O Jato Verde



erTítulo: Contra a Parede





Autor:
Mari Gallagher





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Shipper: Harry e Hermione





Spoilers: Livros 1 a 5





Gênero: Romance/Aventura





Status: Em andamento





Sinopse: Eles estão frente a frente após quatro anos, mas desta vez há algo diferente, há uma forte paixão mal resolvida. O que poderá acontecer quando esses dois tiverem que se encontrar em todos os lugares todo o tempo e ainda resolver um misterioso roubo? Harry Potter e Hermione Granger são postos Contra a Parede por seus sentimentos...





N/A – Eu sei que não há perdão para essa demora, portanto vou apenas desejar profundamente que vocês curtam o capítulo e tentar que a atualização seja BEM em breve! Obrigadíssima pelas reviews, é bom saber que vocês continuam aguardando atualização dessa fic! Bjosss!











Capítulo VIII – O Jato Verde









“In my dream I was drowning my sorrows


But my sorrows they learned to swin


Surrounding me, going down on me


Spiling over the brim


In waves of regret, waves of joy


I reached out for the one I tried to destroy


You, you said you'd wait until the end of the world”


U2 – Until the end of the world







Hermione foi a primeira a entrar na suíte sendo seguida por Harry, Gina e Draco, respectivamente. Ela estava exausta e não parecia ser a única. Todos na verdade tinham expressões de desgaste e estafa. Ela coçou a cabeça de forma cansativa antes de se jogar no estofado.


- “Então é isso.” – ela disse visivelmente cansada após um bocejo. – “Você e ela agora são parte da gangue”.


- “Exato.” – Draco respondeu.


- “Eu acho um absurdo.” – Gina protestou batendo o pé no chão.


- “Mesmo? Eu não planejei nada disso, sabe?”


- “Mas poderia muito bem ter contornado a situação...” – disse a ruiva.


- “Você sabe que não!”


- “Tudo bem vocês não precisam discutir!” – Harry falou tirando o paletó. – “Não tem mais jeito, teremos que enfrentar o risco, vocês principalmente. Talvez até dê certo”


- “Você está brincando? É claro que vai dar certo!” – Draco retrucou.


- “É, mas agora acho que precisamos dormir.” – Hermione sugeriu.


- “E quanto a você e o Harry?” – Gina ponderou. – “Como vão fazer? Não podem ser reconhecidos também.”


- “É, eu sei.” – foi Harry que respondeu, pensativo. – “Não se preocupem, amanhã veremos isso, ok?”


- “Ótimo, eu estou indo.” – Draco disse já de costas aparatando para o outro quarto.


- “Até mais” – Gina piscou para Hermione antes de imitar o loiro e desaparecer diante deles.


Harry suspirou e passou a desabotoar a camisa na área dos pulsos, seus olhos ardiam e pesavam. Ele mirou Hermione retirando as sandálias e abriu a boca para falar, mas antes que pudesse ela se levantou e adentrou no banheiro batendo a porta. Cerca de vinte minutos depois ela saiu e se ocupou em guardar todos os pertences que havia usado e que estavam sobre a cama, Harry já mais que exausto foi para o banho.


Ele não se demorou muito. Quando Hermione retirava o robe escarlate para deitar-se observando pela janela a rua Harry apareceu já de pijama e dirigiu-se até ela.


- “Tudo bem?” – ele perguntou cautelosamente ao seu lado.


- “Sim. Por que não estaria?” – Hermione respondeu com surpresa sem olhá-lo.


- “Eu sei lá! Tá meio difícil responder a uma pergunta como essa, levando-se em conta as últimas horas.” – ele fez uma pausa e Hermione em silêncio passou a olhá-lo. – “E antes que você diga qualquer coisa, quero deixar claro que isso não é nenhuma reclamação! Encare apenas como desabafo de um homem que definitivamente não entende as mulheres.”


Ela deu um sorrisinho e mordeu o lábio inferior.


- “Você não existe.” – disse cruzando os braços. Harry sorriu.


- “Viu só. Agora está de bom humor!” – bradou ele ainda sorrindo.


- “Como você pode ter tanta certeza?” – ela brincou.


- “Eu não tenho.” – ele deu de ombros. – “E sinceramente isso não me incomoda... Não existe emoção na vida se nós tivermos certeza de tudo.”


- “Você acha mesmo isso? Você prefere a dúvida?”


- “Não exatamente a ‘dúvida’, mas... O misterioso, talvez.” – Harry respondeu levantando a sobrancelha. – “Ah! Já ia esquecendo...”


Hermione encolheu os olhos quando Harry retirou algo minúsculo do bolso.


- “Você esqueceu na pia do banheiro.” – ele disse mostrando na palma da mão a aliança que Hermione estava usando mais cedo. – “Melhor ficar com ela, pode ser útil.”


Antes que ela falasse qualquer coisa Harry já havia segurado a mão esquerda da moça e com delicadeza colocou o anel no local devido. Ainda em silêncio ele passou a acariciar os dedos de Hermione que imediatamente ouviu sua consciência gritar para que se soltasse dele e desfizesse qualquer contato. Para ela, no entanto, era simplesmente impossível mover qualquer músculo. Harry, no que pareceu durar um milênio conduziu a mão da mulher à sua face e depois de um profundo suspiro sobre a pele macia dela beijou lentamente a palma. Hermione inconscientemente tocou a face de Harry sentindo entre os dedos o calor que emanava dele e que parecia arder e queimar cada vez mais de forma incrivelmente forte. Ela franziu o cenho e apalpou o rosto do rapaz agora com as duas mãos crescendo os olhos de preocupação.


- “Oh merlin Harry, você está ardendo em febre!” – ela exclamou inquietada o puxando pelos braços e o sentando na cama.


- “Febre? N-não...” – Harry falou desentendido. – “Não é nada, impressão sua!”


- “Não é impressão, eu tenho certeza! Você está com uma febre alta, sem dúvida! Está doente! O que você está sentido? Dói algum lugar??” – indagou com ansiedade o examinando com os olhos.


- “Não... Quer dizer... Só uma dorzinha de cabeça, mas não é nada importante!”


