposa! Não conseguia mais olhá-la como outra coisa seja lá o que fosse.


 


Ela era nascida trouxa, talvez fosse isso que a impedira de tocar a pedra. Balançou a cabeça assim que teve esse pensamento. Não havia distinção entre o sangue bruxo, isso era apenas uma jogada dos privilegiados membros das famílias tradicionais com seus preconceitos. O que infernos havia de errado então? Precisava encontrar outra resposta que não fosse um erro em seu casamento! E alias... O que diabos Voldemort queria com Hermione?


 


Apressou-se para deixar o banco o mais rápido possível. Saiu a tempo de ver Hermione entrar em sua carruagem exclusiva e partir. Logo que chegou a Catedral, Tina o esperava na escadaria do lobby da entrada que tomara. Ela apressou-se para informa-lo de que iria mandar uma coruja, mas que recebera o comunicado de que ele já estava a caminho, portanto preferiu espera-lo para dizer pessoalmente que Voldemort estava convocando uma cerimônia fechada com o círculo interno de Comensais no salão principal naquele exato momento.


 


-       Ele mandou que buscassem Hermione. O que ela tem a ver com isso? – perguntou quase que imediatamente.


 


-       Não faço ideia, senhor. A Sra. Malfoy tinha uma sessão de experimentos marcada com o grupo da Comissão essa manhã. É tudo que eu sei sobre ela. – respondeu Tina.


 


Draco bufou e passou por ela avançando com pressa até o salão principal. Assim que chegou ao local, encontrou alguns dos Comensais do círculo interno conversando entre si em grupos separados próximo as plataformas do trono. Não demorou a encontrar seu pai em um deles. A aparência dele era, de longe, comprometedora. Nunca vira seu pai fora de sua postura, mesmo quando estava um pouco fora de si por causa do álcool. Assim que o alcançou, conseguiu sentir o cheiro do licor da distância que estava. Foi cauteloso ao se aproximar, pediu licença educadamente e focou-se em tirar seu pai dali.


 


-       Onde está aquela maldita feiticeira que chama de esposa? – resmungou seu pai assim que conseguiu afastá-lo do grupo de Comensais que procuravam ainda bajulá-lo mesmo vendo que ele não estava em seu melhor estado.


 


-       Estive pensando que você poderia ter essa resposta. O Lorde a trouxe para a Catedral em uma carruagem exclusiva. O que ele está tramando? E como ousa aparecer assim a uma sessão do círculo interno? – o empurrou contra um encontro de paredes assim que conseguiu passar para o lado de fora do salão por uma das saídas de câmara.


 


Seu pai riu secamente em resposta. Draco tentou imaginar quantos litros de álcool seu pai havia ingerido para chegar naquele estado. Seu pai era forte.


 


-       Quero esmagar o crânio daquela vadia que dorme na sua cama. – insultou ele. Draco não entendeu o motivo dele estar insistindo em Hermione, mas o fato de ter levado o insulto para um outro nível o fez querer apertar a gravata de seu pai em volta do pescoço até que ele implorasse por ar. - Aquela maldita mulherzinha tem enfiado ideias loucas na cabeça de sua mãe! Espero que o mestre faça com que ela sangre dolorosamente...


 


O impulso o levou a colocar o braço contra a garganta de seu pai calando-o instantaneamente.


 


-       O que Voldemort está tramando com ela? Para que ele precisa dela? O que ele quer com essa sessão fora de agenda? – vociferou contra o rosto de Lúcio Malfoy que apenas riu secamente mais uma vez.


 


-       Há tanto sobre essa maldita mulher que você fode todas as noites, Draco. Ficaria orgulhoso do que eu consegui para você quando souber...


 


-       Mostre algum respeito pela mulher que está carregando seu netos! - Tudo aquilo estava colocando seu sangue numa temperatura arriscada. Apertou mais seu braço contra a garganta do pai. – É melhor que me diga logo se sabe de algo sobre esse circo! E é melhor que também tenha respostas para o fato de Hermione ser incapaz de tocar no rubi da nossa família! Ela assinou os papéis do casamento! Ela é uma Malfoy!


 


Seu pai riu com vontade dessa vez.


 


-       Claro que ela é uma Malfoy, Draco, e claro que ela é incapaz de tocar na joia da nossa família! – riu ele. – Você não faz a menor ideia...


 


Draco precisou afastar-se imediatamente quando viu três homens da guarda de Voldemort aproximando-se.


 


-       Senhores, precisamos manter todos os Comensais do círculo interno dentro do salão. Ordens do mestre. – um deles se manifestou.


 


-       Preciso falar com o mestre imediatamente. – apressou-se Draco.


