O concílio dos puros



Depois de passar a euforia dos Weasley com a notícia da gravidez de Fleur, veio a preocupação. Gui estava determinado a ir lutar na grande batalha e todos estavam apreensivos com isso, afinal ninguém sabia o que os esperava.
Todos treinavam duro, e até os elfos domésticos treinavam as técnicas de duelo ensinadas pelos elfos vermelhos. Tudo ia relativamente bem, até que Draco recebeu alta de Madame Pomfrey e foi até o jardim.
Assim que saiu, sua primeira reação foi observar tudo de perto, tentando entender por que estavam todos tão agitados.
Viu Harry conversando com um dos centauros e foi em direção ao rapaz:
_ Ei, Potter! – chamou com a voz arrogante de sempre, que agora ele tentava controlar – O que está acontecendo? Por que estão todos de armadura?
Harry olhou para o centauro, que fez um aceno com a cabeça, e respondeu:
_ Estamos nos preparando, Draco. Daqui uma semana vamos partir e enfrentar Voldemort.
_ Mas, Potter – gaguejou o rapaz – o meu pai ainda não voltou! Pode ser perigoso para ele, não acha?
_ Vai ser perigoso para todo mundo, meu jovem – respondeu o centauro.
Draco saiu dali contrariado. Não poderiam fazer uma coisa dessas. E se acontecesse alguma coisa a seus pais? E se Voldemort soubesse onde ele estava e se vingasse?
Foi com esses pensamentos que entrou no castelo e deu de encontro com alguém.
_ Ei, por que não olha... – começou a xingar, mas parou quando percebeu o olhar brilhante da mulher em quem tinha esbarrado.
_ Desculpe-me, mas pelo que percebi era você que andava cabisbaixo. Vamos ver, cabelos loiros, bem lisos, pele clara, lábios finos... Você deve ser o mais novo dos Malfoy, estou certa?
Draco apenas balançou a cabeça. Não conseguia pronunciar uma única palavra. Sentia um misto de medo e admiração por aquela mulher. Muito mais do que sentira quando encontrou Voldemort pessoalmente.
_ Ah, ainda não me apresentei. Sou Ada Heleonor Goldrisch, professora de História da Magia Avançada – falou estendendo a mão para cumprimentar o rapaz.
Malfoy pegou a mão da bruxa e um calor invadiu seu corpo e ele sentiu a voz voltar a garganta.
_ Muito prazer – conseguiu finalmente falar – não sabia que existia essa matéria em Hogwarts.
_ Ah, isso é muito normal. A maioria dos bruxos não sabe mesmo muita coisa importante. Mas, aonde ia com tanta pressa?
_ Lugar nenhum. Ia para o meu quarto.
_ Então não vai se incomodar se eu o convidar para um chá?
_ Longe de mim, recusar qualquer pedido seu – respondeu imediatamente, sem medir o conteúdo de suas palavras.
A verdade é que Draco Malfoy estava completamente encantado com a presença de Ada. Eles procuraram uma mesa mais isolada no salão e logo estavam bebendo um saboroso chá com limão.
Eles conversaram durante um bom tempo e só encerraram a conversa quando Harry e Gina entraram no salão.
_ Com licença, Draco. Mas agora preciso ter uma conversa séria com aqueles dois – disse indo em direção ao casal.
Draco ainda acompanhou Ada com o olhar e depois foi para o quarto, sem pensar em nada além da voz daquela bruxa.
Ada conversou alguns instantes com Harry e Gina, tomando o cuidado de mudar de assunto quando alguém diferente se aproximava. No final da conversa, Harry perguntou:
_ Acha que isso é realmente necessário?
_ Acho sim. Se quiser tirar suas dúvidas pode conversar com Magoriano. A idéia foi dele – respondeu Ada.
_ Por mim está tudo bem! Ainda mais que se ele fizer isso, vamos ter certeza que não irá nos trair na última hora.
_ Então está combinado – falou o rapaz – hoje a noite, as 21h em ponto, nós iremos com Draco ao centro da floresta.
_ Hagrid irá acompanhá-los para evitar ataques e eventuais problemas – informou a prima de Harry.
Nem Gina, nem Harry comentaram com ninguém a conversa. Arrumaram tudo o que foi preciso e por volta de 20h bateram a porta de Draco.
_ O que querem? – perguntou mal-humorado.
_ Ada pediu que viéssemos buscá-lo. – disse Gina – Há algo que ela ainda precisa conversar com você.
O nome da professora fez milagre e Draco só colocou uma capa quente sobre o corpo e seguiu os dois. Nem mesmo quando encontraram com Hagrid na porta do castelo ele fez objeção.