- “Como assim, não é importante? Claro que é importante, isso quer dizer que está doente e que precisa de cuidados!”


- “Mione... Deve ser só um resfriado.”


- “Pode ser, mas você não tem certeza. Então tem que se medicar!” – disse severa, Harry suspirou entediado. – “Espera um segundo aqui e não se mova!”


A mulher caminhou até a mala e após vasculhar alguns bolsos retornou ficando agachada ao lado da cama.


- “Beba.” – ela entregou um pequeno frasco cor de violeta para Harry.


- “O que é isso?” – perguntou Harry examinando o líquido com uma careta.


- “É só uma poção medicinal, vai te fazer sentir melhor, anda bebe logo!” – ordenou.


Harry obedeceu engolindo todo o conteúdo do vidrinho.


- “Obrigado”.


- “Não tem de quê. Muito bem...” – ela levantou e reuniu nos braços uma pilha de cobertores. – “Agora você precisa descansar. Deite.”


Harry fez menção de se levantar, mas Hermione o deteve segurando os seus ombros.


- “Eu disse para se deitar!”


- “Era o que ia fazer, mas para isso preciso chegar até lá...” – ele respondeu apontando para o estofado.


- “Você não vai chegar a lugar algum. Eu mandei deitar exatamente aí onde está.”


- “Como é?”


- “Você fica na cama hoje, eu durmo no sofá.”


- “Hermione qual é... Não há nenhuma necessidade, o sofá é ótimo!” – Harry retrucou.


- “É... Eu espero realmente que seja, ou eu terei uma péssima noite!” – ela o empurrou na cama e começou a atirar os cobertores sobre o homem que em resistência voltou a sentar-se.


- “Pelo amor de Deus, você não precisa dormir no sofá! Eu estou bem... E além do mais...”


- “Não, eu já disse que não, mas que teimosia! Você fica na cama e ponto final!” – ela tentou deitá-lo novamente, mas Harry resistiu.


- “Ta, é muito legal a sua preocupação.” – ele segurou os pulsos dela. – “Mas não há necessidade! Eu posso ficar muito bem no...”.


- “Harry, chega! Vá dormir, por favor. Não vou mais discutir esse assunto, entendido?” – ela finalmente o empurrou contra os travesseiros e dando a volta na cama voltou a jogar mais cobertores em cima de Harry.


- “Hermione, assim eu vou acabar morrendo asfixiado!” – ela se sentou ao lado dele na cama arrumando os lençóis até os ombros do homem.


- “Quer ficar quieto por obséquio? Você está doente, tem febre, precisa ficar quentinho! Feche os olhos.”


- “Anh??”


- “Eu mandei fechar... os... olhos!”


- “Por quê?” – ele indagou perplexo.


- “Porque não se pode dormir com os olhos abertos, é óbvio!”


Harry suspirou com um meio sorriso e obedeceu fechando os olhos. Ele escutou Hermione desligar a única luz que se espalhava pelo quarto com um toque no abajur, mas continuou a sentir intensamente o perfume da loção que ela usava o que significava que Hermione ainda estava a seu lado. Esperou alguns segundos e como nada parecia mudar ele abriu os olhos repentinamente notando que a mulher estava exatamente na mesma posição de antes.


- “O que é? Por que está aí parada?”


- “Estou esperando.”


- “Esperando? O quê?”


- “Você dormir”. – Hermione respondeu com naturalidade. – “Eu não saio daqui até ter certeza de que você está bem.”


Harry virou os olhos.


- “Eu já disse que estou bem, Hermione”.


- “Não é suficiente!” – ela se remexeu sobre os joelhos.


- “Eu só estou com febre e provavelmente com o resfriado, o que você acha que pode me acontecer?”


- “Uma convulsão, talvez.” – ela falou com naturalidade dando de ombros. Harry riu baixinho.


- “Por favor... Não é pra tanto! Teria que ser uma febre muito alta e longa para que eu tivesse uma convulsão...”


- “E por acaso você sabe há quanto tempo está febril?” – Harry piscou os olhos várias vezes. – “E eu também não lembro de termos medido a sua temperatura!”


- “Mione...”


- “Isso que dizer...” – ela interrompeu. – “Que nós não podemos descartar as chances de você ter alguma crise decorrente dessa doença que não sabemos qual é, ainda.”


- “Então você vai ficar aí até que eu durma?”


- “Humrum”.– ela assentiu. Harry abriu um sorriso enigmático.


- “E se... eu não dormir?”


- “Bem, nesse caso... Não sabe o prazer que me daria ter que te estuporar.” – ela respondeu imediatamente. Harry franziu o cenho ainda sorrindo.


- “Você não faria isso com um pobre moribundo febril e com insônia, faria?”


Hermione levantou a sobrancelha e se inclinou ligeiramente na direção de Harry.


- “Não me obrigue.”


- “Tudo bem... Já entendi!” – fez uma pausa – “Obrigado por me esperar dormir.”


Hermione apenas sorriu. Ele respirou fundo e descansou as pálpebras. Passaram-se alguns longos minutos onde o silêncio se fez vencedor. Harry já se encontrava em um “semi-sono” quando sentiu a mão fria de Hermione pousar rapidamente sobre sua testa e em seguida sobre seu pescoço parando exatamente sobre a sua, inconscientemente ele se remexeu entre as cobertas e virando-se de lado enlaçou o braço de Hermione com o seu. Ela foi ligeiramente puxada para mais próximo dele ficando quase deitada apoiada no outro cotovelo.


- “Harry...” – Hermione sussurrou tentando inutilmente retirar o antebraço preso sob o peso do corpo ao lado. – “Harry você tem que me deixar...” – tentou novamente sem resposta agora lhe tocando de leve o ombro. – “Ah Merlin... Não é possível que tenha dormido! Harry...”


Ela expirou pesadamente franzindo o cenho e por mais uma vez esgueirando-se para tomar distância. Sem sucesso apoiou a própria cabeça no braço, também deitada de lado.


- “Alguma hora você vai ter que sair de cima de mim, tudo bem, eu espero”. – falou para si mesma dando um longo suspiro em seguida. – “Eu espero.”


O cheiro fresco do desodorante de Harry pareceu gelar seu estômago, ela se sentiu tonta.