 


-       Isso seria impossível. – respondeu o homem. – O mestre informou que talvez viesse a desejar isso, por isso pediu para que o avisássemos de que não deve se preocupar com a segurança da sua esposa. Tudo será mais rápido do que todos estão esperando. Agora, seria melhor que, por favor, entrassem. Não é prudente que não estejam ocupando seus lugares quando o mestre chegar.


 


Draco bufou de raiva. Encarou seu pai.


 


-       Eu exijo respostas. – foi a ultima coisa que disse antes de dar as costas e voltar para o salão deixando-o para trás.


 


-       Vai ter todas elas em um minuto! – escutou a voz dele soltar num tom divertido as suas costas.


 


Continuou seu caminho com a cabeça fervendo até seu assento nos patamares do trono. Não conversou com ninguém, não olhou para ninguém e não se importou com educação. Voldemort não demorou a aparecer. Ele não estava na companhia de Hermione. Quem o acompanhava era Severo Snape e aquilo não era um bom sinal para Draco. Assim que ele fez presença todos prestaram sua reverencia e tomaram seus lugares com pressa. Voldemort não se sentou. Manteve-se de pé no centro do salão e muito informalmente declarou que não tomaria muitos minutos.


 


-       Como todos já sabem, a guerra está chegando ao fim. – introduziu Voldemort. – Draco já está direcionando todas as forças do exército para a caça aos rebeldes e o plano de extermínio garante que eles sejam reduzidos a uma porcentagem mínima até o fim do próximo ano. – continuou. – Pretendo deixar Brampton Fort assim que o plano estiver com toda a força. Pretendo me apresentar ao mundo e deixar que todos saibam que não simplesmente existo como um nome, como Aquele-que-não-deve-ser-nomeado, ou como o Lorde das Trevas. Pretendo mostrar quem sou, pretendo fazer com que o mundo me chame de mestre. Pretendo ser uma imagem confortável ao mundo, porque assim que deixarmos de nos esconder, assim que eliminarmos todos os trouxas e fizermos desse planeta, um planeta de bruxos, eu terei um legado, eu serei um imperador, serei a imagem que representará todos nós. Portanto hoje, agora, irei apresentar a você, meus servos fieis, minha nova imagem. Quem eu serei para o mundo. – ele estendeu a mão para Severo, que recebeu o gesto como um convite para a aproximação. Tirou de dentro de sua capa um frasco vidro grande cheio de um líquido âmbar que Draco não conseguia distinguir que poção poderia ser. A cor era anormal demais para que fosse facilmente identificável.


 


A voz entediante de Snape começou descrever a composição da poção e os desafios do modo de preparo. Draco não prestou tanta atenção quanto deveria. Tudo que sua cabeça era capaz de pensar era em Hermione. Onde ela estaria? Por que Voldemort a chamara? Que papel ela prestaria naquela sessão fechada? Será que ela prestaria algum? Por que infernos ela não podia segurar a pedra de sua família se seu pai havia dito com tanta certeza de que ela era sim uma Malfoy?


 


-       ...mas essa poção é inútil sem um último ingrediente. – tentou prestar atenção em Severo. – Um ingrediente que dará a ela todo propósito.


 


-       Quando a câmara de Slytherin foi reaberta em Hogwarts, há alguns anos. Fui capaz de me comunicar indiretamente com o Basilisco e ele me passou uma informação, que embora inútil para a época, foi um tanto surpreendente para mim. – Voldemort tornou a se manifestar. – Havia uma estudante ao qual ele atacará que tinha o poder de se regenerar do congelamento ao qual ele havia a aprisionado, mas que não sabia do poder que tinha porque precisara ser tratada exatamente como os outros estudantes. Criaturas mágicas de grande poder como o rei das serpentes, o Basilisco, tem a capacidade de reconhecer outras criaturas de poder tão igual ao dele com seu olhar fatal. – ele sorriu orgulhoso de possuir a informação que estava prestes a soltar. Apontou a mão para a gigantesca porta ao fim do salão. – Meus amados servos. – a porta começou a se abrir e revelou uma Hermione um tanto assustada do outro lado. – Sinto-me honrando de apresentar a vocês Hermione Malfoy, a última fada humana descendente do sangue de Morgana.


 


Drago sentou-se ereto em sua cadeira. Os cochichos surpresos dos outros comensais correram o salão. Hermione balançou a cabeça como se estivesse tentando negar aquela informação. Parecia ter sido informada daquilo minutos antes de estar parada ali.


 


-       Eu não sou... – a voz rouca dela ecoou incerta pelo salão.