Só reagiu quando tomaram o rumo da Floresta Proibida.
_ Esperem aí? Vocês não querem que eu entre neste local horrível! – falou amedrontado.
_ Não tem com o que se preocupar – respondeu Hagrid – todas as criaturas malignas já foram engrossar as fileiras do exército de Você-sabe-quem. Ande depressa, a professora Goldrisch não pode ficar esperando.
Eles se embrenharam pela floresta até alcançar uma clareira enorme.
_ É aqui que eu deixo vocês – disse Hagrid dando as costas.
_ Hagrid – chamou Harry – Você não vai participar?
_ Não, não! Grope vai nos representar. Ele é mais indicado para isso – respondeu dando uma piscadela.
Os três jovens bruxos entraram na clareira. Havia três pedras ao centro, sendo a do meio a mais alta. O resto era escuridão. O céu, cheio de estrelas, tinha apenas um pequeno feixe de lua. Chegava perto de 21h quando um barulho chamou a atenção dos três.
Eles se viraram e ali estava a mais estranha reunião de criaturas que um bruxo pode presenciar. O centauro Magoriano era o primeiro da fila, seguido de perto por Dain, Randu, o anão Harun, Grope e Dobby. Mais atrás, uma criatura realmente interessante apareceu: um sereiano, com duas pernas e uma bolha de água que lhe cobria a boca e as guelras e permitia que respirasse. Por fim, apareceu a professora.
Ela trajava um belo vestido preto, leve como fumaça, com boradados que representavam as fases da lua. Sobre a cabeça, um véu cravejado de pontinhos brilhantes que lembravam um céu estrelado. Ela trazia nos braços dois mantos, um azul claro e outro completamente branco, que entregou respectivamente a Gina e Harry.
Os dois vestiram na mesma hora. Dobby aproximou-se e entregou qualquer coisa ao casal. Eles foram até Malfoy e pediram que ele subisse na pedra central.
Sem saber qual a razão de tudo aquilo, Draco apenas obedeceu. Havia alguma coisa no ar que o impedia de sair correndo ou de contrariar qualquer ordem.
Assim que estava de pé, sobre a pedra central, Harry e Gina subiram nas outras duas pedras de modo que ficaram um de cada lado de Draco, e começaram a cobri-lo com um manto liso, metade branco e metade vermelho sangue.
Quando todos estavam posicionados, Ada começou a falar.
_ É finalmente chegada a hora que todos nós sempre esperamos meus amigos. É hora do Concílio dos Puros... Mas ainda faltam duas presenças importantes em nosso círculo, e não quero começar as apresentações sem que eles tomem parte.
Ninguém, apesar do aviso da possível demora, saiu de seu lugar ou falou qualquer coisa. Apenas um vaga-lume começou a piscar atrás de uma árvore.
Logo o brilho do vaga-lume foi ficando cada vez mais forte. Ada estendeu o braço e a pequena criatura pousou na palma de sua mão. O brilho ficou ainda mais intenso. A bruxa colocou o ser no chão e ele começou a crescer.
Em pouco tempo o que estava ali não era mais um vaga-lume. Mas uma bela fada. Pequena de estatura e grande de coração, como muitos diziam. Tinha apele levemente esverdeada, os cabelos longos e lisos eram cor de ferrugem, assim como os olhos. Duas asas pesquenas batiam apressadas em suas costas e a mantinham flutuando. Não devia ter mais que 1,5m, e todo seu corpo parecia feito de cristal.
_ Minha senhora – adiantou-se Dain, beijando a mão da frágil criatura.
_ Dain, meu querido e sempre amado Dain – respondeu a fada, com uma voz incrivelmente doce.
Malfoy já não se importava com o motivo de sua presença ali. Só a visão de Ada e da fada juntas já valia a pena. Reparou que a voz da pequena fada não saiu de sua boca, mas diretamente de seu coração, para o coração dos demais.
_ Meus amigos e companheiros nesta luta que há de vir – falou Dain com a voz vibrante – eu os apresento a dona e senhora única de minha vida, a rainha das fadas, Lithia.
Todos se curvaram em honra a rainha.
_ Meus queridos – disse ela daquele jeito que comovia o mais duro dos corações – não me reverenciem. Não sou eu a presença mais importante da noite. Apenas Ari caminho para que o mais ilustre surja agora, entre nós.
Ela apontou para uma estrela longe no céu e ela começou a descer. Harry, Gina e Draco imaginaram o que aconteceria quando aquela estrela chegasse perto demais.
No entanto, antes que pudessem encontrar uma resposta, a estrela foi chegando cada vez mais perto e tomando uma forma realmente admirável.