Fechou os olhos.








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Draco sentou-se no sofá em um salto, algo pesado parecia ter colidido com sua cabeça, pois ela latejava incessantemente o pondo à beira de um ataque de nervos e lhe despertando do sono. Olhou em volta no quarto, nem sinal de Gina e nenhum barulho que indicasse movimentação. Tomou um banho longo, equipou-se de um oportuno óculos escuro e deixou a suíte.


Esperava o elevador estalando os dedos quando Harry parou exatamente a seu lado.


- “Bom dia.” – cumprimentou Harry.


- “Até agora não tem nada de bom.” – Draco respondeu com descaso. – “Preciso de alguma coisa para dor de cabeça.”


- “Uau. Isso é realmente péssimo. Hermione talvez tenha algo.”


- “Ela está no quarto?”


- “Não... Quando acordei ela já não estava lá.” – respondeu Harry com uma expressão intrigada. A última lembrança que tinha da noite anterior era a de Hermione ao seu lado... Próxima. Muito próxima. Ao amanhecer, no entanto, ele estava sozinho.


Permaneceram em silêncio por alguns segundos até que o elevador chegasse.


- “Então...” – Draco começou pondo a mão no queixo. - “Vocês já se acertaram?”


- “O quê?” – Harry indagou confuso.


- “Você e ela. Já se acertaram?”


- “Não estou entendendo do que você está falando.” – o outro respondeu dando de ombros.


- “Ah... Qual é Potter. Não me diga que ainda não resolveu isso...”


- “Isso o quê??”


Draco soltou um risinho sarcástico.


- “Ok... Já percebi. Você vai se fazer de desentendido. Só quero que...”


- “Se você está se referindo a mim e Hermione e algum assunto que tínhamos pendente, basta que saiba que continua pendente.” – Harry interrompeu retoricamente.


- “Certo.” – Draco hesitou por um instante. – “Mas você ainda a quer, não quer?”


- “O que...” – Harry começou encolhendo os olhos. – “Por que está perguntando isso?”


- “Por nada.”- o loiro respondeu imediatamente. – “Eu só queria me... Certificar.”


- “Se certificar? Se certificar de quê?” – perguntou interessado.


- “De que ela está disponível. Ou não.” – respondeu Draco saindo do elevador em seguida.


Harry ficou estático por um instante enquanto digeria as palavras de Draco, só despertou da reflexão quando a porta já começava a se fechar em sua frente o forçando a sair para o hall. O loiro estava a cerca de dez metros de distância na direção do restaurante. Harry sorriu para si mesmo, perplexo. Malfoy interessado em Hermione? Mas... Malfoy?? Sim, definitivamente sim. Nada além do que isso o faria estar preocupado se ela estava disponível ou não. “Mas que audácia!”, pensou sacudindo lentamente a cabeça.


Apressou o passo e alcançou o loiro.


- “Hey!” – Harry chamou, mas antes que Draco retrucasse ou que ele próprio desse seqüência o recepcionista do Hotel caminhou em sua direção.


- “Sr Vallon?”


- “Sim?”


O outro estendeu um pequeno cartão.


- “Sua esposa lhe deixou isto”.


Harry observou o papel onde a letra de Hermione descrevia um endereço.


- “Obrigado”. – respondeu Harry entregando uma nota ao recepcionista que com um sorriso amarelo se retirou.


-“O que foi?” – Draco perguntou quase sem mover os lábios.


- “Vou sair para encontrá-la. Um café bruxo aqui próximo, me parece.”


- “Ok. Vou procurar Ginny.”


Os dois se separaram e em poucos minutos Harry atravessava o segundo quarteirão após o Hotel chegando a estreita alameda íngreme que Hermione havia descrito no recado. O único estabelecimento que parecia comercial na rua tinha apenas uma placa com um caldeirão desenhado. Ele entrou.


No fundo do estabelecimento tomado por penumbra Hermione estava acomodada em uma mesa para dois com uma xícara fumegante e alguns quitutes a sua frente. Ela usava uma discreta blusa de gola alta cor de goiaba e óculos escuros em formato retangular, uma aparência que abrandava seriedade, mas ao mesmo tempo despertava enorme atração em Harry. “Deve ser por que não consigo prever seu olhar”, pensou imediatamente ao chegar junto de onde ela estava.


- “Bom dia.” – ele falou cordialmente, Hermione sorriu amarelo levantando a sobrancelha.


- “Acordou melhor?” – indagou com indiferença. Antes que Harry respondesse, Hermione tomou a palavra novamente. – “É. Vejo que sim. Não vai sentar?” – foi o que ela concluiu.


Harry obedeceu e Hermione em silêncio indicou o bule e uma xícara vazia para que ele se servisse.


- “O que houve”? – ele perguntou tomando o bule de café nas mãos.


- “Nada. Só achei que não seria muito apropriado decidirmos o rumo da investigação no Hotel. Não penso que seja... Seguro.”


- “Humrum. Também acho.” – tomou um gole. – “Precisamos bolar alguma coisa... Alguma tática pra continuar.”


- “Eu tomei a iniciativa de pensar sobre o assunto e... Tenho uma idéia.”


- “Que idéia?” – Harry perguntou interessado.


Hermione ainda em silêncio vasculhou a bolsa a seu lado retirando uma folha de papel e estendendo para ele. Harry recebeu e, intrigado, identificou a caligrafia de Hermione em algumas linhas que se seguiam a duas iniciais.


- “L.M”? – indagou confuso.


- “Lena Masaccio.” - respondeu Hermione sem emoção. – “Coordena o grupo L&I publicidade, considerada uma executiva de sucesso em todo o país.” – ela falava com rapidez e método. - “Aí você encontra telefones, endereços e toda a agenda desta semana, inclusive a programação para amanhã, não vai ser difícil aparecer pelo palácio de Carignano quando ela e a comitiva de empresários coreanos estiverem passeando por lá amanhã a tarde e provocar um encontro casual de dois velhos amigos da forma mais natural po...”


- “Hey hey...” – Harry interrompeu fazendo um gesto com a mão direita. – “Do que diabos você está falando?”


- “Nosso plano.” – respondeu Hermione dando de ombros.


