CONSCIUS VERITATEM



Ao primeiro chamado, a garota não atendeu. Harry a chamou novamente, dessa vez um pouco mais alto, mas ainda com cuidado para que Rony não acordasse:


- Mione, acorda!


Ela, num susto, abriu os olhos. Era uma visão perfeita ver o bruxo assim tão perto dela. O luar deixava o momento mágico, como se pudesse ser diferente entre dois bruxos. Eles se fitaram por frações de segundos. O coração dela bateu forte e, num impulso, segurou o rosto do bruxo e o beijou apaixonadamente. Harry retribuiu o beijo, mas não por muito tempo.


- Hermione... Me desculpe. Não dá, disse se afastando dela, embora não grosseiramente.


- Harry, me perdoe, por favor! – as lágrimas desciam pelo seu rosto, ela estava totalmente envergonhada.


- Calma, não precisa ficar assim, disse preocupado, ao notar o desespero em que a amiga se encontrava.


- Por favor, Harry, me desculpa... Eu não sei o que aconteceu. Não conta pra ninguém, por favor! – implorava, aos prantos.


- Claro que não, não se preocupe. Mas, agora, acho melhor você ir.


Apesar de Harry ser extremamente gentil e educado, foi implacável. Hermione se levantou rapidamente da cama e, sem olhar para trás, deixou o quarto dos garotos.


Harry, por sua vez, ficou muito pensativo depois do acontecido. Esperava não tê-la magoado muito, mas sabia que só tinha retribuído o beijo por alguns segundos para que ela não ficasse mais sem jeito ainda. Ele não tirava a ruivinha dos pensamentos e ainda podia sentir os beijos que os dois haviam dado. Poucos, mas inesquecíveis. Ele estava realmente encantado com a beleza de Hermione, de como ela havia mudado, mas qualquer coisa além disso seria pura ilusão. Às vezes, os sentimentos nos confundem: admiração se disfarça em amor e ficamos sem saber como agir. Apesar de, agora, o bruxo ter certeza de seus sentimentos, tinha medo. Afinal, Gina sempre gostou dele e ele fazia questão de não notá-la. Agora, a situação estava invertida e ele receava ser muito tarde para tentar conquistá-la.


Não havia nada que ele pudesse fazer aquela noite a não ser dormir. Fechou os olhos e tentou, a muito custo, esvaziar sua mente, mas Gina insistia em fitá-lo com seu olhos castanhos e penetrantes em seu pensamento. De repente, Harry sentiu muito medo de que o Lorde das Trevas descobrisse seus sentimentos e fizesse algo contra a garota. A angústia tomou conta do bruxo, mas já era tarde. Ele havia caído no sono.


***


Hermione ficou ainda algum tempo percorrendo os corredores da casa para que Gina não a visse chorando. Ela estava profundamente arrependida, precisava pensar no que havia feito e se havia alguma maneira de consertar aquela burrada. “Como eu pude me deixar dominar pelos impulsos, logo eu!”. Agora ela tinha certeza que Harry estava começando a gostar de Gina de verdade, e que a decisão de investir em Harry ou em Rony agora não dependia mais de si mesma. Hermione pensou que, talvez, a melhor opção seria ficar sozinha.


A casa estava em total silêncio, ela andava nas pontas dos pés para que ninguém acordasse. Resolveu ir até a cozinha beber um pouco d’água, quando alguém a chamou:


- O que a senhorita faz acordada a essa hora? – perguntou o elfo doméstico, gentilmente. Era uma criatura estranha, mas com uma expressão muito agradável. Seus olhos eram brilhantes e roxos e suas vestes eram menos rasgadas do que as de outros que ela já havia visto.


- Fale baixo! – sussurrou. Vim tomar um pouco d’água. Está quente, não?


- Não sinto tanto calor, senhorita. Mas por que não volta para o quarto, levarei uma jarra.


- Imagina! – ela achou aquilo um absurdo, ainda não havia desistido da idéia de libertar os elfos. Eu mesma pego!


- Mas, senhorita, é o meu dever servi-la!


- Olha.... Qual é o seu nome?


- Piggy.


- Piggy, porque não volta para o quarto? Eu me viro por aqui.


- Não, não. Por favor, volte para o seu quarto!


Hermione estava achando aquilo tudo muito estranho. Afinal, por que o elfo estava tão aflito para que ela voltasse para o quarto?