Um homem enorme, de quase 3 metros de altura surgiu no céu. Em suas costas um par de asas feito uma grande ave. Trajava apenas uma veste longa e branca, amarrada a cintura por uma corda de linho dourado. Tinha mãos fortes e carregava consigo uma espada de cristal.
Pousou entre os presentes e só então abriu os olhos, revelando um tom de azul que não existe aqui na Terra.
Segurou a espada entre as mãos, como se empunhasse uma enorme cruz e com um leve sinal cumprimentou a todos.
_ Este – informou Lithia – é o grande guerreiro arcanjo Nandriel. Que veio em nosso auxílio numa hora tão difícil.
Todos fizeram nova reverência e Ada voltou a falar.
_ É chegada a hora do Concílio ter início. Hoje, noite de Lua Crescente. Noite de lua que nos induz ao crescimento e aprimoramento. Noite que nos permite deixar os erros para trás e tomar novo rumo em nossa vida.
A bruxa andava entre os membros do concílio, mas Malfoy sentia o olhar dela dentro do seu peito.
_ Estamos todos nós, aqui reunidos, para decidir o rumo que deve seguir a vida da família desse jovem aqui presente. Como todos vocês sabem, há milênios a família Malfoy carrega a maldição de ser descendente de Lurstre, o grande traidor e propagador da desavença em nosso mundo.
Todos assentiram.
_ Hoje temos a chance de mudar essa história de uma vez. De aliviar a família de um crime cometido há tanto tempo que foi esquecido por muitos. E podemos fazer isso através do arrependimento deste jovem aqui – e apontou para Draco.
_ Impossível – falou o sereiano – impossível Ada. Você sabe que tal ritual de perdão só pode acontecer com a presença de três wichans. E pelo nosso conhecimento, só você é dessa família.
_ Há outros Wichans aqui – respondeu o arcanjo – há outros dois wichans, meu amigo. Um por nascimento e outro por amor.
_ Tudo bem, mesmo que haja os três wichans aqui, o que ganharemos com isso? – perguntou o anão.
_ Ganharemos um presente do destino, meu caro amigo – respondeu Magoriano.
_ Exatamente, o destino quis que o jovem Malfoy aqui herdasse os olhos de Thor. E vocês sabem que esse dom não deve ser desconsiderado. Há uma razão para que isso tenha acontecido – falou a bruxa.
_ O Grande Mago e Criador do Universo não quer mais que a família seja hostilizada. O próprio Lurstre já saiu do inferno. Mas é preciso retirar a maldição lançada. E essa decisão é de vocês – se pronunciou o arcanjo Nandriel.
Todos se entreolharam e Ada apenas sorriu.
_ Estão de acordo que se as condições forem razoáveis, podemos realizar o ritual? – perguntou aos participantes.
_ Sim, estamos de acordo! É preciso que haja paz entre os nossos para que a guerra se acabe – responderam todos, dando a impressão que aquela era uma fala há muito tempo decorada.
_ Então, que o ritual se inicie! – ordenou a bruxa e com um gesto, um círculo de fogo envolveu as três pedras centrais.
O arcanjo ergueu sua espada e traçou o ar com 3 golpes distintos, desenhando com luz alguns símbolos.
_ Eu, Ada Heleonor Goldrisch Wichan, dona do sangue puro da magia e dos elementais do ar perdôo a todos os descendentes de Lurstre.
_ Eu, Harry Wichan James Potter, dono do sangue puro da magia e dos elementais do fogo perdôo a todos os descendentes de Lurstre.
_ Eu, Gina Weasley Wichan, nova herdeira do sangue puro perdôo a todos os descendentes de Lurstre.
_ Cientes de que o grande traidor já teve punição suficiente e recebeu perdão do Grande Deus, nós, membros do Concílio dos Puros, filhos diretos das primeiras criaturas mágicas existentes neste mundo, também perdoamos e retiramos a maldição que sempre marcou os descendentes do primeiro bruxo das trevas – disseram todos os outros em uma só voz.
O arcanjo agora tomava a frente do ritual e foi até malfoy. O círculo de fogo se abriu e ele falou:
_ Filho, se queres dar a devida honra ao nome de tua família e tirar para sempre o peso de traidores das costas dos seus, então aceita o nosso convite para que lute do lado certo e nos ajude a vencer o grande mau que pode assolar o nosso mundo para sempre.
Draco nem pensou em recusar. Pela primeira vez em toda sua vida sentiu uma vibração boa em seu corpo. Não tinha mais vontade de provar que era o melhor ou que tinha mais coisas que ninguém.