- “Plano?? Se importa de me explicar que plano seria esse?”


- “Ok.” – ela pousou delicadamente a xícara de porcelana sobre a mesa. – “Como será praticamente impossível você prosseguir a investigação sem ser reconhecido por ela e conseqüentemente sem manter o disfarce, o único modo de continuar é se disfarçar de você mesmo e fazer o melhor papel de espião da sua carreira.” – encerrou categoricamente.


Harry, boquiaberto após a explicação, piscou os olhos várias vezes.


- “Você está falando sério?”


- “Por quê? Não parece?” – ela falou sem emoção.


- “Não... Parece... É que...” – fez uma pausa balbuciando. – “Isso é loucura!” – bradou por fim. – “Você não pode querer realmente que façamos isso.”


- “Bem, em primeiro lugar, eu não acho que seja loucura, é apenas uma estratégia, uma ótima estratégia na minha opinião, e em segundo lugar eu quero que tenhamos sucesso nessa investigação, então, sim, eu realmente quero que façamos isso que você supõe que eu não queira fazer.” - disse calmamente. – “Mas, é óbvio que se você se sentir incomodado com a idéia e tiver uma outra alternativa para sugerir, sou toda ouvidos. Você tem?”


Harry puxou a máxima quantidade de ar que era capaz pela boca, afim de tomar fôlego para um pronunciamento longo e convincente, mas seus músculos tinham ficado enrijecidos pelo ar calmo e, diga-se de passagem, irritante e superior que Hermione usara desde que ele se sentara em sua frente. Não tinha a tal declaração impressionantemente persuasiva de que precisava.


- “Não.” – disse quase se voz.


- “Foi o que eu imaginei.” – Hermione falou com tom de desdém.


- “Mas tem que haver um modo que não seja esse.” – ele falou entredentes. A mulher apenas levantou os olhos de sua torrada para encará-lo. – “Hermione, não posso me disfarçar de Harry Potter!”


- “É claro que não. Você não pode porque você é Harry Potter. Só terá que ser você mesmo. É bem melhor que um disfarce, não acha?”


- “É arriscado.” – tentou.


- “Sim, é muito arriscado. No entanto é o que Draco está fazendo.” – alegou Hermione.


Harry sentiu-se imediatamente contrariado ao ouvir a palavra Draco sendo pronunciada por Hermione e não a palavra Malfoy, como era de costume.


- “É eu sei. Mas ele só recorreu a isso por ter o disfarce descoberto e por não ter outra alternativa!” – disse afobado.


- “E por acaso você acha que o seu disfarce não será descoberto?”


- “Não se eu não encontrá-la!”


- “Será que pode me dizer como vai fazer para não encontrá-la? É impossível não encontrá-la! E é impossível que ela não te reconheça!” – Exclamou, finalmente perdendo a aparente calma que mantinha durante toda a conversa.


- “Mas...”


- “Qual o problema afinal, Harry? Está preocupado com os riscos que o novo ‘disfarce’ pode trazer ou temendo desesperadamente reencontrar Helena?” – indagou ameaçadora.


- “É claro que estou preocupado com o disfarce, que por sinal não é um disfarce.” – ele esclareceu de imediato. – “E se você quer saber, também acho que seria bom sim evitar qualquer tipo de encontro com alguém que conheça a nossa identidade. Não é seguro.”


A mulher refletiu por um momento.


- “Ela sabe?” – Hermione indagou com as faces coradas.


- “Sabe o quê?”


- “Sobre o seu trabalho.”


- “É claro que não!” – Harry respondeu com firmeza.


- “Então se você fizer tudo como o planejado, não tem com o que se preocupar. A não ser, é claro, que por algum motivo você esteja com a consciência pesada por espioná-la. Nesse caso...”


- “Ok, ok, tudo bem!” – ele interrompeu exasperado. – “Não há consciência pesada. Façamos do seu jeito.”


- “Obrigada.”


- “Muito bem. Como vai ser?”


- “Eu já pensei em tudo. Amanhã à tarde você vai encontrá-la, coincidentemente, em um Castelo tradicional da cidade. É um ponto turístico muito visitado por bruxos, Allan Larmen, viveu lá. Enfim, ela não terá do que desconfiar acho que você sempre comentou que gostava da Itália. Eu não tenho dúvidas de que Helena irá te levar para bem perto de Draco, Gina e das cópias. A partir daí vai ser fácil, basta fingir e fazer o que for necessário para que ela conte ou mostre alguma coisa.”


- “Humrum. Mas e você? O que vai fazer?”


- “Não posso simplesmente aparecer, ia estragar tudo pra você. Eu farei o trabalho de base. Estarei sempre por perto.”


- “Espera um pouco. Trabalho de base? Mas como, nós nem sequer temos uma ba...”


- “Temos sim.” – Hermione interrompeu. – “Temos uma base.”


- “Temos?” – Harry disse confuso.


- “Humrum.” – ela confirmou tomando um gole de café. – “Você está nela agora mesmo. Em uma delas, na verdade.”


- “Aqui??”


- “Sim. Como você acha que eu consegui todas essas informações sobre a Helena? E você não acha que o Departamento ia nos deixar hospedados em um Hotel trouxa durante toda a missão, não é mesmo?”


- “Eu...” – Harry balbuciou. - “Quer, por favor, me explicar o que está havendo?”


- “Entrei em contato com o quartel general hoje cedo, por uma das lareiras cadastradas, pra pegar as informações que precisávamos e soube da existência das bases. Antes que você pergunte, há três desses ‘cafés’ na cidade, este que estamos, um na região dos chalés nas proximidades do Monte del Cappuccino e o terceiro no sul da cidade. São as bases do Ministério. Todas estão a nossa disposição. A propósito, os funcionários do café também são espiões, mas aparentemente são ótimos cozinheiros, não acha?” – ela sorriu apontando para os quitutes, respirando fundo satisfeita, em seguida. – “Enfim... Oficialmente continuamos hospedados no Cavour, podemos precisar dos disfarces, mas é aqui que iremos trabalhar, a partir de agora.”


- “Você já informou ao Lupin sobre esse novo plano, por acaso?”