 


-       Não seja tímida, minha rara joia. – Voldemort estendeu a mão em direção ela, como se ela fosse a coisa mais doce e preciosa do mundo inteiro. Hermione foi obrigada a avançar até ele quando um dos homens da guarda, que a acompanhava, fez um gesto a intimando para avançar e obedecer o chamado do mestre. Ela aproximou-se claramente receosa, mas sem sair da orgulhosa postura que mantinha. – Seu sangue ainda é inútil para mim para o objetivo que tenho porque obviamente a linhagem de Morgana foi comprometida com as inúmeras misturas de sangue no decorrer dos anos. – disse quando ela já estava próximo o suficiente. - Mas o filho que espera é a reconstrução exata do que eu preciso. O sangue puro da linhagem de Merlin e o sangue de Morgana. É exatamente o que eu preciso. – ele fechou uma mão no pulso de Hermione e a puxou bruscamente, o que fez Draco levantar-se de sua cadeira automaticamente. Ninguém tocaria sua mulher daquela forma. – Não ouse fazer nada estúpido, Draco. – foi a resposta de Voldemort a sua reação. – Vou pegar apenas uma amostra fresca do sangue da criatura mágica que temos aqui. Assim todos, inclusive ela, poderá ter certeza do que estou falando. – puxou uma faca e abriu a mão dela.


 


Draco não hesitou em descer até onde estavam.


 


-       Não a machuque! – sua boca proferiu sem que nem mesmo pensasse.


 


-       O mestre disse para não tentar nada estúpido, Draco. – Snape usou sua voz seca para reafirmar o que Draco havia escutado antes, mas continuava a não se importar.


 


Seus pés travaram quando Voldemort passou a faca pela palma da mão de Hermione. Ela resmungou muito baixo em reação a dor e tratou de cerrar o punho rapidamente. Snape coletou para dentro do frasco da poção apenas uma gota e deixou o resto respigar no chão. Draco sentiu seu sangue ferver de raiva. Ninguém tinha o poder de tocá-la daquela forma! Apertou o passo até ela a fim de afastá-la de Voldemort, mas no momento em que chegou perto, ela se afastou como se soubesse que ele pretendia tocá-la, o que o obrigou a parar.


 


-       Estão claramente cometendo um erro! – tentou pelo menos colocar-se entre Hermione e eles.


 


Voldemort sorriu aquele sorriso assustador.


 


-       Eu não cometo erros, Draco. – disse e tomou da poção enquanto Snape começava a descrever os princípios do sangue de Hermione em ação com os ingredientes bem combinados da poção. Todo o salão pareceu ficar em choque no momento em que o Voldemort que conheciam se transformou no Tom Riddle do qual já haviam ouvido falar um dia. Um homem alto, próximo de sua meia idade, de cabelos escuros um tanto cacheado, rosto fino, olhos negros e pele branca. Ele respirou fundo parecendo sentir-se revigorado. – Até sinto que irá durar mais que alguns minutos usando o sangue fresco dela. – comentou com Snape. Abriu os braços e sorriu para todos os outros Comensais. Um sorriso largo, que mostrava dentes brancos e perfeitamente alinhados. – Esse é o rosto que o mundo irá conhecer. O rosto de Lorde Voldemort que atravessará gerações.


 


Draco se viu sem reação. Seus olhos saíram de Voldemort e caíram em Hermione. Seu sangue que antes parecia ferver, agora parecia gelar. Malfoys haviam destruído Morgana e seu terrível reinado. Haviam destruído todos seus herdeiros e haviam até mesmo feito um juramento para assegurar que nenhum descendendo da poderosa fada estivesse por aí, rondando o mundo, tamanho era o ódio que haviam nutrido no passado. Se ela realmente fosse descendente de Morgana, o que seu cérebro ainda não era capaz de processar, eles eram inimigos através da história, não apenas da medíocre vida que haviam vivido até agora. Eram, definitivamente, incompatíveis. 











NA: Aí vai o capítulo nos 45 do segundo tempo! Literalmente acabei de acabar o capítulo! Não reli nem nada! Desculpem mas a correria foi louca. Demorei chegar em casa e quando cheguei ainda tinha coisa pra finalizar do capítulo! Peço desculpas pela falta de revisão, pelos erros, por qualquer coisa. Não tive tempo de reler nada. Vou ver se cuido de enviar para beta essa semana e edito depois pra quem for ler depois do dia 04 ter a chance de ler algo mais arrumadinho. Só não quero deixar vocês sem capítulo! Espero que gostem e comentem!!! :) 
Desculpem se não vou conseguir responder os comentários! Juro que vou tentar capítulo que vem! Detesto quando não consigo, quando o tempo é apertado demais. Adoro interagir com vcs sobre a fic! :(
Até o próximo dia 04! 