_ Aceito o seu convite – respondeu em voz baixa, sem saber ao certo como se portar diante do arcanjo.
_ Então – Lithia falou ao coração do garoto – mostre que confia em nossas boas intenções. Atravessa o fogo sagrado e serás para sempre livre da maldição, assim como todos os seus.
Lithia reavivou as chamas ainda mais. Gina e Harry deram as mãos para draco descesse da pedra. Ele aceitou e colocou os pés no chão novamente. Retirou os sapatos, respirou fundo e caminhou para o círculo de fogo.
Sem hesitar, Draco Malfoy fechou os olhos e atravessou. Sentiu o fogo arder em sua pele, e quase imaginou ter sido enganado. Logo percebeu que apenas o local em que havia sido marcado como um Comensal da Morte é que estava ardendo.
Quando chegou do outro lado foi recebido com aplausos e vivas. Todos o abraçaram, inclusive Harry e Gina que seguiram atrás dele. O fogo havia se apagado e todos conversavam.
Nandriel se despedia de todos quando Harry perguntou:
_ Não vai ficar para lutar do nosso lado?
_ Não, meu jovem. O jeito dos arcanjos lutarem é diferente, só confrontamos diretamente os demônios que aparecem por aqui. Mas esta não é uma guerra nossa. Por mais difícil que possa parecer, Tom ainda é humano. E deve ser derrotado por um humano.
Deu as costas antes que a conversa pudesse continuar e voltou ao céu.
Todos as outras criaturas voltaram para o castelo e o sereiano voltou para o lago. No caminho de volta Draco estava bem mais alegre e conversava animado com Harry e Gina.
No meio do caminho, Draco fez um gesto e Gina reparou:
_ Draco, sua marca sumiu!
Ele olhou para o braço. Passou a mão no local que antes estivera a caveira com língua de cobra e respondeu:
_ Prefiro pensar que ela nunca esteve aqui!
_ É melhor pensar assim mesmo – respondeu Harry.
_ Só uma coisa não entendi – disse o bruxo loiro – que lance é esse dos olhos de Thor?
Gina e Harry tiveram que explicar que só ele poderia dominar os Inferis e que Voldemort o mandou atacar Dumbledore para fazê-lo perder o direito à herança.
Eles chegaram ao castelo e Draco parou na porta.
_ Não vai entrar? Está frio aí fora e, além disso, a gente ainda não comeu nada – falou Harry.
_ Podem ir na frente. Tenho mais uma coisa pra fazer.
Draco saiu apressado. Procurou o acampamento dos anões e pediu pra conversar com um deles. Não foi preciso nem 10 minutos de conversa e ele estava de volta ao salão principal.
Jogou-se na cadeira ao lado de Hermione e Rony e, junto com Harry e Gina, contou tudo o que tinha acontecido na floresta. Mas não mencionou o que fizera antes de entrar no castelo. Isso seria uma surpresa.
Depois que Draco se retirou, Rony perguntou a Harry:
_ Mas será que podemos confiar nele? Digo, todos esses anos e tudo o que ele aprontou...
_ Eu pensei nessa possibilidade – respondeu Harry – mas antes de tudo começar Ada me explicou algumas coisas. Parece que foi para evitar problemas assim que o tal arcanjo foi chamado.
_ Como assim? – perguntou Rony mais uma vez.
_ É simples – interrompeu Hermione – um ser celestial é capaz de obrigar qualquer pessoa a falar a verdade só com sua presença. É como se ele transpirasse veritasserum. Draco não poderia mentir, nem se fosse o maio oclumente de todos os tempos.
Todos olharam para Hermione espantados.
_ O que foi, gente? – perguntou ela – Ah, eu sempre esqueço que vocês lêem muito pouco.
A conversa ainda continuou. Harry e Gina tiveram que explicar que esse ritual era na verdade uma espécie de julgamento. E se alguém ali não estivesse disposto a perdoar a família de Malfoy, nada teria acontecido.
_ Mas e todas aquelas criaturas que vocês falaram – comentou Neville – Elas tinham mesmo que estar presentes?
_ Pelo que eu entendi – disse Gina – precisava que sete representantes dos povos antigos participassem.
_ É, sete é um número mágico – falou Luna, com seu jeito habitual.
Deveria ser verdade, eles pensaram, afinal Voldemort já havia dito isso há muitos anos, quando se interessou pelas horcruxes.
De repente, Harry se deu conta de que havia parado de procurar as horcruxes. Mas ele faria isso assim que o ritual fosse impedido. Ele sabia que não destruiria Voldemort na próxima batalha. Mas de qualquer maneira precisava impedir que Voldemort se apoderasse dos poderes do portal.

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