- “Sim. Ele achou uma ótima idéia.” – ela sorriu vitoriosa.


- “Que ótimo.” – disse com ironia. – “E Ginny e Malfoy? Quando vai contar a eles?”


- “Hoje a noite após o jantar vamos todos nos reunir aqui. Ginny já sabe de praticamente tudo, ela estava comigo quando consultei o Lupin, mas não creio que ela terá oportunidade para contar ao Draco.”


- “Por que não?” – Harry indagou franzindo o cenho ao ouvir o primeiro nome de Malfoy.


- “Digamos que uma Sra. Fletwood não pretende deixá-la sozinha por um bom tempo. Hoje cedo ela parecia bem interessada em saber como andam os negócios da família Strathaquhin...


Harry encolheu os olhos com um discreto sorriso.








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- “Mary Rynd e Peter Strathaquhin! ?” – indagou a mulher crescendo os olhos.


- “Foi o que eu disse.” – a ruiva confirmou mordendo mais um pedaço de torta.


- “Mary Rynd?? Dos Rynd’s de Forfar??” – Frida Fletwood ainda incrédula insistiu.


- “Precisamente.”


- “Mas isso é inacreditável!” – ela juntou as mãos gordas num gesto de desespero.


- “Eu sei, eu sei.” – lamentou Gina com desgosto. – “Meu irmão foi uma total decepção para a família... Papai aspirava uma união com os Greensmith, os Carruthers ou até mesmo os Scott de Innerkip e ele nos aparece casado com um tipo como os Rynd? Até hoje há quem diga que o casamento de Peter com uma Rynd matou o velho Joseph.” – ela concluiu com os olhos marejados.


- “Eu não duvido nada, minha querida... Mas eu tenho certeza que o espírito de seu pai está satisfeitíssimo com a sua união com o último dos Malfoy!” – falou Frida pondo as mãos da ruiva entre as suas.


- “Eu espero que sim.” – disse Gina docemente.


- “Mas vamos falar de coisas boas minha filha! Vocês estão morando na mansão Malfoy? Pelo que eu me lembro ela é incrivelmente suntuosa!”


- “É realmente uma linda mansão... Mas, moramos na propriedade Strathaquhin, fica no vilarejo de Chipping Cleghorn. Conhece?”


- “Ah... Não, mas já ouvi muito falar!”


- “É esplêndido! Muito tranqüilo, para quem não gosta da agitação das grandes cidades é simplesmente perfeito!”


- “Eu imagino que seu marido sequer hesitou em deixar a cidade para agradar a linda noiva!” – Frida disse sorrindo freneticamente.


- “Nesse ponto ele realmente foi muito eficaz em realizar a minha vontade...” – Gina confirmou levantando a vista para sobre o ombro de Frida Fletwood e abrindo mais um sorriso. – “Olha só! Lá está ele!” – ela passou a acenar para Draco que confuso, acabara de chegar à ala de café da manhã. – “Querido! Aqui!”


O loiro em poucos segundos rompeu os metros que o distanciava da mesa onde Gina conversava alegremente com Frida Fletwood.


- “Bom dia, querido!!” – Gina bradou pondo-se de pé e estalando um beijo na face alva de Draco.


- “Bom dia querida!” – ele abriu um sorriso e tomou a mão de Frida. – “Sra. Fletwood. Bom dia.”


Ele beijou elegantemente as costas da mão da mulher que sorriu encantada.


- “Querido, eu estava contando a Frida como é maravilhosa a nossa casa em Chipping Cleghorn.” – Gina disse animada.


- “Ah!” – exclamou Draco como se fizesse uma grande descoberta. – “Sim, sim, é realmente magnífica.” – confirmou.


- “Está convidada para tomar um conhaque conosco quando estiver de volta à Inglaterra, assim pode ver por si mesma a beleza da propriedade.” – Gina completou. – “Tudo o que restou de recordações da família, incluindo os quadros e fotografias, está guardado lá conosco.”


- “Mas será uma honra!!” – a mulher cresceu mais os olhos tendo um sobressalto em seguida. – “Onde será que o Holt se meteu... Aposto que está perdido na ala de jogos novamente! Se vocês me derem licença por um instante...” – ela começou com constrangimento.


- “Oh... Fique à vontade Frida!” – Gina consentiu.


Frida Fletwood com um sorriso amarelo saiu por entre as mesas resmungando coisas ininteligíveis para si mesma. Draco franziu o cenho com desgosto após observar a mulher se aproximando de Gina em seguida.


- “Que história é essa de casa em Chipping Cleghorn?” – ele cochichou entredentes.


- “Ah! Você não sabe? A mansão Strathaquhin fica lá.” – ela respondeu com naturalidade.


- “Fica?? Como você sabe?” - Gina apenas deu de ombros, abocanhando mais um pedaço de torta. – “Seria ótimo você me explicar, eu também preciso saber desses deta...”


- “Apenas confirme tudo o que eu disser, está bem?” – ela disse com um sorrisinho sarcástico. – “Você consegue fazer isso, querido?”


Draco respirou fundo fechando de leve os olhos.


- “Ah céus, eu mereço?” – lamentou-se.


- “Vou entender isso como um sim. Agora, componha-se, eles estão vindo.”


Draco não precisou virar-se para constatar que os Fletwood se aproximavam.


- “Sr. e Sra. Malfoy... Desculpem-me pelo atraso!” – bradou Holt já ao lado de Gina. – “Eu ainda me confundo muito nesses estabelecimentos trouxas! São tantos cômodos e objetos... Uma parafernália nunca vista antes!”


- “Não se preocupe. O Sr. não é o único!” – disse Draco com polidez.


- “Ah, por favor, me chame apenas de Holt, está bem?” – pediu o outro. – “Agora, se não se importam, eu gostaria muito de levá-los às suas novas instalações na cidade. Já está tudo pronto!” - ele gargalhou de forma extravagante em comemoração, chamando atenção de vários hóspedes em volta.


- “Que ótimo!!” – disse Draco sorrindo.


- “Acho que podemos ir, nossa conta no hotel já está fechada...” – Gina falou levantando a sobrancelha em sinalização para o loiro.


- “E as nossas bagagens...”