- Piggy, o que faz acordado a essa hora? Como soube que eu estava aqui embaixo? – a bruxa levantava uma das sobrancelhas, desconfiada.


- Piggy não pode dizer, senhorita, disse o elfo, olhando para os pés.


- Confie em mim, ninguém saberá.


- Não insista, senhorita. Sigo ordens do meu mestre. Ele me ordenou que não contasse para ninguém que... Não posso falar! Por favor! – suplicava o elfo.


- Piggy, alguém aqui dentro da casa corre perigo?


- Creio que não... – o elfo ficou bastante pensativo. Não posso falar mais nada, já falei demais.


- Tudo bem, tudo bem, resignou-se, decepcionada.


Quando Hermione já ia dando as costas para o pequeno elfo, viu que ele batia sua cabeça contra a parede. Já havia visto aquele filme antes. Achou melhor deixá-lo ali, não haveria nada que pudesse fazer para acalmá-lo. Quando finalmente se virou, sentiu uma mãozinha pegar na sua e puxá-la para um corredor escuro, próximo dali.


- O que está fazendo, Piggy? – sussurrava, amedrontada.


- Venha, senhorita. Não tenha medo. Eu vou lhe mostrar.


Eles foram correndo por um longo corredor em que não podia se ver nada além dos olhos brilhantes do elfo. Pouco tempo depois, os dois já podiam ver uma fraca luz esverdeada ao que parecia o final do caminho.


- É aqui, senhorita.


O elfo não dava mais um passo à frente, apenas apontava com seus dedos calejados uma câmara sombria que abrigava uma grande porta. A luz brilhante vinha por debaixo da porta e por frestas laterais. Hermione olhava de Piggy para a porta, extremamente surpresa e curiosa. Mas a bruxa tinha uma idéia do que havia ali e uma expressão maliciosa surgia em sua face.


- Ha, ha, ha!!! – era um riso frio e sarcástico, vinho do outro lado do corredor.


- Por Merlin, quem está aí???


***


- Ha, ha, ha... Você é mesmo muito fraco, já deveria ter morrido há muito tempo. Acha que foi divertido me fazer de palhaço? Crucio!! – bradou.


- Aaaaaaaaah, não... Faça... Isso.


Era a pior dor que alguém podia sentir. Os ossos pareciam se estraçalhar como se fossem objetos de vidros que caíam ao chão. Talvez ele não suportasse aquela dor.


- Se você já era detestável, assim é uma criatura mais nojenta ainda! Crucio!!!! Ha, ha, ha. Não o Deixe fugir, Belatriz. Vê se serve para alguma coisa dessa vez.


- Acho que não precisarei fazer nada, mestre. Ele nem ao menos tem condições de se levantar!


Os dois bruxos malignos riam como hienas. O homem estava tão fraco que qualquer feitiço estuporante o mataria instantaneamente.


- Deixe-me matá-lo, mestre. Por favor! – implorava Belatriz.


- Ainda precisamos dele, Belatriz, disse friamente. Só ele pode dizer onde está o garoto. Vamos, diga! – virou-se para o homem, que se contorcia no chão. Ou quer sofrer mais um pouco?


***


Hermione estava com muito medo de voltar por aquele corredor, aquela voz fria que ouvia mais parecia de uma serpente, e ela temia muito que fosse Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Mas ela tinha que ser corajosa, ou jamais sairia de dentro daquele lugar. Além disso, como ele poderia estar ali, tão próximo?


Pegou Piggy pela mão e foi andando calmamente. Logo viu uma luz, que deveria ser o luar atravessando as janelas que ficavam logo em frente ao corredor. Respirou fundo e saiu, vendo alguém de costas, em pé, próximo às escadas, aparentemente conversando sozinho. Seu estômago se contraiu.


Ela foi se aproximando lentamente, estava um pouco escuro, mas ela sabia exatamente quem estava ali.


- Harry??? O que faz aqui?


O bruxo não respondeu, nem ao menos se virou. Continuou falando com aquela voz sibilada, soltando gargalhadas. Hermione foi devagar para perto dele, enquanto Piggy gradualmente se afastava. Ela chegou ainda mais perto e fez menção de tocá-lo, mas estava com muito medo. Finalmente, tomou coragem e encostou a mão no ombro dele, o que também não adiantou.


- Harry, o que faz aqui? – sussurrava.