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Comentários (16)

  • Byanca

    Eu não sei o que dizer nem o que sentir, meu estômago afundou completamente nesse capítulo, Hermione dizendo que já foi apaixonada e no final essa revelação, o meu cérebro está indo a 1000 eu nem sei como vou fazer para esperar até o dia 04.Poxa, eu to gostando tanto desse Draco e realmente to sentindo saudades dos momentos Hermione e Draco "se aturando", sdds Hermione dando uma brecha. Enfim, ela ser descendente de morgana, Draco tão preocupado por ela, Voldemort voltando a ser Tom. ESSE CAPITULO ME DEIXOU LOUCA kkk. Que dia 04 chegue bem rápido

    2015-08-05
  • Landa MS

    Sei que vou parecer maluca agora,  mas eu dei um grito tão alto aqui que ate eu me assustei. Mulher, voce por acaso quer marat todo mundo fo coração? Porque fazer a Hermione fazer uma declaração daquelas e depois no final finalmente revelar o que ela é de verdade é pra fazer a gente ter um infarto com certeza. Amanfo demais e agora vem as dúvidas. O que Draco Malfoy vai fazer?  O que Hermione vai fazer?  O que todos irão fazet depois dessa bomba que explodiu nesse reunião.  E Voldie? Será que vai dar em cima dela? Agora que ele se considera um ser humano de novo? E Harry o que vai fazer? Será que os planos de Draco serão frustrados? Mulher do céu! São muitas perguntas. E espero ter todas as respostas. Comentei pelo celular, mas é um horror. Mas com um cap assim eu tive que fazer um esforço. Drpois da brigra deles no quarto fiquei vendo o momento em que o Draco vai jogar tudo pro ar e gritar aso quatro ventos qye a ama e vai partir para um beijo que vai tirar o fôlego de todas nós ( suspirando por antecipação) kkkkk. E quanto aos bebês? Pensei tanyo nelels ao longo da leitura. Olha ai , mais perguntas... deixa eu acabar logo antes que isso se torne um interrogatório.  Kkkkk bjos flor. E a propósito trocou a capa da fic de novo? Se trocou, desculpe a desatenção.  Venho tao louc palo o cap qu nem presto atenção. 

    2015-08-05
  • bbta black

    OMG! OMG! OMG! Que capítulo! Não sei nem o que comentar hahahaBom, vamos lá, foi muito perfeito, achei que o Draco ia ter que se meter entre a Hermione e o Harry mas a Mione como sempre agiu muito bem. Ela é demais rsEla estava se apaixonando pelo Draco owwwwwwwwn eu já sabia hahaha agora o bobão tem que tomar uma atitude é mostrar pra ela que a ama. Essa eu quero ver, vai ser muito bom ver ele se redimir. Apesar de tudo estou com pena do Draquinho, gosto muuuuito dele mas as vezes ele merece ouvir algumas coisas e passar por algumas situações para aprender a tratar melhor as pessoas e eu sei que ele vai aprender direitinho :)Fada??????  :o Aquela veela era esperta demais, acertou tudo o que falou. Como assim o Voldemort virou o Tom de novo? Que viagem rs mas vamos ver o que acontece né. Já estou muitíssimo ansiosa pelo próximo, espero que saía rapidinho e que seja um capítulo gigaaante.Beijinho; ) 

    2015-08-05
  • S.M.F.

    Meu Deus!!! Não acredito que o capítulo parou assim??? E agora o que eles farão??? Adrenalina a mil, depois de ler esse capítulo sensacional e a ansiedade conseguiu ultrapassar todos os limites até então alcançados... Acho que vou reler toda a fic pra acalmar meu coração até o próximo mês, quem sabe funcione.. rsrsCapítulo espetacular!!! Tantas pontas soltas para os próximos capítulos que já não sei o que me causa mais ansiedade. Tem o ataque a Ordem, a volta de Harry, a relação deles que finalmente tiveram coragem de ao menos "desabafar" e agora ficou claro, pelo menos para mim, do que realmente Voldemort quer com o filho deles. Como será que eles vão se proteger?Contagem regressiva para o próximo dia 04!!!Ah propósito, parabéns pelo capítulo, pelo seu comprometimento e pela brilhante história. Quando publicar um livro ou caso já tenha publicado, me avise que eu compro! 

    2015-08-05
  • Cristina Monteiro da Silva

    Muito bom, mais achei pequeno..ou foi eu que li rápido de mais :/  A espera vai ser longa até dia 4... 

    2015-08-05
  • Karla Dumbledore

        Ahhhhhh!       Estou em choqueeee! Faz tempo que não comento e embora a emoção esteja grande resolvi fazer o comentário logo!     Que capítulo foi esse! Adorei e estou sem palavras! A história está cada vez mais interessante e finalmente temos a revelação desse mistério. Quero saber o que o Lúcio tramou com essa história, afinal deu a Voldemort algo que ele queria ao consentir o casamento do Draco e da Hermione.     Comentário curto pois ainda estou sem raciocínio. Esse capítulo acabou comigo (rsrsrsrs)!

    2015-08-05
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