- “Eu já providenciei tudo antes de você acordar, querido.” – a ruiva completou. – “Já devem estar descendo.”


- “Perfeito!” – disse Holt aproximando-se de Draco. – “Apenas me sigam... Temos uma chave de portal a nossa disposição.”


Após recolherem a bagagem, Draco e Gina acompanharam o casal Fletwood a um suntuoso casarão na rua vizinha a do Hotel. A viagem foi mais desagradável do que o de costume para Draco, que ainda sentia sua cabeça latejar incessantemente. A visão paradisíaca que a chegada ao local de destino o proporcionou, no entanto, aliviou seu semblante. Tratava-se de um esplêndido campo à beira de um lago rodeado por algumas colinas. Draco franziu o cenho e duvidou seriamente que ainda estivesse na mesma cidade. Holt pareceu perceber a surpresa não só dele, mas também de Gina, e adiantou-se a falar.


- “Fica em uma... Como é mesmo que chamam?” – ele refletiu. – “Reserva ecológica!”


- “Incrível, não é mesmo?” – Frida bradou abrindo os braços. Pela primeira vez Draco reparou a suntuosa construção que parecia ser a sede do resort e inúmeros chalés por todo o terreno. – “Eu nem pensei que ainda estivéssemos em Turim!”


- “Foi exatamente o que eu pensei.” – Gina disse de imediato, maravilhada. Holt deu um sorrisinho frenético.


- “Vamos, vamos! Vou levá-los à seu chalé!”


Após rodear o lago de águas escuras o grupo se viu à frente do chalé mais próximo do prédio principal e das demais dependências tanto desportivas quanto festivas que o parque oferecia. Num toque discreto de varinha Holt destrancou a porta da frente revelando o aconchegante e exótico ambiente que os esperava. Apesar da convencional decoração trouxa, era possível notar em pequenos detalhes particularidades da comunidade bruxa. Fosse em cores, modelos ou até mesmo símbolos em tapetes e cortinados.


- “Então?” – desta vez foi Holt que abriu os braços em referência ao seu redor. – “O que acharam?”


- “Eu gostei muito!” – Gina exclamou sorridente. – “Muito mesmo!”


- “Eu também.” – Draco confirmou. – “Aqui é ótimo! Eu só tenho que agradecê-los pelo privilégio da hospedagem. Espero não estarmos incomodando...”


- “Shh! Mas que idéia Sr. Malfoy!” – Holt riu com entusiasmo. – “Não se trata de incômodo algum, mas sim de uma honra para nós!”


- “Obrigado.” – disse o loiro piscando charmosamente para o casal. Gina sorriu involuntariamente para si mesma ao observar o gesto.


- “Chega de agradecimentos! Não há a menor necessidade!” – Frida falou sorrindo exageradamente – “Agora Holt...” – ela se virou enlaçando o braço do marido. – “Vamos deixar os dois de instalarem com calma, querido.”


- “Oh, sim, sim!” – o homem cresceu os olhos. – “A tarde será bem calma por aqui, vocês podem aproveitar para conhecer o lugar. Nós adoraríamos mostrar a vocês tudo...”


- “Mas não poderemos...” – Frida completou entristecida. – “Temos... Negócios, importantíssimos a tratar!”


- “Negócios?” – Draco indagou com interesse encolhendo os olhos.


- “Eu lhes falei a respeito deles, lembra-se Sr. Malfoy?”


- “Ah... Sim. Na boate não foi mesmo?”


- “Precisamente!” – disse Holt em tom comemorativo. - “Logo mais lhes deixarei a par de tudo, em cada detalhe! Mas agora...” – ele engomou o paletó com as mãos. – “Nós temos mesmo que ir.”


- “Fiquem à vontade.” – Draco disse polidamente.


- “Nos vemos após o jantar, queridos!” – exclamou Frida com os olhos apertados em mais um sorriso saindo ao lado do marido.


- “Até logo!” – despediu-se GIna fechando a porta atrás dos dois, em seguida voltando-se para Draco com uma expressão desesperada. – “Mas será que essa mulher não consegue parar de sorrir?”








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Pela janela ligeiramente orvalhada do fim de tarde era possível ter uma vista parcial, mas encantadora, da praça Vittorio. Pessoas iam, vinham, ou por lá ficavam, alheias a tudo que não fosse seu destino, seu interesse. Em um dos bancos, algo reteve sua atenção. Um jovem casal, em um banco, de mãos dadas. Ora conversavam, ora trocavam discretos beijos e sorrisos. Pela primeira vez, desde a aterrissagem Harry unicamente observava e admirava uma paisagem daquele país, mais precisamente uma cena. Uma cena que há muito ele mesmo não protagonizava ou sequer tinha esperança de participar no restante da vida que ansiava possuir um dia. Aqueles dois pareciam felizes, eles pareciam ter, ou melhor, eles tinham uma vida.


O som de um pergaminho sendo rasgado o puxou de seus pensamentos para o gabinete do que agora deveria ser o seu local de trabalho. Sem relutar ele caminhou até a escrivaninha de mogno onde Hermione fazia infinitas anotações. Ela rasgou, contrariada, mais um pedaço de pergaminho e consultou o grosso livro.


- “Isto não pode estar certo...” – resmungou para si mesma. Harry agachou-se ao lado da mesa.


- “Hermione...”


- “Hum”? – ela disse de imediato mergulhando a pena no tinteiro.


- “Como... você está”?


- “Bem, obrigada. Só um pouco ocupada com essas anotações e se você não se importa...”


- “Não, não. Eu quis dizer como está... Sua vida.” – ela levantou a vista da mesa para mirá-lo. – “O que você tem feito... Nesses anos todos?”


- “Muitas coisas.” – respondeu como se fosse óbvio.


Ele sorriu.


- “Então... O que tem feito de especial?”


- “Algumas... Coisas.” – disse ela com segurança.


- “E... que tipo de coisas são essas?” – insistiu.


- “Mas que diabos! Coisas Harry, coisas normais. O que você quer afinal?” – perguntou exasperada.


- “Eu só quero saber de você.” – Harry falou quase num murmúrio. Hermione o olhou e tomou fôlego para protestar. – “Qual é, não custa nada. Não é tão difícil.”