Ele continuava a não respondê-la, apenas falava palavras sem sentido algum. Ela, então, pôs-se na frente dele. Ele tinha um olhar maligno e distante. Foi então que Hermione notou o que estava acontecendo.


- Acorda, Harry! Acorda! – ela o sacudia com energia, gritando para que ele acordasse. Por Merlin, feche a sua mente, feche a sua mente! – gritava, desesperada.


Ela o tocava, ele ardia em febre, mas nem ao menos reagia aos estímulos. Hermione andava de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Neste momento, Piggy correu e sumiu naquele corredor em que havia acabado de sair. As forças do bruxo iam se esvaindo, seus joelhos teimavam em não sustentá-lo mais. Ele caiu no chão, ajoelhado, ainda rindo como um louco.


- Harry, seja forte, seja forte! FECHE A SUA MENTE!


- O que está acontecendo aqui? – perguntou Molly, surpresa, vindo cruzando rapidamente um corredor ao lado das escadas, de pijamas, com Arthur em seu encalço.


- Senhora Weasley! O Harry, ele não responde! O que a gente faz? O Lorde tomou sua mente!


- Por Merlin! Harry, Harry! Acorde! – Implorava Molly, aos gritos.


Logo toda a casa estava de pé, com os berros. Gina, Rony (até ele acordou!!!) e os gêmeos estavam estupefatos no alto da escada, Tonks descia como um furacão por elas. Harry estava cada vez mais pálido e sem forças, suando como uma panela de pressão. Então Dumbledore chegou a passos largos.


- O que está acontecendo aqui? – sua voz, apesar do desespero dos demais, ainda conservava uma serenidade invejável.


Mas ninguém precisava explicar, o velho bruxo logo notou do que se tratava. Neste momento, esboçou uma cara de preocupação. Aproximou-se de Harry, que se contorcia no chão, balbuciando coisas sem sentido, pegou sua varinha e, num leve movimento, a encostou em sua testa, ordenando:


- CONSCIUS VERITATEM! - de sua varinha, saíram pequenos fios vermelhos que entravam pelo nariz, olhos, ouvido e boca do garoto, que agia como se um dementador o estivesse dando o “beijo”.


Harry desfaleceu nos braços de Dumbledore, que o levou sem reação de volta para o quarto, enquanto todos ainda estavam sem entender absolutamente nada do que havia acontecido. Ninguém conhecia aquele feitiço.


Quando Dumbledore voltou do quarto, todos ainda estavam nas mesmas posições, ninguém havia conseguido fazer um movimento sequer, extremamente chocados. Vendo toda aquela expectativa, o dono da casa explicou:


- Ele vai ficar bem, mas precisa descansar, ponderou. Peço que, por enquanto, ninguém faça perguntas a ele. Vão dormir. Tentarei explicar amanhã de manhã o que aconteceu aqui, agora é hora de irem para os seus quartos e descansar, como farei agora. Uma boa noite! – cumprimentou todos, com aquele sorriso que todos conheciam.


Dumbledore se retirou da sala, mas todos continuaram em seus lugares, indignados com aquela falta de notícias. Como ele poderia ser tão cruel? Molly também estava muito ansiosa por respostas, mas ordenou que todos voltassem para suas camas, exceto Hermione, que pediu que ficasse:


- Querida, precisamos conversar amanhã.


- Tudo bem senhora Weasley, concordou Hermione, estou mesmo precisando desabafar com alguém. Até mais.


Todos, enfim, voltaram aos seus quartos. Amanhã seria um novo dia.


***


Rony sentou-se ao pé da cama, esticando os braços. A luz entrava forte no quarto através das janelas, que haviam ficado abertas. Levantou-se, vestiu-se e foi ver se Harry estava bem. Colocou a mão sobre sua testa para se certificar que não tinha mais febre, mas o amigo nem mesmo reagiu. Deveria estar esgotado depois daquela noite difícil, todas as suas energias haviam sido sugadas. Resolveu não tentar acordá-lo, já que Dumbledore havia sugerido que o bruxo precisava descansar. Quando ia em direção à porta, Gina entrou cuidadosamente:


- Como ele está? – perguntou baixinho.


- Dormindo. Acho que deve estar acabado, nem com essa luz toda ele acordou! Mas está sem febre.


- Ótimo, vou ficar aqui com ele, avisou.


- Como assim ficar aqui com ele? – Rony segurou o braço da irmã com força.