Ela mordeu de leve o lábio inferior franzindo cenho.


- “Mas o que quer que eu diga? Você nem sequer...”


- “Qualquer coisa...” – ele interrompeu. – “Algo de bom, de ruim, algo que mereça ser lembrado, seus planos, suas frustrações... Qualquer coisa que você quiser me contar.”


Ela sorriu sem graça.


- “Harry eu não sei o que...”


- “Tudo bem, tudo bem. Por que não começa me falando da sua casa, eu soube que você se mudou...” – tentou interessado.


- “É... É verdade.” – disse ela com receio.


- “Então... Sou todo ouvidos.”








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“Words, playing me deja vu


Like a radio tune I swear I've heard before


Chill, is it something real


Or the magic I'm feeding off your finger


Lost, in a snow filled sky, we'll make it alright


To come undone now”


Duran Duran – Come Undone




- “Humm...”


Draco se espreguiçou por entre as almofadas buscando coragem para levantar-se. Antes que sua mente fosse vencida pelo monstro inebriante da preguiça novamente ele pôs-se de pé e como não visse nenhum sinal de Gina, dirigiu-se à varanda. A mulher, sem dúvida, saíra enquanto ele havia cochilado, mas ao reparar que o horário de encontro com Harry e Hermione se aproximava, ficou ligeiramente preocupado. Retornou ao interior e verificou inutilmente os cômodos. Já pensava em usar o comunicador para achá-la quando reparou um pedaço exageradamente grande de papel sobre a cômoda do dormitório. Franzindo o cenho ele tomou-o nas mãos e passou a vista pelas palavras em garranchos.





“Saí com Frida, não se preocupe, apenas um passeio de amigas. Não me espere para encontrar Harry e Hermione. Nos vemos no jantar.


Ginny.”






- “Amigas?” – disse para si mesmo antes de entrar no banho.


Não sabia qual a pretensão de Gina em sair para dar passeios com Frida Fletwood, mas não estava nem um pouco em condições de buscar explicações, aliás, ele estava justamente indo fazer isso: buscar explicações junto a Harry e Hermione. A história de Gina ficaria para mais tarde.


Vestiu seu mais elegante terno para um início de noite e se dirigiu para o café indicado nas instruções de Hermione que por serem indiscutivelmente perfeitas o levou com facilidade ao destino. O lugar era explicitamente bruxo o que fez, por alguma razão, Draco respirar bem mais aliviado. Não, não se tratava de nenhum preconceito. Pelos menos ele não considerava como tal. Diabos! Definitivamente não era nenhum preconceito! Ele apenas ficava um pouco, apenas um pouco desconfortável em freqüentar um ambiente cem por cento trouxa. Nada contra os trouxas, em si. Mas também, nada a favor. Não que ele discriminasse, muito pelo contrário, associações com trouxas na sua atual concepção são até dignas de aceitação, sejam elas quais forem... Profissionais, corteses, amigáveis, sentimentais... [Caminhou por entre as mesas na direção do balcão.] Havia conhecido uma meia-dúzia de trouxas e bruxos nascidos trouxas com os quais era totalmente possível se relacionar em quaisquer dessas possibilidades. O que não quer dizer que ele pretendesse deliberadamente alimentar algum envolvimento desse tipo principalmente sentimental amoroso. [Avistou Hermione em uma mesa lateral próxima a um janelão que dava para rua, mas não se dirigiu até lá imediatamente.] É claro que havia bruxas inteligentes, sensatas e... [Ele moveu-se na direção dela.] E... Muito atraentes.


- “Atrasado.” – Hermione falou com os olhos fixos em um jornal a sua frente saboreando um cálice de conhaque.


- “Ah... Não é verdade.” – Draco disse levantando os ombros e sentando-se diante da mulher. – “Cadê o Potter?”


- “Foi ao hotel se trocar, já deve estar chegando.” – disse finalmente o olhando. Draco sorria discretamente com o olhar paralisado sobre ela. Hermione piscou intrigada. – “Quê que foi?”


- “Por quê?” – Draco retrucou naturalmente.


- “Por que o quê?”


- “Por que você me perguntou ‘Quê que foi’?”


- “Porque você está aí parado me olhando, então eu perguntei, quê que foi? Alguma coisa de errado comigo?” – ela falou rapidamente.


- “Não...” – ele cantarolou. Hermione não pareceu se convencer e cruzou os braços, desconfiada. – “Ah, qual é, você não vai falar logo o que tem pra falar?”


- “Calma. Antes vamos para o gabinete, lá esperaremos por Harry.” – ela respondeu arrumando-se para levantar.


- “Mas será que você não pode falar sozinha?” – Draco insistiu entediado.


- “Draco... Por favor!”


- “Está bem...” – ele concordou acompanhando-a.


Hermione passava rapidamente por entre as mesas e quando Draco se esquivava de uma idosa mulher que se levantava de sua cadeira acabou trombando certeiramente em uma outra pessoa que tropeçou nos próprios pés acabando caído sobre os joelhos.


- “Desculpe.” – disse o loiro de imediato ajudando o homem a se levantar.


O sujeito de pele exageradamente clara, olhos azuis que usava um terno de flanela e tinha os cabelos engordurados na altura do queixo procurou se desvencilhar desesperadamente das mãos de Draco lhe dirigindo um olhar sedento de cólera e saindo totalmente em silêncio em seguida. O loiro observou a cena, intrigado.


- “O que você fez a ele?” – Hermione indagou como se algo muito importante acabasse de acontecer sob o seu nariz.


- “Eu não fiz nada!” – Draco respondeu enquanto o homem ainda lhe encarando cruzava para a rua. – “É um maluco.” – resmungou.


- “Deve estar bêbado. Vamos.”


Ela voltou a andar com Draco em seu encalço. Ao chegarem ao gabinete, Hermione se ocupou em puxar as persianas da janela e observar interessadamente ambos os sentidos da rua. Não havia sinal de Harry. Ela aproveitou que Draco parecia entretido em xeretar tudo a sua volta para num toque de varinha aproximar uma das cadeiras e sentar-se onde tivesse uma boa vista da alameda. Aquele dia havia sido confuso e ao refletir sobre isso a imagem de Harry apareceu nitidamente em sua cabeça. Ele havia sido o principal responsável por aquele dia ser considerado confuso, principalmente ao fazê-la revelar fatos fúteis e corriqueiros da sua vida. Era estranho ter a ligeira impressão que Harry parecia interessado em qualquer coisa relacionada a... Ela. Esta impressão a fazia se sentir oscilando entre a euforia e o medo. Em meio a mistura de sentimentos revelando-se em seu âmago, Hermione conseguia distinguir um em especial... Esperança. A silhueta de Harry saindo lentamente da ruela em frente ao café a despertou de suas reflexões, em dois segundos se viu de pé.


- “Este lugar é legal!” – Draco exclamou caminhando até ficar a pouco mais de um metro de Hermione.


- “Inacreditável! Você passou dois minutos de costas para mim e conseguiu mexer em todas as anotações?” – disse Hermione pasma examinando a escrivaninha de mogno com os olhos.


- “Ah... Tudo que estiver relacionado à investigação pode me interessar.” – justificou-se.


- “São as minhas anotações!” – Hermione esclareceu com dignidade.


- “Mas são de interesse público.” – falou ele após refletir por um instante.


- “Vão ficar bem inacessíveis se estiverem bagunçadas desse jeito!”


Draco abriu a boca para retrucar após um sorriso discreto no mesmo instante que Hermione deu um passo para se aproximar da escrivaninha. Um vento frio veio de encontro às suas faces chamando atenção para o lado de fora e a fazendo reconhecer do outro lado da rua uma figura familiar observando atenciosamente o local onde estavam. Ela encolheu os olhos.


- “Aquele homem...” – murmurou para si mesma. Draco avançou para conferir.


- “Quem?” – ele perguntou ficando de lado para a janela para olhar a mulher.


Antes que Hermione respondesse o sujeito retirou a negra varinha das vestes expelindo quase instantaneamente de sua ponta um jato de luz verde. Hermione prendeu a respiração.


- “Cuidado!”


Ela agarrou com força o paletó do homem jogando-se junto com ele num ímpeto. Os dois caíram sobre o estofado. A luz esverdeada se chocou na estante de livros derrubando alguns exemplares. De alguma forma Draco tinha ido parar exatamente em cima Hermione que agora sentia todo o peso do corpo dele sobre o seu. Ela piscou os olhos várias vezes, constrangida, talvez para focar melhor o rosto de Draco, que a propósito estava muito, muito próximo.


- “Ehr... Eu...” – ele titubeou buscando palavras.


Seu resmungo foi interrompido pela porta que repentinamente se abriu revelando Harry atrás de si. Ele deu três passos firmes parando subitamente ao avistar Draco e Hermione. Por um segundo os três pareciam estar paralisados. Harry possuía uma expressão indecifrável onde só após muita análise poderia se identificar assombro. Hermione num movimento desesperado livrou-se do domínio de Draco, mas antes que se levantasse para ir na direção de Harry, ele recuou meio passo antes de ainda em silêncio dar meia volta e sair batendo a porta.


Ela, já de pé, voltou-se aflita para Draco como se pedisse socorro. O loiro passou calmamente as mãos pelos cabelos arrumando-os e suspirou entediado.


- “Tá esperando o quê pra ir atrás dele?”








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No próximo capítulo...




- “Não quer falar! Você nem tem argumentos. Você tem que admitir que isso tudo foi bem sujo pra mim sabe. Mas pra você foi ótimo, afinal por um longo tempo você esteve desfrutando do outro! Foram muito felizes?”

- “Na verdade fomos sim!”

- “Mentira.” - falou rindo.

- “Você não sabe o que está dizendo e eu não vou mais discutir.”

- “Ele te fazia rir? - indagou quase num murmúrio - Como eu?”

-“ Ele não me fazia chorar... Como você.”





...Coming Soon





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N/A (2) – Bem... Isso foi o máximo que eu consegui fazer nessa confusão toda que ta sendo a minha vida... Espero não ter decepcionado muito! Cherrs...


PS: A música é mais tema do próximo capítulo que não vai demorar, eu garanto. =**






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BÔNUS -- MÚSICA TEMA





Still Loving You


Ainda Amando Você


SCORPIONS





Time, it needs time


Tempo, precisa de tempo


To win back your love again


Para conquistar de volta o seu amor


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...


Love, only love


Amor, somente amor


Can bring back your love someday


Pode trazer seu amor de algum dia


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...





I'll fight, babe, I'll fight


Eu lutarei, eu lutarei


To win back your love again


Para conquistar de volta o seu amor novamente.


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...


Love, only love


Amor, somente amor
,

Can break down the walls someday


Pode derrubar os muros algum dia.


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...








If we'd go again


Se nós seguíssemos novamente


All the way from the start


Todo o caminho, desde o início,


I would try to change


Eu tentaria mudar


The things that killed our love


As coisas que destruíram nosso amor
.

Your pride has built a wall so strong


Seu orgulho construiu um muro tão forte


That I can't get through


Que eu não consigo atravessar.


Is there really no chance


Realmente não existe nenhuma chance


To start once again


De começar uma vez mais novamente?


I'm loving you


Estou amando você...





Try, baby, try


Tente, baby, tente


To trust in my love again


Confiar no meu amor novamente.


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...


Love, our love


Amor, nosso amor


Just shouldn't be thrown away


Simplesmente não deveria ser jogado fora.


I will be there, I will be there


Eu estarei lá, eu estarei lá...








If we'd go again


Se nós tentássemos nvamente


All the way from the start


Todo o caminho desde o início,


I would try to change


Eu tentaria mudar


The things that killed our love


As coisas que destruíram nosso amor.


Yes, I've hurt your pride and I know


Sim, eu feri seu orgulho e eu sei


What you've been through


Aquilo pelo que você tem passado.


You should give me a chance


Você devia me dar uma chance,


This can't be the end


Este não pode ser o fim.


I'm still loving you


Eu ainda estou amando você,


I'm still loving,


Eu ainda estou amando,


I need your love


Eu preciso do seu amor,


I'm still loving you


Eu ainda estou amando você...


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