- VOU FICAR AQUI! Ah me dá um tempo, Rony! – brigou, puxando o seu braço. Ele está dormindo, só quero estar aqui quando ele precisar de alguma coisa.


- Sei, sei... Minha mãe não vai gostar nada disso.


- Fique sabendo que ela já sabe e concordou. Acho melhor você tomar café, já é tarde, dorminhoco.


- Eu ESTAVA indo, quando você me interrompeu.


- Ah, tchau! Vai logo, pára de chatear.


Rony fungou e saiu, batendo a porta. Gina agora estava perto de Harry, poderia cuidar dele. Ela se sentou ao seu lado, passou as mãos em seus cabelos, carinhosamente. Ele já estava bem melhor, seu rosto já estava bem corado, muito diferente do que havia estado há algumas horas. Ela aproveitou que ele estava praticamente inconsciente e deu beijinhos em seu rosto, sentindo seu cheiro. “Nossa, ele suou a noite toda e continua com um cheirinho tão bom!”, suspirou. Ela poderia ficar por horas ali, cuidando dele, ele estava tão indefeso... Mas o que ela mais queria era que ele estivesse acordado, para ela poder olhar naqueles olhos verdes e dizer o quanto ela estava preocupada, o quanto sentiu medo de perdê-lo. Uma pequena lágrima desceu pelo seu rosto. O futuro com Harry era muito incerto, se é que havia futuro. Será que valia a pena se dedicar tanto a um amor e depois perdê-lo? Ela sabia que havia um perigo muito grande que ele morresse, ela não queria sofrer tanto. Mas e se ele não morresse? Então ela teria se privado do grande amor de sua vida por medo.


Gina, com esses pensamentos, beijou Harry. Apesar de não haver retorno nenhum daquele beijo, foi um dos mais apaixonados que ela já havia dado. Mesmo que ele não abrisse os olhos e acordasse, seu coração sentiria tudo aquilo que estava acontecendo. Foi quando a ruiva foi surpreendida:


- Gina... – o bruxo balbuciava, fazendo um grande esforço para isso.


- Harry? Fique quieto, descanse, por favor.


- Não me deixe aqui sozinho...


- Não vou, não vou! Vou ficar aqui até você ficar bom!


Harry apenas mudou um pouco de posição e voltou a dormir. Gina, por sua vez, pegou uma cadeira próxima a uma cômoda do outro lado do quarto, e sentou-se ao lado da cama, apoiando a cabeça e os braços numa parte do colchão, velando o sono do garoto. E ali, ela também adormeceu.


***


- Hermione, podemos conversar agora, querida?


- Claro que sim.


- Creio que Dumbledore não se importará em nos emprestar o seu escritório, venha! – disse a senhora Weasley, muito meiga, colocando uma das mãos nos ombros da bruxa.


As duas se dirigiam àquela sala que Molly, Arthur e Dumbledore haviam conversado na noite anterior. As duas se sentaram, então a senhora Weasley perguntou:


- Hermione, o que você estava fazendo acordada àquela hora?


- Fui apenas tomar uma água, senhora. Quando estava indo pelos corredores, encontrei um elfo doméstico também vagando pela casa. Ficamos conversando, ele insistia em levar a água para mim no quarto...


- Sei... – disse, rindo. Claro que você não aceitou.


- CLARO QUE NÃO! Imagine. Foi quando ouvi um barulho que vinha de perto das escadas. Chegando lá, vi Harry de costas e o resto, a senhora já sabe!


- Tem certeza que é só isto, querida? Quero dizer... Mais nada aconteceu?


- Tenho certeza! – Hermione não gostava de mentir, mas não tinha certeza que seria ideal dizer que havia descoberto uma câmara secreta na casa. E sobre câmaras secretas, não havia boas recordações.


- Tudo bem... É que fiquei preocupada se não estava acontecendo alguma coisa com você que estava lhe tirando o sono.


Mas antes, que Hermione pudesse responder alguma coisa, alguém bateu à porta.


OI gente!!! Espero que estejam gostando. No próximo capítulo vao acontecer coisas q vao agradar muito que é fã de H/G!

Eu só queria fazer uma súplica: Comentem, por favor!!! E se nao comentarem, afinal a maioria das pessoas nao tem menor saco para isso, pelo menos votem, please! Nao esqueçam de votar, é rapidinho! Valeu!!!


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